As toscas tentativas de aculturar a “Black Friday”
americana ilustram com clareza e crueldade o grosseiro funcionamento das
cabeças em uma República dos Bananas.
Nos EUA, tal “sexta-feira negra” decorre do fato
dos americanos terem como importantíssima comemoração o Dia de Ação de Graças,
que ocorre na 4ª quinta-feira de Novembro. O dia seguinte é um ‘day after’, um ‘dia
de rebordosa’ - dai o comércio ter criado este instigamento às compras, com
descontos realmente expressivos. É o início da “Christmas shopping season”, e
estando os preços significativamente reduzidos, os americanos compram mesmo os seus estoques de Natal.
O que fizeram os brasileiros? O de sempre:
buscaram se aproveitar da situação se valendo de um mínimo de esforço e nenhuma
inteligência, e simplesmente traduziram o nome e tentaram sem qualquer
embasamento socar um hábito goela abaixo da Clientela. “Joga lá, e vê se cola”;
infelizmente, é este o nível de maquinação da cabeça deste Povo.

Existe uma época muitíssimo mais adequada para se
fazer algo parecido no Brasil. Há uma febre tifóide de compras em Dezembro, e o
que se segue ao Natal é as lojas ficarem em um marasmo que propicia até mesmo a
meditação. O período ideal para a baixa de preços seria portanto a Semana Morta
entre o Natal e o Ano Novo, onde as pessoas comprariam presentes - a preços
muito vantajosos - para si mesmas. As lojas manteriam um nível razoável de
atividade, e os compradores poderiam se dedicar a escolher sem a sofreguidão e
o aperto das semanas anteriores. Além do benefício - precioso para as Empresas no final de um ano fiscal - de reduzir os Estoques e facilitar o Inventário.
Ninguém no Brasil compra presentes de Natal com 1
mês de antecedência. Ainda mais com preços baixos inverídicos. “Black Friday”
no Brasil é palhaçada; é invenção de recém-saído da Universidade, de sem-noção
querendo mostrar serviço; e de Altos Escalões sem estofo e desesperados, que compram qualquer baboseira e
que acham que seus Clientes são idiotas.
Se bem que alguns são, mesmo.
(Nota: a tentativa de aculturação do Dia das Bruxas foi abordada previamente em “O Dia do Saci”: http://www.umpandaemsaturno.com/2011/10/o-dia-do-saci.html)
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