segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Made in Brazil (1 de 2): “Jack o Estripador” ao vivo (1976)

A capa de "Jack", ao vivo!

Nos anos de 1976 e 1977 o MADE IN BRAZIL fez alguns dos melhores shows que este País já assistiu.

Com uma formação primorosa, capitaneada pelos “Rocker Twins” Oswaldo e Celso Vecchione, com o vocal nada menos do que espetacular de Percy Weiss, e a reboque do sensacional disco “Jack o Estripador”, o MADE era um “blend” com o melhor de AEROSMITH e STONES no cenário nacional.

Havia uma sempre penca de convidados no palco, e a bebida oficial era a champanhe, que rolava solta. Com 22 anos de idade, fui exposto sem vaselina a gigs que me marcaram tão indelevelmente que até hoje bebo champanhe em quantidades industriais, ouço aqueles discos e principalmente admiro aqueles caras. Todos.

Atendendo a pedido do Brother Glauco – o mais bem guardado segredo da guitarra no Brasil – publico aqui algumas entre as muitas fotos tiradas naqueles eventos. Elas estão bastante deterioradas, afinal são 38 anos desde a revelação – mas uma vez que disponho dos originais, vou digitalizá-los.

Neste show de 1976 no Teatro Teresa Rachel, excursão do disco “Jack o Estripador”, algumas presenças se deliciaram tanto quanto – ou mesmo mais do que – a platéia: Ezequiel Neves, Lucia Turnbull, Roberto de Carvalho e Ney Matogrosso.

GREAT gigs, guys!


Roberto de Carvalho e Ney.


Oswaldo e Lucia.


"Usando a lâmina de seu punhal..."




Ezequiel, Ney e Lucia.
Roberto de Carvalho.


Made in Brazil (2 de 2): “Massacre” ao vivo (1977)



"The Band is on stage..." (dançando junto ao palco: Glauco)
Em 1977 o MADE se apresentou no MAM, no Rio. Preparavam o disco “Massacre”, o sucessor de “Jack”, e o executavam ao vivo na íntegra mesmo antes do petardo estar finalizado.

Teria sido uma segunda masterpiece em seqüência, mas infelizmente Percy saiu da Banda antes do disco estar acabado. Tenho os rascunhos do disco com o vocal de Mr. Weiss e também a versão definitiva já com outro vocalista, mas nenhuma das duas peças é a gema que poderia ter sido. Por muito tempo tive também um cassete com a gravação do show, que teria sido o maior disco ao vivo da história deste País. Um pena.

Novamente atendendo ao pedido do “mais bem guardado segredo da guitarra no Brasil”, disponibilizo algumas fotos daquela gig. Estão igualmente deterioradas, pois são apenas 1 ano mais recentes do que as acima. Sim, também disponho dos originais; sim, também vou digitalizá-los. Os autógrafos no verso das fotos (fomos ao camarim diversas vezes) ficam como preciosidade pessoal.

Special guest star on guitar, Mr. Wanderley! E Juba na batera!

Galera, nunca é tarde: REGRAVEM o “Massacre” com a formação original!



Com camisa de Mickey à esquerda da foto, Ronaldo "Jagger" Garcia.









Wanderley

Celso

sábado, 20 de dezembro de 2014

Harold the Barrel


S= S0 + v0*t + ½*a*t2
S0 = 0
v0 = 0

logo:
t = SQRT (2*S/a)

dados:
S = 19 * 3m
a = 9,81 m/s2

temos portanto:
t = SQRT (2 * 57 / 9,81)
t = 3,4s

Só???

(ago/2014)

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Coitados


Ao contrário do que alardeiam alguns simplórios, a palavra “coitado/a” NÃO deriva de “pessoa que foi objeto de coito”.

Trata-se de um particípio do verbo coitar, arcaico, proveniente do latino coctare, significando alguém que passou por “pena, dor, aflição; desgraça”.

Teria bastado uma consulta simples ao Aurélio para evitar difundir incorreções, mas – como é comum nestes casos – a Preguiça venceu, reforçada por uma pueril necessidade de ser bombástico.

