quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Antena de Telefonia Móvel no Prédio

Adianto os passos para que você saiba o que vai acontecer quando propuserem instalar uma antena de telefonia móvel em seu prédio.

Comparecem às primeiras reuniões de condomínio somente aqueles que se fascinam com o ignóbil faturamento adicional oferecido pelos tubarões. Ou seja: quem considera o volume de sua herança mais importante do que o prazo em que ela será transmitida.

As promessas da Empresa serão as mais singelas possíveis: o peso da antena é entre 500kg e 1 tonelada, quase nunca irá ninguém no prédio fazer manutenção, não vai interferir em nada com o dia-a-dia do condomínio, etc, etc.

Para quem está disposto a se iludir, é tudo lindinho. E é tamanha a pressão dos demais condôminos que você fica se achando na contramão da história, um espírito de porco, o único que não quer as benesses propiciadas pelo fluxo do miserê de reais. E acaba concordando, pois se é o único do contra, provavelmente está errado.

É claro que nenhuma das promessas mencionadas nas reuniões constará do contrato. E daqui a pouco, quando começam a chegar mais de 5 toneladas de cimento, areia, cabos e mais um exército que varia entre 25 e 35 funcionários por dia entrando e saindo de sua propriedade, e o prédio começar a ser todo esburacado para a passagem dos cabos, finalmente aqueles vizinhos que faltaram a todas as reuniões a respeito do assunto começarão a se manifestar contra. E vão querer embargar a obra.

E você, que era o único contrário àquela instalação, de repente se vê forçado a defender o que foi acertado, pois entende que a honra deve ser mantida – mesmo que não tenha concordado com o acordo. É como a Democracia: não adianta dizer “eu não votei no Collor” ou “eu não votei no Lula”; o Brasil votou, e como fazemos parte de um jogo e concordamos com sua regra, agora devemos cumprí-la. Você votou, sim, no Collor e no Lula. E também na malfadada antena de telefonia móvel que estão erguendo acima de sua cabeça.

Uma vez finalizada a obra estrutural, para completar o “serviço” a NEXTEL envia uma lista de MIL E QUATROCENTAS PESSOAS autorizadas a entrar em seu prédio para manutenção eventual.

Nesta vida só se ilude quem quer.


(nov/2011)

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Não faz parte do meu Show

A Mentira é um comportamento que está além de minha capacidade de compreensão.

Até entendo – embora não concorde – a pessoa que corrompe, rouba ou suja sua Alma por motivos diversos. Cada um tem sua escala de valores, e se um Parlamentar acha que deve cobrar propina do restaurante do Senado para manter a franquia – e o dono do restaurante julga que deve pagá-la – isto é uma interpretação pessoal das regras do jogo. O cara sabe que está fazendo uma coisa que outros consideram errada, e ainda assim opta por fazê-la. Sabe que está sujando a Alma, e opta por sujá-la. Consigo entender o raciocínio – embora, insisto, não concorde com ele.

Mas quando o cara é pego e começa a se lamuriar “não fui eu”, “eu não fiz isto”, “isto é uma calúnia” e “não há provas”, aí já escapa a minha compreensão. Assaltou e foi pego? Estava embriagado e atropelou? A pessoa entrou em um jogo e perdeu, agora assuma seu comportamento; tenha hombridade, tenha honra! Como é possível alguém mentir? Está assumindo para si mesmo que estava errado? Eu honestamente não entendo; escapa a meu alcance.

O único comportamento que consigo compreender é o de assumir os próprios atos, sejam eles para o Bem ou para o Mal, carreguem ou não uma interpretação pessoal das regras do jogo. Caso eu discorde da regra estabelecida por uma maioria que considero idiota e me comporte em não-conformidade, na eventualidade de ser pego irei assumir, defender e justificar meus gestos; se outros irão ou não concordar com meu raciocínio, isto é outra questão; mas não saberia me comportar de outra forma que não fosse defender meu ponto de vista e os atos resultantes dele. Me preocupo muitíssimo mais com meu julgamento a meu próprio respeito do que com o julgamento dos demais. Quem mente pensa de forma contrária: se preocupa mais com o que os outros pensam a seu respeito do que o que ele mesmo pensa de si (a palavra “respeito” neste contexto chega a ser irônica...).

Não é que a Mentira não faça parte de meu software.

Ela não faz parte é de meu hardware.


