Quarto na penumbra, costas estendidas sobre a cama, lhe
ocorreu um pensamento, o quê aprendi com esta Raça afinal, e a resposta sobreveio
de imediato, aprendi que se não houver interesse do interlocutor não haverá
como enfrentar seus baixos instintos, suas más intenções, seu desejo de
maldade, seu egoísmo. Em sua grande maioria estão interessados em continuar
sendo da mesma pequenez que já são, evoluir dá trabalho ou exije esforço, podemos
no máximo nos esforçar em dar bom exemplo, mas se não partir de uma vontade
própria e individual de aprender, crescer e compartilhar, nada pode ser imposto
a nenhum deles. A liberdade de
pensamento implica a liberdade de optar por ser um estorvo, por ser um problema,
pelo direito de ser idiota, “a vitória final é sempre do medíocre” ouvira certa
vez e aquilo lhe marcou profundamente, “só o medíocre tem paciência para ficar
insistindo martelando insistindo martelando insistindo e martelando até que o visionário
se cansa, se desilude, desiste e vai buscar terreno mais fértil” (que não vai
encontrar). A vitória final é sempre do medíocre, e não há como enfrentar seus baixos
instintos, suas más intenções, seu desejo de maldade e seu egoísmo, se assim
não o quiserem; foi isto que aprendi com esta Raça, afinal. Desligou seu
cérebro e adormeceu.
Acordou no meio da noite com uma inédita dor no lado
direito do pescoço, um forte incômodo, parecia algo como um grão de arroz
entupindo uma veia, atravancando o caminho, tentando subir, tentando achar o
caminho até o cérebro, seria isto um avc, pensou, é assim que acaba?
A dor não parou, pelo contrário, aumentou, o lado
direito do pescoço parecia inchar.
E então aquele Mundo que já lhe era escuro se tornou
ainda mais impenetrável.
(Via Dutra, 02/mai/2014)
Nenhum comentário:
Postar um comentário