terça-feira, 30 de setembro de 2014

da Vinci, Mamãe e o Pênis


Utilizando somente a mim mesmo como 100% do universo amostral, só posso concordar com a afirmação “o que determina o apreço de alguém pela leitura é o apreço de sua Mãe pela leitura”.

Passei o início da vida entre os livros de Mamãe, e logo então os meus. A iniciação se deu com Julio Verne, Agatha Christie, Monteiro Lobato e Isaac Asimov, autores de quem li tudo ou quase tudo – além das toneladas de quadrinhos, é claro.

O Autor preferido de minha Mãe é Honoré de Balzac, mas ela também adora livros sobre a vida de Grandes Homens como Alexandre, Leonardo da Vinci, etc. Na maior parte das vezes, lê em francês. Felizmente para mim leu René Barjavel em português, e assim quando Papai e ela me proibiram de lê-lo aos 10 anos de idade por ter “cenas muito fortes de sexo” eu pude descobrí-lo às escondidas já no dia seguinte!

No início de 1988 morei por 3 meses na casa do Guru R.A. em Cataguases, MG. Papai & Mamãe foram me visitar, e passaram um final de semana hospedados na edícula de seu Sítio no Glória. Quando Mamãe desceu do carro e descarregou os livros que havia levado, R.A. me perguntou em voz baixa:
- “Sua Mãe compra livros... por quilo???”

Aos 81 anos ela permanece com a mesma voracidade de cultura e leitura que me contaminou. Em julho de 2014 fui à casa de P&M no Rio e ela me deu uma folha de papel escrita com sua caligrafia, e explicou:
- “Já que este livro não foi traduzido e você não lê em francês, traduzi para que aprecie.”
Reproduzo a seguir. Trata-se de um trecho do livro “François 1er et la Renaissance”, de Gonzague Saint Bris.

“Em matéria de sexualidade, a época (+/- 1512) nos propõe um ponto de vista inesperado: o de Leonardo da Vinci, quando ele abaixa o olhar em direção ao próprio sexo.

Em seus cadernos (notas) se encontra este texto sobriamente intitulado “Do Pênis” (“De la verge”):

“Ele tem relações com a inteligência humana, e algumas vezes possui uma inteligência própria; a despeito da vontade que deseja estimulá-lo, ele se obstina e age como quer, se movendo às vezes sem a autorização do homem, ou mesmo contra ela. Seja que o homem durma, seja que esteja acordado, ele não segue senão seu próprio impulso.

Freqüentemente o homem dorme e ele está acordado. E também acontece que o homem esteja acordado e ele dormindo.

Inúmeras vezes o homem quer se servir dele, e ele se recusa a isto.

Inúmeras vezes ele quer, e o homem o proíbe.

Então parece que este ser tem uma vida e uma inteligência distintas da do homem, e que este último está errado em ter vergonha de dar-lhe um nome ou de exibí-lo, procurando constantemente cobrí-lo e dissimular o que ele deveria ornar e expor com pompa, como um oficiante.”

E Mamãe finaliza acrescentando uma nota de rodapé:
“Oficiante: quem oficia ou preside ao ofício divino; celebrante. (Dicionário Aurélio)”

(Rio, jul/2014)

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Citações de Filmes


Algumas entre as muitas frases que me marcaram no cinema. Evidentemente não é feita menção a JOE VERSUS THE VOLCANO, ou seria necessário transcrever o roteiro inteiro do filme!

FLATLINERS (1990)
(“Linha Mortal”, com Julia Roberts, Kiefer Shuterland, Kevin Bacon, William Baldwin, etc)

Um diálogo ouvido há quase 25 anos, e nunca esquecido.
Uma Senhora está em seu leito de morte no Hospital, vivendo seus últimos dias – e sabe disto. Alguma Enfermeira vai confortá-la, e acontece a seguinte conversa:
- “Espero morrer em uma segunda-feira”, diz a Moribunda.
- “Por quê?”, fica curiosa a Enfermeira.
- “Porque nas terças os enterros são mais baratos!”

