terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Despedida 2


Viva as coisas como se estivesse se despedindo delas.

Olhe as coisas como se estivesse se despedindo delas.

Você está se despedindo delas.

Despeça-se.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Ambição


As ambições variam... mas não tanto.
Ter um emprego.
Ter um bom emprego.
Ser Chefe.
Ser Dono.
Conquistar uma Mulher.
Conquistar muitas Mulheres.
Ter um carro.
Ter um puta carro.
Ter vários puta carros!
Impressionar os Outros (Amigos, Vizinhos, colegas de trabalho)
Sair em revista /  na capa da revista.
Ser reconhecido como um ícone / guru / modelo de comportamento pessoal ou profissional.
Alimentar a prole.
Educar a Família.
Mandar nos outros.
Viajar para New York.
Ser famoso!
Etc etc etc.

Quem não tiver nenhuma destas aspirações ou outras necessidades similares receberá uma pecha de “falta de ambição”; atualmente, ser ou estar satisfeito é um defeito. Quem não deseja algo diferente (ou além) daquilo que tem, quem é feliz ao invés de insatisfeito... tem um problema pessoal!

Talvez uma ambição diferente disto tudo.

“Iluminar 8 bilhões de pessoas.”

Para conseguir isto, só há um jeito.

(nov/2013)


segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

A Resposta do Brasil


Minha pergunta “Se você fosse renascer e pudesse escolher qualquer País do Mundo para tal, escolheria o Brasil?” foi incluída na Pesquisa “Pergunte ao Brasil” da Rádio CBN / Ibope, cujo resultado foi divulgado hoje (vide links abaixo).

Confesso ter ficado surpreso com os 61% que optariam por repetir a experiência. A meu ver, a pergunta trazia embutidas duas outras questões: qual o nosso nível de conhecimento de outras culturas; e qual o nível de medo, apego e pieguice do brasileiro. Creio que qualquer um que conheça o funcionamento de outros Países não pode estar satisfeito com a colossal falta de Respeito a que somos permanentemente submetidos - o que é bem menor em outros Países. O desrespeito às Leis, a falta de Organização, Segurança, Serviços Públicos e Cultura são exacerbados no Brasil. Eu sinceramente temia a pergunta por considerar que a resposta viesse a expor uma completa desilusão do Povo Brasileiro com seu País.

Como mencionei acima, a meu ver este resultado aponta muito mais falta de conhecimento e pieguice do que uma real satisfação com o que temos. É claro que esta é uma visão muito pessoal.

Duas considerações adicionais:

Não incluí na pergunta original um questionamento sobre o País onde a Pessoa preferiria nascer por considerar que a resposta teria  um viés muito acentuado das limitadas experiências pessoais. “Viajar é  ter a ilusão que seríamos felizes se vivêssemos naquele lugar”; assim, quem teve uma boa lua de mel em Paris possivelmente votaria na França; ou então - como ocorreu - a massiva subserviência brasileira aos EUA (aliada aos pacotes turísticos para a Disney e as compras em New York) provavelmente levariam à escolha que acabou efetivamente ocorrendo.

Quanto à minha pergunta original, caso fosse decomposta em duas: “Você está satisfeito em ser a Pessoa que é?” e “Caso nascesse em outro País, conseguiria voltar a ser a Pessoa que é?”, isto sim poderia explicar ou justificar um desejo de repetição desta “brazilian experience”...

Link para a pergunta:
Link para o resultado da Pesquisa:

(16/dez/2013)

domingo, 15 de dezembro de 2013

PQP!


Aconteceu com um Casal Amigo (que conta a história às gargalhadas).

O almoço daquele sábado foi uma antológica e completíssima feijoada no sítio de conhecidos. Passaram toda a tarde e o início da noite comendo e bebendo até se empanzinarem, muito além da conta (o comedimento - tanto em comida como em bebida - jamais foi o forte dele).

Chegaram em casa em estado de quase-catalepsia, e logo estavam deitados e dormindo.

Ele acordou no meio da noite, sentindo a revolta daquilo tudo na barriga: era um maremoto.

Ela - como sempre - dormia pesadamente, e então ele resolveu se valer do próprio banheiro da suíte onde estavam. Afinal, era um caso urgente! E nem mesmo fechou a porta.

O material desabou com gosto, com peso e com barulho. MUITO peso, e MUITO barulho.

Ainda sentadinho, no silêncio da noite, ele a ouviu resmungar:
- “Puta que pariu.”

Esperançoso de que se tratasse de um muxoxo noctâmbulo, ele indagou em um cândido sussurro:
- “O que foi, meu Amor?”

Da escuridão do quarto veio a resposta implacável:
- “PUTA QUE PARIU!!!”


(SP, dez/13) 

sábado, 14 de dezembro de 2013

1972


Todos os estilos musicais têm seus períodos áureos de criatividade. Let’s talk about Rock.

Aconteceu há cerca de 1 lustro. Meu Irmão tinha cerca de meio século de vida, e seu Filho a metade.

O Brother - que a esta altura já possuía bem mais do que mil discos - chega em casa e anuncia:
- “Comprei 2 CDs.”

Meu Sobrinho, já escolado, responde de imediato:
- “Aposto que são de 1972!”

O Brother conclui a história:
- “Eu olhei... e não é que eram mesmo!?!”

(dez/13)

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O Caramujo

 
Existe um ponto a partir do qual a Pessoa desiste completamente de ser compreendida.

A partir daí, quando se enrola em lençóis ou edredons à noite, não é do frio que ela está se resguardando.


(13/dez/13)

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

O Gênio do Crime


(1)
Todos devem ter lido “O Gênio do Crime”, de João Carlos Marinho, na infância ou pré-adolescência - e quem não o fez, deve fazê-lo imediatamente!

