Egresso dos tempos dos Long Plays, por
cerca de 20 anos eu ouvi Discos nos quais as Músicas eram gravadas em 2 lados.
Assim quando acabava um lado (Lado A, Lado 1 ou Lado Um), tínhamos que levantar
a agulha, virar a bolacha, recolocar a agulha e então ouvir a continuação, em
um processo bastante chatinho.
Por outro lado, isto podia
eventualmente trazer quase “duas identidades” ou “duas personalidades” a um LP;
uma lado mais agitado e outro mais calmo, por exemplo; ou um dos lados com uma
única Música ocupando-o por inteiro (“Supper’s Ready”, “In-A-Gadda-Da-Vida”, “Close
to the Edge”, “Echoes”, "A Plague of Lighthouse Keepers") e o outro lado com Músicas de tamanho mais corriqueiro.
Às vezes o Lado 1 acabava de uma forma que “emendava” com o início do Lado 2,
com a mesma melodia, os mesmos acordes, um fade out no lado A e um fade in no
lado B, e você fazia a “solda” na cabeça.
Tudo isto como Intro (plus minus
absurdio) para dizer que alguns álbuns eu ouvia primeiro o Lado B e depois o
Lado A, por motivos diversos. Recordo-me de 3, e seguem abaixo suas histórias. (As
imagens das contracapas dos LPs são apresentadas como “provas”!)
O Fleetwood Mac teve 3 fases bastante
distintas, sempre em função de seu Guitarrista principal
(Mick Fleetwood é baterista e John McVie toca baixo):
- a fase Blues de Peter Green (“raiz”)
- a fase Rock de Danny Kirwan (a que prefiro)
- a fase Pop com Lindsay Buckingham (a de maior sucesso)
Conheci-os através do disco “Bare
Trees” (Kirwan), cuja música-título gravei com microfone em um Rádio em um
ultra-errático programa semanal. Eu ouvia aquele K7 sem parar, e quando o Disco
foi finalmente lançado no Brasil, a primeira Música que eu queria ouvir era
“Bare Trees” (“... grey light / oh yeah it was a cold night...). “Bare Trees”
abria o (soberbo) Lado B do Álbum, então eu acabei me acostumando a ouvir
primeiro o Lado B e depois o Lado A.
STRAWBS – “Hero & Heroine” (1974)
Um dos mais espetaculares Discos de
ROCK Progressivo, do período em que lançaram 4 Álbuns que foram o ápice da
Banda (”Grave New World” e “Bursting at the Seams” anteriormente e “Ghosts” a
seguir).
A ultra-impactante música-titulo abria
o Lado B, e então me acostumei a ouví-lo primeiro. Uma curiosidade é que o
Disco tem um início do Lado A igual ao final do Lado B, ou seja: a Obra tem um
começo e um término. Mas como eu ouvia os lados em ordem inversa, isto acabou
se tornando uma emenda entre os dois lados, ao invés das intentadas vinhetas
inicial e final.
Os maravilhosos holandeses que há mais
de 50 anos tocam juntos com a mesma formação, excursionam sem parar e lançam
discos; responsáveis por minha única viagem transcontinental com o objetivo de
assistir a uma – ou melhor, 3 – Gigs.
O Disco “Grab it For a Second” tinha Side
One e Side A; não tinha Side Two ou Side B. Assim, Você decidia por onde
começar. Sempre gostei muitíssimo mais do Side One, irretocável, dois petardos
e duas lentas absolutamente brilhantes; do Side A nunca gostei das duas Músicas
centrais. E assim ouvia primeiro o Side One.
Para minha decepção, quando o CD foi
lançado ele abria com “Roxanne” (chupa, The Police!) e o Side A, ficando o Side
One para depois. Quem definiu a ordem do CD não entendeu nada; “U-Turn Time” era
o fecho perfeito para o Discaço!
Outra curiosidade sobre Lados B: o
disco LED ZEPPELIN IV era conhecido como “o lado 2 mais desconhecido da
história”. Faz sentido: tendo “Black Dog”, “R’n’R” e “Stairway” no lado 1,
pouca gente chegava ao lado 2...
Meu primeiro Compact Disc, comprado em
1986 quando eu morava em London, foi “Close to the Edge” do YES. Um belo início
de uma nova Era. Eu não precisava mais virar o lado do Disco, mas... adeus
àquelas capas maravilhosas...
(Lagoa, 20200405 Corona Times)
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