Entendo como covardes todos aqueles (e aquelas) que em uma disputa se valem de uma arma – ou recurso, ou ferramenta, ou artifício – que não esteja à disposição do contendor.
Assim, “covarde” não é somente a pessoa mais forte que agride a mais fraca (ou seja, a que dispõe de mais músculos contra quem tem menos); é também quem tem uma técnica de luta e a usa contra quem não tem; ou aquele que usa uma arma contra quem não tem uma; quem tem uma coluna no jornal e se vale disto para redigir um artigo espinafrando quem não dispõe de tal acesso, e portanto não tem como replicar; quem tem espaço no rádio falando sobre quem não tem o mesmo canal para difundir suas idéias; aquele ou aquela que está com um microfone na mão em um parque, festa ou palco e o usa para discutir com quem não porta um; aquele que usa seu dom de retórica contra quem não o possui; quem se vale de uma inteligência mais rápida ou aguda; quem sabe argumentar melhor; quem tem mais cultura; quem não tem pudores, melindres ou preocupação em magoar os demais; quem ataca de surpresa um desavisado; quem se vale de poder financeiro ou de autoridade organizacional para encerrar uma discussão; quem se aproveita de informação privilegiada; e eu, e você, e todos nós.
De muitas formas todos nós somos covardes algumas ou diversas vezes ao longo de nossos dias. Esforcemo-nos para ao menos não o sermos de forma consciente; tentemos ser minimamente covardes ao longo de nossas vidas.
(fev/2011)
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
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