Trata-se de uma deliciosa história de detetive-mirim envolvendo álbuns de figurinhas. Existe uma quadrilha que falsifica e vende as figurinhas difíceis, o que leva a editora do álbum praticamente à falência, pois quem completa o álbum ganha bons prêmios. Para ajudar o dono da Editora, uma turma de garotos da 5ª série (liderada pelo inteligentíssimo Bolachão, também conhecido como “O Gordo”) decide investigar a falcatrua.  

Sem querer estragar a ótima história, o chefe da quadrilha é um gênio do crime - porém o Bolachão também é genial, e o que acontece é um duelo de inteligências. A “Turma do Gordo” não consegue descobrir onde se esconde a quadrilha porque quando o cambista das figurinhas falsas vai embora ao final de cada dia de "expediente”, ele faz cada vez um trajeto diferente, pegando diversos ônibus e parando a cada instante para olhar para trás e verificar se está sendo seguido, o que torna a perseguição impossível. Bolachão tem então uma sacada genial: o cambista pode desconfiar, disfarçar e dar várias voltas quando está indo embora; mas certamente quando vem “trabalhar” o deslocamento é direto, sem rodeios ou disfarces. Ele cria então o sistema de “seguir ao contrário”: no início do dia ele observa de onde o atravessador está chegando; no dia seguinte, se posta naquele lugar para ver de onde ele veio, e assim sucessivamente cada vez mais para trás. Até que...

O livro foi lançado em 1969 e já vendeu mais de 1 milhão de exemplares em 62 edições. Permanece em catálogo.

(2)
Alguém me conta que atualmente na Suíça pouquíssimos policiais são vistos na rua. Existem no entanto câmeras de vigilância por todo lado - e poucos instantes após acontecer qualquer ocorrência, logo chega um carro da polícia ou dois ou vários, de acordo com a necessidade da situação. Desta forma, a ordem e a tranqüilidade são sempre muito bem mantidas, a baixo custo e com enorme eficiência.

(1) + (2) = (3)
Temos tido diversos arrastões em São Paulo, principalmente em restaurantes. Os meliantes já entram encapuzados, e mesmo com as câmeras de segurança se torna difícil - se não impossível - identificá-los.

Mas..

Se tivermos um sistema suíço de câmeras de vigilância nas ruas e utilizarmos o método inventado pelo Gordo, será possível seguir a gangue “ao contrário” a partir da chegada ao restaurante. Será possível visualizar de onde eles vieram; a partir daí pega-se a câmera deste local e novamente se observa de onde veio a quadrilha; e assim sucessivamente, até se encontrar o ponto onde eles colocaram as máscaras (que não deve ser muito longe do restaurante). Bingo!

Não é à toa que a Berenice era fascinada pelo Bolachão!


(dez/2013)

domingo, 1 de dezembro de 2013

Movin’ Down Life

 
♫♪ “No one knows where the river starts, or where it goes /
I’m jumping into, and leaving my clothes...” ♪♫

“Movin’ Down Life”, George Kooymans / Barry Hay
Música de abertura do Lado 1 (o outro lado era o Lado A)
do (fenomenal) disco “Grab It For A Second” (1978) do GOLDEN EARRING

sábado, 30 de novembro de 2013

Hora de Beber


Cada hora do dia tem sua bebida apropriada.

Ao acordar, o organismo se recusa a entrar em funcionamento antes de uma xícara de café com leite. Mais café do que leite, o famoso “pingado”, bastante forte; como sempre peço quando estou em uma Padoca, “da cor do Romário” (sou sempre entendido e atendido).

Peregrinando pelo Caminho de Santiago se aprende o quê beber ao longo da manhã. Após duas horas de caminhada ao ar livre com 12kg de carga no lombo, você começa a perder o pique; é a hora perfeita para uma talagada de vinho! Existem várias bodegas ao longo de Caminho que servem vinho de excelente qualidade (lembre-se, estamos no Norte da Espanha). Além da receptividade do povo espanhol: de vez em quando eu era convocado por brados distantes e amistosos “Ó, Peregrino!”, desviava 50 metros do Caminho e ganhava uma copa em troca de excelente e animada conversa - os espanhóis adoram os brasileiros.
***WARNING***: Somente UMA taça de vinho, para animar e reanimar e deixar ansioso por retomar a jornada. Se forem duas você já fica leso, pesado, ôba-ôba, dizzy, e a coisa fica mais difícil.)
Preferência pessoal: tinto, Chianti.
Porrón: joga o vinho gelado diretamente na
goela. Definição perfeita: "uma deliciosa
sensação de afogamento em vinho!"

Lunch time: o melhor appetizer para antes do almoço é Cerveja. Disparado.
Preferência pessoal: Heineken, da terra do Golden Earring.

Ao longo da tarde, café expresso. Curto e forte, fortíssimo. Como disse um americano que me viu tomando um, “nos EUA isto seria classificado como droga!”

No Happy Hour, vodka. Uma dose é pouco, mas duas é muito; uma questão sem meio-termo. Em meu caso, sempre com suco de passion fruit.
Preferência pessoal: a versão normal, “plain” da polonesinha Wyborowa (o nome diz tudo: significa “excelente” em polonês). Deixo a degustação da Exquisite - bem como de Ciroc, Grey Goose, Belvedere e Absolut - para quando com Amigos & Amigas.

Depois do jantar e ao longo da noite, obviously Champanhe. Que cai muito bem a qualquer momento!
Preferência pessoal: Chandon Brut brasileira.

