terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A hipocrisia da punição aos árbitros

Tornou-se moda punir árbitros de futebol por “erros” cometidos durante partidas importantes. Esta medida nada mais é do que pura demagogia hipócrita, e não resiste a uma análise rasteira. Se não, vejamos.

Ao não assinalar um lance irregular, ou o árbitro viu a jogada faltosa, ou não viu. Se ele viu e não marcou, não é caso de suspendê-lo, mas sim de expulsá-lo do Futebol, e até mesmo de surrá-lo. Não creio que exista mais lugar neste Planeta para gente indecente.

Caso no entanto o árbitro não tenha visto a irregularidade, a punição não faz o menor sentido. Na próxima vez que não vir um lance, ele novamente não irá marcar, é óbvio! E a “punição” de nada adiantou. - “Ah, não viu mas deveria ter visto!”. Com este argumento deveremos também punir o atacante que perde um gol feito (“Não marcou mas deveria ter marcado!”), o goleiro que engole um frango (“Não agarrou mas deveria ter agarrado!”). o passe mal feito (“Errou mas deveria ter acertado!”) e até o cachorro-quente sem mostarda (“Não colocou mas deveria ter colocado!”).

O que a FIFA faz é tentar repassar uma responsabilidade que é exclusivamente dela própria. Ao punir um árbitro, dá uma pretensa “satisfação” à opinião pública e ao Clube que está reclamando, e fica tudo por isto mesmo. Pune o mais fraco, e não o verdadeiro responsável; coloca hot fudge na merda mole. Pois é mais do que evidente que as imagens transmitidas devem ser decisivas e definitivas no julgamento de um fato ou lance. Só acha que “a graça do Futebol está no erro do Juiz” quem não gosta de Futebol. Para qualquer pessoa honesta, a graça – do Futebol ou do que quer que seja – está na vitória de quem fez por merecer dentro das regras; julgamento sem imagem favorece o malandro, favorece o espertalhão, favorece o errado.

O problema está muito mais embaixo. Com o julgamento pelas imagens acabará a possibilidade de manipulação de campeonatos. Acabará a possibilidade de favorecer o time mais rico, o mais influente ou o mais popular. Com a honestidade, tais interesses deixam de ter favorecimento acobertável. O auxílio da tele-visão à arbitragem traria lisura ao Futebol.

Daí ser preferível – por mais fácil e lucrativo – simplesmente punir os Juizes.

(jan/2010)

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