RED (“Retired Extremely Dangerous”) 2 (2013)
(“Aposentados e Ainda Mais Perigosos”, com Bruce Willis, John Malkovich, Helen Mirren, Anthony Hopkins, Catherine Zeta-Jones, etc)

Helen Mirren está nada menos do que MARAVILHOSA neste filme, aos 69 anos dando de 10 a 0 em Cathy Zeta aos 45 (bem, talvez 10 a 1). A cena do espião russo bebedor de vodka apaixonado desde a juventude por ela, que é uma espiã inglesa do MI-5, cheirando extasiado o chulé de suas botas é impagável! (No primeiro filme ficamos sabendo que ele se apaixonou loucamente quando ela lhe deu um tiro precisamente entre as costelas, evitando matá-lo). E John Malkovich está HILÁRIO em todas as suas (muitas) cenas.

Dois momentos marcantes.

Helen Mirren foi contratada pela CIA para exterminar os ex-agentes (aposentados extremamente perigosos) Bruce Willis e John Malkovich, que estão acompanhados pela “civil” Mary-Louise Parker, esposa de Bruce. Helen simula o assassinato explodindo um carro com 3 cadáveres dentro. A não-agente Mary-Louise pergunta a Helen:
- “Onde você conseguiu estes 3 corpos?”
A resposta é rápida, seca e prática:
- “Em meu freezer!”

Em um outro momento os 4 invadiram o Kremlin, e se separam. A esposa de Bruce Willis não sabe falar russo, e quando é abordada por um guarda que se interessa por ela, sua única saída é lascar-lhe um tremendo beijo “desentope-pia”. É claro que Bruce e os outros dois flagram a cena, o que leva o Maridão a perguntar (após nocautear o guarda):
- “HEY! What the hell is goin’ on???”
Embora não seja para ele o questionamento, Malkovick faz uma cara de “deixa pra lá” e comenta com um muxôxo:
- “What happens in the Kremlin, stays in the Kremlin!”

ESCAPE PLAN (2013)
(“Rota de Fuga”, com Stallone, Schwarzenegger e o ‘Jesus Cristo’ Jim Caviezel)

Stallone e Schwarza estão presos em “the most secure prision ever built”, e evidentemente precisam criar um jeito de fugir. A alturas tantas eles simulam uma briga entre si bem no meio dos demais presidiários e guardas mascarados (todos adequados à “most secure prision ever built”). Depois de levar um soco, Arnold se volta para Stallone, dá um risinho e provoca:
- “You hit like a Vegetarian!”

(SP, set/2014)

domingo, 28 de setembro de 2014

Ofensa


“Antes ofender com a verdade do que agradar com a adulação.”

(Padre Antonio Vieira – que deu nome ao Colégio onde estudei o Ginásio 
 citado por Roberto Romano em “O Estado de São Paulo”, 22/set/2014)

sábado, 27 de setembro de 2014

Três coisas que não gosto no Trabalho


Além da desagradável convivência diária com vaidades, ganâncias, covardias e irracionalidades características do serumano, a atividade profissional regular implica 3 coisas que nunca foram minhas preferidas:
- acordar cedo;
- cortar o cabelo; e
- fazer a barba todos os dias.

ACORDAR CEDO
Eu adoraria dormir 8 horas por dia (e poderia dormir até 10 horas ou mais). Sem nenhuma dificuldade para pegar no sono, poderia dormir até de pé no Metrô. Coloco 2 despertadores diariamente, pois estou ciente que no dia em que não acordar com o despertador irei dormir para sempre. Mas desde que saí da casa de meus Pais em 1982, (com raríssimas exceções) nunca mais dormi além de 5 horas em uma noite: a ansiedade diária e a produtividade noturna me levam a deitar tarde, e o senso de dever a acordar cedo. E se estiver trabalhando, mais cedo ainda.

CORTAR O CABELO
Coitado do Sansão!
Cabelo curto, barba feita e
não pode nem dormir em paz!
Não é à toa que os nobres antigos usavam cabelos longos. E nem que Sansão perdeu a força quando Dalila lhe cortou os cabelos. Cabelos são imponentes, belos, gostam de vento, são antenas captadoras de energia e força. Até mesmo o meu, uma gaforinha pixaim que exige um Michelangelo para esculpí-lo. “Savage is beautiful”; mas não aos olhos dos Chefes e Pares (vide “covardia” aí acima). Felizmente não preciso chegar ao extremo de passar gel no cabelo, como fazem... algumas pessoas. A passar gel, prefiro passar fome.

