terça-feira, 15 de março de 2016

O Arco e os Filhos


KGG estabeleceu há anos um interessante paralelo.

Segundo ele, os Pais estão para os Filhos assim como um Arco está para as Flechas:
- “Enquanto o Arco não disparou a Flecha, ele se empenha ao máximo para dar-lhe a melhor direção possível, o impulso adequado. Mas depois que a Flecha saiu, só resta ao Arco torcer muito, rezar muito, e esperar que a Flecha siga seu Caminho corretamente e encontre o seu Alvo.”

Alguns Amigos e Conhecidos têm Flechas se afastando do Arco, e acompanho-lhes o sofrimento na esperança de que seus Filhos sigam um Bom Caminho. E sempre me ocorre esta comparação.

Uma belíssima imagem.


(SP, mar/2016)

quinta-feira, 10 de março de 2016

Agora não é o momento


Tenho uma sugestão a dar, com base em mais de 21 mil dias de experiência.

Toda vez que você tiver alguma idéia do quê fazer com sua vida – se for uma idéia diferente do usual, do habitual, do comezinho, da segurança – irá ouvir dos Demais:
- “A idéia é ótima, mas... agora não é o momento!”

Segue-se uma ladainha de “crise” (pelo que entendo, o Mundo – ou ao menos o País – já está em crise ininterrupta há mais de 21 mil dias), de “momento profissional”, de uma “oportunidade” imperdível e única que você tem naquele exato momento, ou uma infinidade de outros motivos e coisas que você já deve ter escutado.

Note bem, não estou dizendo que qualquer idéia tresloucada que se tenha seja boa; a maioria não é. O que alerto é que sempre será necessário enfrentar os Acomodados, aqueles que colocam a Segurança acima da Felicidade, a Rotina como mais desejável do que o Desbravamento.

Já aprendi que o Mundo conspira sim a nosso favor; que aquilo que nos propomos e empenhamos a fazer, efetivamente acontece. Tudo depende então de uma boa escolha. Escolha racionalmente; escolha corajosamente; escolha certo.

E aí, soca a bota!

“Caminhos fáceis não levam longe”.
Ou:
“Os riscos que você decide correr determinam a pessoa que você é.”


(SP, mar/2016)

domingo, 6 de março de 2016

Para sua Comodidade


Considero o cartaz da foto anexa uma ode à Hipocrisia - sem contar o erro grosseiro de concordância e o péssimo uso de vírgulas:
“Senhores Clientes, para sua comodidade, queira por favor, retirar o seu carrinho no estacionamento”

“Para comodidade dos Senhores Clientes” (e também das Senhoras, não?) o carrinho de compras do hipermercado deveria estar no próprio piso da loja e não em estacionamentos nos andares abaixo, o que força Senhores e Senhoras Clientes ao “comodismo” de carregarem os carrinhos andares acima.

“Para nossa própria comodidade e economia” seria o texto honesto. Ou então que se deixe a falsa amabilidade de lado, escrevendo simplesmente: “Retirar o carrinho no Estacionamento”. Nem mesmo o termo “favor” se aplica, uma vez que o procedimento é compulsório.

A única réplica que resta aos/às castigados/as Clientes do Hipermercado é deixarem os carrinhos de compras do outro lado do pontilhão que atravessa a Avenida em frente, com uma mensagem igualmente afetuosa:
“Galera do Hipermercado, para sua comodidade favor recolherem os carrinhos aqui, nesta pqp!”


(SP, fev/2016)

sábado, 5 de março de 2016

A Subserviência da Torradeira


Uma das maiores provas da subserviência brasileira àquilo que vem já mastigado dos Estados Unidos são as torradeiras de pão.

Como era gostoso o meu francês
Nos EUA o pão que mais se consome nas residências é o pão de fôrma, em formato de torrada ‘quadradinha’. E assim as torradeiras americanas são dimensionadas “accordingly”; têm o tamanho certo para acomodar o pão de fôrma tão fácil e comodamente encontrado em supermercados, delicatessen, convenience stores e afins.

Já no Brasil, a preferência recai pelos pães artesanais (86%), notadamente o pão francês (52% do consumo); apenas 14% são pães industrializados (*). Justifica-se: aqui existem muitas Padarias, mão-de-obra abundante e de qualidade, pão fresquinho – e muito mais gostoso – a toda hora.

Moderna, linda e preguiçosamente inadequada
E qual o formato das torradeiras vendidas no País? Antigamente tínhamos aquelas adequadas a nossos pães, mas já há muitos anos somente se encontra torradeiras com dimensionamento... americano!

As torradeiras vendidas no Brasil não se destinam aos pães mais vendidos no Brasil.


(*) algumas fontes utilizadas: ABIP (“A importância do Pão do Dia (Tipo Francês) para o segmento da Panificação no Brasil” em http://www.abip.org.br/imagens/file/encarte6.pdf) e SEBRAE (http://www.padariamoderna.com.br/lermais_materias.php?cd_materias=850)

(SP, mar/2016)