quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Não Cabe Mais Nada

Eles formariam um belo casal, se fossem um casal. Bonitos e dinâmicos, ele chegando aos 30, ela pouco mais do que 20. Mas estavam sempre enroscados com outras pessoas, e quando um estava disponível a outra não estava, ou vice-versa. De modo que saíam esporadicamente, digamos uma vez por ano. Aquele que estivesse disponível ficava quase meio apaixonado pelo outro, mas os sentimentos nunca se encontravam. Só de vez em quando rolava alguma coisa.

Mas naquela vez tudo parecia sincronizado. Os dois manifestando claramente interesse no encontro. Marcaram cedo para terem todo o resto do dia livre. Um sábado pela manhã, ele a convidou para almoçar, ela aceitou. Saíram felizes, estavam animados, conversavam muito, tudo ia bem. Tinha demorado, mas finalmente iriam se acertar.

Passeando de carro após o almoço, ele a convidou para irem a seu apartamento (ela morava com os Pais). Mas foi surpreendido pela resposta dela:
- “Sabe o que é... Não cabe mais nada!”

Ele continuou dirigindo em silêncio, desnorteado, completamente puto. Deixou-a em casa, não sem antes passar-lhe um sabão: você não sabe o que quer, faz os outros de palhaço, brinca com os sentimentos, etc, etc.

Ele talvez tenha sido muito pouco romântico, pouco paciente, ou inocente, imaturo, etc. Eventualmente saíram novamente, mas apesar de até materializarem o interesse, jamais conseguiram transformar aqueles desencontros em um Encontro.

E pelo resto da vida, em situações diversas ele de vez em quando repetia esta frase. Não cabe mais nada! E sorria, divertido com a lado engraçado daquela triste lembrança.

(dez/2010)

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