quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Nosso asfalto é nosso País

A maior decepção que tive ao me mudar do Rio para São Paulo em 1982 foi encontrar o mesmo asfalto porco nas ruas. Ingênuo, eu tinha a ilusão de estar me mudando para o Primeiro Mundo...

Acho que nada tem mais a cara do País do que seu asfaltamento. Ele mostra com exatidão a forma que resolvemos as coisas: com pressa, com desamor, de qualquer jeito. Não existe empenho em fazer bem feito; o importante é acabar logo, de qualquer jeito. Ficou um horroroso remendo aparente? Não tem problema. Vai abrir um buraco de novo daqui a 3 meses? Não sou eu quem vai consertar. O motorista vai passar por intermináveis solavancos ao dirigir por cima de calombos desnivelados? Problema dele. Danem-se todos, eu fiz a minha parte. Fazer bem feito não é parte do contrato e nem obrigação moral. Honra? O que é isto?

E assim construímos nosso País. Com horrorosos remendos aparentes. Com pressa e sem orgulho. Sem nos importarmos com os outros. Sem nos importarmos com nosso País.

Sem nos importarmos nem mesmo conosco.

(jan/2010)

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