E a qualquer hora do dia e da noite, água mineral naturalmente gasosa. A brasileiríssima e naturalíssima São Lourenço é um deleite inigualável e incomparável.

A vida é tão simples!

Liner notes:
Para ressaca, Engov é de uma eficiência quase sobrenatural. (Como curiosidade, foi originalmente desenvolvido para embrulho estomacal - e é tremendamente eficiente também nestes casos.)
Para o fígado, Chá de Boldo!

(nov/2013)

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Manifesto Bípede


“A diferença que existe entre andar de carro ou de moto é a mesma
     diferença que existe entre andar em 4 patas ou em 2 patas.”
     (Marcio Guedes)

Uma viagem a países asiáticos dá a exata dimensão de como o Brasil está atrasado em sua política de transportes "intracity".

Em muitos países da Ásia, a movimentação sobre duas rodas tem sempre prioridade sobre a movimentação em quatro. Assim, em ruas com (p. ex.) 5 pistas, 3 delas são dirigidas às motos e apenas 2 para os carros, ônibus e caminhões. O resultado prático desta medida é tremendamente eficaz: sem medo de serem abalroadas pelos desajeitados veículos grandes, as pessoas migram em massa para os biciclos! E assim o que se vê é uma profusão de senhoras, crianças, jovens, adultos, trabalhadores, e todo o tipo de gente andando em scooters, motos pequenas e bicicletas, trafegando céleres, incólumes e em massa pelas largas avenidas. E mais, sem necessidade de usar capacete, pois o trânsito intenso ocorre sempre a baixa velocidade, ininterrupto e praticamente sem acidentes. Não são motos grandes, pelo contrário; e até mesmo os carros, caminhões e ônibus são civilizadamente reduzidos. Todo mundo tem sua scooter e a utiliza civilizadamente, e aqueles que precisam usar o carro vão para a pista lenta, a pista dos quatro-rodas. É uma minoria.

No entanto, embora o Brasil seja pobre como uma Índia, tentamos aparentar ser ricos como os Estados Unidos. Veículos enormes, desproporcionais, dispendiosos e inúteis - a não ser para quem tem necessidade de se exibir para pessoas que se impressionam com isto. O luxo de poucos sobre as dificuldades de muitos. Priorizar o transporte em quatro rodas é algo tão estúpido quanto uma cidade do Velho Oeste onde a primazia fosse das charretes, carroças e carruagens, e não dos cavalos. O escoamento de biciclos por pistas exclusivas é imensamente mais eficiente do que o escoamento de quadriciclos, mas o que temos aqui é uma política burra e assassina de deixar motos e scooters (e agora as bicicletas) espremidas entre os carros, ônibus e caminhões, se sacrificando para tentar ensinar alguma lucidez.

Imaginemos se todas as motos passassem a ocupar cada uma o espaço de um carro: o trânsito iria parar completamente. Agora imaginemos se todos os carros passassem a ocupar cada um o espaço de uma moto: o trânsito iria fluir completamente. Um raciocínio simples que mostra a direção a seguir. Mas no Brasil o transporte inteligente e que ocupa pouco espaço é malvisto, mal gerido e desincentivado - o que mostra o alcance do cérebro de nossos “rulers”.

É claro que ululam argumentos a favor do conforto, do comodismo e da preguiça; afinal, o malfeito é muito mais fácil e menos trabalhoso do que o bem-feito. Mas tais raciocínios defendem o individualismo (do rico), e não a necessidade da maioria.  

Um dos sintomas de maturidade que aguardo desde sempre é que algum dia o bom-senso e a inteligência prevaleçam sobre o interesse financeiro (não é difícil vislumbrar quem são os que ganham com o favorecimento dos carros sobre veículos de duas rodas, ferrovias e transporte fluvial). Creio que aguardo em vão.

Um argumento favorável aos carros que eventualmente se ouve: “moto é uma coisa feita para cair”. Ora, trata-se do mesmo argumento usado pelo boi para defender que se ande de quatro!

O futuro é este. O tempo que levaremos para chegar a ele dará a medida de nosso atraso.

(nov/2013)

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Pavlovodka


- "Tá bonita, mas eu pedi COADA!"
Em benefício da Ciência, me converti na cobaia viva de um experimento para desenvolvimento de um proveitoso reflexo pavloviano, nobremente sacrificando para tal o meu próprio organismo.

O estudo científico começou já há alguns anos, e funciona assim: tomo vodka sempre com suco de maracujá (coado e com açúcar, o que leva alguns a chamarem de “bebida de menina-moça”).

O objetivo é que o organismo se torne tão condicionado que daqui a algum tempo fique alcoolizado através da simples ingestão de suco de maracujá!

E com um “fringe benefit”: passar incólume por qualquer Blitz de Lei Seca!

(O risco me foi apontado por uma Nutricionista que acompanha o Projeto de perto: cuidado para o mesmo reflexo não vir a dar uma cirrose causada por suco de maracujá...)

(nov/2013)

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

O Feto Arrogante


Relatório # 020.983:

“Existe uma tendência dos membros desta Raça a somente olharem para trás, para um passado de estágios mais atrasados de sua própria evolução, e considerarem que o que vivem agora é o ápice do Conhecimento. Isto por certo lhes traz algum conforto primitivo, cuja principal efeito negativo é uma Arrogância desmedida e injustificada.

Não conseguem olhar para trás e enxergar que a evolução do Conhecimento é constante, e que estão apenas no início do caminho. Conscientemente optam por ignorar que todos os seus antepassados - que hoje julgam ultrapassados, e mesmo ridículos - pensavam desta mesma forma: ‘estamos no ápice do Conhecimento Humano’. Não alcançam compreender que se olhassem para a frente - digamos, 103 de seus anos no futuro (caso consigam chegar lá) - veriam que o que vivem no presente será então considerado de um atraso brutal, pouco além de uma Idade da Pedra Lascada. E que  comparado àquilo que ainda não sabem, até aqui evoluiram pouquíssimo, tanto científica como filosófica e socialmente. Utilizando uma expressão em voga: são símios que "se acham”.

