quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

A Sensualidade do Pupilão

Sai publicado em algum lugar que as lâmpadas – todas elas – serão substituídas em um futuro próximo por luz branca. É mais uma daquelas idéias geniais que em resumo significam sempre a mesma coisa: economia porca, oriunda de cabeças obtusas; o avanço da mediocridade.

Luz branca não existe na Natureza. Nossos olhos, pupilas e retinas não foram desenhados para esta luz, mas sim para a amarela.

O progresso já conduz a passarmos enorme parte de nossas existências sob luz artifical. Dentro de casas, escritórios, lojas, veículos, ou então acordados tarde da noite quando o Sol já se pôs há muito. Mesmo durante o dia, os janelões de grandes Escritórios ficam fechados, e as luzes artificiais acesas. Nossas pupilas passam suas existências expostas a luminosidades artificiais para as quais não foram projetadas. "Meus olhos não agüentam a luz do dia", dizem muitos. Sim, mas foram vocês mesmos os responsáveis por isto!

Para piorar, uma grande quantidade de pessoas (em parte por questões estéticas) coloca óculos escuros ao sair de casa – ou seja, nos parcos momentos em que seus olhos estão finalmente em contato com o brilho para o qual foram dimensionados, eles são “protegidos” dele – e a pupila volta a ficar dilatada, passando a quase totalidade de sua vida distendida, arreganhada, aberta e escancarada. Uso diferente do projeto.

Se nosso corpo fala, e se “os olhos são a janela da alma”, as pupilas são seu mais indiscreto porta-voz. Em uma conversa normal, através da dilatação das pupilas é possível avaliar sutilmente as intenções do interlocutor. Pupilas contraídas são sintoma de contração, tensão, apreensão, manejo de situação, falta de sinceridade, jogo. Por outro lado, pupilas dilatadas involuntariamente manifestam descontração, sinceridade, estar à vontade, interesse. Atração. Desejo.

Quando estiver em um ambiente claro, se durante uma conversa uma Mulher te fitar com as pupilas dilatadas...


(... agradeça a Augusto Xorxe, que encomendou - e nomeou - esta postagem!)


(dez/2011)

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