quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Porta de Saída

Uma das maiores paixões na vida de boa parte dos Homems é seu time de Futebol, e comigo não foi diferente. Eu era criança, e invariavelmente andava - ou melhor, corria - pelas ruas de Copacabana com o uniforme completo do Vasco: camisa, calção, meião e tênis. Tinha a camisa branca e a preta, o calção branco e o preto, tinha meiões brancos, pretos, zebrados e cinzas. Meu uniforme preferido era o totalmente preto,"de gala", camisa, calção e meião "all blacks". Jogávamos futebol quase todos os dias no playground de meu prédio na Rua Xavier da Silveira, sendo estas as minhas melhores lembranças da infância - daí eu não entender vizinhos que não gostem de crianças jogando bola no pátio do prédio, o que me parece coisa de espírito-de-porco-de-mal-com-a-vida. Mesmo não tendo filhos, sempre defendo em reuniões de condomínio que as crianças possam jogar futebol nos prédios: o que pode ser mais saudável do que isto? Mas a mediocridade avança, e as interferências destrutivas na vida alheia também; "o Homem é o Lobo do Homem".

Até os 14 anos eu JAMAIS tinha visto o Vasco da Gama ser Campeão no futebol; Campeão de nada! Meu primeiro título carioca ocorreu em 1970 (anteriormente o Vasco tinha sido campeão em 1958, mas eu tinha então apenas 2 anos de idade e não tinha qualquer entendimento). Mesmo assim, nos anos 60 eu andava - corria - célere pelas ruas, completamente uniformizado. E feliz.

Isto demonstra que independentemente dos resultados, eu sempre me orgulhei de meu Time. Entendo que seja assim com todos os torcedores, e por isto não entendo brigas entre torcidas. A principal função de um time de futebol é (ou deveria ser) deixar as pessoas orgulhosas e felizes, e não belicosas. Sou invadido por uma alegria infantil ao ver alguém na rua com camisa do Vasco, e sempre lhe profiro um -"Vascão!". Mesmo sendo um torcedor de qualquer outro time que esteja uniformizado, sempre lhe observo com admiração esta bela exibição de um orgulho que vem da infância.

Há todavia um porém. É possível que saiamos pela mesma porta pela qual entramos; e neste caso, o Vasco está desde 2003 sem ganhar nada (convenhamos, título da 2ª Divisão não conta). Em 2011 já serão 8 anos. É possível que, saindo pela mesma porta em que entrei, eu novamente esteja passando 12 anos andando com a camisa do Vasco e sem vê-lo ganhar nada. E neste caso, quando ele ganhar um título - o que se daria em 2015 - eu já esteja vivendo meus derradeiros 2 anos, gagá e senil, e sem qualquer entendimento...

(set/2010)

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Micy

Aconteceu circa 1953.

Era um daqueles flertes de adolescente, aquela coisa de desejo sem coragem que perdura por meses ou anos. Costuma acabar em frustração ou em casamento (ou ainda em casamento frustrado).

Micy era enamorada por Papai, e talvez algo correspondida. Mas aconteceu de Papai conhecer Mamãe, e se apaixonou por ela.

Micy ficou sabendo disto em uma festa. Papai dançou com Mamãe a noite toda, e ao final foi levá-la em casa. Mesmo sem sair de sua cadeira, Micy dançou; e começou a chorar, desconsolada, ao final da festa.

Vovó Helena, Mãe do Papai, era natural do Rio Grande do Norte. Ao ver Micy chorando, se levantou e foi falar com ela:
- "Não chore, Menina. Nenhum Homem merece nossas lágrimas."

(set/2010)

terça-feira, 28 de setembro de 2010

O Perfume e o Barulho das Motos

Li certa vez que "usar perfume é uma forma de ocupar mais espaço do que aquele que nos foi originalmente destinado".

Sempre me lembro disto ao ouvir motos barulhentas passando. Os roncos dos escapamentos abertos estão imbuídos deste mesmo conceito...

(set/2010)

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Cotovelo na Mesa

Algumas regras de etiqueta, elegância e boa educação não têm o menor cabimento.

