terça-feira, 19 de novembro de 2013

Sexta-feira Negra ou Semana Morta?


As toscas tentativas de aculturar a “Black Friday” americana ilustram com clareza e crueldade o grosseiro funcionamento das cabeças em uma República dos Bananas.

Nos EUA, tal “sexta-feira negra” decorre do fato dos americanos terem como importantíssima comemoração o Dia de Ação de Graças, que ocorre na 4ª quinta-feira de Novembro. O dia seguinte é um ‘day after’, um ‘dia de rebordosa’ - dai o comércio ter criado este instigamento às compras, com descontos realmente expressivos. É o início da “Christmas shopping season”, e estando os preços significativamente reduzidos, os americanos compram mesmo os seus estoques de Natal.

O que fizeram os brasileiros? O de sempre: buscaram se aproveitar da situação se valendo de um mínimo de esforço e nenhuma inteligência, e simplesmente traduziram o nome e tentaram sem qualquer embasamento socar um hábito goela abaixo da Clientela. “Joga lá, e vê se cola”; infelizmente, é este o nível de maquinação da cabeça deste Povo.

Note-se que o próprio nome “Black Friday” tem significado para os EUA - devido à “Black Tuesday” do Wall Street Crash de 1929, quando os preços das ações despencaram - mas nenhum no Brasil.

Existe uma época muitíssimo mais adequada para se fazer algo parecido no Brasil. Há uma febre tifóide de compras em Dezembro, e o que se segue ao Natal é as lojas ficarem em um marasmo que propicia até mesmo a meditação. O período ideal para a baixa de preços seria portanto a Semana Morta entre o Natal e o Ano Novo, onde as pessoas comprariam presentes - a preços muito vantajosos - para si mesmas. As lojas manteriam um nível razoável de atividade, e os compradores poderiam se dedicar a escolher sem a sofreguidão e o aperto das semanas anteriores. Além do benefício - precioso para as Empresas no final de um ano fiscal - de reduzir os Estoques e facilitar o Inventário.

Ninguém no Brasil compra presentes de Natal com 1 mês de antecedência. Ainda mais com preços baixos inverídicos. “Black Friday” no Brasil é palhaçada; é invenção de recém-saído da Universidade, de sem-noção querendo mostrar serviço; e de Altos Escalões sem estofo e desesperados, que compram qualquer baboseira e que acham que seus Clientes são idiotas.

Se bem que alguns são, mesmo.

(SP, nov/2013)

(Nota: a tentativa de aculturação do Dia das Bruxas foi abordada previamente em “O Dia do Saci”: http://www.umpandaemsaturno.com/2011/10/o-dia-do-saci.html)

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