Arrastar para a lama a credibilidade do próprio nome e das informações que divulga não faz diferença para estes “desgraçados, míseros, pobres infelizes”... coitados!


coitado
[Part. de coitar2.]
Adjetivo.
Substantivo masculino.
1. Desgraçado, mísero, pobre infeliz
Interjeição.
2. Pobre dele! [Fem.: coitada. Cf. coutada, s. f., e coutado, do v. coutar.]

coitar2
[Do lat. *coctare < lat. *coctu, por coactus, part. pass. de cogere.]
Verbo transitivo direto.
1. Arc. Causar coita1 a; afligir; desgraçar. [Cf. coutar.]

coita1
[Dev. de coitar2.]
Substantivo feminino. Arc.
1. Pena, dor, aflição; desgraça.
2. Necessidade, precisão.

fonte: Novo Dicionário Eletrônico Aurélio versão 7.0
© 5ª. Edição do Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.
©2010 by Regis Ltda.

(SP, dez/2014)

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Legenda de Decote


Cavalheiros se defrontam costumeiramente com uma situação cujo encaminhamento é bem mais complexo do que imagina quem a provoca.

É comum que Damas, agraciadas pela Natureza com glândulas mamárias sempre extremamente atraentes, optem por exibir graciosamente seus atributos através de decotes nada menos do que ESPETACULARES. Viva a Natureza!, mas como fica o embaraçado Cavalheiro? Seu instinto (entre outras coisas) o leva a esticar um olho (ou dois) na direção da magnânima exposição, mas se o fizer incorre no risco de ser tachado de invasivo, deselegante, grosseiro, e mais uma infinidade de impropérios e agressividades que vêm avançando em tandem com a mediocridade do “politicamente correto”.

Por outro lado, se agir contra a própria Natureza e evitar o olho comprido – ou mesmo se conseguir disfarçar muito bem – nosso abnegado Herói incide no risco de deselegantemente levar a esforçada Senhorita a acreditar que não está agradando, não é atraente, logo ela que se empenhou tanto em encantar, o fez em vão, pobre coitada! Não, de forma alguma podemos deixar o Cavalheirismo de lado!!! (Um outro perigo é ela achar que "ele não se interessa por tais atributos"...)

O que pode fazer então o desorientado Cavalheiro? Se olhar o bicho pega, se não olhar os bichos somem!

A situação vem se agravado exponencialmente a partir de novidade recente: camisetas femininas com decotes EXUBERANTES apresentando textos que se referem aos próprios úberes em exposição! Ora, para quem sempre gostou de ler as mensagens em camisetas – e é curioso como muita gente sequer sabe comentar a mensagem expressa na berrante camiseta que está vestindo no momento – uma Senhora desfilando um viçoso tórax semi-exposto emoldurado por uma mensagem instigante aumenta o desafio de “olhar-sem-olhar”!

Nos últimos 2 dias foram avistadas 3 mensagens que reforçavam tal especulação. Não podemos afirmar que se trate de uma tendência (esperamos que seja): a Desgraçada SABE o impacto que provoca, e se diverte em atiçar o constrangido Desgraçado que fica sem saber onde enfiar a cara. Alguns exemplos:
  • Um decote ESPETACULAR em uma camiseta preta no Itaim Bibi, com os dizeres em branco (começando imediatamente abaixo da linha de impedimento): “OH FATHER, FORGIVE ME FOR I HAVE SINNED...” (*)
  • Um decote VIGOROSO em uma camiseta cinza na Vila Olímpia com os dizeres abaixo, diagramados com uma palavra por linha, de cima para baixo: “TWO are better than ONE!” , estando portanto o “TWO” na linha dos pulmões e o “ONE” na altura do umbigo.
  • Um decote MAJESTÁTICO em uma camiseta branca na Estação Anhangabaú do Metrô: “Ready to be a Model!”

Elas SABEM do que estão falando!

Sádicas!

Viva o sadismo!


(*) “Oh Pai, perdoe-me pois pequei”. A resposta paterna provavelmente será: “Não há pelo quê pedir perdão...”

(SP, dez/2014)


quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Como chegar no Horário


Passei a vida chegando tarde ou atrasado a tudo, e levei mais de meio século para descobrir as maravilhas de chegar cedo. Acontece que eu não sabia como fazer para ser pontual (!), e apenas recentemente desenvolvi uma pequena receita pessoal do procedimento a ser seguido para chegar no Horário, que comigo tem funcionado. Se você é uma pessoa pontual, ignore este texto - ou melhor, mande sua receita!

Tratam-se de 4 passos simples, e todos acontecem dentro de sua própria cabeça, ou seja: é facílimo.

