sábado, 30 de abril de 2011

Caráter

O pipocar de trechos e idéias de “Um Panda Em Saturno” em outros lugares sem o devido crédito, além trazer um profundo desânimo, nos leva a divagar sobre o que passa pela cabeça de quem assim procede.

Como raciocina a pessoa que publica texto e idéias de outro, assumindo-os como próprios?

Trata-se de um “autor” que está mais preocupado com a opinião dos outros sobre aquilo que ele não é, do que com a própria opinião sobre aquilo que ele sabe que é.

Caráter é algo binário. Ou a pessoa tem, ou não tem.

(abr/2011)

terça-feira, 12 de abril de 2011

Rodinha de Violão (2)

Quem me conhece minimamente sabe que sou completamente apaixonado por guitarras. Mas apesar das insistências, jamais tive o menor interesse em aprender a tocar uma. E o show 360º do U2 finalmente me fez ver o motivo.

A primeira música do bis foi “One”, executada pelo guitarrista e o vocalista sozinhos no (espetacular) palco. Fiquei vendo aquilo e pensando em quantas vezes já assisti semelhante cena ao vivo. E que ela não deixa de ser, no fundo, uma das “rodinhas de violão” que tanto abomino. Ponderei então que se eu já vi esta cena milhares de vezes, os Músicos de uma Banda já a viveram milhões de vezes! Para ser Músico é necessário gostar disto: de passar e repassar infindáveis rodinhas de violão. Assim, é claro que eu jamais poderia ser Músico!

Fica portanto esclarecido o porquê de eu não gostar de rodas de violão. É exatamente o mesmo motivo de nunca ter querido encarar aulas de guitarra. É o mesmo motivo de eu não conseguir batucar um simples bumbo de forma cadenciada e ritmada.

É porquê é necessário ter alma de Músico.


Nota: Dizem que Jazz é a música dos músicos. Eis aí a prova irrefutável de que eu, definitivamente, não sou Músico MESMO!!!

(abr/2011)

segunda-feira, 11 de abril de 2011

O Velho Cavalheiro

“Você está Velho quando quer ser Cavalheiro – e não consegue!”

Eu já vivi isto, e é terrível. Tinha tido uma fratura dupla no úmero devido a uma queda de moto; fui operado e me “instalaram” um pino de 17cm no braço com 5 parafusos transversais (cuja previsão de remoção é: em minha exumação). Passei longo período com o braço imobilizado e com dores atrozes, e ao entrar em um ônibus ou metrô precisava sentar logo para não arriscar um esbarrão involuntário que seria devastador para o recém-instalado braço biônico.

E lá ficava eu sentado, imobilizado; e de vez em quando via uma Dama ou Senhora ou Senhor de pé, procurando algum cavalheirismo... e eu não podia oferecer meu lugar.

Você se sente realmente ACABADO!

(abr/2011)

domingo, 10 de abril de 2011

Job Description

Upesa não tinha autorização para revelá-lo, mas mesmo sabendo que haveria uma punição expôs sua Missão naquele Planeta.

Simplesmente observar. Analisar. Estar de olho. Em tudo.

Upesa estará na porta da Próxima Etapa (Valhala, Nirvana, Céu, Paraíso, Whatever) determinando quem passa e quem volta para mais uma rodada no Vale:
- "Você entra."
- "Você volta."
- "Você volta."
- "Você volta."
- "Você volta."
- "Você entra."
- "Você volta."
- "Você volta."

Upesa ressalta:
- "Muitos serão os chamados, mas poucos os Escolhidos".

E completa:
- “No que depender de mim, pouquíssimos!”

(mar/2011)

sábado, 9 de abril de 2011

Virgin Again

Um Amigo comenta que “depois do advento do silicone, todos os Homens voltaram a ser virgens de novo, até que peguem uma ‘turbinada’”!

Faz sentido!

(abr/2011)

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Velvet Goldmine

Temos a oportunidade de assistir a duas horas de aula de História recente ao som de uma requintada trilha sonora: "Velvet Goldmine" está em exibição em um restritíssimo circuito de cinemas.

Trata-se da história romanceada de algumas figuras cruciais do "glam rock" andrógino do início dos anos 70, focando o então genial David Bowie e o vulcão permanentemente ativo Iggy Stooge (hoje "Pop"). Um terceiro personagem engloba o que seria Andy Warhol com um "molho" de Marc Bolan e Brian Ferry.

