quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Ter Filhos e a Segunda Divisão

Uma vez que nunca tive Filhos – e nem planejo tê-los, obrigado – me limitei a passar a vida ouvindo as loas alheias sobre as maravilhas de se ter um ou mais rebentos.

Nunca entendo direito as explicações, mas as pessoas sempre compreendem minha incompreensão alegando que “é algo que só se consegue entender quando se tem aquela coisinha te olhando, sorrindo para você, balbuciando, etc”, etc, etc – a ladainha habitual.

Sempre considerei que aquele/a que tem Filho/a/os/as não tem isenção suficiente para avaliar esta situação – afinal, afirmar que não vale a pena ter Filho/a/os/as seria renegar a própria descendência, e pouquíssimos Pais &/ou Mães seriam capazes de tamanha abstração. Mas tudo bem, nunca fui tolo a ponto de entrar neste debate; isto nunca me incomodou.

A primeira impressão que tive quando meu Time foi rebaixado à Segunda Divisão foi que se tratava do Fim do Mundo. Fiquei triste, chateado, quase deprê. Mas a realidade dos meses seguintes foi bastante diferente: o Campeonato foi para nós um Campeonato tranqüilo, com vitórias seguidas de vitórias, e com jogos às terças e sextas ou sábados, ou seja: quando chegava a rodada da Série A, meu Time já estava com seu dever confortavelmente cumprido, e eu podia curtir com calma os encarniçados embates das demais equipes. Podia curtir o Futebol com prazer, e não com a tensão dos emocionalmente envolvidos. Compartilhando este sentimento, a torcida lotava os estádios em todos os jogos, e fazia muita festa.

Atualmente, quando algum torcedor de um time que nunca foi rebaixado chega para mim e afirma cheio de um orgulho pueril: “O meu time jamais foi rebaixado!”, eu respondo com sinceridade: “Mas não faz a menor diferença!”; mas eles não entendem. Não conseguem alcançar que cair para a Segunda Divisão e voltar faz parte da vida, e não tem o menor problema. Pelo contrário, quem já caiu sabe que tem força para retornar – mas aquele que se equilibra lá em cima fica apavorado sem saber se conseguirá se superar caso algum dia tropece...

Talvez as duas situações gerem o mesmo sentimento: só quem já teve Filho/a/os/as pode dizer que é tranqüilo, que é bom, que não tem problema – da mesma forma que só quem já foi rebaixado pode dizer que é tranqüilo, que é bom, que não tem problema.

Não sei.

E – assim como o Torcedor que não quer ser rebaixado – nunca quero saber.

(out/2011)

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