sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Uma Criança vestida de Super-Herói

Disclaimer: este não é um texto sobre meu time, mas sobre a relação de Qualquer Torcedor com Seu Time. O marcio é utilizado aqui apenas como proxy.

Há alguns dias me concedi um prazer que não me dava há muito tempo: comprei a atual camisa oficial de meu time de futebol.

Relutei bastante, afinal, tenho MUITAS camisas do time. Além disto, jamais havia comprado uma camisa com patrocínio estampado – e esta mais parece um macacão de Fórmula 1. E para completar a argumentação em contrário, ao invés do que fazia no passado, eu tenho usado pouquíssimo as camisas do time na rua, graças ao medo da reação de meus semelhantes. Antigamente o Futebol era “just a game”, um motivo de diversão, alegria e orgulho; atualmente, chega a ser quase um perigo usar camisa de um time se arriscando encontrar um grupo de torcedores de outro na rua.

Mas a camisa atual era muito bonita (a preta, sempre a preta). Experimentei em uma loja e fotografei o resultado na cabine – e vivia olhando a foto. Em outra loja encontrei uma camisa sem numeração nas costas, o que aumentou minha aflição. Costumo dizer que o mais difícil  na vida é dizer “não” para si mesmo, resistir às tentações, então me empenhei ainda mais na auto-sabotagem. Mas após 3 semanas de sofrimento... cedi.

Que alegria! Que satisfação! Durante o final de semana inteiro eu não tirei a camisa. Parecia uma criança com um uniforme de Super-Herói (quando ainda pivete, morando em Copacabana, eu andava pela casa de capa vermelha). Muito feliz, por tão pouco.

O que posso concluir ou recomendar? Resista. Escolha cuidadosamente. Só ceda quando ela realmente te tocar.

Mas de vez em quando, compre a camisa oficial atual de seu time.

E vire uma orgulhosa criança de capa vermelha por todo o final de semana!


(nov/2011)

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A Teoria Geral do Emprego, do Juro, da Moeda e do Longo Prazo

“A longo prazo estaremos todos mortos.”
A conhecida frase de John Keynes foi incorretamente interpretada. Não apenas por toda a Humanidade, mas até mesmo pelo próprio Autor!

Costuma-se considerar que “se a longo prazo estaremos mortos, então vamos focar no médio / curto prazo”. Cegueira!

A visão pode ser muito mais filosófica: uma vez que a longo prazo estaremos mortos, não faz sentido ficar pensando no curto e no médio. Estamos aqui de passagem, e a longo prazo você estará morto! Pense portanto a longo prazo: não adianta ter vida boa agora se depois você vai ficar mal.

Em outras palavras: não suje sua Alma. Não roube, engane, trapaceie, iluda, prejudique. Se não for por obra e graça de um sentimento nobre, que seja por um utilitário. Você só estará sujando sua Alma em troco de um benefício ilusório e passageiro. Afinal, a longo prazo, você estará morto. E talvez para sempre!

Ajude portanto seus companheiros de jornada.

Todos os 7 bilhões.

Think long term.

Think big.


(nov/2011)

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A Teoria da Relatividade e a Cegueira do Corno

Nos anos 70 presenciei um Professor de Física IV na PUC-RJ apresentar uma maravilhosa explicação sobre a genialidade de Albert Einstein.

Ele expôs que a Teoria da Relatividade não é tão difícil de entender – contanto que você saiba que ela existe. O difícil é exatamente descobrir sua existência:
- “É como se eu dissesse que há uma barra de ouro nesta sala de aula: vocês a encontrariam em poucos segundos. O difícil é alguém intuir que exista tal barra e sair procurando por ela, sem nenhuma outra indicação. Foi assim a grande e genial sacada de Einstein.”