A caracterização de Bowie é perfeita, mas a performance de palco de Ewan McGregor como Iggy é absolutamente antológica. Ele já arrasara em "Star Wars - Episode I", e não fosse eu um limitado heterosexual, já estaria apaixonado pelo cabra. Seu mise-en-scène executando "TV Eye" é puro Iggy nas veias, e ali vemos o nascimento do rock mais visceral do planeta. Quem acha que existe criatividade na música / performance atuais precisa ver Bowie de joelhos no palco frente a Mick Ronson, agarrando-o pela bunda e chupando louca e desenfreadamente sua guitarra em uma das mais célebres cenas da história do Rock, aqui reproduzida à perfeição.

Estas duas seqüências já valeriam o filme inteiro, mas também a trilha sonora é primorosa: 3 músicas do primeiro disco do Roxy Music (incluindo "Ladytron" e "Virginia Plain"), 3 do primeiro Brian Eno (com uma longuíssima sessão da alucinógena "Baby's on Fire"), 3 do T. Rex (uma incendiária versão da incendiária "20th Century Boy"), "Satellite of Love" do chatinho Lou Reed; "Gimme Danger" e a já citada "TV Eye" de Iggy, e muitos etcs, em versões originais e/ou regravações à altura - ou ainda mais altas.

Não se deixe levar por minhas palavras, no entanto. O filme chega a ser boring, e meu entusiasmo se deve à trilha sonora formada por puro delicatessen. Para pesquisadores, apreciadores, dinossauros e alucinados, trata-se de película obrigatória (com no mínimo algumas cervejas na mochila); mas para quem estiver satisfeito e acreditar que acontece muita coisa inteligente no panorama musical atual, é preferível se manter na felicidade da ignorância e continuar achando que existe alguma espécie de vida neste limbo povoado por zumbis...

Saudações at the loudest volume!

(01/fev/2000)

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Marcio com uma Borboleta em Cima

É facultada aos nomes próprios a não-obediência às regras gramaticais. Talvez porque o Escrivão tenha grafado o nome incorretamente, quiçá porque os Pais assim o tenham preferido, mas a grafia “oficial” – e, por definição, correta – será sempre aquela da Certidão de Nascimento.

Pelas regras gramaticais meu nome deveria ser acentuado – mas não é. Desta forma, já passei mais de meio século corrigindo quem o grafa em consonância com o bom português (- “Não tem acento!”). Com o tempo me acostumei a ver o nome escrito com um borrão em cima da vogal tônica: todo mundo coloca o acento, e ao se lembrarem posteriormente que vou buzinar em seus ouvidos “não tem acento!”, as pessoas o rabiscam ou borram.

A melhor solução foi dada pela Prima Dani G: ela também esquece sempre – mas quando cai em si, transforma aquele acento agudo em uma borboleta!

Com isto, acostumei-me a não acentuar NENHUM nome próprio: afinal (talvez por trauma pessoal) considero preferível “esquecer” de colocar um acento a colocá-lo onde não existe.

Desta forma, tenho uma proposta singela para resolver este tipo de problema: nenhum nome levaria acento! (À exceção dos diferenciais ou enfáticos e necessários para uma correta pronúncia: “Tomás” para evitar que o garoto seja chamado de “Thomas”, por exemplo). Com isto não haveria risco de erro, e todos escreveriam corretamente o nome de todos.

Uma sugestão lógica e simples.

Portanto, é claro que não vai pegar!...

(mar/2011)

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Tão Sábios Quanto a Pulga

Impressiona a arrogância de nossa Raça.

Uma bactéria mora em uma pulga, e que acha que a pulga é Deus.

Uma pulga mora em um cachorro, e acha que o cachorro é Deus.

Um cachorro mora com um Ser Humano, e acha que o Ser Humano é Deus.

Quanta pretensão acharmos que a próxima etapa da cadeia acima do Homem é o próprio Deus! Quanta falta de visão e de análise crítica! Achar que esta Raça é o que mais se aproxima da perfeição, e do Divino!

Nos falta humildade. Olhar para baixo e à volta, e não apenas para cima. É mais do que óbvio que somos apenas um elo de uma cadeia infinita.

Pensamos igualzinho às pulgas. Não somos nem um pouco mais sábios do que elas.

(mar/2011)

terça-feira, 5 de abril de 2011

TV em Local Público

Existe pouca – se é que existe alguma – inteligência devotada à escolha do canal que será colocado no ar em um aparelho de televisão em local público.

