Pesada devido à baixa temperatura, a massa de ar sai do
Pólo Sul e avança sobre o Mar Antártico, empurrando de sua frente o ar mais quente,
que se afasta para os lados ou então para cima, para a parte alta da Troposfera.
Em seu caminho para o Equador a massa polar passa pelo
Oceano Atlântico, e após percorrer mais de seis mil quilômetros atinge o
litoral brasileiro e chega à costa do Rio de Janeiro. Passa por cima de Leblon
e Ipanema, e prossegue com furor sobre a Lagoa Rodrigo de Freitas. Mas ali encontra pela primeira vez um obstáculo; um súbito paredão de cimento, um prédio alto, largo e
estreito que ousa se interpor no trajeto definido há milênios por Thor.
Os janelões são de vidro, e com frenesi sibilante o
vendaval busca atravessar suas frestas. O obstáculo seguinte é uma parede que
divide o apartamento ao meio, longitudinalmente. Mas há de haver uma porta, e o
vento a procura e encontra, e a ela se dirige impetuoso.
Mas comumente a encontra trancada! É o único jeito desta
porta se manter fechada mediante tamanho ataque. E assim sendo, o vento só consegue
passar quando o dono da porta o permite.
Ali reside um Guardião, que determina a
vazão de ar entre o Pólo Sul e o Equador.
(RJ, jan/2016)
Nenhum comentário:
Postar um comentário