Tem gente que gosta de cachorros. Não é o meu caso. Mas
eu não poderia deixar de ir ao “dog-sledding”, definido pelo Lonely Planet como
“the iconic Svalbard winter activity”.
Um “passeio padrão” dura 4 horas, porém a maior parte
deste tempo você gasta se preparando. Primeiramente a roupa: escafandro, botas
do tamanho de hidrantes, gorro de pêlo de animal, luvas de pêlo e couro, e
muitos etcs. Após o primeiro contato-piegas turistas x cães (huskies alsacianos
que lembram muito os nossos vira-latas), cada equipe (composta por 2 pessoas)
tem que pegar os próprios cães e fixá-los aos trenós. O problema é que os
bichos são hiper-ativos (beirando a histeria) e ficam pulando, mordendo e
urrando ininterruptamente. Dei sorte de pegar a Gianca como companheira de
equipe, que adora cães e tem um jeito especial com eles: ela os pegava em suas
casinhas e os emparelhava, e e ficava apenas com o (árduo) trabalho de segurar
os bichos ganindo, puxando e mastigando as correias, tentando se livrar delas
(às vezes, conseguiam!).
O Passeio de trenó dura cerca de 1½ hora, e é ótimo. Os
cães param de latir e dedicam sua energia a correr e puxar o trenó, que desliza
macio e silencioso – ao contrário das ruidosas snowmobiles. Os bichos são
enérgicos, e você passa quase todo o tempo pisando no freio. São duas pessoas
por trenó, uma vai de pé no comando do freio e a outra vai sentada no “berço”
carregando a âncora. Para quem vai de pé, as instruções:
- “There are
two basic rules for dog-sledding: first, always hold the bar; and second, never
let go the bar!”.
Na metade do caminho, trocamos. Embora ir sentado permita
fotos e filmes, existem três inconvenientes: 1) voa neve das patas dos cães, e parte
atinge seu rosto; 2) quando o trenó passa sobre uma pedra, o amortecedor é a
sua bunda; e 3) de vez em quando você é atingido por uma nuvem fétida com fortíssimo
cheiro de ovo-esgoto-podre, provavelmente flatos emitidos pelos huskies
alsacianos forrados de peixe. Overdose de Ômega-3 digerido fede MUITO!!!
O passeio foi por dentro de um fjord congelado, com a
Mina 7 de carvão ao longe. O Céu estava roxo. Mais uma vez vimos algumas renas.
De volta ao canil, o trabalho inverso de desemparelhar
os cães e retorná-los a suas casinhas. Alguns entusiastas ainda vão
alimentá-los.
Um passeio de turista no Pólo Norte. Obrigatório, é
claro!
(07/fev/2013)
Demais. E amei meu trabalho de pegar os cães. Tem que gostar muito de cachorros pra fazer isso.
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