terça-feira, 1 de maio de 2012

Quem compra CD?


De repente virou moda perguntar:
- “Quem ainda compra CD?”
, complementado pelo depoimento:
- “Eu nem me lembro qual foi o último CD que comprei!”

A mensagem implícita é: “eu não compro mais CD, logo sou muderno”. No entanto, não é por ser muderna que a pessoa deixa de comprar discos.

Desde sempre existem dois tipos de ouvintes de Música (talvez mais, mas vamos nos ater a estes dois): os que ouvem músicas individuais, e os que ouvem obras inteiras. Aqueles que gostam da música mais fácil e comercial sempre compraram os compactos – ou então se queixavam de “ter que comprar um disco inteiro só por causa de uma música”.

Este pessoal fez a festa com a chegada do MP3 e dos downloads. Para eles, não tem problema a compressão dos extremos da banda sonora, comprometendo a qualidade do que se ouve: afinal, o que se ouve não tem qualidade mesmo – desde o estúdio!

Já quem ouve obras inteiras, discos completos (lembrando que “CD” significa “Compact Disc”) não apenas fica no arranhar da superfície: aprecia todo o opus, sua seqüência musical, sua evolução. Lembremos da história dos cegos que apalpam diferentes partes de um elefante, cada um ficando com uma diferente (e errada) interpretação do quê seja o animal. A diferença entre uma música de 3 minutos e um disco de 1 hora é a diferença entre uma transa de 3 minutos e uma de 1 hora...

Assim, quem só ouve uma música de cada álbum acha que GENESIS é “I Know What I Like”, que MARILLION é “Kayleigh”, que LED ZEPPELIN é “Stairway to Heaven” e que RUSH é “Tom Sawyer”. (Bem, no caso do Rush não há muito o que melhorar, mesmo...)

Uma outra interpretação poderia ser que os lançamentos atuais são tão ruins e descartáveis que ninguém mais compra discos inteiros. Neste aspecto posso até concordar: já há alguns anos me voltei a comprar os álbuns obscuros de Bandas que eu achava boas no passado, e das quais não comprei muita coisa porque a concorrência era gigantesca. Assim, acabei por adquirir nos últimos anos quase tudo do YES, do JETHRO TULL e do ROXY MUSIC, por exemplo. Agora, após ter adquirido toda a obra do (maravilhoso) VAN DER GRAAF GENERATOR em 2011, em 2012 estou me dedicando aos álbuns de seu mentor PETER HAMMILL. E com que prazer!...

Sim, eu compro CDs. Muitos. Faço a festa nas GRANDES GALERIAS (aka GALERIA DO ROCK). Me orgulho disto. Ouço obras inteiras. Não acho que um elefante seja um animal  que se parece com uma mangueira, um abano ou uma corda.

E não gosto de transas de 3 minutos.


(mai/2012)

6 comentários:

  1. Gostei do texto, só não concordo com relação ao Rush.

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  2. Eu (quase) não compro cds, mas baixo discografias completas com bit rate alto, o que resolve grande parte da questão...

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  3. Mais uma vez MG texto espetacular.. keep on writing these amazing ...

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  4. Mais uma vez MG texto espetacular.. keep on writing these amazing ...

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