quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Coisas que Pensam por Mim

Eu ABOMINO coisas que tentam pensar por mim.

Células de Excel que apontam pseudo-erros em fórmulas que utilizam células não-adjacentes, por exemplo. Ou que ficam me torrando a paciência porque seu programador não teve a capacidade de antever ou entender os motivos das formatações que desejo.

Auto-correção no Word, como se o debilóide que escreveu o programa soubesse o que um Autor quer dizer, a forma como quem escreve deseja interagir com aquele que o lê, ou ainda como se regras gramaticais arcaicas ou novidadeiras fossem mais importantes do que as liberdades conscientes que toma alguém que domina a Língua (“tem que ter cultura pra cuspir na escultura”, já dizia Marcelo Nova).

Etiquetas de preço escritas "Apenas R$...". EU decido se um preço é "apenas" ou não; e não um vitrinista tentando me incutir - de forma muito pouco sutil - uma opinião favorável ao esforço de vendas da loja.

Células fotoelétricas sensíveis ao movimento para acionar erraticamente torneiras d’água em banheiros públicos, gotejar um sabãozinho avarento ou que te forçam a ficar acenando no vazio para acender luzes. (No caso das torneiras, nada é melhor do que um pedal mecânico no solo ativado por uma pressão feita com o pé. Que eu saiba, o único lugar que ainda utiliza este método simples, óbvio, barato, inteligente, eficiente e à prova de erro é a FGV-SP.)

Para abrir portas, mais células fotoelétricas sensíveis ao movimento. Eu estava na Alemanha e todas as portas tinham esta bendita célula. Me acostumei a elas, e certa vez quando empurrava um carrinho metálico de supermercado em um mercadinho no Aeroporto de Berlin dei uma PUTA TROMBADA BARULHENTA na porta, pois ela não tinha os tais sensores e a porta não abriu automaticamente quando eu – com o carrinho na frente – passei!

Tenho orgulho de minha forma impecável de freiar um carro, equilibrando irretocavelmente a força do atrito dos pneus com a pista de rolagem e a distância disponível com a calibração da pressão do pé direito sobre o pedal do freio. Isto é, se não houver uma PORRA de um freio ABS que tenta aliviar e compensar a frenagem e só atrapalha, e muito! Algum dia ainda vou bater por causa de um freio com este Absolute Boçal System.

Não quero que ninguém tente pensar por mim, por favor, caralho! Para raciocinar no lugar do cliente o cabra teria que saber o que ele vai querer / necessitar em uma determinada situação específica e imprevisível dentro de alguns meses ou muitos anos; e ainda por cima ser mais inteligente do que o próprio cliente.

Eu cuido de mim, obrigado.

“As boas intenções pavimentam a entrada do Inferno”.

Espero que sim.

(fev/2011)

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