sábado, 22 de dezembro de 2012

Votos Airulopodas


Nada é mais importante do que o cuidado
com nossos Companheiros de jornada.
Votos de um ótimo Natal, e excelente 2013!

VIOLA (na Árvore de Natal da Anelisa) concorda com os votos!
 

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Catwoman


Qualquer discussão sobre “quem foi a melhor Mulher-Gato” que envolva Halle Berry, Michelle Pfeiffer ou Anne Hathaway é pueril e inócua.

Quem quer que tenha visto Julie Newmar em ação sabe que perto dela estas outras são insossas, quase assexuadas.

Julie era uma dançarina ultra sensual, e desenhou o próprio traje feito de lurex com botas altas, cinto baixo e diversos acessórios balouçantes (alguns não tão “acessórios” assim).

Li há muitos anos (ou melhor, décadas) que foi feita uma pesquisa com adolescentes nos EUA sobre qual a principal Musa inspiradora de suas “homenagens” particulares. Deu Julie Newmar na cabeça! (ou melhor: “na chapeleta”...) 
 
Em todos os episódios da série de televisão “Batman” na segunda metade dos anos 60 em que ela aparecia, a Mulher-Gato – em geral em meio a um processo de sedução do Morcegomem quando ela tinha finalmente sido capturada – morria no final. Mas ela reapareceria em algum outro episódio posterior... para “alívio” da galera!


Anne Hathaway pode ter sido a melhor Agente 99 da história – no doubt about it. But “Catwoman”... is a bit too much for her!

(dez/12)

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O movimento imigratório para o Brasil no século XXI


O dicionário Aurélio – minha Bíblia – define ‘redação’ como “ato ou efeito de redigir”, e ‘redigir’ como “escrever com ordem e método”.

Uma prova de redação destina-se portanto a verificar a capacidade de uma pessoa redigir. O que parece óbvio para qualquer um. Menos, talvez, para as sumidades que idealizaram o Exame Nacional do Ensino Médio 2012.

É difícil imaginar tema mais IMBECIL para uma prova de redação do que “O Movimento Imigratório para o Brasil no Século XXI”. O que se está averiguando com tal assunto não é a capacidade do candidato de redigir ou não. O que fica em cheque é o conhecimento do candidato sobre tal tema, e não aquilo que é – ou deveria ser – o objeto e objetivo de uma prova de redação.

O assunto para uma prova de redação stricto senso deveria ser: “O que fiz neste final de semana”, ou então “O que fiz nas últimas férias”, ou até mesmo “O que espero do ENEM”, “O que espero do Vestibular”, etc.

Certamente se espera algo pensado de forma minimamente racional e inteligente.

Coitado do Saramago. Se tivesse que redigir preso a este tema, seu desconhecimento a respeito poderia levá-lo a uma humilhante reprovação. A não ser que valesse uma redação como:

O movimento imigratório para o Brasil no século XIII

Em seu discurso de agradecimento pelo Lebon de Literatura ela contou um episódio de sua adolescência: ‘fiz certa vez uma prova chamada Exame Nacional do Ensino Medio’, começou, ‘e o tema da redação era “O Movimento Imigratório para meu País no Século XIII”, mas eu não sabia NADA a este respeito (todos riram na platéia) e eu não queria inventar e passar por ridícula e dexei portanto a redação vazia como meu conhecimento e fui reprovada, eu não sabia escrever foi a conclusão, não sabia redigir, de forma que agradeço às Senhoras e Senhores por este prêmio mas na verdade há alguém enganado nesta história, ou os Professores que me julgaram antanho ou quem me outorga este prêmio, espero sinceramente que tenham sido eles, muito obrigada’, e foi aplaudida de pé.

(nov/12)

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Toma lá, dá cá



O passar dos anos não lhe tirava o entusiasmo pelas suculentas formas femininas. Ele passou a entender que embora o corpo envelheça, o ardor permanece. Passou a entender a fascinação dos mais idosos pelas apetitosas raparigas de todas as faixas etárias.

Comentou então com Sicrana:
- “Quando ficar idoso, vou ser um Velho Tarado!”

A resposta dela foi à queima-roupa:
- “E eu serei uma Velha Fogueteira!!!”

(nov/12)

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Real Power


“Não Querer é Poder”
(Carol Artero)
(talvez citando Fernando Pessoa)

(25/out/2012)

domingo, 25 de novembro de 2012

Major Nelson


Larry Hagman faleceu há 2 dias.

É inacreditável que ele venha sendo lembrado pelo papel de J.R. em “Dallas”.

O cara tinha uma garrafa com a JEANNIE dentro, galera!

Quem quer saber de Dallas?!?


([23+2]/nov/12)

domingo, 28 de outubro de 2012

Ch-ch-changes



“As pessoas são muito abertas às coisas novas,
desde que elas sejam exatamente como as coisas antigas.”

(Charles Kettering, citado pelo jornal "O Estado de São Paulo" – 28/out/2012)

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

How do you feel?


