sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Os 2 tipos de Reveillon

Para mim, existem dois tipos de Reveillon:
- os que passo na Praia de Copacabana; e
- os que eu gostaria de estar na Praia de Copacabana!

Em Copa ficamos cercados por luzes: todos os apartamentos da Avenida Atlântica estão iluminados, a feérica iluminação da orla, milhares de velas de despachos na areia, as luzes dos barcos e navios no Oceano Atlântico à frente, e no Céu a infinitude dos potentes e torrenciais fogos de artifício.

Chegar lá é fácil: todos os ônibus levam a Copa. Dentro deles estará todo mundo vestido de branco, assim como nas ruas.

Sugiro levar sua própria garrafa de champanhe para entornar garganta adentro durante a queima dos fogos - ritual que (estando lá) eu invariavelmente cumpro. Leve-a dentro de um saco plástico, para evitar o assédio de bebuns.

Ao descer à areia, retire imediatamente seus sapatos. O melhor lugar para assistir aos 17 minutos de queima dos fogos é na beira da água, com os pés descalços dentro do Mar. Assim não fica nada nem ninguém entre você e a emocionante queima, e seus pés ainda estarão em contato com a Natureza e com Iemanjá. Muita gente aproveita esta hora para pular algumas ondinhas; muitos outros não resistem e mergulham de roupa e tudo (em geral esquecem e mergulham com o celular no bolso!).

Se você agüentar e o tempo estiver bom, dê uma esticada para ver o primeiro nascer do Sol do ano na Pedra do Arpoador. Tal noite será uma lembrança que, asseguro, você jamais esquecerá... E mais: fora a champanhe, foi tudo de graça!

De vez em quando eu mudo meu dress code, e vou de verde - para combinar com a garrafa de champanhe...

(dez/2010)

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

“Friends” e o Reveillon

Um episódio de “Friends” em uma de suas primeiras temporadas me marcou profundamente. Era noite de Ano Novo, e estavam todos reunidos no apartamento que é o cenário principal da série. Ofereciam uma festa para vários Amigos. A personagem Phoebe tinha um Namorado não muito convincente, mais para nada-a-ver do que para tudo-em-cima. Ela teve uma epifania lá pelas 21hs, e comunicou a ele que não deveriam passar a meia-noite juntos; que achava que não devemos passar o reveillon junto a uma pessoa com quem não acreditemos que vamos passar o próximo ano inteiro juntos, e que ela não desejava passar o novo ano inteiro com ele. Depois desta o cara foi embora imediatamente, é claro. E apesar de sozinha, ela ficou bem melhor sem ele.

Nunca deixei de pensar na sabedoria deste raciocínio. Primeiramente a lógica irrepreensível de não começar o ano com alguma coisa que não queiramos para o ano todo. É melhor começar o ano já zerado, já limpo, não carregar um fardo para o novo ano que se inicia; é preferível fazer a limpeza ainda no ano que está acabando.

Outro ponto é a revisão periódica do relacionamento. Não se ter aquela certeza perene, e que acaba levando à inércia. Nada disto!, sua relação será reavaliada no final do ano, e cada um irá decidir se deseja continuar com o outro ou não. Se você gostar de sua relação e quiser mantê-la tem que se empenhar para ganhar mais um aninho, mais um mandato - porque o atual expira bem breve!

Obrigado, Phoebe! Acabo de terminar a 4ª Temporada, e continuarei com os Friends ao longo deste ano que começa.

(dez/2010)

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Anti-Marketing

Diversas atitudes mercadológicas acabam tendo efeito adverso para o Consumidor.

Posso citar alguns casos, como o Programa de Fidelidade da ITAPEMIRIM por exemplo. Completando 10 viagens em seus ônibus o Cliente ganha 1 de graça. Quando completei minhas primeiras 10 viagens e fui fazer a troca, soube – o que não me havia sido informado no início do Programa – que tais 10 viagens deveriam ser cumpridas em um prazo de 12 meses. Espumei, mas me esforcei por conseguí-lo. Uso bastante a ponte rodoviária entre Rio e São Paulo, mas minha prioridade é normalmente dada ao primeiro ônibus que estiver saindo após minha chegada à Rodô. E assim, durante alguns meses, eu ficava sempre com 8 ou 9 viagens válidas, fazia uma viagem mas uma outra vencia, sempre na boca de obter o tal bilhete prêmio. Até que consegui! Mas quando fui trocar, outra decepção: eu deveria solicitar o bilhete telefonando para um 0800 com no mínimo 48 horas de antecedência. Ora, nunca sei sequer o dia em que vou ao Rio, ainda mais o horário com 48 horas de antecedência! Eu esperava ganhar um vale-passagem que pudesse ser trocado por um bilhete à hora que desejasse. Fiquei furioso por ter me dedicado à toa, e por estar pagando por 11 passagens e somente utilizando 10 (ou alguém acredita que a tal 11ª passagem seja “de graça”?). E assim me tornei um feliz cliente do EXPRESSO BRASILEIRO, que não tem Programa de Fidelidade.

