quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Resposta do Futuro


Se me fosse facultado saber uma única coisa sobre o quê o Futuro nos reserva, eu não faria a pergunta óbvia – se a Humanidade vai sobreviver a si própria, a suas próprias patuscadas. Isto me parece altamente improvável, e até mesmo imerecido. Minha demanda seria outra.

Sou carnívoro, e mais: fico mal quando passo muito tempo sem comer carne. Fico fraco. Além dos bois, como também frango (quase todos os dias) e também peixe. Me alimento das carcaças de outros habitantes de nosso Planeta, que compartilham a nossa existência. Acontece que observo pelas reações de meu organismo – e também pela história da evolução das cáries nos dentes da Humanidade – que o corpo do Homem necessita carnes. Existem motivos naturais para termos dentes caninos na boca. E, verdade seja dita, ainda não encontramos um substituto aceitável para as carnes, para seu suprimento de ferro-M e vitamina B12, por exemplo.

Eu como a carne – mas não mato o boi. Nem o frango. E nem o peixe! Quando criança eu morava em Copacabana, e um ótimo passeio era atravessar o Corte de Cantagalo a pé e ir à Lagoa Rodrigo de Freitas passear, atirar com espingarda de ar comprimido (o famoso “chumbinho”) na Pedreira da Catacumba, ou então... pescar na lagoa. Foi com enorme excitação que fui pescar pela primeira vez por volta de 10 anos de idade. Na primeira vez não peguei nada, mas quando retornei na semana seguinte consegui fisgar algo pouco maior do que um girino. Euforia! Entusiasmo infantil! Que murchou de imediato quando vi a Babá de meu Irmão menor tirar o anzol da boca daquele peixinho que se debatia em desespero. Ele estava machucado por minha causa! Estava morrendo asfixiado por minha causa! Fiquei traumatizado pelo sofrimento daquele Ser Vivo, e esta acabou sendo a única vez que pesquei em toda a minha vida.

Estive na África do Sul em maio/2012. A intensa vivência próximo aos animais nos leva a compreendê-los e admirá-los ainda mais. Dormem, comem, descansam, brincam, se exercitam. São outros habitantes desta mesma existência, mas que a aproveitam tão bem – ou muito melhor – do que nós. Não faz sentido que os matemos para nos alimentarmos. É bárbarismo. Mas... meu organismo precisa do que as carnes trazem! Como resolver esta questão?

Portanto é esta a resposta que desejo do futuro. Conseguiremos em algum momento sintetizar alguma substância que substitua as carnes? Conseguiremos parar de matar nossos Irmãos para comer? Será que nossa racionalidade vai servir para alguma coisa?


(E pelamordedeus me poupem de respostas do tipo “vegetarianismo com injeções de vitamina B12”. Estou falando de futuro. De evolução tecnológica. Em solução global. I'm talking business.)


(ago/2012)

3 comentários:

  1. Eu iria querer saber como viajar no tempo. E aí, as outras perguntas eu mesmo respondo. (incluindo os números da mega sena)

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  2. Espero que a resposta a sua pergunta seja SIM! PS. Também tenho trauma de pescaria!

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  3. Soylent Green?
    Túnel do tempo!
    Chorei ao ver o cena dele deitadinho na cama vendo lindas paisagens da Terra na tela enquanto tomava "soro".

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