Ao longo da vida tenho eventualmente me confrontado com este tipo de situação e confirmado a sabedoria daquele ensinamento. Descobri certa vez um caso extra-conjugal por puro acaso: saíamos de uma aula tarde da noite, éramos um grupo de cerca de 10 pessoas. Como sempre faço, ofereci a uma aluna (que era casada) carregar uma de suas sacolas, que parecia estar bastante pesada. A reação dela foi um “não” desproporcional e assustado; e incompreensível, pois ela já aceitara este tipo de favor (absolutamente asséptico) nas saídas de diversas outras aulas. “Aí tem!”, pensei eu, e observei o grupo. Ela trocou um olhar rápido e quase involuntário com um outro aluno (também casado), o que me acendeu a centelha. A partir de então, foi fácil: passei a observar ambos discretamente, e era evidente que ali tinha coisa. Saímos de férias no final do ano, e quando voltamos os dois sequer se olhavam, tentando disfarçar ao máximo – e com isto dando a mais absoluta das bandeiras. De vez em quando eu os via trocarem olhares durante as aulas. Cheguei a fazer um maldoso teste de verificação: contei alguma barbaridade para ele, apenas para ele e para mais ninguém; e em poucos dias ela me fez uma pergunta a respeito... O curioso é que o tempo passou, o curso acabou, e ninguém jamais descobriu que o affair tinha rolado. Eles eram discretos, tinham pouco contato acadêmico, e se eu não tivesse tido aquele lampejo também teria ficado na mesma escuridão dos demais.

Esta talvez seja a receita para um caso dar certo: jamais despertar a desconfiança do parceiro. Porque depois que a pessoa desconfia, se efetivamente houver algum fundo de razão, adeus: ela vai prestar atenção aos detalhes, e vai descobrir. Porque não dá para esconder a verdade de alguém que esteja atento aos sinais que escapam, por mais disfarçados e sutis que eles sejam (ou tentem ser).

Imagine agora esta situação no Campeonato de algum esporte – digamos, Futebol. Com base em várias histórias que já presenciou, viu, ouviu e leu ao longo de anos, e com base na situação daquele ano específico, você desconfia que uma certa equipe será privilegiada. E passa a prestar atenção a seus jogos. Desde o início do Campeonato, vê diversos lances em diversos jogos nos quais invariável e repetidamente eles são beneficiados – e acompanha também os concorrentes diretos serem contínua e inequivocamente prejudicados. Uma quantidade sucessiva de ocorrências que não admite uma simples coincidência. A coisa fica clara para você – muito clara, e muito evidente.

O problema é que os manés que não acompanharam nada e não prestaram atenção em nada, assim como os que estão sendo beneficiados – ou ainda aqueles que não entendem a Teoria da Relatividade – pensam igual ao Marido Corno, e acham que você está psicótico e com mania de perseguição ou conspiração. E tal como uma Cassandra amaldiçoada, você não consegue explicar a eles que há uma barra de ouro na sala de aula.

Ali, bem ali, debaixo do focinho de todos.


(nov/2011)

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Erosão

O que nos desgasta ao longo da vida não é a idade. Não é declínio físico, ou perda de pique.

O que consome nosso brilho e extingue a vitalidade é a sucessão de injustiças. A vitória da persistência do medíocre. O sucesso do podre. A supremacia das soluções mais fáceis, cômodas e preguiçosas. A luta em vão por causas nobres. A inutilidade do esforço pelo honrado. O êxito do malfeito. A aceitação geral da hipocrisia. A mesquinhez das economias porcas. Os raciocínios curtos. A luta solitária por valores que deveriam ser universais.

O que desanima é se sentir Um Panda Em Saturno.



(nov/2011)

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Your Time Is Gonna Come

Uau, então chegou a sua hora!

E o que é melhor, você vai passá-la de forma tranqüila! Nada de dor, desconforto, agonia, sofrimento, desespero... não! Você está calmamante deitado, em seu leito de Morte, esperando e reavaliando a sua vida. Tem o privilégio de poder olhar para trás, rever suas ações, e pesá-las. (Max Frisch observou: “por quê as pessoas que estão morrendo nunca derramam lágrimas?”)

O quê você gostaria de ter feito mais vezes ao longo de sua vida?

Pessoalmente imagino que grande parte das pessoas venha a responder: “eu gostaria de ter comido mais”! Não me refiro a pessoas que passam fome por falta de opção; penso nos coitados e coitadas que passam a vida fazendo regime. Tive o privilégio – pelo qual sou grato – de nascer sem tendência para engordar, o que considero quase um Dom. As pessoas sofrem por fazerem regime, e eu quase sei como ficar com fome – ou com vontade de comer – é terrível. Quando não almoço por causa do trabalho, fico o restante do dia ainda mais intragável do que o habitual. Certa época fui forçado a um regime por estar com colesterol alto; na vez seguinte em que fui ao Rio, após passar ½ hora na casa de meus Pais, Mamãe já foi perguntando:
- “Você está fazendo regime?!?”
Ela cravou a resposta devido a meu mau humor, ainda mais insuportável do que o de costume!

