quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Despedida

Crianças detestam despedidas. Vão embora das festas correndo, no máximo gritando um forçado "tchau!" no caminho da porta, sem olhar para ninguém - e ainda assim por exigência dos Pais. Quem estiver na sala e ouvir, que ouça; para elas, não faz a menor diferença.

Das duas, uma: ou as Crianças estão certas...

... ou eu nunca deixei de ser Criança.

Detesto despedidas.


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Global Seed Vault


Entre a cidade de Longyearbyen e o Aeroporto, na Ilha de Svalbard, encontra-se o GLOBAL SEED VAULT. Apelidado de “Silo do Juízo Final” ou “Arca de Noé Vegetariana”, o GSV é um repositório com capacidade para 2,25 bilhões de sementes - sendo 4,5 milhões de tipos diferentes - buscando representar toda a diversidade botânica do Planeta (imagina-se que existam 1,5 milhões de tipos diferentes). A idéia é que caso alguma espécie se torne extinta, seja possível recuperá-la. Projetado para resistir a mudanças climáticas, guerra nuclear e até ao impacto de um asteróide, o "Cofre" ou “Silo” foi inaugurado em 2008, e atualmente conta com cerca de 775 mil espécies diferentes de sementes. Não consegui descobrir a quantidade total de sementes armazenadas no momento, mas são mais de 300 milhões.

Svalbard foi escolhida por: i) estabilidade política e social da Noruega, ii) temperatura média anual da camada permanente de gelo (“permafrost”) de -18°C, facilitando a conservação caso haja algum problema no fornecimento de energia, e iii) inatividade tectônica na região. O Silo está construído 130 metros acima do nível do Mar, para evitar inundação mesmo no caso da camada de gelo derreter, ou na eventualidade de algum outro cataclisma que eleve o nível do Mar.

Não é possível ao visitante – ou ao depositante de sementes, pois o GSV funciona exatamente com um Banco, com depósito e retirada de sementes – entrar no recinto. O máximo que se pode observar é a porta de entrada. Não existe staff permanente, e não há uma única pessoa que tenha todos os códigos necessários para entrar.

Coloco nesta postagem algumas fotos que fiz no local, bem como da vista para dar uma idéia da altitude. As informações deste texto foram extraídas do Guia Lonely Planet, do site oficial do Global Seed Vault e da Wikipedia (de onde também retirei o mapa do interior das instalações).

(08/fev/2013)








quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Dog-sledding em Svalbard


Tem gente que gosta de cachorros. Não é o meu caso. Mas eu não poderia deixar de ir ao “dog-sledding”, definido pelo Lonely Planet como “the iconic Svalbard winter activity”.

Um “passeio padrão” dura 4 horas, porém a maior parte deste tempo você gasta se preparando. Primeiramente a roupa: escafandro, botas do tamanho de hidrantes, gorro de pêlo de animal, luvas de pêlo e couro, e muitos etcs. Após o primeiro contato-piegas turistas x cães (huskies alsacianos que lembram muito os nossos vira-latas), cada equipe (composta por 2 pessoas) tem que pegar os próprios cães e fixá-los aos trenós. O problema é que os bichos são hiper-ativos (beirando a histeria) e ficam pulando, mordendo e urrando ininterruptamente. Dei sorte de pegar a Gianca como companheira de equipe, que adora cães e tem um jeito especial com eles: ela os pegava em suas casinhas e os emparelhava, e e ficava apenas com o (árduo) trabalho de segurar os bichos ganindo, puxando e mastigando as correias, tentando se livrar delas (às vezes, conseguiam!).

O Passeio de trenó dura cerca de 1½ hora, e é ótimo. Os cães param de latir e dedicam sua energia a correr e puxar o trenó, que desliza macio e silencioso – ao contrário das ruidosas snowmobiles. Os bichos são enérgicos, e você passa quase todo o tempo pisando no freio. São duas pessoas por trenó, uma vai de pé no comando do freio e a outra vai sentada no “berço” carregando a âncora. Para quem vai de pé, as instruções:
- “There are two basic rules for dog-sledding: first, always hold the bar; and second, never let go the bar!”.

Na metade do caminho, trocamos. Embora ir sentado permita fotos e filmes, existem três inconvenientes: 1) voa neve das patas dos cães, e parte atinge seu rosto; 2) quando o trenó passa sobre uma pedra, o amortecedor é a sua bunda; e 3) de vez em quando você é atingido por uma nuvem fétida com fortíssimo cheiro de ovo-esgoto-podre, provavelmente flatos emitidos pelos huskies alsacianos forrados de peixe. Overdose de Ômega-3 digerido fede MUITO!!!

O passeio foi por dentro de um fjord congelado, com a Mina 7 de carvão ao longe. O Céu estava roxo. Mais uma vez vimos algumas renas.

De volta ao canil, o trabalho inverso de desemparelhar os cães e retorná-los a suas casinhas. Alguns entusiastas ainda vão alimentá-los.

Um passeio de turista no Pólo Norte. Obrigatório, é claro!












(07/fev/2013)

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Snowmobile em Svalbard


Na Ilha de Svalbard fiz hoje um safari de 9 horas em snowmobile, rodando mais de 100km. Almocei na cidade russa de Barentsburg (Баренцбург).

O traje de astronauta perfeitamente aquecido que é oferecido aos participantes reforça a expressão norueguesa que reza que "não existe frio; você é que está mal vestido". Permanecemos confortavelmente aquecidos mesmo em uma moto sobre puro gelo a 60 km/h a uma temperatura de -20°C no inverno do Pólo Norte: a roupa é praticamente um escafandro, a bota um hidrante preto; bataclava de lã, meias hiper-grossas de lã (tudo com peças adicionais por baixo) e luvas de 2 dedos (1+4) de lã e couro.

Avistamos diversas renas, que não temem a aproximação. Às duas da tarde a escuridão já era de uma noite fechada. No caminho de volta, uma linda Aurora Boreal verde acima de um vale.

Um dos programas mais espetaculares de minha vida.









terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Chegada ao Pólo Norte


Apesar da precariedade, as fotos abaixo (tiradas da janela de um avião da SAS) registram minha chegada ao Pólo Norte. O avião se encontra acima das nuvens, e é possível observar a luz do Sol longínquo enquanto abaixo a noite ártica mantém em ininterrupta escuridão o Mar Ártico congelado. Estou no momento em LONGYEARBYEN na Ilha de SVALBARD, a uma latitude acima de 78°S - o local mais ao Norte permanentemente habitado pelo homem. Como estamos no Inverno, o Sol não "nasce" - existe apenas uma penumbra que dura poucas horas. Alguns avisos são redigidos em cirílico, vide a placa no Aeroporto (tirada na escuridão das 14 horas).

Saudações austrais!