sexta-feira, 19 de setembro de 2014

FOOOOOOOOOOOMMM!!!


Os mais novos talvez não saibam ou lembrem, mas a Buzina dos automóveis já foi um instrumento de aviso e alerta, e não de repreensão.

Buzinava-se – com comedimento – para avisar a outro condutor que ele estaria incorrendo em alguma desatenção. Ou talvez para informar “por favor observe, estou em um ponto cego!”

Um simples bip de alerta, mais do que isto não era necessário.

Hoje não. Buzina-se de forma estridente para que o motorista da frente que está tentando entrar em uma garagem jogue seu carro em cima do pedestre que está passando na calçada; buzina-se histericamente para que o motorista da frente avance sobre o cruzamento mesmo que não seja possível continuar a seguir e ele e fique atravessado no meio da interseção quando o sinal abrir, tumultuando tudo ainda mais; buzina-se agressivamente porque se está esperando alguém que não assomou à porta do edifício, e que se danem todos os demais moradores do prédio e transeuntes próximos. Motoqueiros buzinam reclamando porque alguém a 200 metros de distância ligou o pisca-pisca e mudou de faixa. Buzina-se loucamente porque o trânsito está parado com oito mil carros à frente, e EU QUERO ANDAR!!!

Egoísmo e falta de respeito para com o semelhante fazem parte da receita. E de discernimento: além de irritarem, estas buzinadas não levam a nada. Talvez em cidades menores não seja assim. Mas em São Paulo a buzina se tornou a válvula de escape da tensão que a cidade – ou o Terceiro Mundo – impõe a seus moradores.

O problema é que o que escapa por esta válvula é uma baita diarréia.

(SP, set/2014)


Um comentário:

  1. Lembra um fato que virou piada.Um motorista parou o carro para uma velhinha atravessar. O do carro de trás começou a buzinar histericamente. O motorista educado desceu do seu carro e se dirigiu ao motorista músico:
    - "Façamos o seguinte:eu fico aqui buzinando e você vai para o meu atropelar a velhinha!"

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