sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Uma Terrível Descoberta

Comecei a me dar por gente no início dos anos 70. Sou rockeiro desde sempre, e era a época dos cabelões. Todos os músicos tinham cabelos lisos, longos, enormes. Um único grande rock star tinha cabelos que pareciam com os meus: Marc Bolan, meu primeiro grande ídolo na música, um porta-voz em “Telegram Sam”: ♫ “Me I funk, but I don’t care, I ain’t no square with my cork screw hair!” ♫

OK, eu não tinha cabelo liso. Isto já tinha me assombrado ao longo de toda a infância e pré-adolescência; mas agora ao menos o Bolan tinha o cabelo igual ao meu!

Nesta época estourou o Pedro Aguinaga, que até ganhou um concurso “o Homem mais Bonito do Brasil”. Ele fazia alguma novela que eu assistia. O cara era realmente pintoso (*) . E não tinha cabelo liso, mas cacheado!

Um dia tomei coragem, juntei grana e fui cortar o cabelo no Souza em Ipanema, na época o mais famoso barbeiro / cabelereiro para homens. Levei no bolso uma enorme foto do Pedro Aguinaga que tinha saído em alguma revista “Manchete”. E quando chegou minha vez de cortar o cabelo, do alto de meus 15 anos eu mostrei a foto e disse para o Souza:
- “É assim que eu quero!”

O Souza olhou para a foto, coçou a cabeça, e disse:
- “O seu cabelo não é bem assim... mas vou tentar fazer algo parecido.”

Aquele corte de cabelo caríssimo e tão aguardado, com o mais renomado cabeleireiro masculino da época e copiando "o Homem mais bonito do Brasil", ficou a mesma bosta de sempre. E foi neste dia que eu finalmente aprendi que não tinha cabelo cacheado, mas sim pixaim.

Tremendo bombril!


(*) Nota – “pintoso” era gíria de época que significava “bonito”. Não tem nada a ver com “pinto”, please!...

(dez/2010)

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