Para piorar, normalmente se passa fome por uma questão estética, ou seja: pelos outros, pelos demais, pela imagem que se deseja projetar. Se a pessoa fosse egoísta e só pensasse em si mesma, ela iria saciar seu afã por comida, e dane-se o resto.

Fiz uma pesquisa entre as Mulheres na Administradora:
- “Se não existissem Homens, você faria regime? Faria ginástica?”
Através das respostas indignadas descobri que as Mulheres não se conhecem: 70% delas afirmaram - quase me batendo - que “imagine se eu faço regime por causa de Homem, eu faço é por minha causa”, “Mulher se preocupa mais com o que outra Mulher pensa dela do que com o que os Homens pensam” (“mas isto só acontece por causa da competição... por Homens!” retrucava eu, sem ser ouvido), “faço ginástica e regime para me sentir bem”, etc, etc.

Das respostas que demonstraram sensatez, duas me marcaram especialmente:
- “Se os Homens não existissem, o Mundo seria cheio de Mulheres gordas... e felizes!” disse Raquel; e
- “Eu já não faço ginástica nem com Homem, o que dizer sem Homem!” confessou (a magra) MFF.

Assim, acredito que na avaliação final, sem se preocupar com mais ninguém porém apenas consigo próprio, o arrependimento que aflora seja: “eu devia ter comido mais”...

Mas estamos fugindo do tema. Lá está você em seu leito de Morte: o quê você gostaria de ter feito mais em sua vida?


(“Why do people who are dying never drop a tear?”)

(nov/2011)

domingo, 20 de novembro de 2011

Para quê serve a Etiqueta

Ler livros de Etiqueta é extremamente útil e proveitoso. Não para ficar rigidamente preso a convenções, mas com o objetivo de aprender algumas saídas para situações comuns e nas quais alguém já pensou com antecedência. Assim, quando você se defrontar com uma circunstância nova ou inesperada e não souber exatamente o que fazer ou como se comportar, alguém (que já passou por isto) teve tempo para pensar e sugerir uma solução, e não é necessário que você improvise – o que comumente pode levar a uma tremenda pisada.

Existem algumas situações para as quais já existem ‘padrões’, mas que infelizmente pouca gente sabe.

Por exemplo: em um elevador comercial não se aplica a diretriz “ladies first”. O que faz todo o sentido: normalmente são muitas pessoas distribuídas aleatoriamente em um espaço exíguo, e se aquele que estiver junto à porta for esperar que a Dama lá no fundo saia primeiro, além de causar bulício gerará também uma tremenda demora – que será cumulativa quanto mais Damas e Cavalheiros tiverem as viagens do ascensor. Em outras palavras, Cavalheirismo tumultua elevador comercial – e portanto não deve ser praticado em um.

(O problema é que pouca gente sabe disto, e quando um Homem sai na frente de uma Mulher no elevador comercial, ele é encarado por todos com olhares de quem cheirou flato.)

Como proceder quando cai uma ligação telefônica? Como evitar que fiquem as duas partes se retelefonando simultaneamente, ou que fiquem ambos esperando que o interlocutor ligue? É simples: quem fez a ligação original liga novamente. Sempre. E o motivo é banal: quem ligou antes sempre sabe exatamente como fazer para completar a ligação novamente. O mesmo não se aplica a quem recebeu a chamada, que nem sempre saberá de onde a outra pessoa estava falando. Assim, por default, se você estiver ao telefone e a ligação cair, ambos já sabem como proceder; não é necessário nem combinar nada nem se arriscar em ligações ou esperas inúteis.

