quinta-feira, 2 de abril de 2015

Escalafobético


Um dos grandes problemas de morar junto com outras pessoas é que você acaba vendo muito mais televisão do que veria se morasse sozinho/a. Você passa inocentemente pela sala, sem a menor intenção de ver TV, mas alguém está com ela ligada e então puf!, você é capturado/a pelas facilidades da imagem em movimento e de desativação do cérebro.

Esta história aconteceu em algum momento entre 1971 e 1982, quando morei em Ipanema com meus Pais e Irmãos.

Chego em casa e lá está o Brother-do-Meio assistindo futebol (coisa que ele sempre adorou) na TV. E puf!, fui aprisionado.

Aconteceu então uma jogada  “1. esquisita, extravagante, estrambótica, excêntrica, 2. desajeitada, desengonçada, 3. escangalhada, afolozada”, segundo o AURÉLIO. O locutor – creio que Luciano do Valle, se não era fica a homenagem – descreveu assim:
- “Que lance mais...”
e deixou a frase incompleta, no ar.

Mas o Brother completou:
- “... escalafobético!!!”

Eu nunca tinha ouvido aquela palavra na vida, e antes que pudesse externar um “what the fuck?”, ouço Luciano do Valle completar seu raciocínio:
- “... escalafobético!!!”
Caraca, até aquele momento a palavra não existia, e de repente ela aparece duas vezes em seguida?!?

De vez em quando os “Gamemakers” nos dão pistas de que tudo isto que vivemos é uma grande Matriz.

Esta foi uma destas vezes.

(Rio, abr/2015)

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