Sabonete PROTEX. Fui usuário fiel na época do lançamento; comprei muitos. Mas depois foram “aumentando o leque de opções”, e chegamos ao ponto de hoje encontrarmos sabonetes Protex de: própolis, aveia, balance, fresh, cream, erva doce, ultra, suave e aloe. A Colgate me confundiu, e nem eu e nem mesmo suas promotoras sabíamos mais qual era o sabonete original! E assim sendo, eu simplesmente PAREI de comprar o produto...

Já escrevi sobre o CENTRUM: eu tomava diariamente há mais de uma década. Mas contrataram um garoto propaganda de 1 milhão de amigos, que além de sorridente, custa caro. Resultado: o preço do produto disparou (já contrataram até a Esposa dele para os comerciais) evidenciando que vivemos uma época de maior interesse no cliente novo do que no cliente antigo. Fui!

Leite BATAVO: entre outros critérios para a escolha do leite, faço questão de que haja uma VACA na embalagem. Neste caso o fabricante não tem culpa, pois pouquíssimas pessoas devem ser tão idioticamente românticas assim; mas com a mudança da embalagem tive que migrar para o ELEGÊ (embora a vaca da embalagem seja uma caricatura tosca, foi o que me restou).

Um casal amigo comprou em dez/2010 um computador APPLE em uma loja americana: quando foram retirar o produto, todos os vendedores da loja aplaudiram! Os dois ficaram sem jeito, tímidos, e saíram de fininho da Apple Store, se sentindo quase escorraçados. Queriam voltar e comprar mais coisas, mas acharam preferível não se expor ao mico novamente.

De vez em quando a WÖLLNER aparece com uma campanha de desconto progressivo que dá desconto de 10% para quem compra 1 peça, 20% para quem compra duas, 30% para quem compra três e 40% para quem compra 4 ou mais peças. Descontos sobre o total da compra, bem entendido. Sempre gostei das calças cargo deles (por muito tempo foram as melhores do Brasil), mas eu nunca tinha mais do que 1 peça para comprar. E sabendo que tal peça poderia custar 60% do preço da etiqueta, é claro que eu não iria pagar 90%! Tampouco iria me forçar a comprar 3 ítens que não necessitava. E assim eles deixaram de vender diversas calças para mim...

THANK GOD IT’S FRIDAY... mas somente se não for o seu aniversário! Todos os atendentes virão cantar “parabéns pra você” (tão constrangedor que deveria ser proibido até em casa) em sua mesa. Tentarão até te fazer pagar o mico de subir na mesa; afinal, no dos outros é refresco! É claro que, embora adore as ribs do TGIF, jamais passei por lá em um mês de junho.

E ainda tem gente que ganha dinheiro para bolar estas campanhas...

(dez/2010)

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Fato Relevante


A matéria ao lado por pouco não passou despercebida. Foi publicada sem qualquer destaque n’O ESTADO DE SÃO PAULO em 02 de julho de 2004.

“Um Panda Em Saturno” presta aqui inestimável serviço público, divulgando crucial precedente jurídico.

Cumpra-se a Lei!

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A Palavra Mágica

Li algo assim há muito tempo e jamais esqueci, pois faz todo o sentido.

Existe uma palavra que quando é dita por uma Mulher faz o Homem ter certeza de que ela está a fim dele. Quando qualquer Mulher fala esta palavra para qualquer Homem, está dando a ele uma pista definitiva de que está irremediavelmente interessada, praticamente louca por ele. E ele passa naturalmente a corresponder a todo aquele interesse, se sentindo quase assediado.

A palavra é:
- “Oi.”

(dez/2010)

domingo, 26 de dezembro de 2010

Take me down, little Susie

N. News (Seguidora deste Blog) jamais gostou de flores. Era engraçado: quando ela recebia um buquê, eu já ficava esperando a desconcertante resposta:
- “São lindas... Pena que estejam mortas!”

(dez/2010)

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Os votos da Viola

... são também os votos do Panda!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Gisele, a Fedorenta

Vivemos uma Sociedade curiosa. Se você chamar a Gisele Bündchen de fedorenta, ninguém vai se importar. Se chamar um cabeludo – digamos, o Paul Stanley – de careca, ninguém vai se importar. Mas se chamar um careca de “careca”... escândalo! Se chamar um fedorento (and you know what I mean...) de “fedorento”, corre o risco de ir preso! E o mesmo para baixotes, feiosos, burros, etc.

Recentemente tivemos o caso de alguém que foi processado por chamar uma loura peituda de... “loura peituda”!

A conclusão é óvia: trata-se de uma Sociedade completamente hipócrita. Se você mentir, não há o menor problema. Pode chamar a Gisele Bündchen de baranga, fedorenta ou careca à vontade.

Mas cuidado: se falar alguma verdade, será processado!

(dez/2010)

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Não Cabe Mais Nada

Eles formariam um belo casal, se fossem um casal. Bonitos e dinâmicos, ele chegando aos 30, ela pouco mais do que 20. Mas estavam sempre enroscados com outras pessoas, e quando um estava disponível a outra não estava, ou vice-versa. De modo que saíam esporadicamente, digamos uma vez por ano. Aquele que estivesse disponível ficava quase meio apaixonado pelo outro, mas os sentimentos nunca se encontravam. Só de vez em quando rolava alguma coisa.