Por exemplo, a regra de "não colocar o cotovelo na mesa" é pura vontade de ser pentelho! Qual o problema de se colocar os cotovelos na mesa? Absolutamente nenhum! No entanto, já que é uma coisa natural, que repousa e faz bem às pessoas, logo surgiu uma regra: "não pode"!

Tô fora. Se algum dia você me vir com os cotovelos na mesa , saiba que não é falta de educação e sim exercício de questionamento de regras que não fazem o menor sentido.

Também não vejo qualquer problema em se usar palito de dente. Qual a alternativa, ficar com um carnegão fibroso e incômodo entre os dentes, e continuar conversando de forma hipócrita como se nada estivesse acontecendo dentro da sua boca? Isto pode tirar a graça de uma conversa e de um delicioso prato de comida , e até estragar o jantar... Ainda mais porque a maioria dos banheiros não tem fio dental: você vai interromper a conversa e ir ao banheiro à toa. (Eu carrego fio dental na carteira, mas nem todo mundo é tão maníaco assim). É claro que ninguém vai escancarar a bocarra, botar o linguão pra fora e cutucar os molares como se estivesse gargarejando; mas discretamente cobrir a boca levemente aberta e se livrar de um incômodo fiapo é um alívio mais do que bem-vindo. E quem achar ruim que olhe para o lado.

Lamber faca: nenhum problema.

Tirar meleca: nenhum problema! É sujeira que veio do ar, e ficou eficientemente retida por seus últimos filtros antes de penetrar em seu pulmão limpinho! A cagaita é quase uma medalha, uma prova que seu organismo está funcionando exatamente como devia. Se o ar fosse limpo não teríamos muco (ressecado ou não) nos narizes. A culpa da langonha é da Sociedade; eu só estou me defendendo.

Por uma vida menos complicada, e sem frescuras desnecessárias!

(set/2010)

domingo, 26 de setembro de 2010

The Knife

"A faca entra até que encontra osso."

sábado, 25 de setembro de 2010

PPCF

Quem me conhece sabe que esta é minha frase favorita:
"A pressa passa, a cagada fica!"

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O Soldado de Deus

Manhã de domingo, aniversário de 80 anos de meu Tio. Estou elegantemente trajado, carregando um presente, parado na rua quase deserta aguardando o transporte que me levará ao evento comemorativo.

Um homem pára na calçada exatamente à minha frente, de frente para mim a 1 metro de distância, e fica me encarando no rosto. Já estou habituado às solicitações de rua; dou portanto um passo para trás e dois para o lado, me afastando dele, e digo:
- "Não, obrigado."

Repetindo uma situação que vivenciei mais do que uma vez na Índia, o cara começa a gritar.
- "Quem você pensa que é? Acha que é mais importante do que DEUS?!?"

Ele berra cada vez mais descontrolado:
- "Você está perdido!"

Joga uma Bíblia no chão a meus pés, e urra:
- "Se dependesse de você, você queimaria isto, não é?!?"

Tento responder:
- "Eu não queimo nada. Estou quieto aqui, e é você quem está me agredindo."

Mas o cara não ouve nada que não sejam suas próprias palavras sagradas. Pega o livro do chão e quase o esfrega em minha cara, transtornado:
- "POIS SAIBA QUE PARA MIM ISTO É MAIS IMPORTANTE DO QUE OURO! É MAIS IMPORTANTE DO QUE ESTAS SUAS ROUPAS!"

Peso a possibilidade de passar à agressividade e responder -"Você é do Mal", mas o cara está tão esbugalhado e descontrolado dentro de seu mundinho que seria o mesmo que tentar dialogar com vespas que tenham montado um ninho em seu banheiro. E opto por ficar quieto, impávido colosso.

Isto apenas irrita ainda mais o homem, que a esta altura se sente um templário investindo contra as forças do Mal.

Ele vai se afastando, vociferando à distância:
- "ALGUM DIA VOCÊ VAI PROCURAR DEUS. E NÃO VAI ENCONTRAR!..."

Me quedo imaginando quantas vezes em nossas vidas não nos comportamos exatamente como este Soldado de Deus, que de dentro de seu ponto de vista está coberto de razão, e fazendo o Bem.

Fico imaginando também o quanto ao longo da História e até os dias de hoje os pregadores, missionários e evangelistas não extrapolaram e ainda extrapolam suas missões, tentando cimentar pontos de vista unidimensionais sobre pessoas que têm outros interesses. Será que os Apóstolos eram deste tipo de intruso?