Foram décadas  de espera. A bem da verdade, não era nem mesmo uma espera: parecia que os ROLLING STONES jamais viriam ao Brasil. Foi somente quando tinham mais de 30 anos de estrada, na Voodoo Lounge Tour em janeiro de 1995, que vieram pela primeira vez.

Eu estava no Estádio do Maracanã com (entre outros) o Amigo RdNBF, um old-time-fan que fez uma longa viagem para assistí-los no Rio. Majestoso e colossal são palavras débeis para descrever o palco. Estádio evidentemente lotado. Como sempre, fiquei na Pista. Difícil dizer se o sangue da platéia estava mais diluído por cerveja ou por adrenalina.

Em algum momento delirante da performance me viro para RdNBF (que era muito mais Fã da Banda do que eu) e pergunto, entusiasmadérrimo:
- “HOW DO YOU FEEL?!?...”

Confesso que jamais esperaria aquela resposta:
- “I FEEL LIKE PEEING!!!”

(out/2012)

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Il Pizzaiolo


As Áreas de Investimentos e de Marketing daquele Banco estavam em pé de guerra. O motivo era a implementação da URA (unidade de resposta automática, aquelas respostas pré-gravadas que acabaram levado ao fim do atendimento personalizado), de responsabilidade da primeira mas que deveria atender às solicitações das diversas Áreas da Empresa – Seguros, Crédito, Cartões, Previdência, Poupança, etc. No Menu inicial do atendimento, a Área de Investimentos ganhou o número “7” (“para Investimentos, digite 7...”); a partir daí, todos os Menu que se seguiam seriam desenhados por Investimentos, sob a orientação e responsabilidade final de Marketing.

Após algumas semanas de especificações, determinação dos menus pré-gravados, integração dos sistemas para fornecerem as respostas corretas – notadamente saldos – e adequadas, definição de prioridades, etc, o prazo estava apertando e parecia que jamais se chegaria a um formato final. Provavelmente a Área de Marketing estava tendo os mesmos problemas de repetidas mudanças e solicitações de todas as demais Áreas, pois os nervos estavam em pandarecos. Chegou um ponto em que o VP de Marketing mandou um mail interno geral, curto e seco:
“A Área de Marketing não é Pizzaria.”

Minutos depois circulava para os mesmos destinatários a resposta do VP de Investimentos, que era americano:
“Make mine pepperoni, please!...”


(out/2012)

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Radiateur


Frio extremo e temporão em São Paulo. Vou à festa de 40 anos de uma Amiga. O requintado apartamento está lotado de Mulheres, quase todas na mesma faixa etária da Anfitriã, e com uma minoritária participação masculina. O perfil feminil é uniforme: em excelente forma, as convivas vestem trajes elegantes e provocadores que mais ressaltam os dotes físicos do que as protegem do frio. Os Maridos fazem parte do passado. Garçons servem champanhe e vinho a granel, e garçonetes se encarregam de deliciosos e delicados canapés – tudo com extremo apuro e bom gosto.

Perto de 50 vozes femininas simultâneas são a trilha sonora do evento, abafando o som de “Tourist”, do St. Germain. Sempre me impressiona a capacidade das Mulheres de conversarem animadamente à minha frente, várias falando e se entendendo ao mesmo tempo sem que eu alcance uma única palavra do que está sendo dito.

A alturas tantas me vejo em um quarto onde 8 ou 10 Senhorinhas comentam a respeito de seus Ex-Maridos. Estão apartadas de convenções, e portanto à vontade para reprovar acidamente as atitudes pouco esmeradas e nada cavalheirescas dos ex-bofes. Reclamam da sem-cerimônia com que removiam taludas catotas dos narizes e expeliam sonoros e fétidos flatos na frente delas; comentam a “falta de educação”, “falta de gentileza”, “falta de respeito”, “falta de tato”, “falta de simancol”. Talvez enquanto estivessem casadas elogiassem a “enorme intimidade” que tais atitudes simiescas representavam; mas agora, livres para falar o que realmente sentem, trucidam sem piedade a deselegância dos antigos caras-metade.

Começo a dialogar desinteressadamente com uma Dama. E do alto da ingenuidade de meus cinqüenta e poucos anos comento inocentemente:
- “Uma das vantagens de ser Homem são as roupas. Eu estou trajando sapatos macios, meias de algodão, calça comprida e mangas compridas. Já vocês estão todas com desconfortáveis scarpins, de pernas e ombros de fora, decotadas e desprotegidas. Como é que vocês não ficam com frio???”

Ela encosta o corpo no meu, e sussurra lasciva e malemolente em meu ouvido:
- “São os hormônios!...”


(out/2012)

terça-feira, 23 de outubro de 2012

O Feitor e o Capacho


É quase infalível a receita para galgar promoções em boa parte das Empresas.

Com seus superiores, o Profissional se comporta como um capacho. Não se contrapõe, não enfrenta, não traz a voz da razão, não entra em atrito ou conflito. Não diz “não”. Simplesmente se dispõe sorridente a implementar atrocidades, deixando que o destino e o correr das águas (ou algum louco) venham a mostrar que a solicitação era inviável, impraticável, completamente estúpida. Afinal, neste meio tempo, já terá sido promovido. Ou ao menos terá conseguido manter seu posto.