Mas naquela vez tudo parecia sincronizado. Os dois manifestando claramente interesse no encontro. Marcaram cedo para terem todo o resto do dia livre. Um sábado pela manhã, ele a convidou para almoçar, ela aceitou. Saíram felizes, estavam animados, conversavam muito, tudo ia bem. Tinha demorado, mas finalmente iriam se acertar.

Passeando de carro após o almoço, ele a convidou para irem a seu apartamento (ela morava com os Pais). Mas foi surpreendido pela resposta dela:
- “Sabe o que é... Não cabe mais nada!”

Ele continuou dirigindo em silêncio, desnorteado, completamente puto. Deixou-a em casa, não sem antes passar-lhe um sabão: você não sabe o que quer, faz os outros de palhaço, brinca com os sentimentos, etc, etc.

Ele talvez tenha sido muito pouco romântico, pouco paciente, ou inocente, imaturo, etc. Eventualmente saíram novamente, mas apesar de até materializarem o interesse, jamais conseguiram transformar aqueles desencontros em um Encontro.

E pelo resto da vida, em situações diversas ele de vez em quando repetia esta frase. Não cabe mais nada! E sorria, divertido com a lado engraçado daquela triste lembrança.

(dez/2010)

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

No Comando de Reinos, Planetas e da Enterprise

Alguns grandes personagens da ficção nos deram magníficas lições de nobreza, altivez, comando e força.

O primeiro foi o PRÍNCIPE VALENTE, personagem de Hal Foster em uma das primeiras graphic novels épicas já escritas. O personagem saiu em tiras semanais de página inteira durante mais de 30 anos, em um desenho que não trazia os habituais “balões” de diálogos mas sim uma narrativa fluida. A história de Amor entre ele e a Rainha Aleta é uma das mais lindas já contadas. Valente tinha comportamento e postura de Rei, e não era possível dobrar sua vontade ou postura, pois tinha a altivez de um Monarca: ele caminhava ereto e inquebrantável, com as costas retas, o queixo erguido e o nariz empinado acima de todos os demais. Um aprendizado de infância que ficou para sempre.

Mais recentemente tivemos PADMÉ AMIDALA, a Rainha de Naboo no Episódio I de Star Wars. Padmé vestia as mais espetaculares roupas que uma Rainha já vestiu, mas trazia algo muito mais impressionante: sua postura. Não havia diálogo com ela; Padmé não admitia réplica. Ela falava o que queria e depois virava as costas e ia embora; ela não tinha o MENOR interesse no que os demais teriam a dizer. Sua palavra era a Lei; altivez no mais alto grau! Infelizmente Padmé decaiu ao ponto de dobrar roupa de cama no Episódio III, o que me deixou completamente transtornado. Nada tenho contra dobrar roupa, mas uma Rainha com aquele nariz empinado não poderia jamais se dedicar a este tipo de tarefa mundana.

Entre ambos, o Capitão JAMES KIRK me deu a mais forte noção do que é ser um verdadeiro Comandante. A Enterprise estava em uma situação dúbia e crítica, pois poderiam ou não ser atacados a qualquer momento. Se demorassem para levatar os escudos defletores poderiam ser avariados ao ponto de rendição incontinenti; se por outro lado o fizessem em hora excessivamente prematura isto poderia ser considerado um ato belicoso, pois não havia certeza de que os adverários efetivamente fossem atacá-los; ademais, estavam na Zona Neutra.
Um imediato mais nervoso na ponte de comando disse para o Capitão Kirk:
- “Acho que devemos atacá-los!”
Kirk olhou para ele e respondeu:
- “Sua opinião será levada em consideração, Senhor Fulano... no dia que isto aqui for uma democracia!”

(dez/2010)

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Escravo da Liberdade

Sou totalmente avesso a qualquer tipo de dependência. Qualquer coisa da qual você dependa é na verdade uma âncora que te tolhe a liberdade de movimentos.

Não existe nenhuma dependência boa. Não dependa de seu emprego, e nem do dinheiro que ele gera; não dependa do carro para ir trabalhar; não dependa do conforto de sua casa; não dependa do final de semana para descansar; não dependa do sorriso de quem você ama; não dependa de nenhuma cidade, ou bairro, ou droga. Não dependa de um Marido ou de uma Companheira; não dependa de companhia.

Note que não estou sugerindo que você não goste ou não tenha nenhuma destas coisas; pelo contrário, ser o senhor de coisas e não seu escravo é engrandecedor. Se eu tenho, ótimo; se não tenho, não há problema. Eu não dependo.

Não dependa da aceitação ou aprovação dos demais. Não dependa de seu time de futebol. Não dependa de um empréstimo ou de uma boa vontade. No que depender de você, não dependa dos outros.

SGdF me descreveu certa vez como “escravo da liberdade”. Agradeço a definição.

Só não consigo deixar de depender dos óculos para leitura... ou do Wagner, para dar um jeito na gaforinha!

(dez/2010)

domingo, 19 de dezembro de 2010

O Bêbado Chato

RA sempre disse que eu era o verdadeiro bêbado chato. Dizia ele:
- “Você bebe, bebe, bebe - e fica igualzinho!!!”