Quantas vezes não achamos que estamos absolutamente certos e cobertos de razão, e na verdade estamos apenas sendo chatos com uma visão pequena e maniqueísta?

Ver os erros dos outros - especialmente os mais agressivos e flagrantes - deveria principalmente nos ajudar a melhor enxergar os nossos próprios.

Por nossa culpa, nossa culpa, nossa máxima culpa.

(set/2010)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Com uma Azeitona na Testa

Azeitonas têm uma característica curiosa: ou as pessoas as amam, ou as odeiam.

Existe até uma "Teoria das Azeitonas" que diz que para um casal dar certo é necessário que um dos dois goste de azeitonas e que o outro não - ou ao menos finja não gostar (porque a inexistência de disputa pelas olivas seria um motivo a menos para desentendimentos).

A maioria das pessoas adora. Eu abomino (embora adore azeite de oliva).

Os problemas de quem não gosta de azeitonas são muitos. Por exemplo quando uma salada, pizza ou qualquer comida vem com azeitona picada e misturada: pode jogar o prato diretamente no lixo! Mas o pior caso é o das empadas. Sou alucinado por empadinhas, porém elas contém um perigo oculto: muitas vezes vêm com azeitonas escondidas! Assim, a primeira mordida em uma empada é sempre tensa: será que logo de cara você vai abocanhar aquele pedaço carnudo de matéria quase fecal? É algo como pisar em um terreno que pode conter uma mina subterrânea. E se ela não aparece na primeira mordida, segue-se o garimpo: onde está escondido aquele pedaço de @#$&% dentro da minha empada? E toca a despedaçar a empada, tirar sua "tampa", dilacerá-la, sujar o dedo e remover aquela coisa gordurenta roxa ou verde, tentar tirar tudo, mas sempre fica uma badalhoca de azeitona para anuviar o gosto da empada.

Sei que é para o bem de alguns poucos, mas minhas sugestões são que 1) nenhuma comida venha com azeitonas picadas e misturadas; ou então 1.a) as cozinheiras e anfitriãs perguntem às pessoas e convidados se gostam ou não de azeitonas antes de misturá-las à comida; e 2) FAÇAM TAMBÉM EMPADINHAS SEM AZEITONAS, PELO AMOR DE DEUS!

Pensem nos outros!


Nota1: Também não gosto de milho. Porém neste caso acredito ser a Única Pessoa no Mundo que não gosta, pois jamais encontrei alguma outra que não gostasse. Detesto tudo: pamonha, curau, canjica, cuzcuz, polenta, angu, creme ou mesmo cozido. Para não dizer que sou radical, gosto de milho em duas formas: pipoca (salgada)... ou Jack Daniel's!

Nota2: Já quanto a batatas, creio tratar-se de unanimidade na Raça Humana. Todo Mundo gosta; até eu.

(set/2010)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A Vingança da Princesa Diana

Da série "Atitudes Que Me Encantam":

Li que Diana Frances Spencer, Princesa de Wales, ao saber que era traída por seu marido Charles Philip Arthur George com a grotesca Camilla Parker Bowles, teve uma única manifestação pública de desagravo: deixou de usar sapatos de saltos baixos, e voltou a usar os de salto alto.

Com esta atitude, a Princesa ficou parecendo um Baobá perto do Pequeno Príncipe (Diana media 5ft 10,5in = 1,79m; Carlitos mede 5ft 9in = 1,75m).

Uma simples, sutil e elegante demonstração de revolta por parte de quem não podia manifestar revolta. Realmente chiquérrima.

(set/2010)

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Dirigir Bem

Para muita gente, dirigir bem é correr.

Quanto mais correm, mais se julgam "ótimos motoristas".

Evidentemente são iniciantes no volante - ou então rematados Boçais.

Quanto mais estas pessoas 'socam a bota', mais mostram o quanto são parvos.

Devemos agradecer quando um Mané nos ultrapassa em alta velocidade, pois será em um Outro (carro, caminhão, ônibus ou poste) que o Palerma vai se arrebentar.


