domingo, 25 de setembro de 2011

Dress Code para os Silva Voadores

Então você vai ao AEROSMITH! Meus parabéns, é um show espetacular. Talvez com o passar dos anos tenha ficado um pouco requentado ou até mesmo com um certo excesso de “babas” – mas tudo bem, eles são o AEROSMITH, fizeram meu irmão GlouG (um Stonemaníaco sem igual, ou melhor KeefRichardsmaníaco) gritar -“O riff da minha vida!!!” durante a execução de “The Other Side” no Hollywood Rock de 1994 na Praça da Apoteose (RJ). Aquele foi um show antológico: embora estivesse acompanhado por 5 Amigos, dos quais 3 verdadeiros galalaus bem mais altos do que eu, isto não impediu que um negão colossal me agarrasse pelo pulso me encarando descaradamente, e arrancasse calmamente um Casio vagabundo de meu pulso. Um pouco mais tarde, em meio à muvuca concentradíssima – platéia próxima ao palco composta quase exclusivamente por elementos do sexo masculino tremendamente mal-encarados – um cabra abriu a barriguilha (não me venha com a pavorosa variante “braguilha”, pelo amor de deus, o termo deriva de “barriga”), puxou o pau pra fora e começou a urinar no meio da platéia! A galera abriu, se afastou, vaiou e ameaçou linchar, e o cara nem aí; continuou mijando. Não parava. Daí começou a GIRAR, a rodar em torno de si próprio esguichando urina de forma circular, e não parava! A galera à roda ficou incrédula, e começou a aplaudir. O cara levantou o punho esquerdo fechado e comemorava, e com o direito segurava o esguicho, nós todos delirávamos e aplaudíamos e a urina em círculos não parava... Unforgettable.

Também neste show Mr. Fabio Star me pediu em transe-desespero durante a execução de “Walk on Down” (do fenomenal “Get A Grip”, aliás o show era da própria excursão do “Get A Grip”) cantada por Joe Perry : “Você sabe que música é esta?”, é claro que eu sabia, “Então lembre dela depois e me diga, eu preciso saber que música é esta!”. Coerentemente, ele a curte até hoje.

Ao final da Apoteose, Brother GlouG tinha perdido as chaves de casa (ele morava em Santa Teresa, e tínhamos descido para a Praça a pé), e as ficamos procurando no meio do lixo do chão Sambódromo por mais de 1 hora. Não, você NÃO TEM IDÉIA do que seja revirar o lixo da Apoteose durante mais de 1 hora após um show de Rock. Encontramos de tudo, inclusive diversas chaves e chaveiros – mas não as dele, é claro. Retornamos à casa onde não era possível pular o muro na madrugada sob pena de sermos confundidos com os assaltantes que infestam o bairro – em resumo, foi uma epopéia.

Eu morava em frente à Praia de Ipanema à época, e quando finalmente chegamos ao apê – onde nos esperavam belas e buliçosas Moçoilas – ainda fizemos um concurso de milk-shake de chocolate ao nascer do Sol.

E agora mais uma vez os SILVA VOADORES se apresentam no Brasil, no dia 30 de outubro. Como você vai se trajar para vê-los?

No início de 2001 eu trabalhava com Cris Zazá em um Asset Management, e seu irmão iria se casar em dezembro. Pois em certo dia de fevereiro ela apareceu no trabalho com o cabelo levemente cortado, me contando sorridente e triunfante:
- “Cortei o cabelo para o casamento!”
Como assim, cortou o cabelo para o casamento? Faltavam ainda 10 meses!
- “É para fazer o coque...”

Aprendi assim que Mulheres podem iniciar a preparação do look com quase UM ANO de antecedência... e conseqüentemente algo parecido pode se dar com Homens em shows de Rock. Portanto, pare IMEDIATAMENTE de cortar seu cabelo! Se alguém perguntar porquê você está com tamanha gaforinha – lembre-se, nenhum cabelo é pior do que o meu, que inclusive serviu de referência para a criação do visual do Bozo – você tem a desculpa perfeita:
- “Estou deixando o cabelo crescer para o show do AEROSMITH.”
E basta. A pessoa vai ficar morrendo de inveja: de você ir ao Show, e também de seu cabelão.