(nov/2011)

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Mandrake e o Tempo

Embora nunca tenha deixado de ser Criança, eu era criança quando li uma história em quadrinhos do Mandrake que me marcou a vida.

Nela, Mandrake, Lothar e Narda iam parar em uma Sociedade onde não havia dinheiro; ou melhor, a unidade de troca não era o dinheiro, mas sim o Tempo. Todo mundo sabia exatamente quanto tempo lhe restava de vida, e isto era negociável; os miseráveis mendigavam por alguns minutos a mais, enquanto os bilionários dispunham de centenas de séculos por viver.

Aquela história me abriu os olhos para a real importância do Tempo em nossas vidas; e passei a prestar cuidadosa atenção ao fato de diariamente permutarmos – ou entregarmos, desperdiçarmos – minutos e horas preciosas em troca de coisas ou bens ou conquistas que não valem uma fração do precioso Tempo que nelas foi investido.

O dinheiro nada mais é do que uma unidade intermediária desta troca de Tempo por bens, conhecimentos, viagens, sensações. Quando estamos trabalhando, estamos na verdade dando parte do Tempo de vida que nos resta em troca de uma moeda transitória que nos propiciará outras experiências.

Minha sugestão / opinião pessoal é que se deve tomar extremo cuidado com a forma que gastamos nosso Tempo. Nossa sociedade não é tão diferente daquela do Mandrake, afinal; a diferença é que não percebemos que estamos empenhando o tão valoroso e insubstituível Tempo em troca de futilidades, inconseqüências e superficialidades que rapidamente se volatilizarão da memória, por não terem a menor importância. Não entregar algo precioso em troca de algo inútil, vão e desnecessário.

Diz o Amigo FM que o ditado correto seria: “Dinheiro é Tempo”; é um sábio.

 


Nota - Entrou em cartaz o filme “In Time” (“O Preço do Amanhã”), que passadas quase 5 décadas traz aquela mesma Sociedade que o Mandrake visitou. Recomendo fortemente; e ao vê-lo, não deixe de lembrar que seu Tempo pessoal está passando da mesma forma que o daquelas pessoas. Com a diferença que você não tem recarga.


(nov/2011)

domingo, 6 de novembro de 2011

O Rock Liberta

Nascido 14 anos à minha frente, RN me dá um súbito, inesperado, surpreendente – e acima de tudo esclarecedor – depoimento sobre o Rock.

Segundo ele, o Rock foi extremamente libertador – principalmente para as Mulheres!

Antes do advento do Rock, as Mulheres eram prisioneiras de algum convite masculino para poderem chegar à Pista de Dança. Elas ficavam à volta da Pista ansiosas por um chamado que se não chegasse as deixaria plantadas e frustradas por toda a noite. Com a chegada do Rock, elas passaram a não mais depender de tal convocação para evoluir pelos Salões. E mais, passaram a inclusive poder recusar o convite de rapazes com os quais não desejam dançar! O Rock lhes trouxe portanto... Liberdade.

E também para os Homens. Antes era necessário ter jeito para a coisa, fazer aulas, aprender os passos. E quantos passos! Eram vários para o Bolero, tantos para o Tango, e assim por diante. Quem não soubesse fazia feio, seja dentro da pista ou então por ficar fora dela. Com o Rock, “você vê até o mais desengonçado se sacudindo pela pista”, analisa o depoente.

É verdade. Me lembra uma palestra de AA – então Presidente nacional de um grande Banco internacional – que assisti, na qual ele proferiu um raciocínio que me marcou para sempre:
- “Aquele que respeita suas limitações, jamais se livrará delas.”

A sabedoria deste pensamento revolve o meu pensamento desde então. Quantas e quais limitações eu estaria / estava / estou respeitando, e carregando a carga de seus karmas por toda esta minha vida?

Logo me saltou a Dança à cabeça. Nunca fui muito dançarino, por achar – como ainda acho – os homens bastante ridículos na Pista, principalmente se comparados às Mulheres (que nascem sabendo rebolar com naturalidade, graça e sedução) e aos “All Blacks”, que também destilam elasticidade e molejo absolutamente espontâneos nas Pistas. Em resumo: eu nunca dançava, mas gostaria: e esta era uma limitação pessoal que eu respeitava. E que naquele momento aprendi que precisava enfrentar.

Hoje, graças ao Rock e a AA eu me sacudo desengonçadamente pelas Pistas de Dança – basta que as guitarras das Músicas sejam boas.