Já com seus subordinados, o Profissional ambicioso se porta como um Feitor. Impõe – repassa –  retransmite – os absurdos que engoliu sorridente de seus superiores hierárquicos. E quando tais subordinados questionam usando a razão,  retrucam “são ordens de cima”, e consideram resolvida a situação. A satisfação de seus semelhantes – no caso, os subordinados que dele dependem – não lhe faz a a menor diferença, nem tem a menor importância.

Não há um único dia em minha existência em que eu não pense na sentença “o Homem é o Lobo do Homem”.

(set/2012)

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Rock’n’Roll All Nights


Dani G. estava desempregada e desconsolada. Recorri a todo meu arsenal de argumentos em favor da liberdade, disponibilidade, ócio criativo e mundo de oportunidades, mas nada a animava.

Sabedor de que a Menina era chegada numa night, resolvi apelar:
- “Pense nas noites de domingo! Todo mundo acha a noite de domingo depressiva, mas isto é porque as pessoas têm que trabalhar na manhã de segunda. Para quem está desempregado, as noites de domingo são maravilhosas!”

Na resposta, a voz dela brilhava:
- “Meu caro, não são só as noites de domingo do desempregado que são maravilhosas... São TODAS as noites!!!”


(out/2012)

domingo, 21 de outubro de 2012

Sismaria


Um fenômeno bastante comum no interior e do qual não encontro qualquer referência nos mecanismos de busca da Internet é a “sismaria”.

Ocorre quando vemos a luz dos relâmpagos sem ruído de trovões. Não é incomum em áreas rurais observarmos nuvens pesadas ao longe sendo repetidamente iluminadas por clarões, quase “piscando”... e sem um barulho sequer. Um estroboscópio majestoso, silencioso e hipnotizante.

A sabedoria sertaneja chama este impressionante fenômeno de “sismaria”.

Nas cidades grandes, nem mesmo chegamos a vê-lo. E quem vê, em geral não sabe o nome.


(Nota: pesquisei infrutiferamente diversas alternativas como “sesmaria”, “cismaria”, “cizmaria”, “cezmaria” e o que mais seja possível imaginar. Fica portanto a palavra registrada como a ouvi, ou como a entendi; afinal, o objetivo primário da grafia é representar e conservar a comunicação falada.)


(out/2012)

sábado, 20 de outubro de 2012

O Verdadeiro Final da Novela “Avenida Brasil”


“Avenida Brasil” foi uma novela fenomenal em seus primeiros 2 meses, o que me levou a recomendá-la entusiasticamente a diversos Amigos e Familiares. O problema é que depois disto ela entrou em espiral descendente, o que levou estes mesmos Amigos e Familiares a me espinafrarem – e com razão!

A meu ver, a “soap opera” se sustentou com monumental sucesso graças a 2 motivos básicos: a trama absolutamente fascinante tecida naqueles primeiros dois meses, e a genial galeria de tipos que foi criada – mérito para o Autor e para os Intérpretes. No entanto, a necessidade de encompridar a permanência do drama no ar levou a sucessivos “embarrigamentos” que praticamente mataram a trama, demonstrando incapacidade e falta de traquejo para um trajeto longo. E, limitado pela necessidade de tecer destinos compatíveis com “a moral e os bons costumes” da Dona Dorotéia de “Gabriela”, o Autor perdeu a chance de construir um final que seria antológico, marcante e inesquecível.

ÁGATA

Evidentemente era filha do Genésio. Daí o ódio da Carmem Lúcia por ela. Escolheram até mesmo uma atriz que "slightly resembles" o Tony Ramos...
Sendo irmã da Rita-Nina por parte de Pai e do Jorge-Batata por parte de Mãe, ela ainda ia poder dizer:
- "O meu irmão come a minha irmã."
E tudo bem!!!


O DESTINO DE CARMEM LÚCIA

O final da principal personagem da novela foi completamente pífio. A Vilã do Mal virar uma Santa do Lixão, nos poupem! Um final condizente se daria no próprio Aeroporto de Búzios, quando ela roubou a arma do Pai Santiago – que a violentava quando menina. Ela obviamente teria matado o Pai e daria uma banana para o Tufão e a Nina, embarcando no avião para o Paraguay com os $20 milhões e seguindo depois para a Itália conforme planejado. Um final muito mais nobre e adequado ao Personagem, ao invés da pantomina ridícula de contrição, submissão e redenção (incompatíveis com a personalidade dela) à qual fomos submetidos.

O ASSASSINO DO MAX

Ao longo dos últimos capítulos, diversos personagens se esmeraram em acobertar / proteger / ocultar o assassino: Muricy, Ivana, Lucinda, Nina, Nilo (que sabia quem matou porém não revelou, limitando-se a dizer que "não foi a Lucinda") e até a Carminha no capítulo final.

Ora, quem é a única pessoa que todos estes teriam interesse em proteger?

O Cauã, vulgo Jorginho Batata! Neto, Irmão, Neto, Namorado, Neto e Filho desta galera toda!
 