O Traje
É muito simples o Dress Code para um show de Rock: Homens vão vestidos de METALEIRO, e Mulheres vão vestidas de PERIGUETE. Metaleiro pode ser qualquer coisa, em meu caso evidentemente de preto (desde criança balbuciante eu já gostava de “pleto”), com a obrigatória calça cargo. Nos bolsos vão ingressos, papel e caneta para anotações durante o evento, celular, isqueiro, grana, documentos e principalmente uma capucha no caso de ser um Open-Air. Se chover e você estiver acompanhado por uma Dama, a capucha é para ela; se não estiver, é para surpreender aquele Ser delicioso vestido de Periguete com o qual você estava se entrosando na espera do espetáculo, e que se derreterá toda com seu cavalheirismo-metal.

Vestir-se de Metaleiro é acima de tudo uma questão de Atitude: vale bermudão (embora eu seja um old styler, de quando os Rockers só se vestiam de calças compridas), o importante é que tenha muitos bolsos. O Amigo Martin (que estava na Apoteose em 1994, não sendo no entanto um dos "3 verdadeiros galalaus") costuma ir a shows com uma T-shirt com enorme estampa de Sidarta Gautama; talvez você o (re)conheça no próximo.

O trajo feminino é ainda mais simples: micro-saia de couro, decote devastador, meias-calças (vale até arrastão), botinha, e maquiagem à vontade. Não existe melhor lugar para ser "a-sedutora-que-você-sempre-quis-ser" do que em um Show de Rock.

Freqüente as GRANDES GALERIAS (aka “Galeria do Rock”) em São Paulo. E nos vemos no show do AERO!

(set/2011)

sábado, 17 de setembro de 2011

Dalai Lama em São Paulo


Parque das Convenções do Anhembi, 17/set/2011 (sábado)

Graças a uma inesperada e não surpreendente cortesia do Amigo FM, ganho um ingresso para assistir à palestra “Convivência Responsável e Solidária” do DALAI LAMA no Anhembi, 12 horas antes do evento.

Apesar de ser cedo (manhã de sábado!), a cidade ensolarada e fria já está engarrafada. É claro que o evento vai começar com pontualidade rigorosa; mas a moto assegura que eu chegue em um ótimo horário.

Há um enorme entourage organizando o acontecimento. Todos vestem a mesma camiseta com uma frase que é o mote da palestra, e que também está escrita em diversos cartazes imensos em todo o Pavilhão: “A convivência nasce do diálogo que celebra nossas diferenças”.

Às 09h30m (o horário marcado) a lotação é de 2/3 dos assentos; mas ao longo das 2 horas que se seguem, o lugar lota.

É indescritível a emoção de estar em um lugar no qual entra o Dalai Lama. Remeteu ao que senti quando cheguei a Angkor Wat e vi o Templo pela primeira vez: a emoção de estar fisicamente na presença de algo que extrapola muito o meramente físico. O Amigo (e ex-Chefe) Ronaldo Fraga estava no palco acompanhando o Dalai; ele faz parte da Comissão Executiva das vindas do Dalai Lama ao Brasil, e em todas elas o acompanha a todos os lugares. Curiosamente, quando fui a Angkor Wat e mencionei a emoção de lá chegar, o próprio Ronaldo se identificou com o que descrevi, dizendo que sempre tinha achado que quando lá chegasse sentiria exatamente o que eu senti. Pois bem, Ronaldo: você já viveu precisamente aquela emoção irrepetível de chegar pela primeira vez a Angkor Wat – só que muitas vezes!...

Pouco após a entrada do Dalai no palco enviei um torpedo para Ronaldo, descrevendo-lhe a roupa e pedindo que erguesse o braço no palco para confirmar que eu não estava enganado. Mas isto não teria sido necessário: eu o vi olhar a mensagem em seu celular tão logo a enviei. Quando ele ergueu o braço, acenei de volta; e poucos minutos depois tive a deferência de receber no meio da platéia a visita do ilustre membro da Comitiva.