Estas Unidades de Carbono acreditam até mesmo conseguirem explicar sua Origem, quem são seus Criadores, o pequeno Universo que os rodeia e o que passa depois de deixarem este Plano. Ao tentar explicar o que está além de sua compreensão, portam-se arrogantemente como um feto de poucas semanas dentro de um útero que tentasse explicar sua Origem e seu destino:
  • “Não é possível que todo este espaço (o útero materno) seja somente para mim; devem existir outras raças.” Não compreende que vai se desenvolver e ocupar o que para ele é um Todo; acha que aquele seu momento é tudo; é o ápice da evolução.
  • “Eu vim de uma grande explosão, de um Big Bang.”
  • “Quando deixar esta vida, encontrarei meu Criador.”

Um feto arrogante que acha que consegue explicar o Universo fora da barriga da Mãe: assim é esta Raça.”


(27/nov/2013)

terça-feira, 26 de novembro de 2013

85% de seu cérebro


Agora que metade de sua vida já se foi, acolha uma informação útil para uma melhor administração do que resta.

A Raçumana somente encontrou explicação para o que se passa em cerca de 15% do cérebro dos Serumanos. Qual a utilização dos restantes (e principais) 85%?

Quem ocupa estes 85% é você mesmo/a, em outro nível de consciência. Vivendo tudo de novo, desde sua concepção. Porém agora com uma diferença crucial: com absoluto entendimento do Todo mas sem poder de ação, sem tomada de decisão, sem distração alguma, sem vaidade nem egoísmo, sem inseguranças, sem a capacidade de interferir. Você é agora um/a espectador/a micrométrico/a de todos os gestos de sua própria vida, a está revivendo por inteiro simplemente como Observador/a, como Avaliador/a, como Juiz/a de Si Próprio/a. Das dores que causou e das alegrias pelas quais foi responsável.

De agora em diante cuide para não se envergonhar ainda mais de si mesmo/a. Enfrente com grandeza sua pequenez e egocentrismo, seu egoísmo para com os 7 bilhões de Companheiros de Jornada. Cuide para sentir um Orgulho Cósmico de cada um de seus gestos.

Olhe para dentro de si: você está aí, e ocupa 85% de seu próprio cérebro. Está se julgando e se condenando.

Quem está aí é você, morrendo de vergonha de si mesmo/a.


(SP, nov/2013)

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

O Maracanã deixou de ser Azul


Uma ida ao Novo Maracanã para um clássico do futebol carioca. E antes mesmo de entrar no Estádio, uma colossal decepção: o Maracanã não mais é azul!

Os elegantérrimos, tradicionalísimos e marcantes ladrilhos azuis que o recobriam foram substituídos por um cimento de uma cor mais adequada à extremidade final de um sistema digestivo.

Um clássico em uma tarde de domingo, mas o Estádio está com funebremente vazio, com menos de 1/5 de sua lotação. Poucas bandeiras de lado a lado. Fica evidente o processo de lento esganamento a que o Futebol Brasileiro está sendo submetido.

Não são somente as bandeiras que são mal recebidas: bumbos e baterias nas arquibancadas se tornaram raridades. Cerveja, só sem álcool; assépticas, como se estivéssemos em um Hospital (talvez estejamos, onde o Paciente que agoniza é nosso Futebol). Os horários dos jogos não são idealizados para torcedores apaixonados, mas sim para quem se aboleta na frente da televisão para ver novela ou os infames e depressivos programas de auditório das tardes de domingo.

O mais claro reflexo deste marasmo são os gritos das torcidas. Deixaram de ser vibrantes e inflamados, e se tornaram muxôxos broxas. Antigamente se gritava (substitua a palavra “time” pelo nome de guerra de seu time):
- “TIMÊ!!! (tum-tum-tum) TIMÊ!!! (tum-tum-tum) TIMÊ!!! (tum-tum-tum)”
Já hoje, a coisa é:
- “Tiii... mêêê... Tiii... mêêê... Tiii... mêêê...”
Parece um enterro.

Pior ainda é quando se conquista um título! Antigamente:
- “ÉCAMPEÃO!!! ÉCAMPEÃO!!! ÉCAMPEÃO!!!”
Viril. Mas hoje:
- “É... cam... pe... ão... é... cam... pe... ão... é... cam... pe... ão...”
Impotente!

O espírito faiscante e entusiasmado do Futebol Brasileiro vai sendo (ou já foi) enredado, domado, pasteurizado. Importamos a frieza européia; torcedor com rédeas, com o reflexo no Campo.

(Poderíamos mencionar ainda a fabricação de ídolos sem o mínimo estofo devida à necessidade de vender chuteiras, camisas, transmissões e notícias; ou então a subserviente insistência de nossos jornalistas terceiromundistas para que os craques brasileiros vão “jogar nas Europas” como símbolo de status adquirido, sem considerar que com isto os adversários aprendem todos os truques e manhas dos jogadores brasileiros, e como enfrentá-los e neutralizá-los. Como diria Burt Ward: “Santa imbecilidade, Batman!”)

A nova cor do Maracanã somente reflete a nova cor de nosso futebol. Deixou de ser azul.

Agora tem cor de rato.

(Rio e SP, nov/2013)

domingo, 24 de novembro de 2013

Blue Jasmine


Era a primeira vez que saíam juntos. Combinaram ir ao último filme de Woody Allen no Cine Bristol, na Avenida Paulista.

