quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Os sinos do atraso

Ocasionalmente vou bater em algumas cidades onde os Padres teimam em fazer soar o sino da Paróquia ao longo da noite.

Isto acontece em lugares atrasados, onde o Respeito ao próximo ainda não é um conceito divulgado, compreendido e aceito. Por trás de esfarrapadas desculpas “nobres”, o que se esconde é um invasão pessoal muito pouco cristã.

No passado, o soar do sino significava que o Padre estava acordado, orando, velando pelos fiéis. Hoje o que aciona o sino é um mecanismo que tumultua a noite dos infelizes que tentam dormir junto a tal poluição sonora.

O comum pretexto de que “sempre foi assim” não se justifica, a partir da própria existência da religião católica. Quando Jesus veio a este Planeta já existiam outras religiões estabelecidas, e nem por isto ele se viu forçado a seguí-las; muito pelo contrário, apresentou uma mudança de rumo. Nada impede, portanto, a Igreja de igualmente adotar mudanças que sejam para o Bem – afinal, foi assim que ela nasceu.

Um sino tocando à noite representa simplesmente um deseperada tentativa medieval de demonstrar algum Poder, mesmo que seja somente o Poder de Importunar. A cada badalada o Padre demonstra que sim, ainda tem Poder: o arcaico “puder” de se impor e de atrapalhar o sono dos outros.

A batalha do final dos tempos não será travada por um Exército das Trevas versus as Forças do Bem lideradas por Arnold Schwarzenegger; pelo contrário, ela é travada pelo Bem e pelo Mal dentro de cada um de nós, a cada momento.

E cada vez que ouço uma badalada de sino na noite, representando que o desrespeito e o coronelismo de um Padre se impõem ao bem estar de uma Sociedade, eu temo pelo resultado desta batalha.

(dez/2009)

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