Lia Diskin também estava no palco (é claro). Certa vez, em um curso que fiz com ela na PALAS ATHENA (Ronaldo Fraga costuma dizer que “a Palas Athena é o melhor motivo para se morar em São Paulo”), Lia comentou que é impressionante como depois que o Dalai Lama sai de um ambiente, as pessoas se empenham em ficar com os objetos que ele tocou.

Dress Code
Fui vestido com minha camisa nepalesa do Nó Infinito; mas minutos após o início do evento me arrependi de não ter levado uma kata...


Tenzin Gyatso iniciou seu ‘speech’ com um – “Brothers and Sisters!”, e me foi impossível não lembrar do “Kick Out The Jams”, disco do MC5 de 1969 (o disco de estréia da Banda foi ao vivo; inusitado!).

Ele emendou com “somos todos Seres Humanos; todos queremos ser felizes; não há diferença entre nós”.

(Todas as citações deste texto são adaptações pessoais – extremamente resumidas e concisas – das palavras de Tenzin Gyatso. A ordem cronológica de meus registros originais foi mantida, de forma que o encadeamento da Palestra foi o que se segue. Tentei me ater ao que escrevi em cada momento, e a manter exatamente as mesmas palavras que anotei. Se por um lado isto empobrece o texto – pois foi tudo rabiscado às pressas –, por outro espero que transmita de forma mais vívida o intenso sentimento daquelas 2 horas.)

Ele preferiu ficar de pé, falando sem a bancada que lhe havia sido preparada. Usava um boné-viseira com óculos escuros que lhe dava um ar quase de um rapper senhoril (posteriormente Ronaldo me explicou que ele o usa por causa das fortes luzes dos holofotes, quase onipresentes em suas apresentações e que são extremamente incômodas). O Dalai Lama é muito bem-humorado, e brincou diversas vezes com o Tradutor, que tomava notas durante suas palavras para depois as traduzir ao microfone (registre-se que com extrema competência) para os 3.000 presentes.

“Antigamente se falava em ‘nós’ versus ‘outros’. Havia distinção entre classes sociais e educação. Isto é passado, é discriminação, somos todos iguais, vivemos no mesmo Planeta.”

“O Século XX trouxe invenções fantásticas, mas foi extremamente violento. Guerras, bombas, genocídios. O Século XXI deve ser o Século da Paz, e para isto devemos cultivar o diálogo.”

“Guerra significa derrota de um e vitória de outro. Mas nesta nossa era de interdependência, não faz sentido pensar que alguém ganhe quando um outro alguém perde.”

“Ter boa intenção na guerra não justifica este uso do método errado.”

“Proposta: um Mundo desmilitarizado. O fim dos armamentos. Além da enorme economia que a não-produção de armas iria trazer...”

“Tenho 76 anos, e minha geração já está chegando no ponto de dizer: tchau! (e acenou um adeus para a platéia). Nossa mensagem para as novas gerações, aqueles com 20 ou 30 anos, é: criar um Mundo pacífico. Isto necessita 3 coisas. Em primeiro, Visão: uma perspectiva ampla, global, que abarque o Mundo todo. Em segundo, Educação. E terceiro, cultivem o calor do coração. Até para benefício próprio; um coração quente no peito faz a vida mais feliz, diminui o medo, traz paz interior.”

“Existem 3 caminhos para se cultivar os valores internos. Um são as Religiões Teístas, que oferecem um instrumento poderoso para lidarmos com nosso egoísmo e arrogância. Quem se submete de forma sincera à Fé e ao Deus superior enfrenta seus próprios egoísmo e arrogância.
Outro caminho são as Religiões Não-Teístas; os sistemas filosóficos que não pressupõem a idéia de um Criador. O próprio Budismo não propõe a existência de um Criador. Foca na causalidade: praticar o bem ao semelhante traz benefício à pessoa. Destruição e mal aos demais traz prejuízo a si próprio. Abstenha-se de prejudicar seu semelhante.
O terceiro caminho é o Secularismo. Não é essencial ou necessário ter uma religião; basta que o indivíduo seja uma boa pessoa, que tenha bom coração, que seja ético.”