Quando me encontrar em um Show ou um Baile, você constatará que RN está coberto de razão: o Rock libertou as Mulheres.

Libertou os desengonçados.

Me libertou.

(nov/2011)  

sábado, 5 de novembro de 2011

Sitting on a Park Bench

Lançado em 1971, o disco “Aqualung” do JETHRO TULL teve uma “25th anniversary definitive edition” em 1996, depois uma “definitive remaster edition” em 1999 e agora em 2011 recebe a “40th anniversary definitive edition”.

Não seria melhor o incauto Fã esperar mais 10 anos e comprar a “50th anniversary definitive edition”? Ou melhor ainda: esperar mais 60 anos e comprar logo a “centennial definitive edition”?!?

(nov/2011)

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O Dia do Saci

Todo ano é a mesma coisa.

Com a chegada do Dia das Bruxas, alguns bem-intencionados interessados em resguardar o interesse nacional e preservar os brios patrióticos propõem transformar a data em um “Dia do Saci”.

É uma proposta que não tem um mínimo de criatividade. Pegar uma data que já existe, comemorando uma entidade esotérica, e a transformar na mesma data celebrando uma outra entidade esotérica – apenas sendo esta “brasileira”. Uma tradução, uma aculturação, uma adaptação – algo tão criativo quanto uma versão cover em português de uma música originalmente em inglês.

Um mínimo de inventividade, galera! Para início de conversa, Bruxas existem em todo o Mundo: todas as Mulheres são Bruxas! E a referência aqui não é às maldades, mas à capacidade de seduzir, envolver, enfeitiçar; o conhecimento do sutil, do indireto, do invisível aos olhos. A qualquer hora, em qualquer casa de qualquer Mulher você encontra sempre uma panela no fogão aceso, mesmo que esquentando somente água – um verdadeiro “caldeirinho”. Esta habilidade feminina para misturar ingredientes no caldeirão é puro sortilégio (falo de cadeira, pois sou um maneta na cozinha)!

Uma das mais interessantes características feiticeiras femininas é a capacidade de conversarem entre si  sem que os Homens à volta compreendam. Já presenciei a cena diversas vezes: estou em uma roda feminina de bate-papo, e de repente o assunto fica tão interessante – ou pessoal – que elas continuam conversando e eu de repente não entendo mais nada!!! Compreendo as palavras que estão proferindo, mas não sei o que estão dizendo, todas falando com extrema velocidade e ao mesmo tempo – e se entendendo!

Não, não sejamos silvícolas, não nos valhamos de um orgulho provinciano para cometer o sacrilégio de acabar com o Dia das Bruxas. Concordo plenamente que o Saci merece o seu dia, mas não usurpando o 31 de outubro. Minha proposta é outra: uma vez que o Saci é escorregadio, fugidio, aparece somente de quando em quando, é difícil de se ver... sugiro que seu dia seja o 29 de fevereiro. De vez em quando aparece. De vez em quando é avistado. Mas só de vez em quando.


29 de Fevereiro: o verdadeiro Dia do Saci.


(31/out/2011)

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Ter Filhos e a Segunda Divisão

Uma vez que nunca tive Filhos – e nem planejo tê-los, obrigado – me limitei a passar a vida ouvindo as loas alheias sobre as maravilhas de se ter um ou mais rebentos.

Nunca entendo direito as explicações, mas as pessoas sempre compreendem minha incompreensão alegando que “é algo que só se consegue entender quando se tem aquela coisinha te olhando, sorrindo para você, balbuciando, etc”, etc, etc – a ladainha habitual.

Sempre considerei que aquele/a que tem Filho/a/os/as não tem isenção suficiente para avaliar esta situação – afinal, afirmar que não vale a pena ter Filho/a/os/as seria renegar a própria descendência, e pouquíssimos Pais &/ou Mães seriam capazes de tamanha abstração. Mas tudo bem, nunca fui tolo a ponto de entrar neste debate; isto nunca me incomodou.

A primeira impressão que tive quando meu Time foi rebaixado à Segunda Divisão foi que se tratava do Fim do Mundo. Fiquei triste, chateado, quase deprê. Mas a realidade dos meses seguintes foi bastante diferente: o Campeonato foi para nós um Campeonato tranqüilo, com vitórias seguidas de vitórias, e com jogos às terças e sextas ou sábados, ou seja: quando chegava a rodada da Série A, meu Time já estava com seu dever confortavelmente cumprido, e eu podia curtir com calma os encarniçados embates das demais equipes. Podia curtir o Futebol com prazer, e não com a tensão dos emocionalmente envolvidos. Compartilhando este sentimento, a torcida lotava os estádios em todos os jogos, e fazia muita festa.