(Nota: Existe uma marca de carro - importado, é claro - que é campeã em termos de motoristas arrogantes e perigosos. Se você tem um veículo de tal marca, as chances de que seja um Legítimo Babaca são ENORMES!)

(set/2010)

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Anti-Jogo

Existem duas situações no Futebol que me deixam particularmente doente, e ainda mais irritado do que já sou usualmente. Ambas são casos flagrantes de anti-jogo respaldado pelas regras.

Uma delas é quando a bola vai saindo de campo e um jogador fica fazendo "paredinha" ou proteção, dançando em volta da pelota e se interpondo entre o adversário e ela para que a bola efetivamente saia - e o jogo pare. Ora, nesta situação temos por um lado um jogador tentando dar continuidade ao jogo, e por outro um jogador se esforçando por interromper o jogo. Muitas vezes é dada falta ao atleta que quer manter a bola em campo e em jogo, por forçar o adversário. Ora, o nome correto deste comportamento é obstrução! Sugiro que um jogador somente possa "proteger" a saída de bola se o último a tocar nela tiver sido alguém de sua própria equipe, caracterizando uma "posse de bola". Somente assim se justificaria tal "proteção" - que evidentemente jamais seria utilizada. E o jogo não pararia.

Outra situação me foi chamada à atenção por meu Pai: trata-se da "linha de impedimento". Não vou entrar na discussão da imbecilérrima Regra do Impedimento - que como o próprio nome já aponta, é algo que tolhe, obstrui, estorva. Mas quando os beques se adiantam com o objetivo de parar a jogada porque um adversário ficou impedido, estão tomando uma atitude para parar o jogo! Ou seja, estão praticando anti-jogo! E o Juiz efetivamente pára o jogo!!! Alternativa sugerida? Por exemplo jogar a Regra do Impedimento no lixo, junto com o Joseph Blatter.

O anti-jogo é estimulado pelas regras. Meu Deus, como o Futebol está medíocre.

(set/2010)

sábado, 18 de setembro de 2010

Ovação

"Dependendo de quem aplaude, é preferível ser vaiado!"

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Godzilla

Imagine-se Godzilla.

Você sai do fundo do mar e vai para a terra. Lá chegando, o que encontra? Prédios. Casas. Asfalto, carros, ônibus, aviões, poluição, barulho. Shopping Centers. Condomínios. Arranha-céus gigantescos.

O que você faz?

Sai destruindo tudo, é claro! Principalmente os prédios mais altos! São atrocidades, não-conformidades, são anti-naturais, anti-Natureza. São pavorosos!

Ou seja, o Godzilla está certo! Se você fosse ele, agiria igualzinho!

Eu até já escolhi quais prédios vou destruir caso algum dia acorde GODZILLA!

(set/2010)

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

3 Respostas Elegantes

Algumas respostas me deliciam.

Quando Bill Clinton ainda era Presidente dos Estados Unidos, fizeram uma pesquisa ente os americanos e chegou-se a conclusão que 60% das pessoas consideravam a Hillary mais inteligente do que ele. Foram perguntar o que ele achava a respeito, e William Jefferson Blythe III respondeu:
- "Fico impressionado que os demais 40% ainda não tenham descoberto isto!..."

Certa vez John Fitzgerald Kennedy ia a uma recepção com sua Esposa Jacqueline Lee Bouvier Kennedy. Enquanto aguardava ela se arrumar, ele conversava com alguns jornalistas. Quando Jackie começou a demorar demais, JFK comentou com os repórteres:
- "Olha, ela está demorando... mas vale a pena esperar!"

Outra resposta que me encanta foi de Catherine Zeta-Jones. Quando filmava "Entrapment" ("A Armadilha") com Sean Connery em 1999, logo surgiram comentários sobre um suposto envolvimento entre os dois. Mas Zeta nasceu em 1969, enquanto Sir Thomas Sean nasceu em 1930. Quando perguntaram a ela em uma entrevista se estava rolando alguma coisa entre eles, ela respondeu:
- "Infelizmente eu nasci 10 anos depois do que deveria..."

(set/2010)

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Les Veuves

Meu Avô Gustavo sempre falou que "viajar é bom para desasnar".

Em sua primeira viagem à Europa, meu Pai passeava com Mamãe pelo bas-fond de Paris quando viu em um cinema o cartaz do filme "Veuves en Chaleur". Sabedor de que a palavra "chaleur" significa "calor", e estando na 'região do pecado' parisiense, Papai guardou para si o registro.

