sábado, 4 de janeiro de 2014

Os Laranjas Mecânicos


Em 2012 foi lançada uma edição especial comemorativa dos 50 anos do magistral “A Clockwork Orange” de Anthony Burgess.

Boa parte de tal edição é dedicada a esclarecedores ensaios do Autor sobre sua genial Obra.

Em um deles, Burgess menciona que a utilização de gíria russa (“nadsat”, proveniente do sufixo russo que equivale ao “teen” inglês) é na verdade um “brainwash device”. Os termos e expressões nadsat aparecem cerca de 10 ou mais vezes por página, e lá pela metade do livro - sem sentir - o Leitor já entende boa parte deles (e até passa a utilizá-los em seu dia-a-dia!). Burgess explica no ensaio que é exatamente assim que funciona a lavagem cerebral: a pessoa não nota que a idéia lhe foi inoculada, e acredita ser ela mesma a única responsável por aquele raciocínio que a domina. Lembremos que a lavagem cerebral é a parte central do livro; Burgess, portanto, sutilmente submete seus próprios Leitores a um suave “Tratamento Ludovico”.

Todos os integrantes de uma numerosa Família carioca torcem pelo mesmo time, que vem a ser o mesmo time do Patriarca.

A Primogênita de tal Família vem me dizer, cheia de orgulho:
- “Fui eu que escolhi o meu time!”

Ela... os 3 outros Irmãos... e os 8 Netos. Todos “escolheram” o mesmo time.

É assim que funciona.

(jan/2014)

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