sexta-feira, 23 de março de 2012

Vidas Descartáveis


Comento com uma jovem Avó a respeito das (para mim) extremamente fúteis e vazias vidas que boa parte dos Adolescentes levam atualmente. Esvaem seus tempos em programas que ignoram as fronteiras da boçalidade: Pânico na TV, Big Brother, Ultimate Fighter, a profusão de partidas de futebol de campeonatos inglês-espanhol-italiano-alemão e até o Brasileiro, mesas redondas, videogames de pancadaria ininterrupta, e muitos etcs até um quase-desligamento de suas sinapses (*).

A jovem Avó pensa em seus netos, e responde:
- “Os jovens de hoje levam vidas descartáveis.”

Me remete a algo que li ou ouvi: os jovens sempre deram mais importância à opinião das pessoas de sua faixa etária do que à dos mais velhos. No entanto, no passado eles tinham pouca exposição ao convívio dos demais manés da mesma idade: se encontravam na escola, em algumas atividades fora do colégio e de casa... e pronto. Na maior parte do tempo estavam com gente adulta, saíam com seus Pais, ou seja: ouviam, aprendiam e se desenvolviam com a experiência dos mais experientes.

Atualmente a juventude passa muito mais tempo na rua, plugados, antenados, se comunicando via messengers, torpedos, redes sociais, caralivros, celulares. A convivência com os mais vividos – e conseqüentemente sua influência – reduziu barbaramente. O resultado é óbvio: sem referência daquilo que já foi vivido, experimentado e testado alguns milhões de vezes, o jovem de hoje passa a vida empenhado em inventar o isqueiro – sem cair em si que está desperdiçando seu tempo para descobrir o que já existe; perdendo tempo que lhe deveria servir para seguir em frente. Ao invés de embarcarem no trem-bala da História, optam por puxar-lhe a carroça.

Talvez seja este o grande desafio do jovem atual: a coragem de passar por cima de seus semelhantes – que nada sabem, assim como eles – e se aplicar a um modelo de dedicação, esforço, humildade e aprendizado que valerá o escárnio por parte dos brothers manés preguiçosos: afinal, “a desgraça ama companhia”. Enfrentar a preguiça e a comodidade dos imbecilérrimos programas que demandam inteligência parca e que nada acrescentam ao inculto que os assiste – ou pior, acrecentam envelhecimento inútil à própria existência. Menos vida a usufruir, sem qualquer retorno; sem mais nada.

Cuidar para não se tornar uma Pessoa que pouco ou nada tem a acrescentar, a não ser o próprio deslumbramento com descobertas há muito ultrapassadas.

Cuidar para não escorregar para uma vida descartável.


 (*) © Calvin

(mar/2012)

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