Alguns dias mais tarde foram visitar algumas vinícolas, e acabaram diante de uma garrafa de Veuve Clicquot. Papai não se conformava, e a alturas tantas comentou com Mamãe:
- "Curioso o nome desta champanhe, não?..."
Mamãe não entendeu, e perguntou:
-"Porque? O quê você acha que significa?"
E Papai:
-"Ué... Veuve não quer dizer 'vulva'?"

(O quadro que ilustra este post é da própria Viúva Clicquot. Não sei afirmar se ela estava "en chaleur" no momento em que foi pintado.)

(set/2010)

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Jardim Zoológico

Desde criança sempre fui encantado por animais e pelos Jardins Zoológicos. Visitar um Zoo é um programa que nunca recusei, principalmente em viagens a países longínquos, quando temos a oportunidade de apreciar animais muito diferentes daqueles aos quais estamos habituados.

Eu sempre ficava preocupado por ver os bichos entristecidos, sorumbáticos e taciturnos; mas dentro de minha cabeça pequena achava que era o sacrifício de poucos para a felicidade de muitos. Quantas crianças como eu não ficavam felizes e aumentavam seu conhecimento sobre nosso Mundo com aquelas excitantes visitas aos Zoológicos? Me sentia um pouco mais conhecedor deste Planeta, de como ele funciona e como são nossos companheiros de jornada. Aqueles animais ficarem tristes seria um preço relativamente baixo para que milhares de outras pessoas como eu se sentissem mais integradas, conhecedoras e participantes.

Mas os anos passaram, eu cresci e deixei (em parte) de ser Criança, e também o Mundo mudou. Hoje temos televisões espetaculares, câmeras de vídeo com zooms inacreditáveis, documentaristas com todo o tempo e recursos do Mundo, altíssima definição, 3-D. Temos reservas florestais visitáveis, e documentários sobre animais que trazem uma quantidade de informação ao natural da qual jamais poderemos nos aproximar observando melancólicos prisioneiros perpétuos inocentes dento de jaulas gradeadas.

O Mundo evoluiu muito, e eu espero ter evoluído um pouquinho também. Os fantásticos documentários atuais sobre animais fazem com que a existência de Zoológicos tenha perdido totalmente o sentido. Sim, continuo gostando de visitar os Zoos, mas todos temos que aprender a passar por cima disto. Precisamos nos desapegar deste nosso passado animal e inumano. Precisamos aprender a dizer "não" para nós mesmos. Se nossas vidas são tão vazias a ponto de necessitarmos animais em jaulas para torná-las mais palatáveis; se nossas cidades são tão cinzas que precisamos do colorido de feras e pássaros encarcerados; bem, cabe a nós mesmos mudarmos nossas vidas e cidades, e isto não pode ser feito às custas da Liberdade de Outros.

Os Jardins Zoológicos são feito do mesmo material que entope e entulha nossas casas: o apego a coisas que já se foram.

Let go.

(set/2010)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Hatari!

Esta eu presenciei, mas por motivos óbvios não poderei dar sequer uma pista sobre os nomes.

Horário de almoço. Caminhavam pela rua rumo ao Restaurante: um Diretor da Empresa, sua Assistente, um Estagiário e algumas outras pessoas, eu incluído.

Passamos por uma Sex Shop com diversas roupas pseudo-eróticas na vitrine, e o Diretor comentou:
- "Não entendo a graça destas cuecas com carinha de elefante. As trombas são muito compridas, não dá para "encher", e fica sempre uma metade de tromba caída sem enchimento!..."

O Estagiário comentou conosco, baixinho:
- "Não sei do que ele está falando. Comigo, a tromba sempre fica cheia..."

O Diretor nunca mais conseguiu se livrar do apelido de "Meia-Tromba"!

(set/2010)

sábado, 11 de setembro de 2010

Neve no Telhado


Meus cabelos grisalhos se devem:
- 50% à Genética;
- 50% ao Trabalho; e
- 50% ao Vasco!