A ordem é estabelecida do final para o começo:
1. Definir a hora que se deseja chegar ao evento.
2. Definir em seguida a hora que se precisa sair de casa para chegar ao evento no horário desejado.
3. Definir então a hora que se precisa chegar em casa para permitir o toalete adequado a tempo de sair na hora estabelecida em (2).
4. Finalmente, definir a hora de sair do compromisso anterior a tempo de chegar a sua casa no horário definido em (3).

Agora, é só sair do compromisso anterior no horário definido em (4).
Mais simples, impossível!

It is absolutely stupid, but fucking works!

(SP, dez/14)


terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Quantidade de Vida


Um monte de gente confunde “Quantidade de Vida” com “Qualidade de Vida”, com isto nos soterrando com conselhos bem intencionados porém mal direcionados.

“Não coma gordura”, “não tome refrigerantes”, “não tome leite integral”, “não coma sal”, “não coma açúcar”, “não coma ovo”, “não exagere na bebida”, “stay away from drugs”, “só transe de camisinha”, “não ande de moto”, “não durma tarde”, “não durma até tarde”, “não tome Sol entre 10hs e 16hs”, e mais uma infindável ladainha de uma galera que se só enxerga o downside, ao invés de contrabalançar riscos e benefícios.

O que vem a ser “Qualidade de Vida”? É o que sobra disto???

“Os riscos que você corre determinam a pessoa que você é”, ou então: “As boas intenções pavimentam a entrada do Inferno”.

Quantidade não é Qualidade! Estou adotando um novo lema pessoal:
“QUALIDADE DE VIDA É BACON!”

“Não coma bacon!”

(SP, dez/14)

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Scream Along


DREAM THEATER
Vivo Rio, domingo 05/out/2014

Pela 6ª vez na vida vou a um show do DREAM THEATER, desta vez no Rio (a primeira também foi, no Imperator no Méier) no VIVO RIO no Aterro do flamengo. É noite de domingo, dia do primeiro turno das eleições para Presidente do País, ainda não sabemos quem passará para o 2º turno; terminarei a noite orgulhoso ou envergonhado?

Vou de Metrô, cada vez o transporte particular fica mais no passado. Atravesso os viadutos para pedestres, e após tantos anos finalmente encontro no Balneá-Rio a galera metaleira tão comum em gigs em Sampa e nas Grandes Galerias, e tão escassa por aqui. É fim de tarde, está escurecendo, e além dos metaleiros de camisa preta, a fauna no lado de fora da Venue é composta por vendedores ambulantes com seus isopores sobre cavaletes oferecendo cerveja, vodka e cachaça a preços módicos, e também alguns mendigos. Tudo acontece em volta da fila, o local do acesso é quase uma festa.

O piso do Aterro é composto por grandes placas de cimento ou pedra, com um razoável espaço (circa 6cm, eu diria) entre elas. E ocupado que estou em encontrar o fim da fila e avaliar os vendedores de smirnoff, me distraio e PIMBA!, afundo o pé em um destes intervalos entre as placas no chão. Quase caio; alguns metaleiros, ambulantes e mendigos fazem menção de acudir, mas me recomponho com rapidez e tento brincar:
- “Eu quase caí porque ainda não bebi nada! Se tivesse bebido, não estava caindo...”

Um Mendigo se compadece de minha situação, se aproxima de mim, aponta para um dos ambulantes e diz com voz séria e compungida:
- “Tome ali uma dose, eu pago para você!...”

O insólito da situação me pega de surpresa, e não penso rápido o suficiente para aceitar; recuso polidamente, sinceramente grato. Mas depois fiquei pensando na oportunidade perdida: um Mendigo ofereceu pagar uma dose de cachaça para mim, e eu recusei! Uma oportunidade que só se tem uma vez na vida, e eu perdi a minha...

No início do show, a projeção de uma animação com os "making of" das capas de todos os discos, uma emendando na outra, formando uma quase-história. A platéia está, evidentemente, em delírio. Nunca fui a um show com tanta gente com camisa da própria Banda que toca no palco, eu mesmo também estava.

Uma nova situação acontece comigo já com o lotado show rolando. Meu cabelo está enorme, e devo ser o único com cabelos brancos (cada vez isto é mais freqüente); lá pelas tantas um cara se vira para mim e pergunta cheio de respeito:
- “Me diga, com toda a sua experiência: posso enrolar unzinho e acender aqui dentro?”