Inclusive quem revir a cena do crime verá que instantes antes de "apagar" a Nina correu para trás e gritou: - "Jorginho!"

Ele teria também a força necessária para dar a enxadada. E a raiva do momento: afinal, o cabra estava ameaçando estuprar sua amada.

Teríamos assim a Tragédia Absoluta: o Avô (Santiago) dele matou a Avó (Virgínia, mãe da Carminha), o mesmo Avô matou o outro Avô (Nilo), a Mãe (Carminha) matou o Avô (Santiago) e finalmente ele mesmo matou o próprio Pai. Tragédia Grega é pouco!!! Ousado e histórico ...

... se houvesse havido coragem.


(BÔNUS: DOIS FUROS NA TRAMA

Não sou favorável a buscar furos em trama de novela, mas dois saltam aos olhos por excesso de inabilidade.

Como é possível que o Adauto fosse analfabeto, se no capítulo final mostrou-se que ele era aluno de um Colégio interno (quando surgiu o apelido “Chupetinha”) ???

E o Tufão? No primeiro capítulo da novela atropelou  o Tony Ramos, porque estava dirigindo cantando e trocando um disco no CD Player de seu carro ao invés de prestar atenção na pista. Atropelou, matou e fugiu da cena do crime. E tudo bem? O cara ainda acaba sendo o “Herói” da novela?!?)


(out/2012)

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

A Azeitona e o Vento


O Amigo IS comenta:
- “Aos 50 anos, chega-se a uma idade onde se morre ou com uma bala no peito ou com um vento nas costas”!

(out/2012)

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Vitórias Ocas


O Adolescente-Quase-Homem está chateado. Triste, cabisbaixo, macambúzio. É evidente que alguma coisa não saiu de acordo com seus planos e expectativas.

O que ele ainda não sabe é que aprendemos muito mais com as derrotas do que nas vitórias. A bem da verdade, as vitórias nada nos acrescentam, a não ser alegria passageira e um tosco orgulho futuro onde a pessoa remói seu ‘passado glorioso’, ao invés de focar na construção do novo presente.

Nas derrotas e nos erros, crescemos. Nos tornamos melhores. Aprendemos quais foram as besterias que nos levaram ao fracasso, e – se formos atentos – como não repetí-las.

Por vezes é necessário errar duas ou mais vezes para então entender o padrão do desvio. Que seja.

Sofra a dor da derrota, mas principalmente aprenda com ela.

É claro que algumas vitórias são necessárias para manter um mínimo de astral, mas lembre-se que para cada time que é campeão brasileiro temos 19 que não são; para cada medalha de ouro temos dezenas de derrotados; e assim por diante.

Menos é mais. Aprender perdendo.

Foi assim que me tornei um gigante!

(out/2012)

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Manual de Redação



"Os grandes escritores não foram feitos para se submeterem às leis dos gramáticos,
mas para imporem as suas."

(Paul Claudel, citado pelo jornal "O Estado de São Paulo" - out/2012)

domingo, 16 de setembro de 2012

Qualidades x Defeitos


Seriam as Qualidades que mais prezamos diametralmente opostas aos Defeitos que mais abominamos? Será que temos raciocínio simétrico?

Para analisar esta hipótese, recorro a meu mais ordinário objeto de estudo: eu mesmo. E passo a avaliar as Qualidades e Defeitos que mais mexem comigo. Começando pelas Qualidades.

1. CORAGEM
Coragem não é “não ter medo”, o que representaria Inconseqüência. Coragem é ter medo – e enfrentá-lo.

2. GENEROSIDADE
Generosidade não se retribui, mas se aprende. Todos temos oportunidades de sermos generosos – mas quase sempre com pessoas diferentes daquelas que foram generosas conosco. O que significa que aprendemos a lição.

Generosidade não se refere exclusivamente a bens materiais, mas sim a coisas que farão falta àquele que as dá. Não há mérito em se dar alguma coisa que não fará falta. Considero admirável a generosidade com o próprio Tempo: dedicar atenção aos outros, ouví-los, dar-lhes importância, mostrar que são importantes. Isto toma Tempo  e Tempo faz falta. Dedicar Tempo é um bom exemplo de Generosidade.

3. RESPEITO
Fundamental para a convivência social, e cada vez mais difícil de se encontrar. A lição de Immanuel Kant é imortal: “Comportamento ético é aquele que mesmo que fosse adotado por TODAS as pessoas, ainda assim a convivência seria possível”. Respeito é se importar com a forma como os demais receberão suas atitudes; é lembrar que os outros existem.

4. JUSTIÇA / HONRA / LISURA
“Face value”. É (muito) preferível perder com Honra a vencer sem Lisura.

5. EMPENHO / ESFORÇO / DEDICAÇÃO
Vemos cada vez mais exigências, com cada vez menos esforços. Ou será que é assim só em nosso País?


Passando então aos Defeitos que me transformam em um monstro com a pele verde!