Atualmente, quando algum torcedor de um time que nunca foi rebaixado chega para mim e afirma cheio de um orgulho pueril: “O meu time jamais foi rebaixado!”, eu respondo com sinceridade: “Mas não faz a menor diferença!”; mas eles não entendem. Não conseguem alcançar que cair para a Segunda Divisão e voltar faz parte da vida, e não tem o menor problema. Pelo contrário, quem já caiu sabe que tem força para retornar – mas aquele que se equilibra lá em cima fica apavorado sem saber se conseguirá se superar caso algum dia tropece...

Talvez as duas situações gerem o mesmo sentimento: só quem já teve Filho/a/os/as pode dizer que é tranqüilo, que é bom, que não tem problema – da mesma forma que só quem já foi rebaixado pode dizer que é tranqüilo, que é bom, que não tem problema.

Não sei.

E – assim como o Torcedor que não quer ser rebaixado – nunca quero saber.

(out/2011)

domingo, 9 de outubro de 2011

Pacaembu em transe

Deep Purple e Sepultura
Kaiser Music - Estádio do Pacaembu, São Paulo 
20 de setembro de 2003.

Serei eternamente grato pelo precioso empurrão de Mr. Gloug Guedes, que me levou ao open air do Deep Purple no Pacaembu, São Paulo City.

Consegui ingresso privilegiadíssimo, melhor impossível. Estabeleci-me circa 10 metros do palco, naquele lugar que se você chegasse 8 horas antes do show e escolhesse “É este!”... seria ali. O esquema de cadeiras na pista gera este tipo de privilégio. Visão perfeita, e na boca do palco nem estava tão cheio. Bem... até que começou o show do Sepultura...

Terra em transe. Quem nunca viu o Sepultura ao vivo – e a 10 metros de distância em um estádio lotado – não tem dados para dizer que não gosta de Sepultura. É irresistível: tribal, furioso, energia e eletricidade incontidas, ritmo enlouquecedor, guitarras extasiantes, limpas (!). Agumas socialites do camarote da Kaiser atrás de mim tinham pulado a mureta e estavam a meu lado, e descobriam que seus longos cabelos eram iguais aos dos músicos, e que poderiam sacudí-los como eles, e dançar como eles, e se esbaldavam! Imagine a cena: socialites hiper produzidas dançando ao som do Sepultura e sacudindo suas cabeças como legítimas headbangers!...

A massa delirava, e a área VIP Premium onde eu e aquele monte de socialites estávamos foi furiosamente invadida. A partir daí, a situação chegou a ficar perigosa: cadeiras eram arrancadas e arremessadas para cima, ou então empurradas, prendendo as pernas de quem estava ali na frente; as rodas de pogar se formavam com extrema violência, a  galera sem camisa se empurrando, chutando e socando puxada pela ferocíssima música, e a pancadaria chegava muito perto (minhas reverências a Mr. Fabio Star, a única pessoa que conheço que já enfrentou um pogar – show dos Raimundos, abertura para Aerosmith, Praça da Apoteose, RJ, no gargarejo – macho paca!).

O Sepultura está em excepcional forma. Andreas captura os desejos da massa e faz com a guitarra exatamente o que se espera dele, ou seja: tudo e mais um pouco. Não houve um único acorde fora do lugar, a altura ensurdecedora era perfeita, o ritmo contagiante, a polícia tentando timida e inutilmente botar alguma moral nas rodas, debaixo das queixas das socialites assustadas porém dançando ensandecidas. Em momentos distintos Mr. Kisser tocou a intro de “Dazed & Confused” arrancando todos os arrepios e emoções possíveis da galera, e mostrando que o Zeppelin é eterno mesmo para gente nova; e também o start de “Lazy”, anunciando ser uma honra para o Sepultura abrir para o Purple. Quem gosta de guitarra – e mesmo quem não gosta – pode imaginar o que seja a ensurdecedora guitarra do Sepultura tocando “Dazed” e “Lazy”. Não tem preço. Não tem arterioesclerose nem Alzheimer que possam algum dia arrancar isto da cabeça de quem lá esteve.

