quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Mark-to-Market

Fico revoltado quando vejo “conselheiros” de investimentos proferirem a seguinte pérola em épocas de maré baixa:
- “Se você já está aplicado em Bolsa de Valores, aguarde mais um pouco antes de sair; mas para quem não tem aplicação, este não é um bom momento para entrar.”

Este raciocínio é antagônico e ignora por completo o princípio de funcionamento da marcação a mercado (mark-to-market).

Marcação a mercado significa que o valor de seu investimento é permanentemente atualizado a valor de mercado, implicando que a qualquer momento você pode ter em mãos OU o seu dinheiro OU o seu investimento, pois ambos valem exatamente a mesma coisa.

Assim, qualquer que seja o montante investido há (p.ex.) 1 ano, ele hoje não tem mais a menor importância. Se seu investimento no momento vale $80, não faz a menor diferença se o que você aplicou há 1 ano foi $40 ou $200; o que você tem hoje são $80, e a decisão de permanecer investido tem exatamente os mesmos custos e conseqüências de quem tem $80 em mãos e pensa entrar na Bolsa hoje.

A mesma lógica se aplica a quem compra moeda estrangeira algum tempo antes de viajar, e a cotação sofre variação. Por exemplo, a  pessoa compra US$ 1.000 a uma cotação de R$1,60 e na hora de viajar o dólar está cotado a R$2,00. O neófito comemora: estou levando dólares a R$ 1,60! Não, não está. Ele poderia ter em mão OU os US$ 1.000 OU R$ 2.000, e portanto os dólares lhe estão custando exatamente seu valor atual de mercado, ou seja, R$ 2,00 cada. O turista fez uma operação financeira especulativa com a qual já lucrou R$400; mas naquele momento, ter os dólares é uma alternativa a ter seu valor de hoje.

Marcação a Mercado. O valor passado não interessa, é “sunk cost”. Continuar aplicado em Bolsa em um determinado momento é exatamente a mesma coisa que entrar na Bolsa naquele mesmo momento.

(ago/2011)

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