Ele ficou perplexo durante a sessão. Ela fazia comentários totalmente fora de contexto e em voz alta durante o filme; gargalhava sozinha em momentos onde o riso não tinha o menor sentido; chamava a atenção e certamente incomodava os vizinhos de projeção (provavelmente até os mais distantes). Talvez ela estivesse simplesmente Feliz, mas ele se sentiu constrangido e envergonhado, e até grato pelos demais não reclamarem (“pessoas educadas não têm nariz nem ouvidos”), e ainda durante a projeção concluiu que não teria como ir com ela - que era uma gracinha - ao cinema novamente.

Durante o cheese’n’shake que se seguiu, somente 50% de sua atenção estava voltada para a conversa. O quê fazer, qual o comportamento correto a adotar? Deveria simplesmente desaparecer sem explicações, ser evasivo em futuros contatos, dizer “não vai dar”, “não vai dar”, “não vai dar”? (A Etiqueta ensina que após uma terceira recusa você não deve mais convidar, o que faz bastante sentido e evita vários constrangimentos.) Ou seria mais digno ser franco e dizer “olha, não vai dar, você é uma gracinha mas FALA PRA CARALHO - e alto! - durante o filme, dá risadas sem sentido e atrapalha a vida de todo mundo”? Ser sincero e ajudar a Menina a crescer (mesmo vindo a ser alvo do ódio ressentido dela), ou ser educado e não traumatizá-la? Será que esta educação de curto prazo não seria covardia ou fuga a longo prazo? O QUÊ FAZER???

“Nem tudo que acontece uma vez, acontecerá uma segunda; mas aquilo que acontece duas vezes, certamente ocorrerá uma terceira.”

Ele não tinha como evitar que uma coisa acontecesse uma vez em sua vida; mas era responsável por impedir que se repetisse.


(Sobre o filme, ele nunca tinha sido fã de Cate Blanchett mas achou sua interpretação superb. E o Bobby Cannavale não era a cara do Till Lindemann, do RAMMSTEIN?!?)

(SP, nov/2013)

sábado, 23 de novembro de 2013

Depression Mode


Vivemos uma ambiência pautada por Arrogância, Ganância, Egoísmo, Vaidade, Hipocrisia, Injustiça, Invasão, Desrespeito. Falta de raciocínio lógico, também conhecida como Burrice. E sua inseparável companheira, a Preguiça.

Lutar contra isto se revela inútil, completa perda de tempo e desperdício de energia. Restam então somente duas reações possíveis a esta repugnância: ou a Depressão ou a Alienação.

Não fazem o menor sentido as severas críticas e preocupações com a Depressão: ela é uma reação íntegra ao Mundo que nos cerca, a esta Sociedade que a Raçumana gerou. Depressão é uma manifestação de inteligência, exigência, criticismo e saúde mental. Seu único problema é que “em um Mundo insano, quem se comporta de forma sã é insano”.

Só não se deprime quem é Alienado (ou quem se locupleta com os “valores” acima).

Portanto, se você é Deprimido/a, parabéns sinceros.

(mai-jun-out-nov/2013)

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

When We Get Old


O melhor presente dos aniversários é que a cada um ganhamos uma idade nova. Ao completarmos mais um ciclo, não perdemos as idades antigas; simplesmente agregamos mais uma a nosso portfolio, alargando-o. Aniversariar é enriquecer espiritualmente.

Assim, quem já viveu mais de meio século pode por exemplo se orgulhar de ainda manter a Pureza e a Ingenuidade de seus 10 anos; os Ideais dos 20; o Pique dos 30; a Iniciativa e a Criatividade dos 40; a Experiência dos 50; a Coragem de sempre. (E esperar ansioso que a Paciência finalmente chegue, em alguma década vindoura...)

Fica velha a Pessoa que ao aniversariar perde as idades antigas, ao invés de acumulá-las.

(SP, nov/2013)

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Bio-Piloto


Em 1978, o americano Stephen Leigh escreveu a noveleta “When We Come Down” (“Quando Descemos”), que foi publicada na coletânea “Asimov’s Choice: Extraterrestrials & Eclipses” organizada pelo Profeta Isaac (no Brasil: “Asimov: O Melhor da Ficção Científica”).

No conto, o personagem principal é um Bio-Piloto (BP), que são seres humanos que foram submetidos a diversas intervenções cirúrgicas que lhes alteraram as características básicas. Um BP recebe enxertos espinhais através de tomadas de entrada na nuca; seu cérebro, sistemas nervoso e somático, sua motricidade, tudo é alterado de forma a ser acoplado / conectado ao sistema de controle de uma nave espacial, formando com ela uma singularidade.

Os Bio-Pilotos são vistos como aberrações, pois caminham claudicantes, curvados e de forma trôpega, tendo pouco controle motor quando seus corpos estão sob a gravidade dos Planetas; são considerados repulsivos, aleijões, corcundas e aberrações. São hostilizados e ridicularizados. Ganham fortunas, mas pagam o altíssimo preço da segregação.

Tudo se transforma, no entanto, quando estão conectados a suas naves, e no comando delas: “Uma vez ligados, somos mais mente presa a metal frio do que carne viva”. O BP é o cérebro da nave espacial, e “sente” tudo o que ela registra, tem plena consciência de cada um de seus sensores, radares, cada junta, cada reservatório, cada sistema de alimentação. Quando estão integrados a suas naves e viajando pelo Espaço é quando se tornam senhores de si, com os sentidos amplificados e alavancados pela brutal força mecânica. São finalmente livres. Uma nave com um Bio-Piloto é um ser vivo. Detectam todo o cosmos a milhares de quilometros de distância. Voam como queiram, sem nenhum controle além de suas próprias consciências e desejos, à velocidades estrondosas, e sem que ninguém lhes possa comandar - são naves vivas. É em vôo que finalmente são felizes, sozinhos, isolados, em silêncio, infinitamente distantes dos comentários mesquinhos daqueles que não os entendem e os ridicularizam. Estão limitados apenas pelo Universo.