“Tenho uma curiosidade pessoal: quantas pessoas aqui não têm engajamento sério em uma religião? Levantem o braço, não tenham vergonha.” (Levantei o braço; éramos uma minúscula minoria, talvez umas 50 pessoas, 100 no máximo. Pessoalmente não acredito em Religiões, mas sim em Espiritualismo. Curioso o questionamento do Dalai, pois naquele momento eu estava – como aliás sempre estou – refletindo em como passo a vida dedicado a descobrir o quê estamos fazendo aqui, neste Planeta, nesta existência. Sobre como Deus está em nós, em todos nós; como Deus sou eu. Mas isto nada tem a ver com religiosidade.)

“O Secularismo respeita não apenas as Religiões, mas também as pessoas que não têm religião!”

- “Secular ethics is very necessary.”

Lá pelas tantas ele se atrapalhou com sua cadeira no palco e quase caiu; riu de si mesmo, apontou para a platéia e disse:
- “I almost fell! Now you take good pictures!”.

O evento durou exatamente das 09h30m às 11h30m. Às 11h05m, o Dalai Lama começou a responder perguntas da platéia.

Como devemos educar as crianças?
“A educação deve focar a ética.”

Como manter a paciência em um Mundo tão corrido, sôfrego e apressado?
“Devemos cultivar a paciência. Mas só se consegue isto em situações de adversidade! Aprecie portanto seu Inimigo, por te dar a chance de cultivar sua Paciência. Isto não quer dizer que você vai se submeter a seu Inimigo; aprecie-o porque ele te traz a oportunidade de fortalecer seus valores internos.”

Se todos queremos ser felizes, porquê existe o Mal?
“Questão complexa e filosófica, existem diversas respostas. Para quem acredita em religiões teístas: pergunte para Deus! Já a resposta Budista é: o Mal é derivado da Ignorância. Enfrentemos a Ignorância, pois através do Conhecimento se reduz  o Mal.”

Como diferenciar Tolerância de Permissividade?
“Tolerância significa não cultivar raiva a aquele que quer prejudicar ou ser injusto. Tolerância não é submissão; é necessário se opor às injustiças. É preciso diferenciar a Pessoa e o Ato. Não aceitar a Ação, mas também não ficar com raiva de seu Autor. Se contrapor ao Ato injusto, mas sem nunca perder o respeito por seu Autor. ‘Deus não perdoa o Pecado, mas sim o Pecador’. Se o malfeitor fica livre para agir apesar de seu ato errado, ele irá repetí-lo no futuro – e isto é ruim para ele. Se contrapor é bom até para o próprio malfeitor.”

“Vou embora agora, mas seus problemas ficam com vocês.”

“Sejam felizes! Be happy!”

E o Dalai Lama se foi de nossa presença. Mas nunca mais de nossos corações, que ele indelevelmente aqueceu.

(17/set/2011)

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A Refeição Mais Trash da História

Em 2001, ER era Trainee na Administradora. Recém-chegado de Londrina, estava morando sozinho pela primeira vez, e convivendo com as dificuldades decorrentes.

Certa manhã ele contou que tinha tomado “um café da manhã muito trash”. Em minha opinião, esta foi uma avaliação modesta: aquela foi a refeição mais trash de toda a História!

Se não, vejamos: você encararia comer de “breakfast”... PÃO VELHO COM LASANHA GELADA E CERVEJA QUENTE?!?!?

Passada uma década da estarrecedora confissão, encontrei ER e relembrei a história. Ele fez questão de registrar um “disclaimer”: não chegou a colocar a lasanha gelada dentro do pão, como se fora um sanduíche, mas comeu ambos em tandem.

Então tá!

(set/2011)

domingo, 11 de setembro de 2011

Branca de Neve e os Decotes

Embora “Um Panda Em Saturno” seja eminentemente um espaço autoral – as únicas exceções são aquelas assinaladas como “Citações”, e usualmente postadas em finais de semana – é necessário registrar aqui um esclarecimento de Branca de Neve que chega a ser uma prestação de serviços para todo o Mundo.