(dez/2010)

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Uma Terrível Descoberta

Comecei a me dar por gente no início dos anos 70. Sou rockeiro desde sempre, e era a época dos cabelões. Todos os músicos tinham cabelos lisos, longos, enormes. Um único grande rock star tinha cabelos que pareciam com os meus: Marc Bolan, meu primeiro grande ídolo na música, um porta-voz em “Telegram Sam”: ♫ “Me I funk, but I don’t care, I ain’t no square with my cork screw hair!” ♫

OK, eu não tinha cabelo liso. Isto já tinha me assombrado ao longo de toda a infância e pré-adolescência; mas agora ao menos o Bolan tinha o cabelo igual ao meu!

Nesta época estourou o Pedro Aguinaga, que até ganhou um concurso “o Homem mais Bonito do Brasil”. Ele fazia alguma novela que eu assistia. O cara era realmente pintoso (*) . E não tinha cabelo liso, mas cacheado!

Um dia tomei coragem, juntei grana e fui cortar o cabelo no Souza em Ipanema, na época o mais famoso barbeiro / cabelereiro para homens. Levei no bolso uma enorme foto do Pedro Aguinaga que tinha saído em alguma revista “Manchete”. E quando chegou minha vez de cortar o cabelo, do alto de meus 15 anos eu mostrei a foto e disse para o Souza:
- “É assim que eu quero!”

O Souza olhou para a foto, coçou a cabeça, e disse:
- “O seu cabelo não é bem assim... mas vou tentar fazer algo parecido.”

Aquele corte de cabelo caríssimo e tão aguardado, com o mais renomado cabeleireiro masculino da época e copiando "o Homem mais bonito do Brasil", ficou a mesma bosta de sempre. E foi neste dia que eu finalmente aprendi que não tinha cabelo cacheado, mas sim pixaim.

Tremendo bombril!


(*) Nota – “pintoso” era gíria de época que significava “bonito”. Não tem nada a ver com “pinto”, please!...

(dez/2010)

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Marcando um Homem para Sempre

Todo mundo sabe que Homens são criaturas simples, “diretos ao ponto”. Vou entregar aqui uma das muitas maneiras que uma Mulher tem para marcar uma destas criaturas pelo resto de sua vida.

É bastante simples: você sai com ele e aplica à vítima um serviço completo. Dá ao cara a noite de sua vida: divertida, alegre, sem a menor frescura, sexy, erótica (MUITO erótica), plena para ambos. Só sorrisos, gargalhadas, amor e felicidade. Se despede feliz e agradecida, e combinando para bem breve um próximo encontro. Nenhuma nuvem no ar, nenhum motivo para queixas ou dúvidas.

E nunca mais sai com ele de novo.

O coitado jamais vai entender. Vai viver na esperança daquela noite (que foi perfeita para ele) se repetir. Homens são muito mais românticos do que Mulheres – não à toa se diz que “Mulheres vão para a cama por Homens por quem estão apaixonadas, Homens se apaixonam pelas Mulheres com quem vão para a cama”. Você o deixou se sentindo o máximo, crente que abafou, e ele vai querer aquela sensação de novo. Você foi um porto seguro em um oceano de dúvidas, negaceios, incertezas e recusas. Ele vai esperar por uma outra oportunidade forever. For ever!

As criaturas simples e “straight to the point” não devem me criticar por abrir o jogo de forma tão escancarada. Sim, você ficou desguarnecido; seus mecanismos estão expostos, ela agora sabe te manipular (como se já não soubesse antes...). Mas graças a este conselho ela vai te dar uma noite espetacular; inesquecível. Sim, você vai ficar apaixonado por ela por um bom tempo, não vai entender nada, vai sofrer, vai encher a cara, vai escrever poesias e blues; mas por outro lado, sempre resta a possibilidade de algum dia ela cair em si e falar “puxa, aquele cara era O cara” e voltar a te dar uma chance – quem sabe uma ligação no meio da madrugada.

Todos saem ganhando.

Entregue-se de alma e corpo.

Ao menos por uma noite.

(dez/2010)

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

As funções do Relógio de Pulso

Li certa vez que Adriane Galisteu teria dito algo como “um relógio de pulso realmente elegante não pode fazer nada além de indicar as horas; não pode nem mesmo ser à prova d’água!”.

Estou sempre vestindo algum relógio de pulso; mas curiosamente, já há décadas faço um grande esforço para não olhar as horas neles.

Explico: acho que é possível ver as horas em todo canto, e que portanto não seria necessário usar um relógio de pulso para isto. Assim, para comprovar esta teoria, busco as horas nos pulsos alheios (mas nunca perguntando, o que também seria cretinice demais: eu com um relógio no pulso perguntando as horas para os outros? xaveco pobre!), nos “outdoor-displays”, nas telas de terminais públicos. E reservo os ornamentos de meu pulso de rato para funções mais nobres, das quais a principal são os despertadores (meus relógios de pulso necessitam ter vários despertadores, se possível com função “snooze”). Uso também os cronômetros progressivos e regressivos (principalmente para jogos de Futebol de Botão, e para marcar o tempo de espera em filas e restaurantes; quando alguém diz “vai demorar 10 minutinhos” eu aciono o cronômetro na cara da pessoa); horário mundial (sabe lá o que é estar no Nepal com fuso horário de 8h45m de diferença?); e uma agenda básica para registrar alguns números que precisam estar sempre (literalmente) à mão.