Li este conto com cerca de 23 anos, e jamais o esqueci. E até hoje, em todas as vezes em que ando de moto - sem garupa - sinto o prazer de me transformar em um Bio-Piloto.


(Nota - O início do conto dá a deixa para o título e uma medida de seu tom sombrio:
“Por alguma estranha razão, parece ser sempre noite quando descemos. Criaturas das trevas, nós: rindo e gritando para anunciar nossa presença indesejável para a neblina noturna e as fachadas vazias a nossa volta. Não somos das mais graciosas criaturas terrestres. (...)”)


(SP, nov/2013)

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Mapa Astral


Tenho o privilégio de ter convivido por longo período com algumas sumidades do Esoterismo. Cecilia Elena, Maria Hermínia, Miriam Helena e ZRen discorriam sobre assuntos de Iniciados com uma autoridade e uma lógica de raciocínio difíceis de confrontar.

Tive a felicidade de ter meu Mapa Astral feito e analisado pelos 4, individualmente. Mas qual seria a postura de um Engenheiro Racional a este respeito?

Por um lado, sempre fui adepto da linha “a influência gravitacional das constelações sobre nós é menor do que a influência gravitacional de uma caixa de fósforos em cima do Empire State Building sobre um transeunte a seus pés”. Tão simples quanto isto.

Por outro lado...

No excelente “Seu Futuro Astrológico”, Linda Goodman diz algo como:
“Se você vai conhecer uma Pessoa e não sabe nada sobre ela, é uma coisa; mas se souber que (por exemplo) se trata de um Homem, com 57 anos, que é um Engenheiro com Mestrado em Administração, que mora há 24 anos em São Paulo, é Agnóstico, Motociclista, Paraglider, Leitor voraz, Rockeiro, Vascaíno, Peregrino, não tem Filhos... já dá para fazer uma idéia do que vai encontrar. É claro que quando conhecer a Pessoa, muita coisa não será como você imaginou; mas este conhecimento genérico é melhor do que não saber nada sobre ela. Com o Mapa Astral, é a mesma coisa.”
Belíssima argumentação!

Existe uma curiosidade em meu Mapa Astral que bate na mosca com minha personalidade: não há nenhum Planeta ou Astro em signo de Terra. A grande maioria está em signos de Ar, com alguma coisa em Fogo e Água. Isto indica uma colossal propensão ao Mundo das Idéias, à Filosofia, ao vento, à moto, ao parapente e à Liberdade absoluta; e por outro lado, enorme dificuldade em lidar com aspectos práticos da vida, com coisas terrenas, em conviver com sujeira. ZRen insistia que eu deveria lidar com a terra, escavucá-la e plantar coisas como forma de compensar este desbalanço - quase uma atrofia - em meu Mapa Astral. Sempre discordei: achava que uma pessoa deve insistir em seus pontos fortes, ao invés de socar ponta de faca em pontos fracos nos quais não tem nenhum interesse.

De qualquer maneira, era (é) uma verdade inconteste que meu Mapa Astral descrevia (genericamente) minha Personalidade com precisão.

Um outro dado veio de um livro sobre Horóscopo Chinês. Lá era dito que “não há nenhuma correspondência entre os signos dos horóscopos ocidental e chinês; são completamente distintos. Existe no entanto uma única exceção: os signos de Macaco e Gêmeos são absolutamente idênticos. Assim, quem nascer em Macaco e Gêmeos terá tanto as qualidades dos dois signos quanto seus defeitos potencializados ao extremo”. Bingo!

Enfim, continuo sabedor da total inexpressividade da influência gravitacional das constelações sobre nós. Mas qualquer Agnóstico tem consciência de que uma infinita maioria de coisas está além de nossa limitadíssima capacidade de compreensão, entendimento ou mesmo do alcance da primitiva Ciência que esta Raçumana desenvolveu até aqui.

(SP, nov/2013)

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Sexta-feira Negra ou Semana Morta?


As toscas tentativas de aculturar a “Black Friday” americana ilustram com clareza e crueldade o grosseiro funcionamento das cabeças em uma República dos Bananas.

Nos EUA, tal “sexta-feira negra” decorre do fato dos americanos terem como importantíssima comemoração o Dia de Ação de Graças, que ocorre na 4ª quinta-feira de Novembro. O dia seguinte é um ‘day after’, um ‘dia de rebordosa’ - dai o comércio ter criado este instigamento às compras, com descontos realmente expressivos. É o início da “Christmas shopping season”, e estando os preços significativamente reduzidos, os americanos compram mesmo os seus estoques de Natal.

O que fizeram os brasileiros? O de sempre: buscaram se aproveitar da situação se valendo de um mínimo de esforço e nenhuma inteligência, e simplesmente traduziram o nome e tentaram sem qualquer embasamento socar um hábito goela abaixo da Clientela. “Joga lá, e vê se cola”; infelizmente, é este o nível de maquinação da cabeça deste Povo.

Note-se que o próprio nome “Black Friday” tem significado para os EUA - devido à “Black Tuesday” do Wall Street Crash de 1929, quando os preços das ações despencaram - mas nenhum no Brasil.