Cabe aqui um parêntesis: as crescentes restrições aos cigarros e ao fumo legalizado acabaram por afetar diretamente o consumo de maria joana em recintos públicos fechados. Antigamente não era possível distingüir se a brasa acesa era de um marlboro ou de um joint, mas atualmente não há mais dúvida: acendeu, é ganja!

Respondo a ele:
- “Há muito tempo não venho a um show no Rio, não sei dizer. Sugiro que você aguarde um pouco e espere mais alguém acender para ver o que acontece.”

Ele ignora a cautela, enrola, acende e fuma à larga. E em pouco me cutuca e oferece:
- “Vai um tapa aí, ô Andy Warhol?...”

Já fui chamado de Einstein e Ritchie, e agora Andy Warhol!!!

É show de fã nerd, a platéia canta tudo junto, sing along, ou melhor, scream along. Como diriam Martin-L e Vasco-N, “platéia bem ensaiadinha”. O guitarrista John Petrucci arrasa, desbunda, arrasa, arrebenta, é um Andreas Kisser virtuose (mas sua enorme barba preta quase-ZZTop está ridícula demais). Seu momento-solo é belíssimo, mas não fica sozinho no palco: os outros 3 músicos fazem um “tema” para que ele sole, apenas o vocalista saiu. Sempre fico querendo que as pessoas estivessem ali comigo vendo, me iludo acreditando que iriam gostar; mas sei que Gloug teria ficado apenas 1 hora, e Martin talvez ½.

Petrucci olha os próprios dedos todo o tempo. O momento keytar é igualmente maravilhoso, e desta vez é o guitarrista quem se une aos demais fazendo fundo para a performance de Jordan Rudess. Já o solo do novo Baterista é realmente solo: tremenda responsabilidade, o cara está substituindo nada menos do que Mike Portnoy, carismático e icônico fundador da Banda e ídolo desta galera por décadas.

É um show do tipo “An Evening With Dream Theater” que eles tanto fazem ao longo da carreira: quase 3 horas de duração, com um intervalo de 15 minutos no qual passa uma colagem de vídeos feitos por fãs com brincadeiras com os clipes da Banda, covers ultra-toscas de músicas e outras paródias; divertido.

A segunda metado do show começa com a AVASSALADORA “The Mirror”, que da mesma forma que ocorre no disco “Awake” emenda com “Lie”. Nesta segunda parte do show eles simplesmente tocam inteiro o “Awake”, que eu adoro. Entendi então que poderia perfeitamente ter convocado os mencionados Gloug e Martin-L para assistir somente à segunda parte da gig.

O palco simula uma garagem de beco com amps. A única vez que eu tinha visto uma guitarra tão alta foi George Kooymans com o GOLDEN EARRING na Holanda. Uma Dama com quem já assistira ao DT duas vezes, e que durante aquelas performances só conseguira falar – “Caralho!” umas vinte vezes, me pediu para falar dois “caralho!”s por ela. Falei vários; foi primoroso, caralho! Tocaram a raríssima “Space-Dye Vest”, caralho!

Se tiver a oportunidade, não deixe de assistir a um show do DREAM THEATER ao vivo, em pessoa. Não é necessário gostar deles para se impressionar: embora tenha diversos discos, eu jamais os ouço, acho chatos. Mas ao vivo...

Caralho!

(Rio, out/2014)

domingo, 14 de dezembro de 2014

A Vitória é um Prato Frio


Uma curiosa carcaterística deste corpo que atualmente habito é que quase nunca fui capaz de levá-lo a uma Festa no mesmo dia em que ela era marcada. Com honrosas exceções, sempre cheguei às festas depois da meia-noite.

Ainda nos anos 70, certa vez um Amigo avisou que daria uma Festa no sábado. A Prima Americana perguntou:
- “A que horas?”
A réplica foi repleta de sabedoria:
- “Não é necessário marcar: o Ronaldo e a Luciana serão os primeiros a chegar, e o Marcio será o último!”
(Os nomes podem ou não ser fictícios.)

Os anos passaram. As décadas passaram. Hoje, dificilmente um evento começa antes de meia-noite; dificilmente alguém chega a um evento antes da meia-noite.

Passado tanto tempo, finalmente posso dizer: Ronaldo & Luciana, eu estava com a razão!

Eu venci!!!

(Ronaldo & Luciana continuam sendo os primeiros a chegar a qualquer evento, mas aprendi que chegando cedo aproveitamos mais a noite.
Embora aproveitemos menos o fim de noite...)