A partir destes requisitos básicos, meus relógios têm algumas funções específicas: desenho do mapa celeste em qualquer data (utilizável em aniversários para traçar o mapa astral da Aniversariante, caso tenha interesse); altímetro, termômetro, bússola e barômetro (estes “triple-sensor” são imbatíveis em viagens); ou mesmo aqueles com ponteiros para visualização rápida ou no escuro (mas sempre com plataforma digital por baixo, algo como o DOS por trás do Windows).

Desta forma, evitar olhar as horas em meu pulso e tentar encontrá-la à volta acabou por se tornar um pequeno e desafiante divertimento para mim.

Aposto que a Adriane Galisteu nunca pensou nisto!...

(dez/2010)

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Haja vista que é Róráima!

O fato de não sermos completamente escravos aumenta a responsabilidade sobre nossos atos. Uma vez que ninguém é obrigado a fazer nada, qualquer falta de bom senso em nossas atitudes será uma responsabilidade exclusivamente pessoal.

Algumas vezes ouvimos atrocidades que evocam o desejo que o pelourinho estivesse de volta, fosse para justificar o “eu só cumpro a regra, sem colocar nenhum bom senso pessoal no gesto”, fosse para punir os mentecaptos que as pronunciam.

A principal rede de televisão do País insiste em uma lavagem cerebral em toda a população, esfregando uma pronúncia “Róráima” quase que a cada telejornal diário. O pretexto é o mais tosco possível: perguntam a alguém que mora lá: “como é que se fala?” e como o local responde “é Róráima”, pronto! Tentam impingir nacionalmente a pronúncia local. É como se perguntassem ao caipira: “como é que se pronuncia a palavra ‘caipira’?” e ele respondesse: “é caipiᴙa”, e pronto! Todo mundo deveria passar a pronunciar “caipiᴙa”, afinal foi o próprio quem ensinou! (E se o caipira se apresentar como Feᴙnando, você também deverá chamá-lo de “Feᴙnando”.)

Outra expressão irritante, repetida à exaustão pela Rádio que toca Notícia, é “haja vista”. Sim, está no Aurélio. Mas convenhamos: a justificativa para tal descalabro é que significa “conforme já foi colocado à vista”. Mas nem tudo o que já foi visto foi colocado à vista, aos olhos! Principalmente em uma Rádio! Sobre coisas que já foram debatidas e estudadas podemos afirmar: conforme já foi visto, e isto não se refere aos olhos. Tão simples, tão óbvio, tão elementar. Haja visto. Haja saco!

Seguir este tipo de regrinha é se acomodar em uma preguiça intelectual próxima à escravidão.

Outra expressão comum e irritante é a substantivação da sigla BRIC, com sua conseqüente pluralização: “os BRICs, que são o Brasil, a Rússia, a Índia e a China, (...)”. Ora, BRIC é uma sigla que embute e representa o nome dos países; não tem cabimento aplicar-lhe um plural. É o mesmo que dizer “os OTANs”, “os ONUs”, “os FIFAs”, etc. O único plural que cabe aqui é: “os manés”.

Pelourinho neles!

(dez/2010)

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Praça de Alimentação

O Arcanjo Gabriel e eu temos um debate que já dura toda a Eternidade em que nos conhecemos. Refere-se à devolução de bandejas em uma Praça de Alimentação. Tentarei ser imparcial na apresentação da argumentação; terei sucesso se ao final você não souber qual o lado que ele ou eu defendemos.

Note-se que a abordagem é puramente Econômica e Social, não havendo nenhum desvio de foco para o “cuidado”, “educação” ou “elegância” para com os demais usuários de tais Praças.

A questão é: deve-se devolver a bandeja usada à estação de limpeza, ou é melhor deixá-la sobre a mesa? Quando se deixa a bandeja sobre a mesa se está gerando um emprego; alguém deverá ser contratado para ir à mesa e levar a bandeja para a área de lavagem. Adicionalmente, o custo/hora de tal pessoa provavelmente será inferior ao custo/hora do usuário do restaurante, o que significa uma melhor utilização de recursos. E o funcionário da Praça sabe melhor o que fazer com os pratos, talheres e bandejas sujas do que o usuário eventual, que fica perdido um par de minutos e ainda acaba fazendo lambança.

Por outro lado... Como disse Delfim Neto (me recuso a adotar estas letras dupplas), deixar crescer o bolo para então distribuir. O emprego gerado para o recolhedor de bandejas na Praça de Alimentação é um benefício menor do que o lucro adicional gerado para o empresário dono da tal Praça, que o investirá em outros Shoppings, ou então deixará o dinheiro no Banco o que por sua vez vai possibilitar investimento governamental em Escolas, etc. Assim, o dinheiro que não for para a recolhedora de bandejas vai para um uso melhor, um emprego melhor ou para uma educação melhor.