Existe uma época muitíssimo mais adequada para se fazer algo parecido no Brasil. Há uma febre tifóide de compras em Dezembro, e o que se segue ao Natal é as lojas ficarem em um marasmo que propicia até mesmo a meditação. O período ideal para a baixa de preços seria portanto a Semana Morta entre o Natal e o Ano Novo, onde as pessoas comprariam presentes - a preços muito vantajosos - para si mesmas. As lojas manteriam um nível razoável de atividade, e os compradores poderiam se dedicar a escolher sem a sofreguidão e o aperto das semanas anteriores. Além do benefício - precioso para as Empresas no final de um ano fiscal - de reduzir os Estoques e facilitar o Inventário.

Ninguém no Brasil compra presentes de Natal com 1 mês de antecedência. Ainda mais com preços baixos inverídicos. “Black Friday” no Brasil é palhaçada; é invenção de recém-saído da Universidade, de sem-noção querendo mostrar serviço; e de Altos Escalões sem estofo e desesperados, que compram qualquer baboseira e que acham que seus Clientes são idiotas.

Se bem que alguns são, mesmo.

(SP, nov/2013)

(Nota: a tentativa de aculturação do Dia das Bruxas foi abordada previamente em “O Dia do Saci”: http://www.umpandaemsaturno.com/2011/10/o-dia-do-saci.html)

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Schadenfreude


Nunca deixo de me surpreender com a alegria que alguns “Amigos” têm ao nos ver macambúzios.

O gáudio é tanto maior quanto mais sorumbáticos estivermos.

Atinge o ápice se nossa tristeza for fruto de uma injustiça ou roubalheira.

Imagino a Festa que esta galera fará no dia em que eu cair da moto e perder uma perna.


(nov/2013, SP)

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Pergunte ao Brasil


A Rádio CBN e o IBOPE / CONECTA lançaram em novembro uma iniciativa “Pergunte ao Brasil”. Os ouvintes podem enviar perguntas que gostariam de ver respondidas pelo Povo Brasileiro; entre as perguntas propostas, 5 serão escolhidas e farão parte de uma Pesquisa a ser feita no País.

Tenho curiosidade de saber a opinião do Povo Brasileiro quanto à seguinte questão (e já a enviei à Rádio):
- “Se você fosse renascer e pudesse escolher qualquer País do Mundo para tal, escolheria o Brasil?”

Já apresentei a questão em alguns círculos de conversas, e a reação suscitada foi sempre acompanhada de entusiasmados debates.

Acredito que seria ainda mais interessante se tal pergunta pudesse ser feita às populações de todos os Países do Mundo (ou ao menos boa parte deles), uma vez que uma comparação entre os resultados das diversas nacionalidades seria ainda mais elucidativa.

E você? Se fosse renascer e pudesse escolher qualquer País do Mundo para tal... escolheria o Brasil?

(Rio, 10/nov/2013)

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Fran de Goiânia


Há cerca de 3 semanas (em outubro de 2013) foi postado na Internet um vídeo que se tornou um hit no Rio de Janeiro - e possivelmente no resto do País.

Em uma filmagem extremamente doméstica e na primeira pessoa, o cameraman tem seu membro sendo objeto de um boquete campeão por parte de uma Ninfeta Princesinha. A alturas tantas, ainda durante a mamada, ela ergue um olhar doce para o felizardo e com a boca cheia oferece com expressão meiga:
- "Quer comer o meu cuzinho?"

E para não deixar dúvidas quanto às palavras que poderiam sair engasgadas, ela simultaneamente ergue a mão livre para próximo ao rostinho e junta o indicador e o polegar, sobrepondo-os e formando uma rosquinha apertadinha! E sorri, esperançosa de que a oferta agrade!

Apesar de poder parecer ligeiramente pornográfico, o vídeo expõe uma tremenda demonstração de carinho. A preocupação principal da Boa Samaritana é evidentemente dar prazer a seu companheiro; a procura dela é por deixá-lo satisfeito (o que certamente consegue!). Não se trata de prazer pessoal, mas sim de extrema generosidade. Entrega. Troca. Talvez... Amor?

É claro que o gesto erótico da Gulosa se tornou uma coqueluche no Balneá-Rio (e possivelmente no resto do País). A qualquer momento e por qualquer coisa, o Amigo Hergé (por exemplo) aproxima a mão do rosto e junta o indicador e o polegar, sobrepondo-os... e formando aquela arruel@!!!


(11/11/13, RJ)

sábado, 9 de novembro de 2013

Um Segredo das Mulheres


Na casa de Hergé converso com Prima Lola de Miami.

Discorro sobre as delícias e o privilégio de quem é Dono de seu próprio Tempo.

Prima Lola de Miami revela então um Segredo das Mulheres que se difundido alteraria completamente as relações entre os dois Sexos. Totalmente! Mundialmente! Forever!

A Feiticeira explica que só contou a larga escala porque eu descobri pessoalmente em pequena escala, e pede que prometa que não divulgarei. O pedido é justo, e adiro a ele.

Portanto, se você quiser saber de que se trata, não adianta me procurar; estou atado. Procure Prima Lola de Miami.

Só não sei se vai conseguir!

(Rio, 09/nov/2013)

domingo, 27 de outubro de 2013

Rock’n’Roll Animal


Sempre achei Lou Reed tão entediante quanto todos os demais bardos (e.g. Bob Dylan ou Oswaldo Montenegro). Tive uma errônea e passageira boa impressão a seu respeito graças a dois discos fenomenais, que são na verdade apenas um.

