quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Choro sem Vela


Ele estava lá pela Amiga, pois não chegou a conhecer seu Companheiro.

Quando se acercou para apresentar-lhe seus sentimentos, ela murmurou em seu ouvido:
- “Eu quero ser possuída.”

Por um instante ele ficou sem ação. Ela completou, séria:
- “Hoje.”

Surpreso com a proposta (e com o termo que ela escolheu; nunca tinha sido abordado daquela forma, e não desgostou) ele replicou quase automaticamente, e com a mesma seriedade:
- “Conte comigo.”

Assistiu ao restante do ritual com inesperado interesse. Pensou:
- “É mesmo verdade que as Mulheres sabem quando as desejamos, embora saibam também disfarçar completamente este conhecimento enquanto não lhes for conveniente...”

Ficou imaginando se aquilo seria um pedido de socorro ou um grito de liberdade; se era dirigido somente a ele, ou se havia sido disparado em diversas direções; se servia qualquer um, ou se seria ele O Escolhido. Prestou atenção a outros potenciais candidatos àquele posto que não sabia se era seu. Os disponíveis a olhavam com interesse (exatamente como ele?), mas isto não significava nada: ela sempre fora desejável; apetitosa.

Ao término da cerimônia se aproximou dela, que lhe falou simplesmente:
- “Vamos?”

Durante o trajeto ela não parecia muito disposta a conversar ou falar, e ele optou por aguardar que ela tomasse a iniciativa de iniciar algum colóquio caso desejasse. Pareceu-lhe a decisão correta: ela não falou e nem aparentou se incomodar com o silêncio. Talvez estivesse até aliviada; ou talvez não estivesse nem ali, vai saber.

Quando chegaram a seu apartamento, ele sentiu necessidade de quebrar o silêncio com uma pergunta de sincero interesse:
- “Como você se sente?”

Ela não precisou pensar muito para responder:
- “Livre. E solitária.”

No quarto ela não quis luz nenhuma, e muito menos alguma vela.

E quando mais tarde sem ter tirado o soutien preto ela soluçou em seus braços, ele não soube dizer se era por tristeza e saudades ou devido ao orgasmo que estremecia aquele corpo que ele muito desejara.


(Rio, dez/15)

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Introspecções de Final de Ano


Dear Friend,

2015 foi um ano especialmente difícil para mim (provavelmente para todos).

Um ano de aprendizado e de doação, e de aprendizado que a doação tem altos custos mas também altas recompensas.

Desaprendi o significado de algumas palavras - diversão e descanso, por exemplo - mas por outro lado consegui vislumbrar a importância de ser útil para quem realmente o necessita. E isto é recompensador, e de uma forma que eu não imaginava.

Agradeço a você que acessa este espaço por ser uma Pessoa muito importante em minha vida. Você não imagina a alegria que me dá quando comenta alguma coisa que leu aqui!

Meus votos de que a Justiça, a Verdade, a Honra e o Respeito sejam os Valores a nortear os Caminhos de todos, em 2016 e sempre.

Namaste,
Um Panda Em Saturno