Outro ponto que deveria ser óbvio para todos, mas não é: na passagem por uma porta, a prioridade será sempre de quem está saindo, e não de quem entra. Novamente por uma razão axiomática: no limite, se entrar gente sem parar e sem que ninguém saia, o lugar vai acabar entupindo e se tornando impraticável; se por outro lado as pessoas saírem antes de quem entra, fatalmente chegará o momento em que o lugar estará vazio e haverá então tempo e espaço de sobra para quem quiser entrar. (Exceção a esta regra: se estiver chovendo lá fora.)

Na escada, ele sobe atrás e desce na frente dela. O motivo é prosaico: caso a Dama escorregue, o Cavalheiro segura!

Existe etiqueta até mesmo para abordar ou não uma Mulher em uma Festa ou Balada. Você deve? É claro que sim: ela passou horas se preparando para isto, e espera (ansiosa) por uma abordagem. Mesmo que venha a ser rechaçado, não há problema: você já cumpriu com galhardia seu papel de Cavalheiro. (E não se preocupe: mais tarde ela vai te dar mole...)


Pessoalmente faço uma combinação com qualquer um com quem esteja em um lugar muvucado ou que ambos desconheçamos: se nos perdermos, nos encontraremos no último lugar onde nos vimos. Certamente você estará bem perto do lugar onde viu a pessoa pela última vez; e este trato evita que fiquem ambos vagando cada qual para um lado diferente, até que a Morte os separe.


(nov/2011)

sábado, 19 de novembro de 2011

Ritual de Iniciação Sexual para Sacerdotisas e Feiticeiras (e Bruxinhas)

Por muitas eras o "Ritual de Iniciação Sexual de Sacerdotisas e Feiticeiras (e Bruxinhas)" vem sendo um procedimento reservado e distante do conhecimento público. Não é para menos: embora as Mulheres sejam profundas conhecedoras dos assuntos relacionados à reprodução, o método objetiva nivelar (por cima e por baixo) o conhecimento de certas experiências prévias necessárias ao bom desempenho da Magia.

Através deste Ritual, a Sacerdotisa ou Feiticeira (ou Bruxinha) adquire completa consciência de seu potencial enquanto aprofunda o auto-conhecimento em todas as suas possíveis formas de atuação. Ela sai do procedimento completamente revigorada e inteiramente segura de si e de sua sexualidade, e com total conhecimento e absoluto domínio sobre o próprio corpo e o dos Parceiros que venha a eventualmente ter ao longo de sua existência.

O ritual se dá em 3 etapas diferentes e complementares, que devem ser cumpridas sucessivamente em uma única – e comprida – jornada.

A escolha do Parceiro para a Iniciação – um Guerreiro, Sábio, Mago, etc, à critério daquela que se inicia – deve ser extremamente criteriosa. Ao longo do enduro, ele será o Companheiro e Guardião da Noviça, devendo manter sua cabeça no lugar ao longo de todo o processo. Deverá também ter força de vontade e se manter irredutível, inquebrantável e inflexível quando, por exemplo, dado o entusiasmo provocado pela progressiva libertação gerada pela seqüência de procedimentos, alguma Bruxinha possivelmente se entusiasme e queira “queimar etapas”, pulando logo para a derradeira. Todos os passos do Ritual devem ser criteriosamente cumpridos, sob pena de desembocarem no vazio.

Muito infelizmente, no entanto, não nos é possível esclarecer o passo-a-passo do “Ritual’ neste espaço. Embora redigido em linguajar eminentemente técnico, sua forte carga erótica é indelével, e este sítio correria o risco de ser delatado e deletado da Rede.

Fica portanto tão-somente uma recomendação de sua prática ao menos uma vez na vida por parte de qualquer aspirante a Sacerdotisa ou Feiticeira.

Ou Bruxinha!


(set/2009)

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Amarga Decepção

Possivelmente em algum momento aconteça com você. Talvez faça parte de nosso processo de amadurecimento.

Como sempre, você acompanha com afinco os jogos de seu Time de coração. Após longa maré negra, ele finalmente está em uma fase boa.

Nota no entanto que contínua e sistematicamente a equipe é prejudicada pelas arbitragens. Provavelmente por existirem claros interesses políticos, econômicos e até passionais em beneficiar um concorrente menos capaz porém de maior penetração junto à massa manobrável e a altos (altíssimos!) escalões.