Derrick Green está parecendo uma caveira preta, enorme, gigantesco, uma cordilheira de músculos, um hulk preto com olhos permanentemente esbugalhados e dreadlocks nos cabelos que vão abaixo da cintura. Presença fortíssima, arranhou algumas palavras em português, até quando ele fala “Um, dois, três, quaaaaatro” o estádio treme com sua voz gutural. Impecável.

Quando descobri Igor Cavalera, não mais consegui desgrudar os olhos. Uma bateria colossal, lindíssima, muito maior do que a do Purple, e ele furioso, compenetrado, ele era a música personificada, atento, não pensando em nada que não fosse socar alucinadamente os tambores. Para cada um dos milhares de acordes por segundo de Andreas, uma porrada na batera. Ser baterista de banda de metal é muito mais difícil do que ser guitarrista. Meu ilimitado respeito por Igor.

O  show do Sepultura durou 80 minutos. Uma hora depois, às 0h15m, o Deep Purple entrava no palco para 100 minutos que ficarão tatuados em meu cérebro.

Entraram com as luzes acesas e calmamente assumiram seus lugares no palco sob delírio e ovação ensudecedora da platéia. A abertura do show com “Highway Star” em uma versão moderna, soberba e com um ritmo alucinante e alucinógeno mostrou em instantes que Steve Morse é a guitarra perfeita para o Purple, enterrando qualquer idéia de algum dia voltar a ver o mal-humorado Blackmore. Rest in peace, Ritchie; and do not haunt us again!... A galera cantou o solo junto com Steve Morse, foi a segunda vez que vi a platéia cantar um solo, a anterior fora no show do Kiss no Autódromo de Interlagos quando mais de cem mil pessoas cantaram o solo de “Detroit Rock City” junto a Ace Frehley e Paul Stanley em um momento realmente lindo; mas o solo de “Highway Star” é muito mais difícil.

“Lazy” trouxe gaita ao Deep Purple, Ian Gillan puxando uma gaita perfeita, como estão soltos e bem humorados, com um astral altíssimo. Platéia na mão, por muitas e muitas vezes um emocionado Gillan agradecia – “You are amazing”, “You are unbelievable”, “You are fantastic”, “Thank you, thank you, thank you”. Somos nós que agradecemos, Mr. Gillan.

Eu temia que  o Purple só fosse tocar coisa antiga, quebrei a cara: banda ativa, viva, lançando discos, tocando coisas novas, todas irresistíveis, ritmo fenomenal, envolvente. “Perfect Strangers” é cada vez mais progressiva. Steve Morse junto à cozinha do Purple palco desfilou uma sucessão de riffs antológicos, começando por “Sweet Child o’ Mine” em uma versão que nos levou todos às lágrimas, emendando com uma “Gimme Shelter” viril e soberba – se Keith Richards ouvisse, mudaria sua forma de tocá-la – depois o solo de “Stairway to Heaven” (Gloug informa que no Rio foi “Whole Lotta Love”), emendando com “Day Tripper” (in Rio, “Here Comes The Sun”) e então... “Smoke on The Water”!!! Versão ultra moderna, ultra ritmada, eu não acreditava no que via e ouvia, chorava e perguntava ao fã a meu lado que tudo conhecia – e que já estava pegando uma das socialites bebadas – “O quê é istooooo?”. Eu não acreditava. “Eu não acredito!”. Marcio em transe.

A versão ainda mais radical e descerebradamente rocker de “Space Truckin’ ” deixou a massa catatônica, pulando todos em um só bloco conjunto e fazendo o Pacaembu balançar (Glauco descreve como “mortífera; soco no fígado”).

Outro momento antológico foi durante o solo de baixo. A platéia começou a urrar o ritmo de “Black Night”. Roger Glover, que está parecendo um enorme gnomo, está igual ao Ian Anderson, foi para a frente do palco e começou a tocar acompanhando a massa. Os músicos ficaram em silêncio e a massa berrava o riff. Pois em uma das paradas e reentradas, a banda entrou junto! E tocaram a mais emocionante versão de “Black Night” de todos os tempos, acompanhados por mais de cem mil bocas ululantes e pares de olhos lacrimejantes.

