Enviei o Depoimento abaixo ao site do CAMINHO DO SOL.
No final, com cabelo e barba enormes, eu estava parecendo um URSO!
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Cumpri o CAMINHO DO SOL de 04 a 15 de agosto de 2009. Éramos um grupo de 3 Mulheres e 5 Homens, dos quais eu não conhecia ninguém antes da jornada. Aos 53 anos de idade, e tendo feito Santiago em 1996 (da França a Finisterre a pié), o CAMINHO DO SOL serviu como rememoração e também busca de introspecção e isolamento. E ainda como um “spa” pessoal, pois uma vez que não sou chegado a ginástica ou academias, as caminhadas em contato com a Natureza são uma excelente alternativa para queimar as indecentes gorduras localizadas (na pança).
HOSPEDAGEM
Uma vantagem e uma desvantagem sobre o Caminho de Santiago. Saber que teremos (boa) hospedagem no final do trecho é uma enorme tranqüilidade; por outro lado você precisa acabar o trajeto sempre antes do almoço, o que inviabiliza parar para escrever, tomar um banho de açude ou mesmo almoçar em algum lugar mais atraente. Mas sempre chegávamos ao destino entre meio dia e duas da tarde, de forma que metade do dia era dedicado a curtir os destinos.
SACO DE DORMIR E TOALHA
Como algumas (poucas) pousadas não oferecem roupa de cama ou de banho, é necessário levar.
ALIMENTAÇÃO
Muito boa nas Pousadas, não temos problemas. Siga as instruções de carregar alguma (pouca) coisa na mochila durante o dia como barrinhas de cereais, bananas e chocolatinhos (protegidos contra o calor) e claro, água (para mim, 1 litro era suficiente para qualquer percurso). Você encontra vendas ao longo de alguns trajetos, em outros não; mas sempre se sai do refúgio sabendo se vai haver alguma coisa.
MOCHILAS
Use e abuse do eficiente sistema de traslado das mochilas. Custa barato e é rateado entre quem quiser despachar. O nome “Caminho do Sol” não é à toa: em nosso caso, só vi nuvens em um único dos 11 dias de caminhada; em todos os demais, Sol a pino full time. A mochila se torna mais pesada do que realmente é, e pode tirar um pouco da graça da caminhada. Minha recomendação pessoal é que você leve um sacolão com zíper que despachará entre as pousadas com os artigos que não utilizará durante o dia (saco de dormir, sandálias, artigos de toalete, roupas, etc) e carregue na mochila apenas o que vai ou pode vir a precisar durante o dia: água, comida, casaco, capa de chuva, protetor solar, etc. OBS – é claro que esta recomendação não vale para quem estiver se preparando para Santiago; neste caso, é melhor ir treinando o lombo.
O TRECHO MAIS DIFÍCIL
São os dois primeiros dias. Muita rodovia de asfalto. Não desanime ou desista, pois depois você vai ver árvore, cana-de-açúcar, pedra, rio, terra, coruja, falcão e vaca até ficar legal...
CABREÚVA
O refúgio em Cabreúva fica fora – e depois – da cidade. Desta forma, você precisar fazer algum reabastecimento (ou se quiser registrar na credencial o belíssimo carimbo da Paróquia), faça-o ao passar pela cidade. E guarde suas energias, pois não somente o refúgio fica cerca de 1km após a cidade como também fica no cume de uma terrível pirambeira! E quando você entrar na cerca da Pousada, ainda não acabou: resta um pouco de (bastante puxada) subida.
A Pousada no entanto compensa: a massagem que oferecem é altamente recomendada, e se você quiser ir à cidade (eu fui para a Missa e o carimbo) pode pedir um táxi (R$ 7 cada perna).
A partir da saída de Cabreúva, o trajeto se torna glorioso.
SALTO
Parece ser uma bela cidade, mas passamos por ela apenas marginalmente, sem conhecer o Centro. Caso tenha energia, disposição e tempo (não esqueça de despachar a mochila na véspera), faça um “detour”, desviando-se do Caminho e fazendo uma visita. Talvez até possa almoçar lá (embora o almoço na Fazenda Vesúvio seja ótimo). Afinal, o Caminho é excelente para (também) fazer turismo.
CACHORROS
Sempre temo cachorros em caminhadas, mas não tive o menor problema. Só encontrei doguinhos amigáveis. Minha postura com eles é sempre de humildade e afastamento, não invadindo o espaço. Funciona. Mas quando eles se aproximavam eu caminhava com uma mão no cajado e outra na faca no bolso da calça cargo, para garantir...
ÉTICA PEREGRINA
Você não está em uma alegre jornada de férias com amigos, mas usufruindo de uma infra-estrutua de caminhantes e peregrinos. RESPEITO aos demais é fundamental, como sempre na vida. Assim:
- Existem aqueles que gostam de acordar cedo e os que preferem dormir mais; da mesma forma, alguns vão dormir mais cedo e outros mais tarde. Quando usar o dormitório, RESPEITE as diferenças. Entre e saia em silêncio, sem falar e fazendo o mínimo de barulho; não acenda a luz, mas sim use lanterna.