1. EGOÍSMO / MESQUINHARIA
O Ser Humano (prefiro chamar de “Cerumano”) é pródigo em.

2. PREGUIÇA
Preste atenção ao asfalto das ruas e estradas de nosso País. Somos assim com tudo: tarefas são cumpridas de qualquer jeito, nas coxas, só para o cerumano brasileiro se livrar do trabalho. Cuidado, dedicação, carinho com as obrigações? Mas o quê você está pensando?!?

A Preguiça é refletida também na ignorância. “Eu não sabia” e sua variante piorada “eu não sabia que não podia” se tornaram desculpas corriqueiras. Ora, uma dupla negativa não é justificativa! Se alguém não souber que o Fogo queima, ele vai queimá-lo do mesmo jeito!

Ignorância não é desculpa  é pecado.

3. IRRACIONALIDADE
Em geral manifestada sob a forma de Otimismo ou Pessimismo. Temos também os Emocionalismos e Pieguices. As Crendices. Chantagem Emocional, e a submissão a ela. Os Fanatismos. As Birras.

4. COVARDIA
A manifestação do mais forte, ou de quem tem mais poder, pode ocorrer de diversas formas: o jornalista que tem uma coluna no jornal falando sobre aquele que não tem como se fazer ouvir; o Chefe dando chave de galão no funcionário para impor uma vontade injustificável; a pessoa com mais recursos de comunicação humilhando aquele que tem menor capacidade de se expressar; o mais rico tripudiando sobre o mais pobre; quem tem o microfone se manifestando pelos alto-falantes contra quem não o tem. Nojo!

Também os medos gratuitos e não-embasados são uma manifestação de Covardia, neste caso com um requintado suporte da Irracionalidade.


E então? São simétricas as duas listas?
Coragem / Generosidade / Respeito / Honra / Empenho
versus
Covardia / Egoísmo / Preguiça / Irracionalidade

Talvez seja como o nosso rosto. Não é simétrico... mas um lado parece com o outro.

Qual a sua lista? Você é uma pessoa "simétrica"?


(set/2012)

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Quatro por Quatro


No trajeto entre Ipanema e a Gávea, um motorista de táxi conta sua história.

“Sou casado há 10 ou 12 anos. Neste período, aprendi que este negócio de ter Amante não tem nada a ver. Depois de um tempo a Mulher se apaixona, fica exigente, quer ter filho, fica pressionando, liga pra tua casa, cria caso... O negócio é freqüentar bordel e casa de swing! Tem cada Menina linda, e sai muito mais barato, é só fazer as contas. Tem uma casa ótima, a Quatro Por Quatro, conhece?” (Não, eu não conhecia.) “Fica no Centro, na Rua Buenos Aires. Vou sempre lá com uns amigos. Cada princesinha que você não acredita!... Outro dia eu estava lá e tinha uma Deusa, daquelas que você pede em casamento na mesma hora. Fiquei olhando para ela, parado e bobo, sem ação, e então ela me perguntou:
- “O quê você está olhando?”
- “Eu estava te procurando...”
- “Gostou de mim?”
- “Você é muito bonita!”
- “Sou bonita, sou gostosa, e quero que você coma o meu cu!”

Ele continua, entusiasmado:
“Eu a abracei e falei: - Você é minha!!!”

E arremata, quase emocionado:
- “Eu estava apaixonado!...”

Portanto, que os Rapazes perdoem a inconfidência, mas fica aqui entregue de bandeja às Moças uma receita para conquistar qualquer Varão no primeiro contato. Basta ser bonita, ser gostosa, e...

... é Amor à Primeira Vista!

(ago/2012)

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Agenda Oculta


São dois os motivos para não nos ser facultado saber o que acontece após a Morte.

Um, porque a partir deste conhecimento nenhum gesto seria espontâneo, ou teria mérito.

Outro é que, se soubéssemos, todo mundo se mataria!


(ago/2012)

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Resposta do Futuro


Se me fosse facultado saber uma única coisa sobre o quê o Futuro nos reserva, eu não faria a pergunta óbvia – se a Humanidade vai sobreviver a si própria, a suas próprias patuscadas. Isto me parece altamente improvável, e até mesmo imerecido. Minha demanda seria outra.

Sou carnívoro, e mais: fico mal quando passo muito tempo sem comer carne. Fico fraco. Além dos bois, como também frango (quase todos os dias) e também peixe. Me alimento das carcaças de outros habitantes de nosso Planeta, que compartilham a nossa existência. Acontece que observo pelas reações de meu organismo – e também pela história da evolução das cáries nos dentes da Humanidade – que o corpo do Homem necessita carnes. Existem motivos naturais para termos dentes caninos na boca. E, verdade seja dita, ainda não encontramos um substituto aceitável para as carnes, para seu suprimento de ferro-M e vitamina B12, por exemplo.