(set/2010)

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Cavalheirismo

Todos os Homens deveriam ser adeptos do Cavalheirismo. Não se trata de "superioridade", "menosprezo" ou qualquer outro sentimento negativo: Damas são por definição femininas e delicadas, e pequenas gentilezas jamais serão demérito.

Algumas cortesias são facilmente justificáveis e aplicáveis. Por exemplo, em um livro de Etiqueta (creio que da Claudia Matarazzo) é recomendado que "se você estiver no banco da frente de um carro e houver uma Mulher no banco de trás, nem pergunte: feche imediatamente sua janela!". É claro!

Como sentar à mesa? Simples: a Mulher fica com a melhor vista. (A vista do Homem é a Mulher.)

Ao caminharem juntos, o Gentleman deve sempre ficar do lado externo da calçada. E abrir as portas para as Senhôras chega a ser um carinho sem contato.

Jamais olhar para outras Mulheres quando estiver acompanhado por uma, mesmo que seja sua Avó gorda. A Gostosa (ou nem tanto) que está sendo esquadrinhada por seu olhar perscrutador não sabe qual sua relação com sua Acompanhante, e sempre ficará em uma posição de superioridade ("mesmo acompanhado, ele me examinou!"); conseqüentemente, a Dama a seu lado ficará em situação de inferioridade perante o Biscate, o que é indigno para um Gentil-Homem.

Mulheres não devem (ou não deveriam) se sentar nas pontas de mesas. Algumas no entanto consideram isto pura baboseira; ok, não vamos brigar por causa disto. Mas em aviões ou ônibus, irão sempre na janela! (Vi um filme onde um personagem observava que jamais iria se casar porque gostava de sentar na janela - um argumento perfeitamente compreensível, justificável, lógico, aceitável e válido).

O Homem paga a conta, não interessando se ela é 3.000 vezes mais rica do que você, e ainda por cima você está desempregado. Se vira; antes de tudo, você é um Cavalheiro!

É claro que, como costumo observar, "para o Homem ser um Cavalheiro é necessário que a Mulher seja uma Dama"...

(set/2010)

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

09-09-09x10


"Um Panda Em Saturno" completa hoje 1 ano.

Agradeço a você que o lê, que retorna a este Blog, aos 33 "Seguidores" e também a quem o comenta.

Agradeço àqueles que desde sempre me deram força para escrever. Para quem gosta, escrever é um imenso prazer, mesmo que ninguém leia! Trata-se de uma atividade pessoal, interna, independente, de organização de idéias, um prazer solitário no meio da noite (êpa!...). Enquanto não as vomitamos, as idéias ficam concentradas, entupindo, embolorando e bloqueando as sinapses; mas ao abrirmos a torneira da torrente de letras, abrimos também espaço para que os pensamentos se aprofundem, se desenvolvam, se arejem e se renovem. Escrever é terapia.

Recomendo entusiasticamente que todos tenham seus Blogs. É um repositório de idéias; você pode a qualquer momento em uma conversa dizer "já escrevi sobre isto!", e dar o e-ndereço do texto (é claro que seu interlocutor jamais o consultará, mas você fez sua parte).

E caso algum dia você se interesse em organizar, reunir e publicar suas idéias, já terá um Baú de trabalho acumulado; é só selecionar. Lembre-se no entanto que não existe nível exagerado para a exigência consigo próprio...

Sou de opinião que os Livros vão morrer junto com as gerações atuais, não somente porque as seguintes não estão desenvolvendo os mesmos hábitos e gostos que tínhamos, mas também porque não existe mais lugar para acumular átomos ou então desperdiçar matéria prima com impressões de volumes que apenas 2 ou 3 pessoas irão manusear. O Planeta agradece o livro digital. Ademais, as pessoas não têm mais tempo para nada que não sejam seus próprios umbigos. E ainda por cima existem milhares de materiais ultra bem escritos, Blogs realmente fascinantes, me delicio com vários/as autores/as não-publicados/as. Mas desde criança tenho este sonho mesozóico de publicar um livro, então vou realizá-lo: planejo colocar 2 books on the table, um com extratos deste site e outro sobre experiências acadêmicas e profissionais. E então parto pra outra.

Caso haja algum texto que o/a Amigo/a sugira incluir, agradeço a indicação!