É premissa básica que uma TV em local público não deverá ter som (nenhum volume!), sob pena de transtornar o ambiente e atrapalhar as conversas.

Portanto, o que vai ser exibido deve ser compreensível somente através de imagem, sem som.

Ou então ter um visual bonito, dispensando a narrativa.

Já vi até o Programa do Faustão sendo transmitido para estrangeiros que chegavam ao Brasil na fila de espera da Polícia Federal!

Alguma coisa pode ser mais deprimente do que isto? Após uma viagem de 10 ou 12 horas, chegar ao novo e excitante País de destino de suas férias... e ficar vendo o FAUSTÃO como “boas-vindas” na TV?

TV em local público deveria apresentar programas de Natureza e Animais. Ou outros programas com belas imagens de viagens e paisagens. Clips de música costumam ter visual interessante, mesmo sem o som. Futebol pode, se for ao vivo. Programas jornalísticos vá lá, mas só com “closed caption”.

Agora... novela?!? Programa de auditório?!? Mini-série?!? BBB e afins?!? Filme?!?

FAUSTÃO?!?!?!?

(mar/2011)

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Sai Desta Vida!

Se você é um Engenheiro com Pós-Graduação em Economia de Empresas e Mestrado (strictu senso) em Administração Financeira, muito provavelmente estará trabalhando na Área Financeira de uma grande instituição financeira internacional. E como é sua vida profissional?

Nada é mais sensível para Empresas e Países (e até para domicílios) do que a Liquidez. Assim, em qualquer sacolejo – por mínimo que seja – da Economia local ou internacional, você certamente é instado por agentes externos a gerar uma penca de relatórios novos, urgentes, complicados e difíceis, e que fazem pouco ou nenhum sentido para a sua Instituição. Tais relatórios nascem como provisórios, temporários, mas você já não se ilude mais, não é mesmo? Apesar de serem inúteis, eles vieram para ficar. Alguns perrengues a mais em sua carregada rotina diária – mas , como se diz nas Áreas de Controle Financeiro, “o que é uma bolha para quem está ensaboado?”(1).

O Federal Reserve inventa um novo relatório para a Filial canadense de sua instituição? Você terá que replicá-lo, afinal “somos uma instituição mundial”.

Você é um “Latin America Manager”? Que ótimo! Pena que o que isto realmente signifique na prática é que você precisa consolidar reportes de Trinidad Tobago, Honduras, El Salvador, Jamaica e Guatemala. É claro que cada um vem em um formato diferente, e contendo dados completamente díspares e incompatíveis.

Resolvido um “issue” de Information Security na Argentina? Bom! Mas como são eles os responsáveis pela padronização da Segurança da Informação para toda a América do Sul, logo a solução se espalha compulsoriamente por todo o continente – mesmo que não tenha nada a ver com as rotinas, procedimentos e necessidades do seu País.

O sistema que deveria ter rodado às 03h48m não baixou adequadamente os dados em função de uma não-informada manutenção no programa, e que ficou incompleta. Como conseqüência, o sistema que roda às 04h12m puxou dados da antevéspera, que alimentaram o sistema das 05h03m. Isto gera um relatório que segue a regra “o problema dos processos serem automáticos é que os problemas também são automáticos”(2). Mas é claro que ninguém te avisa que ocorreram tais "não-conformidades" na madrugada (na verdade, nem sabem!), e você só consegue detectar o problema após ter executado suas rotinas diárias e ter gerado um relatório final completamente sem sentido, perto da hora do almoço.

Você precisa de um relatório novo. Pede à Área de Sistemas, que após 3 reuniões de especificação levará 3 meses para te retornar uma proposta que não atende às suas necessidades. Acontece que “os sistemas que vão gerar seu relatório utilizam uma contabilização customizada e diferente da usual, para atender a uma demanda de Fulano em mil novecentos e bolinha”. E ainda por cima “não é possível segregar os clientes que você necessita, pois seria necessário um campo alfanumérico adicional e para tanto será preciso fazer uma manutenção em todo o programa”. O custo é $$$, altíssimo. Enquanto busca uma solução, sua Área desenvolve uma planilha que fornece o resultado desejado. Sob pressão, você não tem outra alternativa e passa a utilizá-la – mas cuidado com a Auditoria, pois planilhas não são aceitas e você pode vir a ser formalmente repreendido.