FAZER A BARBA DIARIAMENTE
Uma barbicha de alguns dias é confortável para a pele e razoavelmente interessante visualmente (remeber, “savage is beautiful”). Conceitualmente ideal seria o cidadão passar a semana de barba e cortá-la somente aos sábados, em homenagem e reverência a sua Musa. Mas o que a vida profissional acarreta é exatamente o oposto: o Cabra (ou Bode) faz a barba todos os dias “úteis”, e dá um descanso à pele somente no final de semana. A Patroa que se dane!

CONCLUSÃO
Muuuuuu!

(SP, set/2014)

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Kundera


“A insignificância, meu amigo, é a essência da existência.”

(MILAN KUNDERA, “A Festa da Insignificância”,
 citado por Roberto DaMatta em “O Estado de São Paulo”, 17/set/2014)

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

The Good, the Bad and the Evil


Se tivermos um grupo de 100 indivíduos dos quais 2 sejam “do mal”, esta minúscula minoria conseguirá tumultuar a existência dos demais 98%.

Um único vizinho baterista esgota a paciência mais de duas dezenas de condôminos pacíficos. Um motorista com o carro “tunado” inferniza a vida de mil moradores em uma cidade pequena.

Um único camarão estragado em uma caldeirada estraga todos os outros 100 que estão lá dentro.

Embora nos filmes a vitória final seja (quase) sempre do Bem (o que chega a ser uma pena, pois às vezes os planos dos vilões são geniais e magníficos), tal superação só acontece porque os “bonzinhos” são melhores na pancadaria do que os malvados. Em outras palavras, o Bem não vence no cinema porque é Bom, mas simplesmente porque é bom... de porrada. Se algum dia um vilão fosse bom de porrada ele iria portanto vencer – não tem nada a ver com “vitória do Bem”, é sempre simplesmente a “vitória do mais forte”.

Políticos que poderiam se valer da rara e iluminada oportunidade de ajudar milhões de companheiros de jornada optam por prejudicá-los, apenas para locupletarem os próprios bolsos.

Abandonemos a quimera à qual somos condicionados de que o Bem é mais forte. Não é, pelo contrário: o Mal é mais forte em uma proporção empírica de 50 para 1. O Bem só vence (de vez em quando) por ser maioria, e não por ser mais forte.

O que não deixa de ser um consolo.

(SP, set/2014)

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Contrapropaganda


Faço um estágio na incrivelmente florescente região da Vila Olímpia em São Paulo, cercanias da Funchal, Gomes de Carvalho e redondezas. Na hora do almoço são dezenas de restaurantinhos extremamente interessantes a disputar a atenção dos milhares de profissionais que enxameiam pelas ruas.

Vejo um cardápio de pratos executivos no HOOTERS bastante interessante e a preços convidativos. Parece ser uma boa alternativa de refeição... mas não, espere aí: é o HOOTERS! Aquele das garçonetes peitudas! (Nenhuma discriminação aqui, acontece que este é exatamente o ‘appeal’ do lugar, especialmente nos EUA, sua terra natal). Se alguém me vir comendo lá dentro vai achar que estou lá por causa das peitudas, e não por causa da comida...
Desisto do lugar.

(O Arcanjo me pergunta: -“Ué, e não seria por causa das peitudas???”)

A revista SUPERINTERESSANTE não é “superinteressante”. Ela é, no máximo, “interessante”. Se se chamasse INTERESSANTE, eu leria. Mas “Superinteressante”... não é, e assim não leio.

Cuide de como vai posicionar sua marca, pois dependendo disto você vai perder potenciais Clientes.

(SP, set/2014)

terça-feira, 23 de setembro de 2014

A Arma do Negócio


A melhor e mais sucinta descrição de um Business que já ouvi:

“O McDonald’s anuncia hamburguers, vende coca-cola, e ganha dinheiro com batata frita.”

(de um Professor do Mestrado na FGV-SP, não lembro qual – sorry!)

(SP, set/2014)

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Fazendo Cerimônia


Pessoas que fazem Cerimônia podem até ter a boa intenção de achar que estão fazendo um Bem ao(s) outro(s), mas na verdade estão criando um tremendo transtorno com base em desinformação.

Imaginemos um diálogo entre duas pessoas que NÃO fazem Cerimônia:
- “Você quer ‘A’ ou ‘B’?”
- “Quero ‘A’.”
- “Eu também!”
Questão resolvida, e todos felizes.

