sábado, 13 de fevereiro de 2016

Prova de Inglês


Ela estava desesperada, e telefonou para o Amigo. Todo o seu Mestrado – cursado com brilhantismo – estava em risco. Uma última matéria a prendia, ela a cursava pela 3ª vez e aquela era sua última oportunidade: Inglês. Era a Prova Final (pela terceira vez!), e ela tinha certeza de que não iria passar. Será que ele, que sabia bastante Inglês, poderia ajudá-la?

No dia seguinte ele foi àquela Universidade onde jamais pisara, entrou no Salão de Provas, recebeu o Exame Final – a tradução de um longo texto – e preencheu as 4 faces de um papel almaço. Pediu uma segunda folha de almaço, a deixou em cima da carteira junto ao enunciado, sinalizou para ela e foi ao banheiro com sua versão do texto. Lá explicou-lhe que aqui e ali não saberia traduzir perfeitamente, pois tratava-se de termos técnicos, mas que ela certamente saberia complementar. E foi embora.

Hoje ela já cursou Pós-Doutorado, e é uma das mais proeminentes figuras em sua área de atuação profissional.

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Nota:
Talvez alguém considere que há algo de errado nesta história. Raciocinemos:
  • o que Ela deveria ter feito, jogado fora 2 anos de vida e empenho, noites e trabalhos, uma Dissertação já defendida, e seu Sonho?
  • o que Ele deveria ter feito, abandonado a Amiga?
  • o que a Escola deveria ter feito, jubilado uma Aluna que se dedicou tanto, e que teve seu valor comprovado com os desempenhos Acadêmico e Profissional posteriores?

Sim, há algo de errado nesta história; mas não é a história...


(SP, fev/2016)

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