Era a primeira vez que saíam juntos. Combinaram ir ao
último filme de Woody Allen no Cine Bristol, na Avenida Paulista.
Ele ficou perplexo durante a sessão. Ela fazia
comentários totalmente fora de contexto e em voz alta durante o filme; gargalhava sozinha em momentos onde o riso não tinha o menor sentido; chamava a
atenção e certamente incomodava os vizinhos de projeção (provavelmente até os mais
distantes). Talvez ela estivesse simplesmente Feliz, mas ele se sentiu constrangido e envergonhado, e até grato pelos demais não
reclamarem (“pessoas educadas não têm nariz nem ouvidos”), e ainda durante a
projeção concluiu que não teria como ir com ela - que era uma gracinha - ao
cinema novamente.
Durante o cheese’n’shake que se seguiu, somente 50% de
sua atenção estava voltada para a conversa. O quê fazer, qual o comportamento
correto a adotar? Deveria simplesmente desaparecer sem explicações, ser evasivo
em futuros contatos, dizer “não vai dar”, “não vai dar”, “não vai dar”? (A
Etiqueta ensina que após uma terceira recusa você não deve mais convidar, o que
faz bastante sentido e evita vários constrangimentos.) Ou seria mais digno ser
franco e dizer “olha, não vai dar, você é uma gracinha mas FALA PRA CARALHO - e
alto! - durante o filme, dá risadas sem sentido e atrapalha a vida de todo mundo”?
Ser sincero e ajudar a Menina a crescer (mesmo vindo a ser alvo do ódio ressentido dela),
ou ser educado e não traumatizá-la? Será que esta educação de curto prazo não
seria covardia ou fuga a longo prazo? O QUÊ FAZER???
“Nem tudo que acontece uma vez, acontecerá uma segunda;
mas aquilo que acontece duas vezes, certamente ocorrerá uma terceira.”
Ele não tinha como evitar que uma coisa acontecesse uma
vez em sua vida; mas era responsável por impedir que se repetisse.
(Sobre o filme, ele
nunca tinha sido fã de Cate Blanchett mas achou sua interpretação superb. E o Bobby Cannavale não era a cara do Till Lindemann, do
RAMMSTEIN?!?)
(SP, nov/2013)
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