quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Porque não fiz vasectomia

Quem me conhece sabe que ABOMINO crianças, e que poucas idéias me soam piores do que a de ter filhos urrentos e cagantes. Porque, então, não fiz vasectomia?

Aos 18 anos eu pensava em fazer. Mas não sabia o que iria pensar quando tivesse 28 anos.

Quando fiz 28 e continuava querendo, fui a um Urologista. Perguntei por custo, risco, reversibilidade e sua opinião pessoal. Ouvi que para ele seria ótimo, pois era uma intervenção extremamente simples (podia executá-la no próprio consultório) e cara, e portanto bastante vantajosa para ele. Risco, quase nenhum. Quanto à reversibilidade, não tinha como afirmar nada, pois a operação consistia em cortar um duto quase capilar que conduz os espermatozóides. Isto não afetaria a ejaculação, pois os espermatozóides são menos de 1% dela (ou coisa que o valha). O problema poderia ocorrer à época da eventual reversão: caso muito tempo tivesse passado, por melhor que fosse a “solda”, meu organismo poderia já ter “aprendido” que a produção de espermatozóides era desnecessária, e simplesmente ter descontinuado tal produção. Assim, embora corretamente executada, a operação de reversão poderia portanto ser mal sucedida.

Nunca pensei em ter filhos – a bem da verdade, aos 53 anos de idade ainda não tive UM ÚNICO SEGUNDO na vida em que achasse que deveria ter tido alguns pimpolhos para me drenarem o tempo, a grana e a paciência – mas este último argumento me levantou o alerta: se o organismo podia aprender que a produção de espermatozóides era desnecessária e então descontinuá-la, ele poderia igualmente “aprender” que uma vez que não tinha espermatozóides para conduzir, a produção do líquido seminal protetor (os restantes 99% da ejaculação) também não era necessária... e igualmente descontinuá-la! E a partir daí, quanto tempo até o organismo “aprender” que, afinal, a ereção TAMBÉM não era necessária?!?

Não, obrigado. Deixa os canos.

(jan/2010)

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