(09-09-10)

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Quem está de Parabéns

Minha Mãe me ensinou certa vez que no dia do aniversário de alguém se deve dar os Parabéns à Mãe do Aniversariante.

Faz sentido: afinal foi Ela quem teve toda a gestação, e que naquele mesmo dia anos atrás teve as dores, fez a força, sofreu e começou a padecer no Paraíso (e também "em cada esquina de cada rua da vida"). O Aniversariante? Não se lembra de PORRA NENHUMA, está recebendo felicitações por uma data que poderia ser qualquer outra: já conheci gente que com mais de 20 anos de idade veio a saber que seu aniversário era em data diferente daquela em que comemorava; mas tenho certeza de que sua Mãe sempre comemorou secretamente no dia correto...

Ao longo dos anos tenho sempre dado os parabéns às Mães de aniversariantes, e não é surpresa que elas invariavelmente aceitem as congratulações: e então rememoram e me contam as horas anteriores e posteriores ao parto.

Felicitar as Mães é portanto recomendável a todos - mas principalmente aos próprios Aniversariantes, que deveriam agradecer a suas Mães por este dia (pelo menos!). Não é ligar para sua Mãe e proferir um ignóbil: - "Parabéns por ter um Filho como Eu!". É se curvar a quem realmente está de parabéns naquele dia.

(set/2010)

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O Átomo

Há 2.500 anos o átomo foi definido por Pensadores gregos como a "partícula indivisível da matéria". Dividir-se-ia a matéria tantas vezes quanto necessário até que se chegasse a uma partícula que não se fosse possível dividir: isto seria O Átomo.

Nos séculos XIX e XX primeiramente se "encontrou" o átomo para posteriormente descobrir-se que o átomo era "divisível, e composto por prótons, elétrons e nêutrons". Daí para quarks, léptons e bósons ou glúons foi um pulo. E é claro que há mais a caminho.

Hoje em dia, alguns imbecis (a grande maioria de nossa Humanidade, temo dizer) arvora que "o átomo é divisível".

Não é! Se é divisível, não é O Átomo! Um pouco de respeito aos Filósofos gregos, por favor!

Mas para isto seria preciso ter Cultura, que é Matéria Prima rara.

Muito divisível, mas pouco compartilhada...

(ago/2010)

sábado, 4 de setembro de 2010

Antônimo

"Crença é o oposto de Conhecimento."

(Platão, citado por Nelson Motta n'OESP 02/set/10)

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O Pai e o Louva-a-Deus

Conta Papai que certa vez ele viu um insetão (algo como um besourão, um gafanhoto, cigarra ou louva-a-deus) na Praia, na região molhada da areia onde a próxima onda do Mar iria atingí-lo. Compadecido, ele pegou o inseto e o transportou para um local seguro. Durante o transporte o inseto se debatia louca e deseperadamente em sua mão tentando se soltar, em verdadeira agonia, fazendo uma força tremenda. Papai teve então um "insight" de que isto certamente acontece conosco: quando Deus (o que quer que seja "Deus") está nos levando de uma situação insegura para uma boa, muitas vezes não conseguimos enxergar o objetivo de longo prazo, e nos debatemos deseperados como aquele inseto...

Talvez neste momento Deus esteja simplesmente te levando para um lugar mais seguro (certamente está), e você provavelmente estará se debatendo como um inseto.

(ago/2010)

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Refrigerante Zero

Me defronto com um problema em boa parte das festas que vou: eu ABOMINO refrigerantes light, zero, diet ou qualquer coisa nesta linha. Mas em um significante número de eventos - até churrascos! - só dá estas gororobas. Alguns garçons chegam a tentar empurrar tais aberrações, achando que não vou notar a diferença; dá vontade de derramar a gosma-zero na cabeça deles.

Aceito sugestões quanto ao comportamento a tomar. Vislumbro 3 alternativas:
1. Avisar com antecedência que considero intragáveis tais azedumes, e que restringir os refrigerantes a tão-somente isto é falta de educação;
2. Levar meu próprio refrigerante; ou
3. Passar a festa tomando um troço que eu não gosto, sorrindo amarelo e fingindo que estou gostando de algo que na verdade estou detestando.

O problema é que as duas primeiras alternativas me parecem deseducadas, e a terceira é, além de hipócrita, uma submissão a um desprazer que tenho certeza não é (ou não deveria ser) o objetivo dos anfitriões...