O mesmo diálogo, agora entre dois cerimoniosos renitentes:
- “Você quer ‘A’ ou ‘B’?”
(“Hmmm... Eu quero ‘A’ mas acho que ele quer ‘B’, então vou dizer que quero ‘B’ para deixá-lo feliz.”)
- “Quero ‘B’.”
(“Hmmm... Eu queria ‘A’ mas já que ele quer ‘B’, então vou concordar para deixá-lo feliz.”)
- “Eu também!”
Questão resolvida, e todos infelizes!

Costumo dizer: não preciso que um interlocutor responda por mim; EU respondo por mim. Só quero saber o que O OUTRO deseja, para juntos chegarmos a um consenso com base em informações verdadeiras.

Conjugando duas definições que aparecem no “Aurélio 5ª edição versão 7.0”, “Cerimônia” é o “embaraço ou constrangimento resultante da exigência de portar-se (com) formalidades e cortesias entre pessoas que não se tratam com familiaridade.”

Muito faz quem pouco atrapalha!

(SP, set/2014)

domingo, 21 de setembro de 2014

A Ameba e a Baleia


“(...) Se você fosse uma ameba, que considera a individualidade apenas em relação a células isoladas, e perguntasse a uma baleia composta por trinta quatrilhões de células se ela é um ou muitos, como a baleia poderia responder de uma maneira que fosse compreensível para a ameba?”

(“If you were an amoeba who could consider individuality only in connection with single cells and if you were to ask a sperm whale, made up of thirty quadrillion cells, whether it was one or many, how could the sperm whale answer in a way that would be comprehensible to the amoeba?”)

(ISAAC ASIMOV no conto “The Last Answer”, incluído na coletânea “The Winds of Change and other stories”, 1983. Tradução livre.)

sábado, 20 de setembro de 2014

Alumni Day FGV EAESP 2014


(Nota: Texto composto especialmente para os Colegas de MPA da FGV.)

Na Fundação Getúlio Vargas SP, onde fiz CEAG e MPA e da qual tanto me orgulho (assim como a PUC-RJ), o Alumni Day em uma manhã de sábado.

Na organizadíssima chegada e confirmação do cadastramento para o evento, além do belo crachá nominal, brindes: sacola de algodão cru e um elegante caderninho de notas “moleskine-style” hard cover 9x14cm, ambos com logo “Alumni FGV EAESP”; Revista GV Executivo, caneta RH Junior, e alguns etcs.

A palestra de abertura no Salão Nobre, com Zeca Magalhães, fundador e Presidente da Tarpon e moderado pela Professora Patrícia da Cunha Soares é anunciada como “Coletivos Empresariais do Futuro” mas versa sobre “Empreendedorismo”. Ele se revela “um mau aluno da FGV” mas um brilhante orador, divertido e profundo conhecedor do universo das grandes organizações.
- “Eu aprendi apenas uma única coisa, e a usava em todas as provas de todas as matérias: a pirâmide de Maslow. E o pior, eu a usava errado, do mesmo jeito que todo mundo usa!”

Ao invés de pirâmide com 5 níveis, Zeca tem um triângulo com 3 pontas: Sonho, Talento e Capital. O Sonho convida, o Capital Propicia.

“Escolhas fáceis levam à mediocridade.”

“Existem os early-adopters e aqueles que jamais aceitarão uma mudança. Mas a potência de uma mudança realmente aparece quando conseguimos convencer quem era originalmente cético. Quando um cético se converte para o novo ele cria um movimento que arrasta dezenas de colegas.”

“Chefe desengaja, Líder engaja. Gostamos de dizer: - “Você está sendo muito Chefe!””

Recomendação enfática: leitura da entrevista com o Presidente da Unilever em algum exemplar da Revista Veja em agosto/2014.

Outra recomendação: livro “Why Right Brainners Should Rule the World”.

“As grandes solicitações de mudanças só se dão depois de ter havido alguma primeira melhora. Não há nenhuma exigência de mudança quando nada mudou ainda”.

Em seguir, ainda no Salão Nobre, uma Mesa Redonda com meus professores-ídolos (como vários outros do Mestrado) Luiz Carlos Cabrera e Renato Guimarães Ferreira sobre “Competências e Valores para um Mundo fora de prumo”. Renato e Cabrera dão o show habitual; Cabrera menciona as “Competências Eternas”, resultantes de experiências de vida anteriores e/ou externas à vida Profissional, e sua importância na formação da própria experiência profissional do Indivíduo. A Professora Vicky Block faz ótima observação sobre como a comunicação atual leva as pessoas a não se olharem nos olhos durante as conversas, com isto conhecendo muito menos a todos os demais.