Eu como a carne – mas não mato o boi. Nem o frango. E nem o peixe! Quando criança eu morava em Copacabana, e um ótimo passeio era atravessar o Corte de Cantagalo a pé e ir à Lagoa Rodrigo de Freitas passear, atirar com espingarda de ar comprimido (o famoso “chumbinho”) na Pedreira da Catacumba, ou então... pescar na lagoa. Foi com enorme excitação que fui pescar pela primeira vez por volta de 10 anos de idade. Na primeira vez não peguei nada, mas quando retornei na semana seguinte consegui fisgar algo pouco maior do que um girino. Euforia! Entusiasmo infantil! Que murchou de imediato quando vi a Babá de meu Irmão menor tirar o anzol da boca daquele peixinho que se debatia em desespero. Ele estava machucado por minha causa! Estava morrendo asfixiado por minha causa! Fiquei traumatizado pelo sofrimento daquele Ser Vivo, e esta acabou sendo a única vez que pesquei em toda a minha vida.

Estive na África do Sul em maio/2012. A intensa vivência próximo aos animais nos leva a compreendê-los e admirá-los ainda mais. Dormem, comem, descansam, brincam, se exercitam. São outros habitantes desta mesma existência, mas que a aproveitam tão bem – ou muito melhor – do que nós. Não faz sentido que os matemos para nos alimentarmos. É bárbarismo. Mas... meu organismo precisa do que as carnes trazem! Como resolver esta questão?

Portanto é esta a resposta que desejo do futuro. Conseguiremos em algum momento sintetizar alguma substância que substitua as carnes? Conseguiremos parar de matar nossos Irmãos para comer? Será que nossa racionalidade vai servir para alguma coisa?


(E pelamordedeus me poupem de respostas do tipo “vegetarianismo com injeções de vitamina B12”. Estou falando de futuro. De evolução tecnológica. Em solução global. I'm talking business.)


(ago/2012)

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Take the Long Way Home


Quando se anda de moto, qualquer trajeto é passeio.

Assim, existem 2 ótimos motivos para um motociclista pegar um caminho que seja mais longo:
  • porque tal caminho tem menos sinais de trânsito; ou
  • porque é mais longe!

(ago/2012)

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

It’s only Rock’n Roll, but I like it


Por muito tempo acreditei que nossa capacidade de se apaixonar por Bandas novas ficasse restrita a determinada faxa etária – digamos, entre 15 e 25 anos de idade por exemplo. É claro que me baseava em um universo amostral bastante restrito para chegar a tal conclusão: Eu, meus Amigos, Eu, meus Parentes e Eu. Afinal, é bastante comum a afirmação que “a música atual é uma porcaria”, qualquer que seja a idade de quem faça tal comentário. Assim, se quando tinha 16 anos eu ouvia T.Rex, Genesis, Alice Cooper, Emerson Lake & Palmer e Led Zeppelin, ouvia também comentários que “antigamente é que a Música era boa”. Hoje, já um ancião quase centenário, sou eu quem profere a mesma ladainha, sempre me referindo – como todos de minha geração – ao “maravilhoso panorama musical dos anos 70”.

Acontece que ao mostrar músicas que sempre adorei para pessoas que nunca as ouviram, tento empatizar como se eu fosse tal ouvinte noviço, considerando como eu mesmo analisaria aquela música se a estivesse ouvindo pela primeira vez. O resultado é desastroso! Tente por exemplo ouvir os quase 44 minutos de “Thick As A Brick” como se não a conhecesse: é insuportável!

De vez em quando alguém me apresenta um som que gosta desde seu passado, e que eu ainda não conheço: Def Leppard, Judas Priest, etc. O Amigo está sempre entusiasmado, mas eu... acho um puta porre! Que som adolescente! E fico pensando que o cara só gosta deste som porque aprendeu a curtí-lo quando tinha seus 18 anos.

Isto justificaria o porquê de coisas como rap, funk, sertanejo e quetais conseguirem fazer sucesso atualmente, apesar de serem intragáveis. Se deve ao fato do ouvinte ter a cabeça virgem do adolescente musical, aberto para tudo, terreno em que se plantando tudo dá.

No entanto, recentemente dois fatos vieram a modificar esta minha hipótese. Primeiro foi a descoberta do RAMMSTEIN, Banda de Metal alemã com base Progressiva que me encantou e de quem vim a gostar de TODOS os discos, como se eu fosse um adolescente. Fui aos shows, comprei os vídeos, e até voltei a estudar alemão; matusalém reborn.

Mas o golpe de misericórdia na teoria foi o disco de 2012 “Tits’n Ass”, do GOLDEN EARRING. Como já aconteceu com dezenas de álbuns que vim a amar, eu o ouvi as primeiras vezes com bastante distanciamento. Foi apenas quando escutava o disco pela 6ª vez que vim a entender que se trata de Uma Verdadeira Obra Prima!!! E um raio me abriu a cabeça: não é que na adolescência nós tivéssemos a cabeça mais aberta musicalmente; ocorre que naquela época nós ouvíamos um disco diversas vezes antes de chegar a um veredicto sobre ele. Nós comprávamos discos, e os ouvíamos! Mas com o passar do Tempo e com a idade, já maduros, experientes, impacientes, reumáticos e enrijecidos, passamos a ouvir um disco novo apenas uma vez – ou ½ vez, se tanto – e então já o rotulamos, de  imediato, e em geral de forma negativa. Não nos aprofundamos, não descobrimos os detalhes, não nos envolvemos – e assim fica tudo sendo mesmo uma merda!

