sexta-feira, 30 de julho de 2010

Grosseria

Durante décadas eu me considerei o máximo do rapaz fino e elegante pelo fato de tratar todas as pessoas mais idosas do que eu por “Senhor” e “Senhora”. Somente quando passei a ser chamado de Senhor – e detestei – é que vi o quão grosseiro eu havia sido ao longo de tantos anos.

Teorizo sobre o que leve alguém a ser chamado de “Senhor”. Enquanto eu tinha 10% de cabelos brancos, 10% das pessoas me chamavam de Senhor. Quando os cabelos brancos passaram a representar 20% do meu quengo, 20% das pessoas passaram a ser “finas e elegantes” comigo. E assim por diante, até atingir 50% de cabelos brancos: a partir de então, 100% das pessoas me chamam de Senhor!

O fim do (meu) mundo vai ser no dia que alguém se levantar no ônibus ou metrô e oferecer seu lugar para que eu me sente.

Quando estava com o braço esquerdo partido e operado devido a um acidente de moto, pude verificar pessoalmente o dito “você está velho quando quer ser cavalheiro, mas não consegue”...

Mas já passei por situação pior quando voltava do cinema em uma sexta-feira à noite. Cerca de 23 horas, eu atravessando a larguíssima Avenida JK no Itaim BipBip em São Paulo e passa um carro cheio de galerinha. Uma Menina põe meio corpo para fora da janela e com as mãos em concha grita para mim:
- “EU ADORO UM COROA!”

Ou seja, já atingi um patamar além do “Senhor”...

(jul/2010)

Um comentário:

  1. Envelhecer faz parte da vida. O que nâo pode, é acreditar-se menino e nâo ter a maturidade para envelhecer.
    Alguns acreditam-se crianças e não assumem as rédeas da própria vida e nem assumem que a vida é um ciclo que se renova a cada estação.
    É dificil ver o corpo/físico se deteriorar,sobretudo para as pessoas que demoraram a aprender as lições da existência com sabedoria.
    Infelizmente para alguns, essa sabedoria não é alcançada nem com a maturidade, nem com envelhecimento físico. Enquanro alguns em tenra idade conhecem o sofrimento e sâo capazes de compreender a natureza humana e perceber suas carências, outros se sentem merecedores de benesses e nâo tem a generosidade para olhar o sofrimento alheio.

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