Mas... se a recolhedora de bandeja não tiver o emprego agora, o filho dela vai precisar conseguir dinheiro agora de alguma outra forma... E talvez nem chegue a haver tempo para ele chegar a usufruir do investimento do dono do Shopping.

Levei a questão ao Professor BP de Filosofia, que levantou um outro ponto: não é por uma fábrica de armas gerar empregos que vamos passar a defendê-la.

Portanto, se você vir a mim ou ao Arcanjo (só um dos dois, o outro não concorda) deixando uma bandeja na Praça de Alimentação, ou o carrinho de supermercado no meio de estacionamento, não será por descaso, preguiça ou derespeito... é geração de emprego!

(dez/2010)

domingo, 12 de dezembro de 2010

Correndo contra o Muro

Estando de moto ou de carro, ele sempre estranhava quando era ultrapassado em alta velocidade por algum outro veículo mesmo havendo uma barreira de carros parados debaixo de um sinal fechado alguns metros adiante.

Considerava o uso do freio um sinal de ineficiência; um indicativo de que o motorista tinha usado o acelerador em demasia anteriormente, consumindo um combustível que seria desperdiçado logo em seguida com um igualmente desnecessário gasto dos freios. Em resumo, quanto mais se necessita frear ao dirigir, maior a comprovação da limitação de raciocínio.

Mas aquela vez foi demais. Era uma tarde de sábado e ele vinha de moto pela larga e bastante deserta Avenida JK em São Paulo, e o sinal estava fechado cerca de 100 metros adiante. Ele estava a 50km/h no centro de uma faixa de rolagem, e foi subitamente ultrapassado por um veículo que ia a mais de 100km/h na diagonal, cruzando as faixas vazias quase como se quisesse atingí-lo (ou ao menos assustá-lo). O “grande piloto” evidentemente teve que fritar seus freios, e parou alguns metros adiante, atrás dos carros que já estavam parados no sinal bem antes daquela presepada.

O motociclista não resistiu. Passou devagar pelo veículo, e quando estava ao lado do motorista, levantou a viseira e disse:
- “Correu à toa...”
Enquanto se afastava ele ainda ouviu o urro do piloto do carro:
- “VAI TOMAR NO ESFÍNCTER!!!”

O motociclista foi embora rindo, e divagando porquê será que as pessoas não gostam de ouvir a verdade...

(dez/2010)

sábado, 11 de dezembro de 2010

Dia dos Engenheiros



11 de Dezembro é o Dia dos Engenheiros & Engenheiras.

Sempre recordo o que foi dito na Aula Inaugural de minha Graduação na PUC-RJ:
- "Aqui não formamos Engenheiros, mas Cientistas".

Minha orgulhosa saudação nesta data aos colegas.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Big Bang Baby

O Homem prospectou o incomensurável espaço à sua volta, infinito de acordo com as escalas que conhecia. Mirou o mais longe que conseguia enxergar, e concluiu:
- “É espaço demais para que somente eu exista. Certamente existirão outras raças.”

O Homem investigou seu passado, o mais longe que conseguia enxergar, e concluiu:
- “O início de tudo se deu em uma grande explosão. Um jorro incomensurável de energia. Tal origem é inexplicável. Mas a partir de então, tudo começou a se formar.”

O Homem analisou seu futuro, o mais longe que conseguia enxergar, e concluiu:
- “Só tenho certeza de meu fim. E então, encontrarei o Criador.”

O tempo passou.

O Homem cresceu. Evoluiu. Lentamente foi compreendendo e ocupando o infinito que o cercava. Mas não encontrava outras raças. Não conseguia explicar sua origem. E não sabia o que aconteceria depois que deixasse aquele Universo que conhecia.

Eventualmente o Homem ocupou todo o Espaço. Viu que não existiam outras raças, e que se enganara: aquele Universo era na verdade exíguo para ele. Apertado. Sufocante. Compreendeu que não tinha levado em consideração seu próprio crescimento quando, ainda naquele estágio primitivo, avaliou o então inexplicável vazio do que parecera ser uma infinitude. Agora necessitava sair, e encontrar algum outro Universo para viver.

A bolsa d’água se rompeu, e chegou ao fim a existência do Homem em seu pequeno universo uterino. Ele saiu, e encontrou enfim seu Criador.

Mas também ele não sabia de onde vinha, e nem para onde ia.


(Thanks, I.A.!)

(dez/2010)

sábado, 4 de dezembro de 2010

Casamento Republicano

Apresento abaixo discurso que fiz no casamento do Arcanjo Gabriel com Juliana, com algumas observações:
- um discurso falado, composto para ser ouvido, tem uma estrutura bastante diferente daquela de um texto feito para ser lido;
- foi tremendamente difícil lembrar-me de todos os detalhes, pois o casal à minha frente estava completamente emocionado, e a força de suas lágrimas desviava muito minha atenção; alguma passagem pode ter sido saltada durante o “speech”;
- peço desculpas caso seja excessivo o número de menções, mas me é impossível assumir palavras de outros sem atribuir-lhes a autoria.


