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É fácil identificar os Anjos da Guarda. Eles são zelosos e se manifestam de vez em quando, com elegância e discrição. Mas não é difícil reconhecê-los quando se está com os olhos – e a mente – ligados.
Meu muitíssimo obrigado a vocês, sem quem em alguns momentos precisos a dinâmica de nossas vidas não seria possível.
De vez em quando algum é forçado a aparecer “out of the blue”, quando se faz inesperadamente necessário. Quem sabe uma experiência escancarada no Caminho de Santiago. Ou talvez um outro sendo obrigado a interferir / aparecer / se revelar / se desmascarar, ajudando a ressuscitar uma moto “dropped dead” no meio do nada em um final de semana.
É esta nossa função: sermos Anjos da Guarda uns para os outros.
(fev/2012)
Gosto de ler, ouvir música, passear de moto, viajar, ir ao cinema, e – obviamente – escrever.
A televisão ocupa posição para lá de terciária em minha escala de prioridades. E assim passei um longo período – vários anos – sem ter uma. Até que um dia minha Mãe tomou as dores e me deu um aparelho, considerando que se acontecesse alguma coisa importantíssima eu não poderia “ficar fora do mundo”. Fazia sentido; aceitei o presente, e coloquei a TV na sala.
O tempo passou, e eu continuava sem ver TV. Achei então que o motivo era o fato da peça estar na sala:
- “Se fosse no quarto eu veria muito mais”, raciocinei. E comprei um aparelho que ficou aboletado na estante em frente a minha cama.
Mas nada ainda de ver TV.
Mais um tempo, e em uma viagem aos EUA encontrei uma mini-TV com 5 polegadas, baratíssima! E imaginei: se esta TV estivesse no banheiro eu poderia vê-la durante as abluções matinais ou toaletes vespertinas. A solução para o problema! Bem-intencionado, trouxe o trambolhinho em um vôo internacional.
Neca.
Desisti então de me forçar a ver TV. Mas a partir daí as pessoas que iam a minha casa passaram a comentar:
- “NOSSA, como você vê TV! Tem em todo canto! Até no banheiro!!!”
(fev/2012)
O quê você considera que tenha mais chances de acontecer?
Subitamente tudo congela; uma parede se abre, o cenário se apaga, as pessoas desaparecem, e um Ser surge para você e diz:
- “OK, seu teste acabou, seu exercício acabou, sua simulação acabou. Estes são os seus resultados, e a avaliação de tudo que você fez nos últimos 20 / 40 / 60 / 80 anos. E seu diagnóstico. E seu Destino.”
OU:
Subitamente a Terra é invadida. E da mesma forma que o Homem sempre escravizou / dominou / destruiu raças mais fracas ao encontrá-las, nossa Raça também é escravizada / dominada / destruída. E não podemos reclamar de nada.
Para ambos os casos, considere este texto um aviso.
(fev/2012)
Estou em um hipermercado com música ambiente. Os alto-falantes começam a tocar:
♪ ”A estrela d’alva / no céu desponta /
(...) e as pastoriiiinhas, etc” ♫
Um som tremendamente chato!
Perto de mim, um Senhor bastante idoso pára e começa a prestar atenção na música. Fico imaginando que esteja embevecido, prestando atenção, saudoso e recordando os “bons tempos”. Então ele se vira para mim, e fala peremptoriamente:
- “Esta música... É MUITO CHATA!!!”
Ele se vira e se afasta. E agora sou eu quem fica parado, completamente supreso e sem ação ante o inesperadíssimo depoimento...
(fev/2012)
Não admiro quem só reclama.
Passamos nossas vidas ouvindo gente reclamar. Você liga o rádio e se satura de pessoas que consideram que estão cumprindo seu dever cívico ao apontar alguma falha. Acham que por ter reclamado já fizeram a sua parte. Interferir para consertar o erro? Ah, isto dá trabalho! Isto é com o Governo. É com o Síndico. É com algum Responsável. É com os Outros. Eu já reclamei, e portanto já fiz muito; já fiz a minha parte.
Qualquer um pode reclamar, “talk is cheap”: não exige qualquer preparo. A primeira coisa que um bebê faz na vida é reclamar. E passa os anos seguintes – às vezes a vida toda – reclamando.
Não, eu não admiro quem só reclama. Admiro quem age, admiro quem faz. Quem toma atitudes para corrigir o malfeito. Quem se mexe. Não admiro quem reclama do barulho da obra no terreno ao lado na tarde de domingo, mas sim quem liga para a Polícia e registra uma queixa. Não admiro quem reclama da lixeira do prédio novo em sua rua estar chumbada no meio da calçada, mas sim quem registra isto na Prefeitura e consegue a correção. Não admiro quem fica resmungando que os vizinhos no cinema estão falando alto e sem parar, mas sim quem se dirige a tais vizinhos e diz: “vocês estão sendo desrespeitosos”.
Já fui extremamente crítico quanto à expressão “por minha culpa, minha culpa, minha máxima culpa”, por julgá-la um incentivo exacerbado à auto-recriminação paralisante e um exagero de auto-censura tolhedora. Mas mudei de idéia: hoje acho que TUDO que acontece é nossa responsabilidade. Eu deveria ter previsto, eu deveria ter preparado, eu tenho que agir para corrigir. Eu sou o responsável. Por tudo. Tenho a obrigação de agir para melhorar tudo.
É tudo minha culpa, minha culpa, minha máxima culpa.
(fev/2012)
Sugestão de roteiro de vídeo para bombar no U-Tube:
Uma Endocrinologista deitada em uma cama, de barriga para baixo.
Um rapagão lhe aplica entusiasmadas lambidas no esfíncter rugosinho.
Ele se vira para a câmera, e diz:
- “É docinho!”
Ela se ergue, olha para a câmera, faz um vigoroso sinal de positivo e diz com um sorriso maroto:
- “Pode comer que não engorda!”
É coisa pra lá de um milhão de acessos!
(fev/2012)
Em um (ótimo) programa de consultas psicológicas no rádio, surge a pergunta:
- “Doutor, tenho quarenta e poucos anos. Em que idade ocorre a ‘crise de meia-idade’, aos 40 ou aos 50?”
O questionamento me marca mais do que a resposta, e passo imediatamente a ruminar que o que acontece é que passamos a vida inteira em crise! Não existe uma crise da meia-idade, uma crise dos 30 anos (ou ‘do retorno de Saturno’, para os mais elaborados), ou crise de 7 anos de casamento, ou da adolescência, ou do fim da adolescência, ou whatever. A vida toda é uma interminável – e crescente – crise. Daí fica-se inventando um ou outro apelido que classifique este ou aquele momento, e nós pobres manés compramos a idéia.
– “Ah, agora estou na crise dos 25 anos...”
Nada disto!
Sorry, kid: você passa a vida inteira em crise. A única coisa que muda é o nome.
(fev/2012)
Um dos problemas de envelhecer é que quando você está comendo e morde uma pedrinha, não sabe se ela é do arroz ou um pedaço do seu dente!
(fev/2012)