Somente dedicamos sete ou oito audições a um disco novo de um Banda que gostemos muito – uma daquelas que nos conquistou décadas atrás. E assim se cria o círculo vicioso: só gostamos hoje dos discos novos de quem já gostávamos antes!

Algumas sons eu demorei muito para compreender: passei quase 40 anos comprando discos e ouvindo o VAN DER GRAAF GENERATOR, para finalmente vir a me deliciar completamente com a Banda somente de 2010 para cá. É inimaginável que atualmente eu fosse dedicar 40 anos a uma Banda que eu não entenda...

Uma exceção honrosa a este tipo de comportamento é Mamãe: ela sempre ouviu e curtiu coisas novas com muito mais abertura do que eu. Foi a Miami assistir a um show “No Security” dos STONES (sem seguranças entre a platéia e a Banda); foi ao Maracanã assistir o PRINCE na Pista; e algumas outras peripécias definitivamente impublicáveis.

Ou talvez eu esteja errado: o som atual é mesmo uma titica. E mesmo com 50 anos de estrada, o GOLDEN EARRING é uma exceção fenomenal!


(ago/2012)

domingo, 26 de agosto de 2012

Fastio Tântrico


Tenho pena das pessoas que pregam se estenderem em preliminares sexuais por dias, semanas ou meses sem orgasmo; se orgulham de levar o desejo até um limite quase insuportável para depois terem fortíssimas descargas. Revelam uma falta de conhecimento do próprio organismo e também de raciocínio lógico extremamente danosos à saúde a longo prazo.

O orgasmo nada mais é do que uma necessidade orgânica, assim como beber, comer ou respirar. É uma ferramenta de reprodução da espécie, nada tendo a ver com "contato cósmico com Deus", "atalho para o Nirvana" ou qualquer outra baboseira similar. A diferença é que, ao contrário das demais necessidades do organismo, precisamos levar esta a um extremo antes de saciá-la. Assim, quem tem fome, come, e quem tem sede, bebe – é simples e direto; mas quem tem desejo sexual precisa elevar sua excitação ao limite antes de satisfazê-la. A sensação de saciar é muito mais intensa; e é por isto que o sexo se torna tão forte em nossas vidas.

Evidentemente quem levar a fome ao extemo terá uma tremenda sensação de prazer quando comer; da mesma forma que aquele que está quase morrendo de sede tem um monumental prazer ao beber. Esta sensação foi muito bem explorada há muitos anos pela campanha do refrigerante TEEM “para a pior sede”, que dizia: “provoque a sede até não agüentar mais”. E apresentava um náufrago completamente ressecado sendo resgatado de seu bote e levado para um navio, onde pedia para surpresa de todos:
- “Amendoim torrado!”
Na frente da tripulação horrorizada ele colocava os amendoins na boca ressecada, e então abria a mochila que o acompanhava no bote salva-vidas: era um isopor cheio do refrigerante, gelado!

Outro anúncio da mesma série (um deles era com o Paulo Cesar Pereio) mostrava um homem saindo do deserto totalmente ressecado e entrando em um bar. Ele estava torrado, em petição de miséria. Se arrastava até o balcão e pedia:
- “Batata chips!”
Todos ficavam chocados, e ele enchia a boca seca. Abria então a mochila que trazia nas costas, cheia de... gelo e Teem! E se refastelava...

Ficar meses em preliminares provocando e não satisfazendo o organismo equivale a ficar dias sem comer e então se deliciar; ou muito tempo sem beber, e então se saciar. Ou mesmo ficar vários minutos sem respirar e então encher os pulmões. Dará mais prazer, mas evidentemente a repetição a longo prazo fará mal ao organismo.

A sensação instantânea pode até ser uma delícia.

Mas prepare-se para o cancer de próstata, mané.


(ago/2012)

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Mickey 3D


Ela caminhava pela mesma calçada que eu, vindo em minha direção.

Vestia uma camiseta justa, com um enorme Mickey estampado.

Estava evidentemente apressada.

E a cada passo largo que dava, como balançavam as orelhas daquele camundongo!


(ago/2012)

domingo, 19 de agosto de 2012

O Sonho que eu mais temo


Existe um sonho que eu tenho pavor de ter algum dia.

Me aparece uma figura messiânica, como um Anjo ou coisa que o valha. E tal figura me diz:
- “Quando acordar você vai se lembrar desta conversa, e vai achar que foi um sonho. Mas não é. É um aviso: sua hora está chegando. Seu tempo nesta existência está se esgotando. Este seu corpo será descontinuado dentro de 1 mês (ou 1 ano, ou 1 semana, etc). Aproveite direito este intermezzo que te resta.”

Você acorda. Lembra da conversa, e acha que foi um sonho. Ou... será que não foi???

E agora? Como vai viver este 1 mês (ou 1 ano, ou 1 semana)? Vai se desligar do trabalho e passar o tempo escrevendo, ou viajando, ou se despedindo das pessoas, ou procurando as pontas que ficaram desamarradas? Ou vai ignorar o que talvez tenha sido um aviso, e viver o que podem ser seus últimos dias... como se nada tivesse acontecido?