A repetição implacável de eventos evidencia que a má-fé é dirigida, e indignado você coloca isto, manifesta, publica. E então, a triste surpresa: alguns Amigos e Pessoas que você admirava até então, e que nem mesmo viram os lances aos quais você se refere, se valem da mesma argumentação de políticos desonestos, corruptos e safados, e levianamente rotulam que sua indignação “é choro”. E pronto, consideram que com isto está esclarecida e resolvida a questão. Sem discussão, sem aprofundamento, sem análise.

Você sempre prezou a Justiça, a Honestidade, a Imparcialidade. Se empenha profundamente  em ter base lógica e consistente para qualquer afirmação que faça. Sofreu profunda e seguidamente com as claríssimas desonestidades e injustiças a que era submetido. E agora, gente que não tem conhecimento dos mesmos dados que você, o acusa de superficialidade; de “choro”.

Você esperava bem mais dos outros. Achava que de vez em quando conseguia encontrar em alguns de seus seus semelhantes alguma semelhança com seu modo abstrato e filosófico de enxergar nossa passagem por aqui. Mas – como sempre – estava enganado.

Dá vontade de chorar.

Um choro verdadeiro.

Mas eles não sabem o que é isto.


(nov/2011)

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Não tem tu

Ele fora contratado para exercer uma determinada função. Mas no primeiro dia de trabalho, o Chefe de sua Chefe chamou os dois para conversar e o encarregou de uma segunda função, observando que não iria “tomar mais do que 10% a 15% de seu tempo”.

A função adicional nunca tomou menos do que 50% de seu tempo – e eventualmente veio a ocupar 100% do tempo daquele Profissional.

Ao longo de sua carreira ele sempre se impressionou como as pessoas acabam sendo desviadas daquilo que fazem bem para algo que não fazem tão bem; e como isto cada vez as vai absorvendo mais, as tornando Profissionais piores e mais improdutivos.

Na “nova” função ele ia acumulando responsabilidades e sendo transferido. Sempre manifestava seu desconforto, mas os Chefes e Chefes de seus Chefes não lhe davam ouvidos. Até que chegou o dia em que foi promovido a Chefe Absoluto de Todo Aquele Setor.

Achou que era demais. Ele não tinha aquela formação, nem entendia aquilo direito, e muito menos gostava. Disse então para o C.F.O. (Chief Financial Officer) que se consideraria um covarde se aceitasse o cargo, e que preferia lutar por outra coisa dentro da Empresa – mesmo que esta outra coisa não existisse. E também que considerava uma covardia da Organização colocá-lo para chefiar uma atividade da qual vinha publica e manifestadamente tentando se afastar, e que todos sabiam que ele não conhecia direito e não gostava.

Ele jamais se esqueceu da inesperada resposta que ouviu do CFO:
- “O Profissional perfeito para esta função – alto, louro, de olhos azuis, que entende e gosta deste trabalho – não existe. O que nós temos é você!”

A história continuou, mas o ensinamento acaba aqui. Ele eventualmente mudou de Empresa e de trabalho; mas pelo resto da vida, quando alguém lhe dizia que não gostava ou entendia determinado trabalho, ele respondia:
- “O/A Profissional perfeito/a para esta função...”


(nov/2011)

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Antena de Telefonia Móvel no Prédio

Adianto os passos para que você saiba o que vai acontecer quando propuserem instalar uma antena de telefonia móvel em seu prédio.

Comparecem às primeiras reuniões de condomínio somente aqueles que se fascinam com o ignóbil faturamento adicional oferecido pelos tubarões. Ou seja: quem considera o volume de sua herança mais importante do que o prazo em que ela será transmitida.

As promessas da Empresa serão as mais singelas possíveis: o peso da antena é entre 500kg e 1 tonelada, quase nunca irá ninguém no prédio fazer manutenção, não vai interferir em nada com o dia-a-dia do condomínio, etc, etc.

Para quem está disposto a se iludir, é tudo lindinho. E é tamanha a pressão dos demais condôminos que você fica se achando na contramão da história, um espírito de porco, o único que não quer as benesses propiciadas pelo fluxo do miserê de reais. E acaba concordando, pois se é o único do contra, provavelmente está errado.

