Sou apaixonado por Música desde sempre. Acredito que é
na Música que a Humanidade mais se aproxima da Divindade; trata-se da única
Arte que produzimos que pode ser compreendida por outras Inteligências (as
Ciências Exatas também podem, mas aí não se trata de uma Arte que produzimos
mas sim de algo que desvendamos).
Desde cedo, no entanto, descobri que eu não era um
Músico. Foi muito fácil de ver: jamais consegui um reles batuque decente em pontas
de mesas ou em caixas de fósforos, coisa que Gloug - Irmão mais novo - conseguia
com facilidade e perfeição. O último prego no esquife se deu quando, ainda
teenagers, ele comprou sua primeira guitarra: qualquer música de anúncio de
televisão ele reproduzia de imediato, de ouvido, no ato; já eu não conseguia extrair
um reles dó-ré-mi daquele instrumento infernal atulhado de cordas e escalas. Todos
temos algumas limitações contra as quais é perda de tempo e falta de humildade nos
rebelarmos, e desde então aprendi a adorar a Música sem ser necessário que a
performasse. Afinal, acredito também que cada um de nós tem um - e apenas um -
Dom. Quem se mete a explorar um Dom que não tem acaba eclipsando o Dom que tem;
exemplos claros na Música são o baterista Phil Collins e os guitarristas Jimi
Hendrix, Eric Clapton e Frejat, que se meteram a cantar e neste quesito são os desastres que todos conhecem...
Com o passar dos anos observei existirem alguns
sintomas de que “o Cabra é um Músico”. Características que se repetem em todos
os Músicos e que não compartilho, reforçando que eu não sou um Músico. Por exemplo:
- gostar de rodinha de violão
- gostar de Prince
- gostar de Jazz
- “Eu gosto de Jazz... mas prefiro Música!”
O Amigo RGarcia informa não ter nenhum disco do QUEEN,
e pergunta qual o primeiro álbum da Banda que recomendo adquirir. Minha
resposta é fácil: o disco básico e obrigatório do QUEEN é “A Night at the
Opera”, mas vou dar “Jazz” para o Amigo.
“Jazz” (1978) foi o disco que me fez gostar do QUEEN,
tendo sido apresentado por RDu (que também me apresentou o KISS com “Hotter
than Hell” e o AEROSMITH em “Rocks”, além de LINDA LOVELACE em “Deep Throat”). Terei
sido influenciado pelo 3-fold poster (dimensões 30x90 cm) encartado no álbum com
as Fat Bottomed Girls em uma Bicycle Race... NUAS? Possivelmente; com certeza a
agradável ousadia me deixou mais predisposto a ouvir a bolacha.
Trata-se de um disco tremendamente variado, cada música
completamente diferente da anterior e da seguinte, e todas complementares. Li
um interessante comentário a respeito de “Jazz”: é como se o QUEEN dissesse
“você não gosta da música que fazemos? Então ouça isto”! E tacou aquela
profusão de sons variados, letras inteligentes e divertidas, vocais,
instrumental e produção irrepreensíveis. Jamais ouço somente uma ou algumas
músicas do disco: sempre o ouço inteiro, de ponta a ponta, como uma verdadeira
Suíte. Tem seus muitos altos e alguns baixos, indeed, mas... não dá para
interromper.
Nos créditos da capa, uma referência ao final da música
“Dead on Time”: “Thunderbolt courtesy of God”! Na época brincavam também com os
MOODY BLUES, músicos que faziam todos os sons de seus discos e com largo uso de
sintetizadores, o que os levava a escrever em todas as suas capas: “No
Orchestra; all instruments played by The Moody Blues”. Pois o QUEEN escrevia em
todas as suas capas: “No Synths!”, ou então “no synths” após a relação de
instrumentos e vocais de cada um dos membros; ou ainda “Still no synths!”. O
ponto final desta brincadeira foi o álbum “Flash Gordon” (1980) onde os 4 integrantes
da Banda têm no final de suas respectivas listas de instrumentos: “synth”. A
partir de então, os 4 tocam sintetizadores em todos os discos restantes.
Na música “More of that Jazz” que encerra o álbum,
Roger Taylor assume os vocais e em um meddley que revive 1 segundo de cada
música do disco, detona:
“Only
football gives us thrills /
Rock and
Roll just pays the bills /
(...) Give
me no more, no mooore, no móóóóóre... of that Jazz!”
É este o disco, caro RGarcia.
(set/2013)
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