Vai viver como se não tivesse sido avisado?


“You have some time left, Mister Banks. You have some life left. My advice to you is: live it well.”


(ago/2012)

sábado, 18 de agosto de 2012

Romantismo é isto!


Papai lembra que em sua festa de formatura no Clube Militar na Avenida Rio Branco no Rio de Janeiro ele conheceu Mamãe há exatos 61 anos.

Ele tinha estudado no C.P.O.R., e já estava descendo as escadarias do Clube e indo embora da festa quando viu um Amigo de turma chegando com a Irmã. Papai olhou a Menina... e deu meia volta, subiu novamente as escadas e voltou para a Festa.

Este Amigo veio a ser meu Tio, e a tal Irmã... minha Mãe!

Todo ano, no dia 18 de agosto, ele faz questão de comentar que naquele dia de 1951 começava a minha história, e a de meus Irmãos.

(18/ago/2012)

terça-feira, 7 de agosto de 2012

A Flor de Lótus


Talvez o grande exemplo a ser seguido seja o da flor de lótus.

Ela não se preocupa em melhorar o pântano onde vive. Não se preocupa em limpá-lo, reformar-lhe a aparência, torná-lo agradável, sábio, lógico, respeitoso ou inteligente. Sua única preocupação é manter-se limpa. Pura, diferente do lodaçal que a cerca. A flor de lótus tem consciência de que não conseguirá mudar o pântano. Preocupa-se consigo própria, e isto lhe é suficiente.

O pântano que se dane.


(ago/2012)

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Downgrade


O plantel feminino da Área de Finanças daquela Administradora de Cartões de Crédito era simplesmente espetacular. Existia uma foto das Damas abraçadas em algum evento que tinha sido batizada pelos Homens como “Great Place to Work”, sendo também conhecida como “Porquê eu gosto de trabalhar na Administradora”.

Estávamos todos juntos no casamento de um Trader em Higienópolis. A Administradora tinha recebido poucos dias antes um novo Tesoureiro, que evidentemente compareceu ao evento. Conversávamos animadamente do lado de fora da Igreja junto com o Noivo – nosso amigo do dia-a-dia – e o Treasurer se entusiasmou com a beleza da Mulherada (quem não se entusiasmaria?). Eu estava falando com dois ou três aviões, e discretamente ele pediu que o apresentasse a elas. Eu disse:
- “Fulana e Beltrana, este é o Sicrano, nosso novo Tesoureiro”. (Todo mundo sabia que tinha chegado um Tesoureiro novo na Empresa.)
E me afastei.

Poucos minutos depois o Sicrano se aproximou de mim e reclamou em voz baixa:
- “Pô, você me queimou! Não dá para dizer que eu sou o Treasurer, ficam todas sem jeito e distantes, me chamam de Senhor e ficam sem assunto! Faz o seguinte... para as próximas deusas, me apresente como Estagiário!”

(jan/2011)

terça-feira, 24 de julho de 2012

Out of the Blue


Estavam juntos por mais de uma dúzia de anos, e formavam um casal estável. Se desentendiam como todos os casais se desentendem, mas seus Amigos e Famílias não conseguiam imaginá-los separados. E tampouco eles.

Mas certo dia, out of the blue, ela lhe falou:
- “Preciso de um tempo.”
Ele a encarou, imaginando tudo. Ela continuou, inapelável:
- “Amor antigo. Separamos sei lá por que motivo. Doença terminal, poucos meses de vida. Mora na Índia, pediu que vá encontrá-lo. Eu vou.”

Ele não foi trabalhar no dia seguinte. Empacotou suas coisas e se mudou para um Flat.

Ela levou pouco mais de uma semana se preparando para a viagem, se desligando do trabalho, se despedindo da Família, organizando a vida que deixava e a que começava. Neste período eles se falaram somente o indispensável, as coisas práticas: afinal, se sofre em silêncio mas as coisas práticas precisam de andamento. Nas duas vezes em que precisou buscar alguma coisa pessoal, escolheu horários em que – sabia – ela não estaria em casa.

Ela se foi do País, e de sua vida.

Ele cortou qualquer fonte que pudesse representar informação a respeito dela. Bloqueou-a em redes sociais, e não perguntava (e nem queria saber) dela quando encontrava alguém de suas relações. Ficou sozinho (ou quase), pois gostava da solidão e não buscava tapar artificialmente aquele buraco.

Ela também não o procurou.

10 meses e meio se passaram.

Ele estava tomando café no Escritório quando ela apareceu. Out of the blue. O cabelo bem mais curto. Pele curtida, queimada de sol. Uma cicatriz no queixo, lado esquerdo do rosto (“meu deus, qual a história desta cicatriz?”). Um ar mais maduro, de talvez sofrimento, que a deixava ainda mais distante.

Mais uma vez ele ficou sem palavras.

Ela só disse uma:
- “Acabou.”


(julho/2012)