Se sua vida profissional é parecida com isto, eu tenho uma sugestão para você. Ela está nas Empresas menores. Em Escritórios, Escolas, Agências ou Sociedades, por exemplo.

As empresas menores usualmente terão crescido através da composição / congregação / agregação de diversos sócios que foram se juntando ao longo dos anos, e que subitamente se descobrem com uma grande estrutura de enorme know-how em sua área específica de atuação porém com pouca experiência administrativa-financeira. Eles provavelmente têm uma Área Administrativa e Financeira, e também um Escritório de Contabilidade que lhes atende as necessidades básicas; mas não dispõem de conhecimento específico em Planejamento, Orçamento, Projeções, Sistemas de Informações, Relatórios, critérios de alocação e avaliação, enfim, lhes falta aquilo que é o seu sangue, meu caro Engenheiro com Pós-Graduação em Economia de Empresas e Mestrado (strictu senso) em Administração Financeira. Se você fôr trabalhar lá, será como juntar a fome com a vontade de ser comido!

O que você encontra em uma empresa assim? Possivelmente um ambiente elegantérrimo. Pessoas finas, bem vestidas, que sabem falar muito bem – e falam baixo; móveis impecáveis, talvez várias salas de reunião para receber Clientes, Imprensa e Políticos; quem sabe até copeiras que às 16hs prepararão uma farta mesa de frutas descascadas e sem caroço, porque é bom para a sua saúde. Máquina de café expresso. E com localização possivelmente privilegiada.

Mas o mais importante é a necessidade de informação útil. Serão profissionais ávidos por informação consistente, organizada, e que os ajude a melhor gerir o seu negócio. E tal informação estará lá, dormente, crua, somente aguardando que alguém carinhosamente a colha, recolha, estude, compreenda, estruture e apresente. Você fará análises de Lucratividade, de desempenho de Áreas, de custos individuais, de rentabilidade de clientes, contratos e serviços, determinará Metas, alocará custos, fará a festa. É seu ambiente, você é o Senhor dos Números (até os Servidores são seus!) – e o melhor é que é exatamente isto que esperam de você.

Você finalmente se tornou um Executivo útil. Finalmente o Trabalho faz sentido.

(Como fringe benefit, as Mulheres – maquiadas, perfumadas e de saias – se vestem maravilhosamente!...)

Meu caro Engenheiro: saia desta vida. Vá oferecer seus serviços de Consultoria em uma Empresa de menor porte.

Todo Mundo sai ganhando...


(1) e (2): as expressões originais não são exatamente estas, mas quem as conhece sabe do que estou falando...

(mar/2011)

domingo, 3 de abril de 2011

Vive la Différence!

Considero que a
diferença entre andar sobre 4 rodas e sobre 2 rodas
é a mesma
diferença entre andar sobre 4 patas e sobre 2 patas.

sábado, 2 de abril de 2011

Índio Não Quer Apito

Alguém me conta que quando jogam futebol, os Índios só acabam uma partida quando o jogo está empatado.

Não sei se é verdade.

Mas é genial!


(Qual é a graça? O próprio jogo! Quando jogo futebol de botões, prefiro perder por 4x3 do que ganhar por 1x0...)

(mar/2011)

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Talpidae Curiae

Uma enorme lição de humildade para um Engenheiro é assistir à transmissão ao vivo de uma sessão plenária do STF em meio a um entusiasmado grupo de Advogados lá representados por um ícone da profissão.

Eu vivi tal situação, e confesso que não entendia absolutamente nada do que ia sendo dito. Após a sustentação vieram as réplicas, tréplicas, pareceres e votos, e eu nem mesmo sabia se a posição dos demais contendores era favorável ou contrária àquela que defendíamos!

Ao menos o evento serviu para que eu aprendesse o significado da expressão “Amicus Curiae”, ou “Amigo da Corte”: era esta a posição que o tal grupo de Advogados ocupava na plenária. O “Amigo da Corte” é uma parte não diretamente envolvida em um caso, que no entanto se oferece a participar de um processo jurídico para acrescentar dados, visões, insights e pareceres. Enfim: para enriquecer tal processo.

Fora esta migalha de saber, eu me senti um completo Analfabeto em meio a uma sessão da Academia Brasileira de Letras. “Quanto mais sei, mais sei que nada sei” nunca foi mais respaldado do que neste caso. Nada sei, mesmo!

Uma completa e rematada toupeira.

A Toupeira da Corte!

(31/mar/2011)