Finalmente assistimos no Auditório do 4º andar à dobradinha Marcos Fernandes (economista, gênio!) e Fernando Abrucio (cientista político, gênio!) sobre “Cenário político e econômico a menos de 20 dias do primeiro turno das eleições”. Se Marcos é elétrico, Abrucio é eletrificado, e não pára um único instante de perambular por um espaço de 1m x 1m ao longo de seus 40 minutos. A avalanche de conhecimentos embutida em cada frase das metralhadoras de ambos é avassaladora.

Em todos os eventos da programação, a presença no palco mesmo que fugaz da Diretora da Escola Maria Tereza Fleury.

Ao final, um “get-together” com comidinhas (sandubas, doces, sucos e todavias) no Ginásio, na saída do 7º andar. E mais um brinde elegante na saída: lata dourada de Chocolat du Jour com logo “FGV EAESP 60 anos”.

A lamentar somente o recolhimento dos crachás ao final do evento, que para quem tem uma Expo-Crachás na estante de casa foi frustrante. E muito infelizmente não foi possível “prestigiar” os workshops de preparação de drinques, degustação de vinhos e cozinha natural.

E uma dúvida. Um par de vezes ao longo do evento ouvi a pronúncia “alumnai”, ou alumnae”. Ora, uma vez que a origem da palavra é o Latim (plural de alumnus, “sem luz” no sentido de “sem conhecimento, aprendiz, estudante”) me parece que uma pronúncia “britanizada” mais representa um fruto de colonização do que de erudição. Ou a letra “i” em latim tem a mesma pronuncia “ai” do inglês?!?

Que venha o próximo Alumni Day FGV-SP!

(SP, set/2014)

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

FOOOOOOOOOOOMMM!!!


Os mais novos talvez não saibam ou lembrem, mas a Buzina dos automóveis já foi um instrumento de aviso e alerta, e não de repreensão.

Buzinava-se – com comedimento – para avisar a outro condutor que ele estaria incorrendo em alguma desatenção. Ou talvez para informar “por favor observe, estou em um ponto cego!”

Um simples bip de alerta, mais do que isto não era necessário.

Hoje não. Buzina-se de forma estridente para que o motorista da frente que está tentando entrar em uma garagem jogue seu carro em cima do pedestre que está passando na calçada; buzina-se histericamente para que o motorista da frente avance sobre o cruzamento mesmo que não seja possível continuar a seguir e ele e fique atravessado no meio da interseção quando o sinal abrir, tumultuando tudo ainda mais; buzina-se agressivamente porque se está esperando alguém que não assomou à porta do edifício, e que se danem todos os demais moradores do prédio e transeuntes próximos. Motoqueiros buzinam reclamando porque alguém a 200 metros de distância ligou o pisca-pisca e mudou de faixa. Buzina-se loucamente porque o trânsito está parado com oito mil carros à frente, e EU QUERO ANDAR!!!

Egoísmo e falta de respeito para com o semelhante fazem parte da receita. E de discernimento: além de irritarem, estas buzinadas não levam a nada. Talvez em cidades menores não seja assim. Mas em São Paulo a buzina se tornou a válvula de escape da tensão que a cidade – ou o Terceiro Mundo – impõe a seus moradores.

O problema é que o que escapa por esta válvula é uma baita diarréia.

(SP, set/2014)


quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Hipótese bio-Lógica para as listras das Zebras


A função das listras das zebras é um mistério científico debatido desde a segunda metade do Século XIX.

É curioso como a raçumana se agarra a UM modelo de explicação para as coisas, e a partir daí TUDO tem que se encaixar naquele UM modelo. Às vezes existem outros motivos, meus caros!

Temos aqui um exemplo: a partir do darwinismo, da evolução como resposta ao Meio Ambiente, do conceito de adaptação eficiente, TUDO na evolução passou a ser darwinismo e adaptação.

Algumas vezes a resposta pode ser bem mais simples, meus caros!

A foto ao lado, da Gatinha VIOLA em sua favorita posição fetal, evidencia como ela se acomodava no deliciosamente quentinho útero de sua Mãe (que ela conheceu por quase nenhum tempo).

