quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Os 7 tipos de Inteligência e a Maldição de Cassandra

Nos anos 80, o Psicólogo americano Howard Gardner teorizou que existam 7 tipos de inteligência (a “Teoria das Inteligências Múltiplas”). Assim, além da inteligência lógico-matemática (que é a avaliada nos testes de Q.I.) teríamos ainda 6 outros tipos de inteligência, expressos através das capacidades de se comunicar, de expressão corporal, de se relacionar com os demais, de auto-conhecimento, expressão musical e a capacidade espacial.

Sempre gostei desta teoria. Afinal, nunca me pareceu que o fato de uma pessoa não ir bem em um teste de Q.I. significasse que ela é burra; simplesmente reflete que seu raciocínio lógico tem caminhos diferentes, que não necessariamente sejam a idiotia. Temos gênios na dança, na pintura, no discurso e na música que não obrigatóriamente são sumidades em raciocínio lógico – aliás costumam não sê-lo, daí a expressão “o importante é a Arte, e não o Artista”.

Mas como o tipo de inteligência interfere em nossas vidas?

A maioria dos tipos de inteligência define o rumo que o indivíduo vai (ou deveria) tomar na vida. Capacidade musical, de dança ou artes plásticas indicam aquilo em quê a pessoa tem potencial para se destacar; ela só vai precisar de algum incentivo (em muitos casos, nem isto).

Dois tipos de inteligência merecem no entanto uma análise particular.

O primeiro é a capacidade de comunicação. Vivemos uma sociedade que se deslumbra com a forma e as aparências, pouco se atendo ao conteúdo – afinal, verificá-lo custa um indesejado trabalho. E as pessoas se encantam com quem fala bem, com quem distrai e diverte, com aqueles que fascinam; a imensa maioria das pessoas segue Flautistas de Hamelin, chegando ao ponto de repetir e propagar tolices rasteiras e superficiais, besteiras cujo único mérito é terem sido bem ditas, ou pronunciadas com autoridade, ou ainda sob a chancela de um diploma na parede. Desmontar um arauto do bom discurso é muito difícil; alguns chegam até mesmo a presidir suas congregações compostas por idiotas superficiais e bocós vazios.

No extremo oposto temos aqueles que se destacam nos testes de raciocínio lógico. Sobre estes coitados pesa uma maldição: embora dotados de poderosa capacidade de compreensão racional, falta-lhes a capacidade de transmitir de forma simples e compreeensível suas conclusões de evidências. Como disse certa vez um Professor de Filosofia, como pode um grupo eleger (por exemplo) quem entre eles é o mais justo, se todos os eleitores serão menos justos do que o eleito? O mesmo acontece com o indivíduo muito lógico: como se fazer entender por pessoas menos racionais?

Com isto, são os Comunicadores que acabam ditando as regras para a Sociedade superficial, ao invés dos infelizes Racionais que não conseguem transmitir o óbvio. É como a Maldição de Cassandra: belíssima e dedicada ao deus Apolo, ela acabou por conquistá-lo. Mas ele não poderia se envolver com uma simples mortal, então concedeu a ela um desejo: o dom da Profecia. Ela efetivamente se tornou uma Profetisa, mas recusou-se então a dormir com ele. Apolo ficou furioso mas não podia voltar atrás em sua palavra – afinal, era um deus. Lançou-lhe então a maldição de não ser acreditada naquilo que previsse. E assim, por mais que falasse a verdade e soubesse o que iria acontecer, Cassandra não era compreendida ou levada a sério por aqueles que a ouviam.

Esta é a maldição dos indivíduos de alto Q.I. (lembrando que ele representa tão-somente bom desenvolvimento em raciocínio lógico, ou seja, apenas um entre os sete tipos de inteligência): saber do que falam mas não serem compreendidos. Dará mais certo em nossa Sociedade aquele que simplesmente discursa muito bem; a maioria das pessoas não está interessada em conteúdo que demande muito esforço.

Já o Tio L tem uma definição mais objetiva: para ele, inteligente é a pessoa que consegue aquilo que almeja.

(jan/2011)

2 comentários:

  1. márcio, por isso que o bom é ser mediano como eu.aproveitando, vc já fez o MBTI? é um teste de personalidade interessante (meio auto ajuda para executivos, meio interessante baseado em Jung).

    http://www.humanmetrics.com/cgi-win/JTypes2.asp

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  2. O panda-gigante (Ailuropoda melanoleuca) é um mamífero dotado de racionalidade da família dos ursídeos, endêmico da República Popular da China... eu juro que eu entendi na primeira lina que você guardava meleca na cueca.

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