(RJ, Convenção das Bruxas 2014)

sábado, 13 de dezembro de 2014

The First Drink is the Deepest


Uma Convenção de Bruxas. Após um esquenta na casa de um Amigo, acompanho-o a pé ao local do evento, e no meio do trajeto ele agrega sua Filha de 18 anos, que segue conosco. Ela leva uma mochila, e é claro que indago o porquê: ela informa que seguirá depois para uma festa à fantasia; vai de Dama de Copas.

Algumas horas mais tarde, no meio do evento, o Amigo se aproxima e relata com voz algo arrastada:
- “Um Pai jamais esquecerá o que acaba de acontecer comigo. Eu estava no balcão do bar conversando com o Vocalista, e minha Filha ofereceu uma tequila. O Vocalista imediatamente retrucou ‘também quero’, e então eu disse ‘você vai pagar as três’. Ela não se fez de rogada, e quando as tequilas pousaram na mesa encheu de sal as costas da mão e o aplicou nos lábios. Daí virou a tequila em uma só talagada, e então botou um limão na boca e o sorveu.”
- “O quê você fez?”, perguntei ingênuo.
- “O quê um Pai poderia fazer??? Enchi de sal as costas da mão e o apliquei nos lábios. Daí virei a tequila em uma só talagada, e botei o limão na boca e o sorvi. O Vocalista só de olho. Um Pai nunca se esquecerá disto...”

De vez em quando eu o encontrava ao longo da noite, e ele repetia:
- “Um Pai jamais vai esquecer...”

Bem mais tarde ele se acercou novamente, e contou:
- “Um Pai nunca esquecerá o que acaba de acontecer comigo! Acabo de levar minha Filha de 18 anos lá fora, ela pegou um táxi e foi sozinha para o Cais do Porto para uma festa. Às duas e meia da manhã! Que noite...”

E continuou as lamúrias ao longo da madrugada:
- “Um Pai nunca esquecerá!...“

Como o Amigo estava algo alcoolizado (não tanto quanto o Vocalista), é possível que só se recorde dos ocorridos ao ler esta história.

Dama de Copas, me perdoe!

(dez/2014)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Sem Pisar nas Formigas


Alguns imediatistas com limitados horizontes classificam o andar de cabeça baixa como “derrotismo”, em uma conclusão simplória e maniqueísta de quem só enxerga o Mundo em preto e branco e ignora existirem 50 tons de Blues. Se não, vejamos.

Eventualmente pode-se andar com a cabeça erguida. Olhar voltado para o Céu, para o cimo dos prédios com suas antenas, para o topo das montanhas ao longe, para as nuvens. Remete à nobilíssima postura do Príncipe Valente, que mesmo quando foi escravizado todos sabiam tratar-se de um Príncipe devido a seu porte altivo ao caminhar.

Eventualmente pode-se também caminhar com a cabeça baixa, bem baixa, olhos grudados no chão que desfila. São inúmeras as vantagens: facilita enormemente a concentração do pensamento; propicia a detecção de algumas perigosas irregularidades no piso (e igualmente bolos fecais, também conhecidos como “vidro mole”); evita o contato visual, usualmente invasivo, incômodo e desnecessário.

É claro que andar de cabeça baixa tem o downside de acarretar a perda de visão de algumas opulências, mas até isto tende a ser criminalizado nesta sociedade-patrulha cada vez mais politicamente idiota.

Classificar / carimbar sumariamente o comportamento de quem está andando com a cabeça baixa com qualquer rótulo pré-concebido é desconsiderar que podem existir vários argumentos válidos para fazê-lo. Sugiro ampliar seus horizontes antes de limitar os alheios.


(Nota – Sim, às vezes poderá ser desânimo. Mas se observarmos com cuidado o Meio que nos cerca, concluiremos que apenas os completamente alienados não ficam eventualmente desanimados.)

 
(SP, 23/out/2014)

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

P & M


“Um Panda Em Saturno” é um espaço de idéias e não imagens, mas às vezes algumas destas merecem uma exceção.

Tirei esta foto de meus Pais no Uruguay, em Punta Carretas, no final do dia 03/dez há 1 semana. Não consigo parar de mostrá-la a todo Mundo!

Os Modêlos têm 85 e 81 anos, respectivamente.

(SP, 11/dez/2014, Dia dos Engenheiros e das Engenheiras)