Alguma sugestão?

(ago/2010)

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Águas Calientes

Em janeiro de 2001 adquiri uma espetacular mochila FERRINO ZEPHYR 20 litros verde, que trazia uma série de inovações que posteriormente vieram a se tornar padrão em todas as mochilas. Fiquei entusiasmado com a bichinha, e me senti na obrigação de levá-la para um trekking. O destino escolhido foi Machu Picchu, no Perú.

Às vésperas da viagem eu estava com uma gripe e febre tremendas, mas não havia como cancelar - e fui assim mesmo. Chegando a Cusco, por mais que eu evitasse as águas não-engarrafadas, não tive como impedir uma violentíssima diarréia, graças às sopas, chás, saladas, gelo ou mesmo a água que entra na boca durante os banhos ou escovações dos dentes.

A violência das águas marrons do Rio Urubamba era uma pálida amostra de como meu intestino se comportava.

Para piorar, a subida à antiga capital inca é extenuante, com intermináveis escadarias montanha acima. Subimos apenas eu e um Guia local.

É claro que a chegada é mágica, recomendo que se chegue a Machu Picchu somente através da Porta do Sol, última etapa do Caminho Inca. Não é necessário fazer a trilha completa de 3 dias: a trilha "curta" de 1 dia te dará uma exata noção do que é o Caminho (você passa até por um monte de lhamas!), além de propiciar a fantástica entrada pela Porta do Sol que é como Machu Picchu deve ser vista pela primeira vez, de cima. JAMAIS faça todo o caminho de trem, o que leva a chegar à cidade por baixo e tira toda a graça desta primeira visão (a não ser que a pessoa tenha problemas para caminhadas puxadas, é claro).

O fato é que eu cheguei lá em cima MOÍDO, o corpo inteiro doía, todos os músculos e nervos, mais a gripe, febre, diarréia e calafrios. Passeei para lá e para cá. Perguntei ao Guia como se rezava ali, pois eu estava tendo dificuldades em "ajustar o foco"; passado algum tempo, ele me mostrou uma "janela cega" e disse: "Quer saber como se ora aqui? Coloque sua cabeça ali dentro e faça OHM" (é claro que eu fiz, e tudo vibrava). Um pouco mais tarde, ele me mostrou uma caverna que "vai sair em São Tomé das Letras"...

À noite fui dormir em Águas Calientes, ao pé da capital inca, a 6km de distância. Recomendo fortemente este pernoite, não somente para que se conheça com vagar a graciosa cidadela com suas fontes termais como também para visitar uma Machu Picchu completamente deserta na manhã do dia seguinte, antes da chegada do trem diário com as hordas de turistas-de-3-horas; esta introspectiva visita matinal com a cidade deserta não tem preço.

Faltou luz em minha noite em Águas Calientes, mas fui com uma vela em uma mão e uma toalha na outra até o Parque das Fontes Termais. Eu tremia descontrolado e era sacudido por calafrios de febre, cansaço e doença. Estava imundo. Chegando às fontes, entrei primeiramente no tanque de pedras com água a 30°C; quando o corpo se acostumou, passei para o de 32°C; mais alguns minutos, e imergi no de 34°C; e finalmente entrei no de 36°C. Aconteceu então uma coisa maravilhosa: eu simplesmente deixei de sentir meu corpo!, todas as dores foram esquecidas, nada mais me incomodava, eu era apenas uma mente flutuando cercada por poucas velas, pouquíssimas pessoas, e nenhum peso ou dor física. Estava completamente fora do Mundo.

Descobri então que morrer pode ser maravilhoso, você se desfaz de uma carga de 70kg (ou qual seja seu peso), se liberta de tudo. Não à toa Shirley MacLaine teve lá seu 'insight' de outras vidas.

Não deixe de ir a Machu Picchu. Não deixe de subir à pé. Não deixe de ficar em Águas Calientes, e de tomar banho termal lá. Você vai perder qualquer medo que tenha de morrer.


Fotos: desembarque trem e início trilha / Wiñay Wayna / lhama / meu intestino visto da sacada do quarto em Águas Calientes / manhã deserta / oração / passagem para São Tomé das Letras.

(ago/2010)