Em 1974 Lou lançou “Rock’n’Roll Animal”, gravado ao vivo em 1973. Com Dick Wagner e Steve Hunter, 2 espetaculares guitarristas que viriam a se juntar a Alice Cooper em seguida (inclusive nos shows no Brasil em 1974), o disco é nada menos do que uma obra-prima irrepreensível. Era tão bom que em 1975 foi lançado o restante do show: “Lou Reed Live”. São álbuns que recomendo sem qualquer reserva.

No entanto, ao contrário de grande parte de meus Amigos, considero o restante da obra de Lewis Allan Reed tremendamente maçante. O fundo do poço indiscutível é “Metal Machine Music” (1975), considerado por muitos “o pior disco da história”, por outros como “uma piada”, “o cumprimento de uma obrigação contratual”, “uma experiência tão desagradável quanto uma noite em um terminal de ônibus”, “uma garantia de livrar qualquer aposento de seres humanos em tempo recorde”, etc. Em 2010 quando esteve no Brasil, LR avisou que iria tocar o MMM na íntegra no SESC Pinheiros, onde se apresentou a R$20. É obvio que uma horda de incautos que queriam ouvir “Walk on the Wild Side” esgotaram os ingressos em minutos - e depois passaram semanas reclamando daquilo que havia sido informado previamente. Foi o único show que o cara deu no Brasil; e ele tocou esta merda de 35 anos antes.

Na mesma época tive um contato pessoal que mostrou o tipo de pessoa que ele era. Noite de autógrafos de “Atravessar o Fogo”, livro com 310 letras de suas músicas na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo, no próprio prédio onde eu trabalhava. O horário havia sido anunciado como “rígido”: autógrafos somente das 18 às 20 horas, com um teto de 200 pessoas e no máximo 3 autógrafos por pessoa. Desci com minha senha às 17h30m e devia ser o 150º da fila, já no lado de fora do imenso saguão do prédio, na Alameda Santos. Na fila um monte de gente com discos, em especial o cultuadíssimo e chatérrimo “disco da banana” do Velvet Underground; vi também alguns exemplares de “Sally Can’t Dance”.

Lou chegou às 18h30m, atrasado, estressado e starlete. Foi para o andar superior da loja, onde era avistável através do vidro. Pediu então um cheeseburger (os boatos  e histórias circulavam pela fila). Não gostou do cheeseburger que recebeu (disseram que era do America), e pediu um outro cheeseburger de um outro lugar. Os autógrafos começaram depois das 19hs. Uma representante da Livraria Cultura percorreu a fila recolhendo os papelotes com os nomes a serem utilizados nas dedicatórias: Lou estaria “cansado”, e somente ia assinar o nome, sem dedicar nada.

Eu não comprava nada para mim, apenas para meu Irmão e um Amigo. Fui ficando putíssimo na fila com o imenso desrespeito do estrelinha para com seus fãs. Pouco depois das 20hs ele interrompeu a sessão para... meditar!!! A galera há quase 3 horas de pé na fila, respeitando o horário e esperando algum respeito, e o Transformer em OM!

Me ocorreram uma ou duas vinganças. Eu poderia levar o livro (também lançado pouco tempo antes) “Life” do Keith Richards e apresentar para autógrafo. Quando ele dissesse:
- “I’m not Keef Richards”
, eu responderia com ar supreso:
- “No??? Then I don’t want it!”
, viraria as costas e iria embora. Ou então:
- “No??? Ok, no problem, please sign it anyway...”

Outra alternativa seria dar uma escarrada na cara do desaforado menestrel  quando chegasse minha vez. Enquanto estivesse sendo arrastado para fora da Livraria, eu gritaria: “Isto é por ter cuspido em mim in Berlin (by the wall) em 1973!...”
Esta opção era mais factível - mas teria prejudicado aqueles que estavam atrás de mim na fila.

Fui recebido pouco depois das 21 horas. Ignorando as recomendações, apresentei  o papel com o nome de meu Irmão, e pedi:
- “Could you please dedicate it? It’s for my Brother, who deep down inside has got a Rock’n’Roll Heart...”
Com uma letra tíbia (não sei dizer se de um recém-saído do Mobral ou devida à exaustão de já ter autografado umas 400 peças) ele escreveu: “To Gauco...”

Tentei ainda uma segunda dedicatória para um Amigo, apresentando um segundo papelote com o nome “Ronaldo” e dizendo “For me!”, mas o trovador disse ’’oh, no” e somente assinou o nome com aquela letra trêmula.

“Rock’n’Roll Animal” e “Lou Reed Live”. Você não precisa ouvir mais nada dele.

Nem deve.


(27/out/2013, Rio)


segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Joia Rara


No hall de meu prédio encontro um Porteiro e um Faxineiro em frente à televisão. Assistem horrorizados à notícia que um Homem matou a Esposa a facadas, na frente das Filhas.

Sei que o Porteiro teve há pouco uma separação traumática da Esposa, que lhe levou a Filha para morar com um outro Homem e o está impedindo de ver a criança. Converso freqüentemente com ele: é uma pessoa pacífica, e que tem se esforçado em absorver o revés que muito sofrimento lhe causa. E é ele mesmo quem comenta:
- “Mas porquê isto, matar a Mulher por causa de uma separação! É muito apego, deixa ela ir, isto não leva a nada...”

Respondo com um dos nortes de minha existência:
- “Um dos princípios básicos do Budismo é: ‘a base de todo o sofrimento é o apego; livre-se do apego, e se livrará do sofrimento’. Não sou Budista, mas adoro este ensinamento.”

Um sorriso ilumina o rosto do faxineiro, que se entusiasma:
- “Eu também vi isto! É da novela das 6, a ‘Joia Rara’ que se passa no Nepal!”

Desconcertado e desenxabido, só me resta balbuciar:
- “É, eu já estive lá duas vezes...”

(21/out/2013, RJ)