É claro que nenhuma das promessas mencionadas nas reuniões constará do contrato. E daqui a pouco, quando começam a chegar mais de 5 toneladas de cimento, areia, cabos e mais um exército que varia entre 25 e 35 funcionários por dia entrando e saindo de sua propriedade, e o prédio começar a ser todo esburacado para a passagem dos cabos, finalmente aqueles vizinhos que faltaram a todas as reuniões a respeito do assunto começarão a se manifestar contra. E vão querer embargar a obra.

E você, que era o único contrário àquela instalação, de repente se vê forçado a defender o que foi acertado, pois entende que a honra deve ser mantida – mesmo que não tenha concordado com o acordo. É como a Democracia: não adianta dizer “eu não votei no Collor” ou “eu não votei no Lula”; o Brasil votou, e como fazemos parte de um jogo e concordamos com sua regra, agora devemos cumprí-la. Você votou, sim, no Collor e no Lula. E também na malfadada antena de telefonia móvel que estão erguendo acima de sua cabeça.

Uma vez finalizada a obra estrutural, para completar o “serviço” a NEXTEL envia uma lista de MIL E QUATROCENTAS PESSOAS autorizadas a entrar em seu prédio para manutenção eventual.

Nesta vida só se ilude quem quer.


(nov/2011)

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Não faz parte do meu Show

A Mentira é um comportamento que está além de minha capacidade de compreensão.

Até entendo – embora não concorde – a pessoa que corrompe, rouba ou suja sua Alma por motivos diversos. Cada um tem sua escala de valores, e se um Parlamentar acha que deve cobrar propina do restaurante do Senado para manter a franquia – e o dono do restaurante julga que deve pagá-la – isto é uma interpretação pessoal das regras do jogo. O cara sabe que está fazendo uma coisa que outros consideram errada, e ainda assim opta por fazê-la. Sabe que está sujando a Alma, e opta por sujá-la. Consigo entender o raciocínio – embora, insisto, não concorde com ele.

Mas quando o cara é pego e começa a se lamuriar “não fui eu”, “eu não fiz isto”, “isto é uma calúnia” e “não há provas”, aí já escapa a minha compreensão. Assaltou e foi pego? Estava embriagado e atropelou? A pessoa entrou em um jogo e perdeu, agora assuma seu comportamento; tenha hombridade, tenha honra! Como é possível alguém mentir? Está assumindo para si mesmo que estava errado? Eu honestamente não entendo; escapa a meu alcance.

O único comportamento que consigo compreender é o de assumir os próprios atos, sejam eles para o Bem ou para o Mal, carreguem ou não uma interpretação pessoal das regras do jogo. Caso eu discorde da regra estabelecida por uma maioria que considero idiota e me comporte em não-conformidade, na eventualidade de ser pego irei assumir, defender e justificar meus gestos; se outros irão ou não concordar com meu raciocínio, isto é outra questão; mas não saberia me comportar de outra forma que não fosse defender meu ponto de vista e os atos resultantes dele. Me preocupo muitíssimo mais com meu julgamento a meu próprio respeito do que com o julgamento dos demais. Quem mente pensa de forma contrária: se preocupa mais com o que os outros pensam a seu respeito do que o que ele mesmo pensa de si (a palavra “respeito” neste contexto chega a ser irônica...).

Não é que a Mentira não faça parte de meu software.

Ela não faz parte é de meu hardware.


(nov/2011)

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Mandrake e o Tempo

Embora nunca tenha deixado de ser Criança, eu era criança quando li uma história em quadrinhos do Mandrake que me marcou a vida.

Nela, Mandrake, Lothar e Narda iam parar em uma Sociedade onde não havia dinheiro; ou melhor, a unidade de troca não era o dinheiro, mas sim o Tempo. Todo mundo sabia exatamente quanto tempo lhe restava de vida, e isto era negociável; os miseráveis mendigavam por alguns minutos a mais, enquanto os bilionários dispunham de centenas de séculos por viver.

Aquela história me abriu os olhos para a real importância do Tempo em nossas vidas; e passei a prestar cuidadosa atenção ao fato de diariamente permutarmos – ou entregarmos, desperdiçarmos – minutos e horas preciosas em troca de coisas ou bens ou conquistas que não valem uma fração do precioso Tempo que nelas foi investido.

