sexta-feira, 8 de abril de 2011

Velvet Goldmine

Temos a oportunidade de assistir a duas horas de aula de História recente ao som de uma requintada trilha sonora: "Velvet Goldmine" está em exibição em um restritíssimo circuito de cinemas.

Trata-se da história romanceada de algumas figuras cruciais do "glam rock" andrógino do início dos anos 70, focando o então genial David Bowie e o vulcão permanentemente ativo Iggy Stooge (hoje "Pop"). Um terceiro personagem engloba o que seria Andy Warhol com um "molho" de Marc Bolan e Brian Ferry.

A caracterização de Bowie é perfeita, mas a performance de palco de Ewan McGregor como Iggy é absolutamente antológica. Ele já arrasara em "Star Wars - Episode I", e não fosse eu um limitado heterosexual, já estaria apaixonado pelo cabra. Seu mise-en-scène executando "TV Eye" é puro Iggy nas veias, e ali vemos o nascimento do rock mais visceral do planeta. Quem acha que existe criatividade na música / performance atuais precisa ver Bowie de joelhos no palco frente a Mick Ronson, agarrando-o pela bunda e chupando louca e desenfreadamente sua guitarra em uma das mais célebres cenas da história do Rock, aqui reproduzida à perfeição.

Estas duas seqüências já valeriam o filme inteiro, mas também a trilha sonora é primorosa: 3 músicas do primeiro disco do Roxy Music (incluindo "Ladytron" e "Virginia Plain"), 3 do primeiro Brian Eno (com uma longuíssima sessão da alucinógena "Baby's on Fire"), 3 do T. Rex (uma incendiária versão da incendiária "20th Century Boy"), "Satellite of Love" do chatinho Lou Reed; "Gimme Danger" e a já citada "TV Eye" de Iggy, e muitos etcs, em versões originais e/ou regravações à altura - ou ainda mais altas.

Não se deixe levar por minhas palavras, no entanto. O filme chega a ser boring, e meu entusiasmo se deve à trilha sonora formada por puro delicatessen. Para pesquisadores, apreciadores, dinossauros e alucinados, trata-se de película obrigatória (com no mínimo algumas cervejas na mochila); mas para quem estiver satisfeito e acreditar que acontece muita coisa inteligente no panorama musical atual, é preferível se manter na felicidade da ignorância e continuar achando que existe alguma espécie de vida neste limbo povoado por zumbis...

Saudações at the loudest volume!

(01/fev/2000)

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