terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Programa de Esquimó


Sigo hoje para o Círculo Polar Ártico em busca de um antigo sonho: ver a Aurora Boreal.

Estamos em um período de excepcional atividade solar, e a Aurora Boreal deste ano deve ser a mais espetacular de nossas existências (não tenho planos de estar neste Planeta no próximo ciclo, dentro de 80 anos).

É claro que todos os sonhos têm um preço, e (entre outros) este me custará passar 10 dias no Pólo Norte em pleno Inverno, ou seja, a temperaturas que variam de -10°C a -40°C...

A primeira parada é TROMSØ, no Norte da Noruega. A latitude de Tromsø é 69°41'N, o que a coloca dentro do Círculo Polar Ártico (tudo que fica acima de 66,6 N (66 33’ 44" N) fica dentro do Círculo Polar Ártico, assim como tudo que fica abaixo de 66,6 S fica no Círculo Polar Antártico).

Lá ficarei 1 semana, onde além de 7 saídas noturnas para buscar o objetivo maior, existem diversos programas diurnos de enorme interesse: o teleférico Fjellheisen (Mt. Storsteinen), a instalação Polaria, o Planetário, o Jardim Botânico de vegetação ártica, visita a Kilpisjarvi (Lapônia Finlandesa) pela rota da Aurora Boreal, Lyngen Alps trekking, fiordes, e o que mais rolar.

Depois serão 3 dias em LONGYEARBYEN na Ilha de Svalbard, o lugar mais ao Norte permanentemente habitado do Planeta, a 78°22'N. Concentra 25% dos ursos polares do Planeta, e tem portanto mais ursos do que habitantes (2.500 ursos versus 2.000 habitantes)! O período é de noite ártica, ou seja, sem ver o Sol ao longo das 72 horas que lá passarei. Os consolos são a excursão de dog-sledding (trenó puxado por cachorros siberianos e alasquianos) por cima do Mar de Barenths congelado e pela tundra ártica (onde não há vegetação por causa do frio), e o safari polar de 9 horas em snowmobile (moto de neve) até Barentsburg, um povoado de russos.

Minha mala (limitada pelos vôos internos) tem 23kg de casacos, segundas-peles, fleeces, corta-ventos, meias, cachecóis, gorros, botas, luvas e algumas camisetas (inclusive duas do Vasco). Já a mochila tem 8kg de equipamento fotográfico.

Considero que esta viagem me fecha um primeiro ciclo de grandes viagens: África do Sul, Antártica em navio quebra-gelo (incluindo ida ao lugar mais ao Sul permanentemente habitado do Planeta, a 64,8°S), Deserto do Atacama, o templo de Angkor Wat no Cam Bo Dia, Kala Patthar no Everest (passando por Lobuche a 4.940 metros, o lugar mais alto permanentemente habitado do Planeta), Lao, Viet Nam, peregrinação pelo Caminho de Santiago de Compostela até Finisterrae, Índia, Thai Lan, Nepal, China, Egito, Grécia, Uluru, Nova Zelândia, Machu Picchu, Rapa Nui (o lugar mais isolado do Planeta), e agora o Pólo Norte. É claro que existem outros planos: Butão, Tibet, Galápagos, Mongólia e Rota 66 são os próximos; mas já farão parte de um segundo ciclo.

Tentarei manter alguma atualização neste espaço. Quando for possível; afinal, passar 10 dias no Pólo Norte durante o ápice do Inverno é muito mais do que Programa de Índio: é Programa de Esquimó!

(29/jan/2013)