Boa Noite a todos,

gostaria de começar agradecendo à Juliana e ao Gabriel por esta Festa. Este é ou o primeiro ou o único Casamento Republicano de todos os tempos, de forma que de qualquer maneira estamos presenciando um evento histórico. Acompanhei o cuidado e carinho dos preparativos, e é muito claro que os homenageados da noite somos nós, e não eles. Esta é uma festa que eles estão dando para nós; o que temos aqui são eles celebrando a todos nós.

E quem somos “todos nós”? Vou fazer as apresentações. Meu Pai mencionou em seu discurso de Bodas de Ouro que "a Família são os Amigos que a Natureza escolheu para nós, e os Amigos são a Família que nós escolhemos". Pois são estes que aqui estão: as Famílias e Amigos escolhidos por e para Juliana & Gabriel.

Vou me apresentar, também. Meu nome é Marcio, e sou ex-Chefe do Gabriel, e seu atual Aluno - ou seja, uma tremenda evolução! Sou também uma pessoa extremamente romântica. E é exatamente como uma pessoa romântica que digo considerar o Casamento como o mais romântico gesto de todas as nossas vidas.

O mais romântico gesto, primeiramente, porque o Casamento é a única data que festejamos na vida que foi escolhida por nós mesmos. Não escolhemos nenhuma outra das datas que celebramos em um ano: aniversário, Natal, Ano Novo, Carnaval, Semana Santa, os feriados; mas a data do Casamento é uma escolha pessoal. De hoje em diante, a cada dia 4 de dezembro Juliana & Gabriel irão acender uma vela próximo a algumas plantas, para comemorar e relembrar o dia de hoje e este ambiente que nos cerca.

Outra coisa tremendamente romântica sobre o Casamento são os votos feitos pelos nubentes. Você chama os Familiares, Amigos, o pessoal do Trabalho, a Lei e o Governo, em alguns casos a Religião, sobe em um palco e jura solenemente que vai ficar com aquela Pessoa na fome e na doença, na pobreza e no fracasso, na miséria e na desgraça, até que a Morte os separe! Nada pode ser mais forte do que isto, nada mais solene, nada mais romântico! Vi certa vez um Padre falar em um Casamento “até que um enterre o outro”. Fortíssimo, é exatamente isto, você está elegendo seu Companheiro de Jornada, vai cuidar dele até o último momento, não há nada mais que se possa fazer por outra pessoa do que cuidar dela por toda a sua existência, até o último momento. Sempre choro nos Casamentos neste juramento.

Mas ao mesmo tempo esta é minha grande dúvida quanto às cerimônias de Casamento. Como é possível afirmar como você estará daqui a 10 anos? E o outro? Vocês não vão mudar? Interesses, estilos, desejos? Como é possível afirmar – jurar – que daqui a 10 anos os dois vão continuar querendo ficar juntos? Sempre que possível levo esta questão aos casais em vias de se casar. E o pior é que às vezes ouço como resposta: “ah, sem problema, se não der certo a gente se separa”. Como assim?!? Isto me revolta. Você chama todo mundo, faz a promessa solene, e se não estiver dando certo vai simplesmente ignorar, passar por cima de tudo e quebrá-la? Considero esta postura inaceitável.

Eu estava portanto preocupado com o que dizer aqui, pois poderia chegar e fazer todo um discurso “forever & ever” e depois o casal dizer “ah, desencana Marcio, se não der certo a gente se separa”! E fui conversar com eles a respeito de suas intenções, para sincronizar o que diria. Mas a Juliana foi absolutamente taxativa e direta: “conosco não tem disto, conosco é para sempre!”. Naquele momento eu fiquei totalmente convencido: ela não precisava dizer nada, não estava em cima de um palco com gente observando, estávamos conversando em “off” e totalmente descontraídos, ela podia dizer o que quisesse. Ali eu vi que eles já estavam casados.

Todos os discursos e sermões de casamento têm conselhos, então eu vou dar dois. Não que vocês precisem, mas pelo registro. O primeiro deriva de algo que um Tio meu falou em suas Bodas de Prata. Perguntei-lhe então o segredo para manter um Casamento por 25 anos; ele me disse que o Amor pode ser decomposto em 4 fatores (ele é Engenheiro, eu também, então adorei isto!): Amizade, Admiração, Respeito e Confiança. Eu gostaria de falar aqui sobre o Respeito. Respeito deveria permear todas as nossas relações. Cuidado com as palavras, cuidar em não irritar ou magoar os outros com o que dizemos, cuidado em sermos agradáveis e fazermos as vidas dos outros agradáveis. E mais ainda em um Casamento, em uma relação tão íntima e diária. Certa vez ouvi um Padre dizer: “ ’até que a Morte os separe’ com alguém buzinando e reclamando no ouvido é insuportável!”. Não acho que vocês corram este risco: vejo o carinho e respeito com que se tratam. Mas deixo para todos a referência.

O outro conselho se refere às palavras de um Amigo Budista. Ele extende o conceito de aura individual e energia do corpo de cada um à unidade do Casal. Diz que existe uma aura em torno do casal, um “invólucro” em volta dos dois, um “campo de energia” que não deve ser invadido ou rompido. Se for permitido que uma outra pessoa estranha, uma terceira pessoa entre neste envoltório, a energia do casal se enfraquecerá, se esvairá, comprometendo a unidade. Lutar sempre para não cair em tentação. E a melhor maneira que conheço de não cair em tentação é não se expor a ela. E, na eventualidade de aparecer a tentação, resistir de todas as formas; nunca ceder.

