quinta-feira, 11 de junho de 2015

To bee, or not


As abelhas estão indo embora.

Desistiram deste Planeta. Desistiram da Raçumana.

Um sentimento facilmente compreensível.

Estamos na reta final do extermínio das baleias e sequóias. Dos ursos panda. Os tubarões – que habitam o Planeta há 400 milhões de anos - estão na mira. As abelhas decidiram não esperar a demissão.

Abelhas são maravilhosas. São essenciais para a vida neste Planeta, seu trabalho é insubstituível. São muito mais necessárias à vida na Terra do que a Raçumana. Alguém diz que a Raçumana é a mais importante forma de vida do Planeta: pura bullshit! É o mesmo que perguntar ao torcedor de um time de futebol qual é o time mais importante: Mané certamente dirá que é o próprio time de Mané. Perguntemos aos javalis se o Homem é mais importante do que o Beija-flor; aos Crocodilos se a Humanidade é mais importante do que as formigas. NENHUMA outra Raça votaria na Humana como a mais importante do Planeta, nem mesmo os Cachorros, notórios parasitas da carência humana.

No emblemático filme de 1986 “Star Trek IV: The Voyage Home” (“Jornada nas Estrelas IV: A Volta para Casa”), uma Raça alienígena se dirige à Terra para contatar baleias-jubarte. Se elas ainda existissem, seria um sinal de que a raça dominante não era danosa ao ponto de exterminar toda uma Espécie. Mas em 2286 não existem mais jubartes, o que leva a tripulação da Enterprise a...

Caso se interesse, veja o filme – que é ruim, apesar da boa idéia. Ou então aguarde: estamos exterminando as abelhas (e as jubartes e os tubarões e as sequóias), e quando alguma raça alienígena vier verificar se a raça dominante é danosa... já sabemos a resposta. Sem precisar ver filme algum.


PANDA UPDATE:
De acordo com o mais recente censo (2014), existem 1.864 pandas gigantes selvagens na China (informação do site WWF.Panda.Org).

(SP, 11/jun/2015)

quarta-feira, 10 de junho de 2015

O Vizinho Baterista


Um dos maiores pavores de toda a minha existência sempre foi ter algum Vizinho músico. Reuniões de amigos na porta ao lado com retumbantes rodinhas de violão. Encontros em apartamentos para entoar fervorosos cânticos religiosos, na crença de iluminar algum vizinho à força e na marra. Ensaios toscos. Tortura. Sadismo.

Como é apreciável a oportunidade de relaxamento, concentração e serenidade no recolhimento doméstico. Lugar de agito, tumulto e barulho não é aquele que incomoda os vizinhos. Civilidade, nobreza e respeito dependem de não transtornarmos nossos Companheiros de Viagem.

O organismumano é indefeso quanto a ruídos e barulhos. Se a pessoa no assento a seu lado em um ônibus Rio –> São Paulo se põe a cacarejar via Nextel, ou se um Tiozão gordo desfila em sua histérica Harley Davidson se sentindo o máximo por ser grosseiramente incômodo, ou ainda caso seu vizinho seja guitarrista, saxofonista, baterista ou qualquer outra invasão sonora destas, só te resta aturar a falta de civilidade ou então ter um monte de aporrinhações com este alguém que com tal comportamento já demonstrou ser um semi-selvagem. Como dizem que teria dito Nietzsche, “comportamento ético é aquele que se todas as pessoas do Mundo adotassem, ainda assim a convivência seria possível”. Bem, é fácil imaginar se alguma convivência seria possível caso todas as pessoas do prédio tocassem bateria...

E de repente você tem um Vizinho baterista! Incômodos diários, sobressalto permanente. Você imagina: qual seria a melhor lição para tal elemento? A resposta ocorre fácil: que na próxima encarnação ele passe exatamente por isto, para saber o malefício que provoca. Que na próxima encarnação ele tenha um Vizinho baterista.

E é assim que você descobre o que foi na encarnação passada...

(SP, 10/jun/2015)