sábado, 8 de maio de 2010

Joe Contra o Vulcão

Se é possível dizer que algum filme mudou nossa vida, para mim "Joe Contra o Vulcão" é tal filme. Em 15 anos eu o assisti - sem exagero - 30 vezes (embora possa parecer um exagero...). É o filme que mais me emociona: mágico, filosófico, inteligente, divertido, romântico, poético, profundo, encantado. A história que conquistou minha alma. Para mim, The Best; ever.

Este foi o primeiro filme que assisti duas vezes em seguida, emendando uma segunda sessão tão logo acabou a primeira. Considero este um requisito essencial para usufruí-lo: deve seja assistido pelo menos duas vezes. Ao longo da primeira ele poderá parecer arrastado, longo, chato. No entanto, todas as referências e citações serão repetidas e reapresentadas ao longo dos 102 minutos, e só ao revê-lo é possível entender porque isto e aquilo apareciam ali e aqui.

O elenco é primoroso. Meg Ryan faz 3 papéis, e certa vez a vi comentá-los no Inside Actors Studio. A pergunta era "qual o papel mais difícil que você já fez?". Ela respondeu (não exatamente com estas palavras) que "no obscuro 'Joe Contra o Vulcão' eu fiz 3 papéis, representando 3 diferentes fases da vida da Mulher: adolescência, juventude e plenitude. E para este terceiro papel eu não tinha nenhuma referência, e tive que ser eu mesma. E este é o papel mais difícil para um ator: ser ele mesmo".

É exatamente neste terceiro papel, Patricia Graynamore, que Ms. Ryan pronuncia uma das mais memoráveis falas da história do Cinema. In exact words:
- "My Father says the whole world is asleep, everybody you know, everybody you see, everybody you talk to. He says that only a few people are awake - and those live in a state of constant total amazement."

O Pai dela, o ensandecido bilionário Graynamore, é vivido por Lloyd "Mike Nelson" Bridges. Sua atuação ao enviar Joe para pular no Vulcão enquanto solta fumaça pelo cachimbo é antológica.

Li certa vez que Tom Hanks não fala a respeito de 'Joe'; é claro que quando encontrá-lo já tenho algo a lhe perguntar: porquê não? Afinal, o personagem principal tem praticamente seu próprio nome! 'Joe Banks' é mais do que coincidência...

Adoro o personagem do vendedor de malas que vende a Joe os baús que virão a ser seus companheiros inseparáveis. Um profissional totalmente absorto e apaixonado por seu Trabalho. Joe lhe descreve a viagem que fará, e seus olhos brilham:
- "A real journey!..."
E completa, levantando as sobrancelhas e o indicador:
- "Regarding your luggage problem... I believe I have just THE thing!".
Então, em uma tomada que remete a algo sacro, as portas internas da loja se abrem com a música-tema de Joe executada de forma quase religiosa, e o baú aparece. E a ironia suprema: quando Joe, que tem menos de 6 meses de vida pela frente, lhe encomenda 4 baús, ele abençoa:
- "May you live to be a thousand years old, Sir!"

A música-tema de Joe toca somente em momentos especiais e muito bem escolhidos. Toda a trilha sonora é primorosa, e jamais foi lançada comercialmente. "Mas Que Nada", de Jorge Ben performada por Sergio Mendes & Brazil 66 só veio a fazer sucesso muito tempo depois; "The Cowboy Song" é executada pelo próprio Hanks/Banks; a marcha triunfal dos índios aparece de vez em quando em alguns comerciais; a música do abajur de Joe foi composta por Anjos para ninar crianças sonhadoras...

O filme é de 1990, com roteiro e direção de John Patrick Shanley. Ele ficou famoso - e até ganhou um Oscar - com seu filme anterior "Moonstruck" (Feitiço da Lua) com Nicolas Cage e Cher.

Eu poderia me estender muito sobre o filme - sobre como todas as vezes que o símbolo do raio aparece é indicando o caminho do mal e da destruição, por exemplo; ou sobre o ritual a que Joe e Patricia são submetidos pelos índios, que é um ritual primitivo de preparação para um casamento (força e energia para ele, delicadeza e sensibilidade para ela) - mas não vou me alongar mais. Menciono apenas uma fala memorável do intocável Robert Stack no filme:
- "You have some time left, Mr. Banks; you have some life left. My advice to you is: live it well".
We all have some time left, we all have some life left. We all should live it well.

- "TAKE ME… TO… THE VOLCANO!".
Chorei 30 vezes ao ver a cena de Patricia e Joe na boca do vulcão. Como também chorei 30 vezes ao ver o agradecimento de Joe a Deus por sua vida, diante da Lua, no Mar (esta cena é a imagem de boas-vindas deste Blog, que você viu lá em cima ao entrar).

"Joe Versus The Volcano" é um filme sobre Coragem. Conta a história de como podemos construir nossa jornada do Inferno ao Céu.
É o filme que me levou "away from the things of Man".

(mai/2010)

Um comentário:

  1. cara, depois desse post ja sei o que fazer hoje à tarde: rever esse seu presente.

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