domingo, 12 de dezembro de 2010

Correndo contra o Muro

Estando de moto ou de carro, ele sempre estranhava quando era ultrapassado em alta velocidade por algum outro veículo mesmo havendo uma barreira de carros parados debaixo de um sinal fechado alguns metros adiante.

Considerava o uso do freio um sinal de ineficiência; um indicativo de que o motorista tinha usado o acelerador em demasia anteriormente, consumindo um combustível que seria desperdiçado logo em seguida com um igualmente desnecessário gasto dos freios. Em resumo, quanto mais se necessita frear ao dirigir, maior a comprovação da limitação de raciocínio.

Mas aquela vez foi demais. Era uma tarde de sábado e ele vinha de moto pela larga e bastante deserta Avenida JK em São Paulo, e o sinal estava fechado cerca de 100 metros adiante. Ele estava a 50km/h no centro de uma faixa de rolagem, e foi subitamente ultrapassado por um veículo que ia a mais de 100km/h na diagonal, cruzando as faixas vazias quase como se quisesse atingí-lo (ou ao menos assustá-lo). O “grande piloto” evidentemente teve que fritar seus freios, e parou alguns metros adiante, atrás dos carros que já estavam parados no sinal bem antes daquela presepada.

O motociclista não resistiu. Passou devagar pelo veículo, e quando estava ao lado do motorista, levantou a viseira e disse:
- “Correu à toa...”
Enquanto se afastava ele ainda ouviu o urro do piloto do carro:
- “VAI TOMAR NO ESFÍNCTER!!!”

O motociclista foi embora rindo, e divagando porquê será que as pessoas não gostam de ouvir a verdade...

(dez/2010)

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