O dinheiro nada mais é do que uma unidade intermediária desta troca de Tempo por bens, conhecimentos, viagens, sensações. Quando estamos trabalhando, estamos na verdade dando parte do Tempo de vida que nos resta em troca de uma moeda transitória que nos propiciará outras experiências.

Minha sugestão / opinião pessoal é que se deve tomar extremo cuidado com a forma que gastamos nosso Tempo. Nossa sociedade não é tão diferente daquela do Mandrake, afinal; a diferença é que não percebemos que estamos empenhando o tão valoroso e insubstituível Tempo em troca de futilidades, inconseqüências e superficialidades que rapidamente se volatilizarão da memória, por não terem a menor importância. Não entregar algo precioso em troca de algo inútil, vão e desnecessário.

Diz o Amigo FM que o ditado correto seria: “Dinheiro é Tempo”; é um sábio.

 


Nota - Entrou em cartaz o filme “In Time” (“O Preço do Amanhã”), que passadas quase 5 décadas traz aquela mesma Sociedade que o Mandrake visitou. Recomendo fortemente; e ao vê-lo, não deixe de lembrar que seu Tempo pessoal está passando da mesma forma que o daquelas pessoas. Com a diferença que você não tem recarga.


(nov/2011)

domingo, 6 de novembro de 2011

O Rock Liberta

Nascido 14 anos à minha frente, RN me dá um súbito, inesperado, surpreendente – e acima de tudo esclarecedor – depoimento sobre o Rock.

Segundo ele, o Rock foi extremamente libertador – principalmente para as Mulheres!

Antes do advento do Rock, as Mulheres eram prisioneiras de algum convite masculino para poderem chegar à Pista de Dança. Elas ficavam à volta da Pista ansiosas por um chamado que se não chegasse as deixaria plantadas e frustradas por toda a noite. Com a chegada do Rock, elas passaram a não mais depender de tal convocação para evoluir pelos Salões. E mais, passaram a inclusive poder recusar o convite de rapazes com os quais não desejam dançar! O Rock lhes trouxe portanto... Liberdade.

E também para os Homens. Antes era necessário ter jeito para a coisa, fazer aulas, aprender os passos. E quantos passos! Eram vários para o Bolero, tantos para o Tango, e assim por diante. Quem não soubesse fazia feio, seja dentro da pista ou então por ficar fora dela. Com o Rock, “você vê até o mais desengonçado se sacudindo pela pista”, analisa o depoente.

É verdade. Me lembra uma palestra de AA – então Presidente nacional de um grande Banco internacional – que assisti, na qual ele proferiu um raciocínio que me marcou para sempre:
- “Aquele que respeita suas limitações, jamais se livrará delas.”

A sabedoria deste pensamento revolve o meu pensamento desde então. Quantas e quais limitações eu estaria / estava / estou respeitando, e carregando a carga de seus karmas por toda esta minha vida?

Logo me saltou a Dança à cabeça. Nunca fui muito dançarino, por achar – como ainda acho – os homens bastante ridículos na Pista, principalmente se comparados às Mulheres (que nascem sabendo rebolar com naturalidade, graça e sedução) e aos “All Blacks”, que também destilam elasticidade e molejo absolutamente espontâneos nas Pistas. Em resumo: eu nunca dançava, mas gostaria: e esta era uma limitação pessoal que eu respeitava. E que naquele momento aprendi que precisava enfrentar.

Hoje, graças ao Rock e a AA eu me sacudo desengonçadamente pelas Pistas de Dança – basta que as guitarras das Músicas sejam boas.

Quando me encontrar em um Show ou um Baile, você constatará que RN está coberto de razão: o Rock libertou as Mulheres.

Libertou os desengonçados.

Me libertou.

(nov/2011)  

sábado, 5 de novembro de 2011

Sitting on a Park Bench

Lançado em 1971, o disco “Aqualung” do JETHRO TULL teve uma “25th anniversary definitive edition” em 1996, depois uma “definitive remaster edition” em 1999 e agora em 2011 recebe a “40th anniversary definitive edition”.

Não seria melhor o incauto Fã esperar mais 10 anos e comprar a “50th anniversary definitive edition”? Ou melhor ainda: esperar mais 60 anos e comprar logo a “centennial definitive edition”?!?

(nov/2011)