A passagem consta da (espetacular) graphic novel “Fables”, que me foi presenteada pelo Arcanjo e sua Esposa Pri. Os personagens da série são os das Fábulas, que vivem (quase) normalmente entre nós. Durante uma festa, Branca de Neve – vestindo um decote generoso – está tentando ensinar o Lobo a dançar. Ela pede que ele olhe para cima ao invés de tentar arrancar seu vestido com os olhos, e o Lobo responde com a pergunta que atormenta todos os Homens desde o início dos tempos:
- “Porque você usa um decote como este, se não quer que as pessoas olhem?”

É possível que até mesmo muitas Mulheres não saibam responder a esta pergunta atávica, mas a explicação que Branca oferece mereceria constar dos anais das relações entre Homens e Mulheres:




Em uma tradução bastante livre:
- “Talvez as Mulheres usem decotes ousados para filtrar os cavalheiros dos animais. Os poucos que conseguem manter contato visual mesmo na presença de seios ESPETACULARES como estes, podem efetivamente ter algum potencial!”

A tréplica de Lobo – sendo ele mesmo um animal – é também quase uma resposta universal masculina: um rosnado.
- “Au!”

(set/2011)

sábado, 10 de setembro de 2011

Inteligência

Definição do Tio LCF:
“Inteligência é a capacidade da pessoa de atingir os objetivos que definiu para si mesma.”

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O Parque de Diversões dos Espíritos

Espíritos não têm tato.

Não têm audição nem visão. Nem paladar, nem olfato. Espíritos vagam etéreos sem qualquer sensação física (1).

De vez em quando, em meio à vastidão vazia eterna e onipresente, temos necessidade de sentir emoções. De sentir prazer. De diversão. E então vestimos um corpo, para sentir o que quer que seja – mesmo que dor ou sofrimento.

Pode ser um corpo de animal ou de vegetal. Uma bactéria ou um esporo. Vida! Sensações! De vez em quando, encarnamos gente.

Viver está no prazer de tomar um cafezinho ou grital gol (2). A vida é muito simples, não a complique. Não a desperdiçe tentando ser Espírito, tentando se isolar dos prazeres mundanos: se fosse para ser Espírito, você não tinha encarnado!

Este mundo em que você vive atualmente é apenas um Parque de Diversões dos Espíritos. Acontece o mesmo quando você joga um jogo de tabuleiro – como Ludo, por exemplo. Durante o jogo, você é aquele conjunto de peças azuis! E os outros são as peças vermelhas, verdes, etc. Quando o jogo acaba as peças voltam para a caixa, e você volta a ser você. Mas durante o jogo – ah, você era aquelas peças azuis...

Ou então em uma estrada: você é um Fiat prateado, enquanto “os outros” são aquele ônibus amarelo, o enlouquecido caminhão vermelho, aquele irritante Audi preto que acha que dirigir bem é só correr. Quando os veículos forem estacionados, os motoristas saltarão e voltarão a ter seus nomes, seus rostos, suas personalidades e suas vidas. Mas enquanto na estrada, somos apenas os veículos que nos envolvem.

Um dia, também nossos corpos voltarão para a caixa de Ludo ou para a garagem, e nós voltaremos a ser nós mesmos. Mas enquanto isto não acontece, seja matéria enquanto estiver matéria; e deixe para ser Espírito quando estiver Espírito. O nome técnico disto é “aproveitar o momento”.

Sol no rosto. Água no corpo. Música nos ouvidos, paladar excitado. Se entregue àquele cheiro irresistível. Olhos bem abertos captando tudo.

Foi para isto que você veio.



Referências:
(1) A vida sem sal dos Espíritos foi maravilhosamente retratada em “Asas do Desejo” de Win Wenders, filme que por sua vez foi destroçado sob o nome “Cidade dos Anjos” com Meg Ryan e Nicolas Cage.
(2) Arnaldo Jabor, “A Morte Não Está Nem Aí Para Nós”.

(ago/2011)