Vou agora cometer duas indiscrições, e contar para vocês duas histórias do casal. A primeira ocorreu quando o Gabriel conheceu a Juliana. Ele chegou para mim e falou “cara, conheci uma Mulher incrível no Mergulho, fantástica! Mas não vai rolar, ela é demais para mim, está muito além”. As semanas passavam, eu perguntava “e a Mulher do Mergulho?” e ele dizia “é espetacular, mas não vai dar para mim, é muita areia para o meu caminhão”. O tempo passou, eles acabaram ficando juntos, e ele continuou sempre entusiasmado por ela. Recentemente fui conversar com ele e o relembrei desta história: “lembra que você dizia que ela era demais para você?”. Ele abaixou a voz e segredou: “sabe de uma coisa? Ela ainda é muita areia para o meu caminhão...”. Isto foi muito lindo, remete a outro daqueles 4 fatores do Amor, agora a Admiração. Acho que as pessoas deveriam sempre achar isto de seus parceiros, colocá-los em um Altar, acima de todos os demais. Seu Companheiro de Viagem é uma pessoa única no Mundo.

A outra história se refere à Teoria das Azeitonas. Eu estava conversando outro dia com o Gabriel, e contava da Teoria das Azeitonas. Ela diz que para um casal dar certo é necessário que um dos dois não goste de azeitonas. O racional por trás disto é que já existem muitos motivos para querelas e desentendimentos ao longo da vida em comum, e se ainda por cima os dois forem brigar por causa da azeitona, será este o detalhe que vai fazer o copo transbordar e a relação não dar certo. E o Gabriel respondeu:
- “Puxa... A Juliana me ama tanto que até finge que não gosta de azeitonas!”
É a beleza desta visão poética – ou então o sacrifício da Juliana... – que me dá a certeza que o encontro de vocês é muito sólido.

Uma última palavra: indispensabilidade. Aquele mesmo Tio, agora em suas Bodas de Ouro, disse que o segredo do casal feliz é que sejam indispensáveis um para o outro por toda a vida. Acho isto lindo: você querer ouvir a opinião do parceiro, seja para comprar uma camisa, seja para decidir um computador. Não estou falando de dependência; meu Avô disse em suas Bodas de Ouro que “um casal deve ser como duas madeiras em uma fogueira: próximos o suficiente para se aquecerem, mas afastados o suficiente para que ambos respirem”. As duas cabeças do casal trocando idéias e decidindo juntas irão muito mais longe.

Meus votos são que vocês continuem sendo indispensáveis um para o outro, até o último momento. Parabéns pelo Casamento.


citações (por ordem de menção):
- Bodas de Ouro de P&M, jul/2005
- Casamento Ronaldo & Leticia, nov/2005

- Bodas de Prata Tios Luiz & Mirian, mai/1982
- Amigo Budista RdNBF
- Casamento André & Luma, nov/2010
- Bodas de Ouro Tios Luiz & Mirian, mai/2007
- Bodas de Ouro Vovô Gustavo & Vovó Aurora, nov/1979

(04/dez/2010)

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Período Gestático

Já tendo passado por 2 ou 3 dos chamados períodos sabáticos, tenho alguma vivência para comentar o tópico.

A coisa começa sempre da mesma forma: quando sabem que você vai sair de seu Trabalho sem embarcar imediatamente em outro, as pessoas começam a te perguntar e falar:
- "Está maluco?!?"
- "Você não fica com medo?"
- "Mas o seu emprego é tão bom..."
- "Pense bem!"
- "Entendo seus motivos, mas agora não é o momento. A crise!..." (o Mundo está SEMPRE em crise)
- "Mas você vai fazer o quê?..."

Passado algum tempo, as mesmas pessoas notam que você está bem e feliz, não morreu, está vivendo melhor, dormindo mais, comendo direito, lendo, freqüentando o cinema, saindo à noite sem culpa, ajudando os demais, arrumando sua vida, escrevendo um Livro, encontrando as pessoas, enfim, está muito mais produtivo. E aí o papo muda:
- "Como você está bem!"
- "Estou tão de saco cheio do que faço..."
- "Eu queria ter a sua coragem..."

Nós NUNCA paramos de trabalhar. Paramos, isto sim, de ganhar dinheiro; mas o Trabalho é ininterrupto. É até pior: você deixa de ter horário para trabalhar, TUDO passa a ser horário de trabalho para suas novas (e muito mais úteis e interessantes) atividades.

Isto é importante: nunca deixar de fazer, de atuar, de progredir, de trabalhar. O desenvolvimento é constante. Discordo terminalmente desta expressão "período sabático". A intenção não pode ser de descansar, parar, cessar; a pessoa deve aprender, mudar, crescer. Você está desenvolvendo algo, gestando; e depois de tal interregno, no outro lado deve sair um você melhorado.

O período é gestático.

(nov/2010)