É fácil observar que a cor preta se instalou em seu entorno, na área “exposta” dentro do útero, enquanto sua área interna – fechada e protegidinha – permaneceu branca como está até hoje.

O mesmo se dá com as listras das zebras. Os fetos ficam encolhidos e enrugadinhos dentro do útero materno, pegando por fora a mesma cor preta da Viola. E quando as zebrinhas se espreguiçam e esticam e despregam as pregas é que aparece o branco – de novo, o mesmo da Viola.

Tão simples! Não tem nada a ver com “defesa contra predadores” ou “adaptação ao Meio Ambiente”.

Daqui a uns 40 anos vocês descobrem.

(SP, set/2014)

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

A roupa colorida do Goleiro


Há alguns anos atrás – muitos para alguns, poucos para outros – li um estudo sobre a correlação entre a cor da roupa de um goleiro de Futebol e seu aproveitamento na defesa de penalties.

O estudo deixava bastante claro que goleiros vestidos com cor cinza ou verde tinham índice bem mais alto de penalties evitados do que aqueles trajando outras cores. O motivo é evidente: com cores neutras, o goleiro mais facilmente se confunde com a paisagem de fundo (na época ainda existiam as Gerais nos campos de futebol). Pessoalmente imagino que a cor preta devesse ter resultado semelhante.

O passar dos lustros nos trouxe no entanto goleiros com uniformes cada vez mais berrantes: laranja, amarelo, azul-piscina, pink.

Somente consigo enxergar duas alternativas para tal comportamento:
- ou o arqueiro está mais preocupado em aparecer e ser “fashion” do que em cumprir sua função de guarda-metas
- ou o Conhecimento não se espalha.

Talvez ambos.

Atacantes que chutam de cabeça baixa agradecem!

(SP, set/2014)

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Evolução Bio-Lógica, ou: Compartilhando o Ancestral Primordial


Qual é a probabilidade estatística de duas Raças diferentes e que nada têm em comum - à exceção do Planeta-Mãe, e de terem H2O como substância essencial da vida – terem coincidente e exatamente as mesmas quantidades de olhos, bocas, canais auditivos, cavidades nasais, membros, procedimento de multiplicação e mais o milhão de coisas que irmanam o corpo do serumano ao de tantas outras raças neste Planeta?

A resposta é óbvia: uma probabilidade tão infinitesimal que pode ser desconsiderada, não sendo necessário ser um Biólogo para enxergá-lo.

Pode-se portanto inferir racionalmente que todas as espécies com as características acima descritas – 2 olhos, 2 narinas, 1 boca, 2 ouvidos, coluna vertebral, 4 membros, reprodução por cópula – sendo irrelevante se o ovo se desenvolve dentro ou fora do organismo, ou se extraem o oxigênio do ar ou da água – têm a mesma origem, a mesma ascendência primordial.

Já as espécies diferentes – que tenham ou oito ou milhares de olhos, antenas, multiplicidade de membros, teçam teias ou se baseiem em clorofila – serão efetivamente de uma outra origem, desde o berço ancestral.

Mas ainda serão necessárias algumas dezenas de anos para que uma raça elitista e de raciocínio obtuso compreenda tal obviedade.

(SP, set/2014)

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Bola na Mão ou Mão na Bola?


Quase todo final de semana é a mesma ladainha: um penalty marcado onde se discute se houve intenção do infrator de desviar a trajetória da bola, ou se foi sem querer - o que, segundo alguns, isentaria o defensor da culpa pela infração.

A questão é estúpida, e se a regra não é suficientemente clara ela deveria ser alterada de forma a não gerar mais questionamentos ignóbeis. É simples: bastaria ser “bola que toca na mão, braço ou antebraço É FALTA, independentemente de haver ou não intenção”. Pronto: acabou a interpretação, acabou a discussão, acabou o questionamento, o critério pessoal (possivelmente negociável) e os melindres: bola-na-mão-é-falta, e fim de conversa. Afinal, a trajetória da bola foi alterada por um elemento estranho ao foot-ball.

A intenção de cometer ou não a falta servirá somente para determinar se o faltoso será ou não advertido / punido com um cartão. Fez falta sem querer? Sorry Kid, é falta! Fez de propósito? Eis aqui seu cartãozinho, bem merecido. E tem também uma falta.

