terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Haja vista que é Róráima!

O fato de não sermos completamente escravos aumenta a responsabilidade sobre nossos atos. Uma vez que ninguém é obrigado a fazer nada, qualquer falta de bom senso em nossas atitudes será uma responsabilidade exclusivamente pessoal.

Algumas vezes ouvimos atrocidades que evocam o desejo que o pelourinho estivesse de volta, fosse para justificar o “eu só cumpro a regra, sem colocar nenhum bom senso pessoal no gesto”, fosse para punir os mentecaptos que as pronunciam.

A principal rede de televisão do País insiste em uma lavagem cerebral em toda a população, esfregando uma pronúncia “Róráima” quase que a cada telejornal diário. O pretexto é o mais tosco possível: perguntam a alguém que mora lá: “como é que se fala?” e como o local responde “é Róráima”, pronto! Tentam impingir nacionalmente a pronúncia local. É como se perguntassem ao caipira: “como é que se pronuncia a palavra ‘caipira’?” e ele respondesse: “é caipiᴙa”, e pronto! Todo mundo deveria passar a pronunciar “caipiᴙa”, afinal foi o próprio quem ensinou! (E se o caipira se apresentar como Feᴙnando, você também deverá chamá-lo de “Feᴙnando”.)

Outra expressão irritante, repetida à exaustão pela Rádio que toca Notícia, é “haja vista”. Sim, está no Aurélio. Mas convenhamos: a justificativa para tal descalabro é que significa “conforme já foi colocado à vista”. Mas nem tudo o que já foi visto foi colocado à vista, aos olhos! Principalmente em uma Rádio! Sobre coisas que já foram debatidas e estudadas podemos afirmar: conforme já foi visto, e isto não se refere aos olhos. Tão simples, tão óbvio, tão elementar. Haja visto. Haja saco!

Seguir este tipo de regrinha é se acomodar em uma preguiça intelectual próxima à escravidão.

Outra expressão comum e irritante é a substantivação da sigla BRIC, com sua conseqüente pluralização: “os BRICs, que são o Brasil, a Rússia, a Índia e a China, (...)”. Ora, BRIC é uma sigla que embute e representa o nome dos países; não tem cabimento aplicar-lhe um plural. É o mesmo que dizer “os OTANs”, “os ONUs”, “os FIFAs”, etc. O único plural que cabe aqui é: “os manés”.

Pelourinho neles!

(dez/2010)

5 comentários:

  1. Apoiado, The Guedes.

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  2. Comparável aos INFAMES anúncios "espontâneo-casual" de rede de tv por assinatura sócia da emissora, como se fosse uma conversa no sofá de casa, ou num momento de descontração no trabalho, na hora do cafezinho... Suponho que devem considerar um "achado" de marketing.

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  3. Adriana Seixas Braga12 de abril de 2013 às 02:09

    Meu marido diz a mesma coisa diante de cada notícia sobre "Roráima"! kkkk

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  4. kkkkkkkkkkkkk é isso mesmo Márcio querido, é insuportável

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  5. Patricia Österreicher12 de abril de 2013 às 02:10

    Não é mesmo? Afff...

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