- Por mais que você goste de música, televisão e barulho, nem todos gostam. O Caminho nos oferece os sons do vento, das aves, das árvores e da água, que não temos no dia-a-dia; a oportunidade de conversar com pessoas novas ou então o silêncio para escrever ou meditar. Se for para ouvir axé ou o Jornal Nacional, é preferível ficar em casa. Aquilo que é “música da boa” para você, para os outros pode ser (e provavelmente será) poluição sonora. Novamente: RESPEITO.
BRUXOS, SACERDOTISAS E SACIS
Se você tiver o olhar certeiro, saberá encontrá-los. (Até mesmo entre seus/suas companheiros/as de jornada...). E aprenderá (muito) com eles/as.
Há também um Portal Mágico, mas não vou entregar aonde fica.
ÁGUAS DE SÃO PEDRO
Uma graça, um ótimo pote de ouro no final do arco-íris. Pouco antes do término da missa na noite do Sábado da chegada, o Padre chama nominalmente os Caminhantes ao altar, citando nossas procedências, fala sobre os caminhos de todos nós (peregrinos ou não), e nos abençoa. Toda a Igreja aplaude. É emocionante. (E ainda tem carimbo!...)
EM RESUMO
Um Caminho que propicia um contato mágico consigo próprio e com a Natureza. Que serve para melhorar seu aspecto (tanto a barriga como as batatas das pernas e o bronzeado). Onde você é tratado com carinho pelos hospedeiros. Mas que te expõe muito: no Caminho, acima de tudo, o “output” depende do que você tem por dentro.
(ago/2009)
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
I cry for you, Argentina
Vejo (muita) gente torcendo para a Argentina não se classificar para a Copa do Mundo de 2010.
Na Copa de 2006, no jogo Argentina x Alemanha, a grande maioria dos torcedores brasileiros torceu pela Alemanha.
Nem preciso dizer que não vejo o menor sentido nisto. Trata-se de pensamento provinciano, e muito pequeno. Coisa de gente que acha que o Mundo não vai além de seu quintal.
Quando você se defronta com um europeu, o que vale no confronto são os títulos da América do Sul versus títulos da Europa. E a coisa está pau a pau, nove títulos para cada! (É claro que isto não é importante para quem não encontra europeus, o que apenas reforça a afirmação de provincianismo). Além disto, teria sido muito mais interessante enfrentar nossos vizinhos do que os donos da casa em uma (então ainda possível) final. Além do que a Argentina só tinha 2 títulos contra 3 da Alemanha, ou seja, um eventual título portenho seria menos ameaçador para a supremacia canarinho. Mas nada disto foi levado em consideração, e torceu-se pela distante Germânia.
Será que as pessoas preferem ter a Zâmbia em uma Copa do Mundo, ao invés da Argentina? Não gostam de ver o belíssimo futebol de nossos vizinhos? Sinceramente, prefiro Brasil e Argentina contra o Resto do Mundo do que o Brasil sozinho contra o Resto do Mundo. Mas este não é o raciocínio comum; o que vale é o espírito de porco, quero ver meu vizinho triste, f*dido, sofrendo. O Homem é, sim, o lobo do Homem.
(Ou talvez seja medo... medo da Argentina...)
Sou carioca e moro em São Paulo. Torço por times do Rio quando jogam jogam contra adversários de fora. Da mesma forma que torço por times brasileiros quando jogam contra estrangeiros. Um movimento de expansão. Crescimento, e não redução; irradiando, e não convergindo.
É assim: no Mundo, sou América do Sul. Na América do Sul, sou Brasil. No Brasil, sou Rio. E no Rio, sou Vasco!
(out/2009)
Na Copa de 2006, no jogo Argentina x Alemanha, a grande maioria dos torcedores brasileiros torceu pela Alemanha.
Nem preciso dizer que não vejo o menor sentido nisto. Trata-se de pensamento provinciano, e muito pequeno. Coisa de gente que acha que o Mundo não vai além de seu quintal.
Quando você se defronta com um europeu, o que vale no confronto são os títulos da América do Sul versus títulos da Europa. E a coisa está pau a pau, nove títulos para cada! (É claro que isto não é importante para quem não encontra europeus, o que apenas reforça a afirmação de provincianismo). Além disto, teria sido muito mais interessante enfrentar nossos vizinhos do que os donos da casa em uma (então ainda possível) final. Além do que a Argentina só tinha 2 títulos contra 3 da Alemanha, ou seja, um eventual título portenho seria menos ameaçador para a supremacia canarinho. Mas nada disto foi levado em consideração, e torceu-se pela distante Germânia.
Será que as pessoas preferem ter a Zâmbia em uma Copa do Mundo, ao invés da Argentina? Não gostam de ver o belíssimo futebol de nossos vizinhos? Sinceramente, prefiro Brasil e Argentina contra o Resto do Mundo do que o Brasil sozinho contra o Resto do Mundo. Mas este não é o raciocínio comum; o que vale é o espírito de porco, quero ver meu vizinho triste, f*dido, sofrendo. O Homem é, sim, o lobo do Homem.
(Ou talvez seja medo... medo da Argentina...)
Sou carioca e moro em São Paulo. Torço por times do Rio quando jogam jogam contra adversários de fora. Da mesma forma que torço por times brasileiros quando jogam contra estrangeiros. Um movimento de expansão. Crescimento, e não redução; irradiando, e não convergindo.
É assim: no Mundo, sou América do Sul. Na América do Sul, sou Brasil. No Brasil, sou Rio. E no Rio, sou Vasco!
(out/2009)
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