A única exceção poderia ser quando a bola vai direta e violentamente na direção do rosto do atleta, que em um ato reflexo se protege com o braço. Justificado e facilmente identificável, sem necessidade de interpretação.

Outra vantagem desta simplificação é recompensar os defensores que colocam as mãos para trás do corpo quando a pelota está com o adversário: estes jamais cometem a infração. Aqueles que ficam com os braços abertos (e OH, atrapalham sem querer o ataque adversário!...) ficam depois se lamuriando com o beneplácito da Imprensa e torcedores:
- “Foi sem querer...”
Que azar! Tadinho!

Tão óbvio. E por isto mesmo, tão difícil...


(É claro que o passo seguinte seria os jogadores chutarem propositadamente a bola na direção dos braços dos Adversários. “Eu sei que isto é Esporte, que é nobre, o importante é competir, mas se for para ganhar, o fair-play e os escrúpulos não irão me atrapalhar, não é mesmo?”)

(SP, set/2014)

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Racismo no Futebol


Sinto informar que os tão alardeados problemas de racismo que vêm sendo apontados no Futebol são um caso muito mais sério do que racismo no Futebol.

Vivemos uma era em que as vitórias se tornaram mais importantes do que a Honra; mais importantes do que os escrúpulos. No vale-tudo que se tornou a busca pela vitória, nos defrontamos com todo tipo de baixaria tais como (por exemplo) água envenenada para a equipe adversária, vestiário do time visitante esfumaçado sendo impossível respirar, torcida fazendo balbúrdia em hotéis à noite para evitar que a delegação visitante descanse, jogadores simulando faltas inexistentes para cavar penalidades, advertências e expulsões, e todo tipo de falcatrua escorada no princípio “os fins justificam os meios”.

Como o Futebol é o esporte mais popular no Brasil, é no Futebol que tais manifestações de completa falta de caráter se projetam com mais veemência. As agressões verbais racistas não são manifestação de racismo de nosso povo – se o fossem, apareceriam também em outros fóruns sociais– mas diretamente uma busca de desestabilizar os atletas adversários através de agressividade baixa e mesquinha, e com isto conseguir o que é considerado o mais valioso: a Vitória. A Honestidade e a Honra se tornam meros empecilhos a serem superados no caminho de tal Objetivo Final.

E quem semeia isto? Quem coloca a vitória como o objetivo único do esporte? São aqueles que colocam estrelas em camisas e bandeiras de times e confederações nacionais, implicando que somente os vitoriosos têm lugar em nossa História; são aqueles que determinam que o mais importante em uma Olimpíada são as medalhas de ouro, em uma evidente afronta à máxima “o importante é competir”; são aqueles que dão planos de saúde e ingressos gratuitos pelo resto da vida para atletas campeões, deixando todos os que representaram aquela camisa mas não conquistaram um título com a certeza de que não significaram absolutamente NADA naquela História.

Você não conquistou nada? Então você não vale nada!

É só olhar para um Quadro de medalhas: uma medalha de ouro vale hoje mais do que 15 de prata, ou do que 80 participações. O atleta que é bem sucedido em um fingimento e que consegue enganar um Juiz cavando um penalty inexistente ou uma expulsão injusta é louvado por seus companheiros e aclamado por sua torcida!

Não é de admirar que as agressões cheguem à torcida. Não se trata de Racismo; é falta de Ética. Falta de Honra. Falta de escrúpulos e de Moral. Quando jogo botão, prefiro perder por 5x4 a ganhar por 1x0. Esporte (em minha idílica visão) deveria significar aprimoramento, desenvolvimento, diversão saudável; e não esta desenfreada e sôfrega busca de afirmação “eu sou mais forte do que você”, “eu sou mais rápido do que você”, “eu sou melhor do que você” (variantes do “eu sou mais rico”), “você é pior do que eu, mais fraco, mais lento”, “escolheu pior por quem torcer” (variante de “eu te humilho”).

Vencer pode ser bom, mas a Nobreza é muito mais importante. Infelizmente parece que as pessoas dão mais importância à opinião dos outros do que à própria (o que também leva à Mentira; mas este é um outro tópico). E assim, o Esporte – ao menos parte dele – vai se tornando um reduto de sentimentos sórdidos.

Quem quiser se divertir jogando Botão, estou à disposição!

(São Paulo, 29 de agosto de 2014)