quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Aqui JAZZ


Sou apaixonado por Música desde sempre. Acredito que é na Música que a Humanidade mais se aproxima da Divindade; trata-se da única Arte que produzimos que pode ser compreendida por outras Inteligências (as Ciências Exatas também podem, mas aí não se trata de uma Arte que produzimos mas sim de algo que desvendamos).

Desde cedo, no entanto, descobri que eu não era um Músico. Foi muito fácil de ver: jamais consegui um reles batuque decente em pontas de mesas ou em caixas de fósforos, coisa que Gloug - Irmão mais novo - conseguia com facilidade e perfeição. O último prego no esquife se deu quando, ainda teenagers, ele comprou sua primeira guitarra: qualquer música de anúncio de televisão ele reproduzia de imediato, de ouvido, no ato; já eu não conseguia extrair um reles dó-ré-mi daquele instrumento infernal atulhado de cordas e escalas. Todos temos algumas limitações contra as quais é perda de tempo e falta de humildade nos rebelarmos, e desde então aprendi a adorar a Música sem ser necessário que a performasse. Afinal, acredito também que cada um de nós tem um - e apenas um - Dom. Quem se mete a explorar um Dom que não tem acaba eclipsando o Dom que tem; exemplos claros na Música são o baterista Phil Collins e os guitarristas Jimi Hendrix, Eric Clapton e Frejat, que se meteram a cantar e neste quesito são os desastres que todos conhecem...

Com o passar dos anos observei existirem alguns sintomas de que “o Cabra é um Músico”. Características que se repetem em todos os Músicos e que não compartilho, reforçando que eu não sou um Músico. Por exemplo:
  • gostar de rodinha de violão
  • gostar de Prince
  • gostar de Jazz
Todos os Músicos amam muito tudo isto, e eu abomino! Com relação ao Jazz, gosto de citar uma frase do Bussunda:
- “Eu gosto de Jazz... mas prefiro Música!”

O Amigo RGarcia informa não ter nenhum disco do QUEEN, e pergunta qual o primeiro álbum da Banda que recomendo adquirir. Minha resposta é fácil: o disco básico e obrigatório do QUEEN é “A Night at the Opera”, mas vou dar “Jazz” para o Amigo.

“Jazz” (1978) foi o disco que me fez gostar do QUEEN, tendo sido apresentado por RDu (que também me apresentou o KISS com “Hotter than Hell” e o AEROSMITH em “Rocks”, além de LINDA LOVELACE em “Deep Throat”). Terei sido influenciado pelo 3-fold poster (dimensões 30x90 cm) encartado no álbum com as Fat Bottomed Girls em uma Bicycle Race... NUAS? Possivelmente; com certeza a agradável ousadia me deixou mais predisposto a ouvir a bolacha.

Trata-se de um disco tremendamente variado, cada música completamente diferente da anterior e da seguinte, e todas complementares. Li um interessante comentário a respeito de “Jazz”: é como se o QUEEN dissesse “você não gosta da música que fazemos? Então ouça isto”! E tacou aquela profusão de sons variados, letras inteligentes e divertidas, vocais, instrumental e produção irrepreensíveis. Jamais ouço somente uma ou algumas músicas do disco: sempre o ouço inteiro, de ponta a ponta, como uma verdadeira Suíte. Tem seus muitos altos e alguns baixos, indeed, mas... não dá para interromper.

Nos créditos da capa, uma referência ao final da música “Dead on Time”: “Thunderbolt courtesy of God”! Na época brincavam também com os MOODY BLUES, músicos que faziam todos os sons de seus discos e com largo uso de sintetizadores, o que os levava a escrever em todas as suas capas: “No Orchestra; all instruments played by The Moody Blues”. Pois o QUEEN escrevia em todas as suas capas: “No Synths!”, ou então “no synths” após a relação de instrumentos e vocais de cada um dos membros; ou ainda “Still no synths!”. O ponto final desta brincadeira foi o álbum “Flash Gordon” (1980) onde os 4 integrantes da Banda têm no final de suas respectivas listas de instrumentos: “synth”. A partir de então, os 4 tocam sintetizadores em todos os discos restantes.

Na música “More of that Jazz” que encerra o álbum, Roger Taylor assume os vocais e em um meddley que revive 1 segundo de cada música do disco, detona:
“Only football gives us thrills /
Rock and Roll just pays the bills /
(...) Give me no more, no mooore, no móóóóóre... of that Jazz!”

É este o disco, caro RGarcia.

(set/2013)

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