Na lateral do palco, entre várias gostosas que rebolavam, Jô Soares de camisa amarela fumava um cigarro. Talvez estivesse lá para tentar se redimir da entrevista levada ao ar na  véspera, provavelmente a mais bisonha de toda a sua carreira. Ele fez as mais despreparadas perguntas de todos os tempos: “’É a primeira vez que vocês vêm ao Brasil?” “Não, é a trigésima quarta” respondeu Roger Glover (o Deep Purple tem 34 anos de carreira). “É verdade que ‘Deep Purple’ era a música favorita da avó de Ritchie Blackmore?” perguntou ele, ignorando tratar-se de um desafeto da banda. “Não sei, nós não lembramos” respondeu Ian Paice. E muitas outras no mesmo (baixo) nível. Chegou a dizer ao Ian Paice: “Você é o membro da banda com quem eu mais me identifico: é gordo como eu”...

Não vou a um show no Brasil sem sair com a mesma impressão de sempre: platéia brasileira não sabe pedir bis. Pedem com pouco “punch”, com pouco tesão, acham que “já está incluso” no pacote, que é obrigação da banda. Pedido muito chocho. Resultado: as bandas voltam pouco.

Existem uns 20 shows que classifico com “um dos melhores 5 shows de minha vida”. Iggy, Jethro, Plant & Page, Dream Theater, INXS, RPM, Barão, Blitz (na chuva), Fish, Guns, Queen, Kiss (em 85), e muitos etcs. Bem o do Deep Purple se encaixa nesta categoria: foi um dos 5 melhores shows de minha vida. Estarei em todos os shows que eles vierem a fazer por aqui. Mais uma vez fui a um mega-show sozinho; mais uma vez eu era o mais velho, o que não mais me surpreende: “Still Crazy After All These Years”...

(set/2003)

domingo, 25 de setembro de 2011

Dress Code para os Silva Voadores

Então você vai ao AEROSMITH! Meus parabéns, é um show espetacular. Talvez com o passar dos anos tenha ficado um pouco requentado ou até mesmo com um certo excesso de “babas” – mas tudo bem, eles são o AEROSMITH, fizeram meu irmão GlouG (um Stonemaníaco sem igual, ou melhor KeefRichardsmaníaco) gritar -“O riff da minha vida!!!” durante a execução de “The Other Side” no Hollywood Rock de 1994 na Praça da Apoteose (RJ). Aquele foi um show antológico: embora estivesse acompanhado por 5 Amigos, dos quais 3 verdadeiros galalaus bem mais altos do que eu, isto não impediu que um negão colossal me agarrasse pelo pulso me encarando descaradamente, e arrancasse calmamente um Casio vagabundo de meu pulso. Um pouco mais tarde, em meio à muvuca concentradíssima – platéia próxima ao palco composta quase exclusivamente por elementos do sexo masculino tremendamente mal-encarados – um cabra abriu a barriguilha (não me venha com a pavorosa variante “braguilha”, pelo amor de deus, o termo deriva de “barriga”), puxou o pau pra fora e começou a urinar no meio da platéia! A galera abriu, se afastou, vaiou e ameaçou linchar, e o cara nem aí; continuou mijando. Não parava. Daí começou a GIRAR, a rodar em torno de si próprio esguichando urina de forma circular, e não parava! A galera à roda ficou incrédula, e começou a aplaudir. O cara levantou o punho esquerdo fechado e comemorava, e com o direito segurava o esguicho, nós todos delirávamos e aplaudíamos e a urina em círculos não parava... Unforgettable.

Também neste show Mr. Fabio Star me pediu em transe-desespero durante a execução de “Walk on Down” (do fenomenal “Get A Grip”, aliás o show era da própria excursão do “Get A Grip”) cantada por Joe Perry : “Você sabe que música é esta?”, é claro que eu sabia, “Então lembre dela depois e me diga, eu preciso saber que música é esta!”. Coerentemente, ele a curte até hoje.

Ao final da Apoteose, Brother GlouG tinha perdido as chaves de casa (ele morava em Santa Teresa, e tínhamos descido para a Praça a pé), e as ficamos procurando no meio do lixo do chão Sambódromo por mais de 1 hora. Não, você NÃO TEM IDÉIA do que seja revirar o lixo da Apoteose durante mais de 1 hora após um show de Rock. Encontramos de tudo, inclusive diversas chaves e chaveiros – mas não as dele, é claro. Retornamos à casa onde não era possível pular o muro na madrugada sob pena de sermos confundidos com os assaltantes que infestam o bairro – em resumo, foi uma epopéia.

Eu morava em frente à Praia de Ipanema à época, e quando finalmente chegamos ao apê – onde nos esperavam belas e buliçosas Moçoilas – ainda fizemos um concurso de milk-shake de chocolate ao nascer do Sol.

E agora mais uma vez os SILVA VOADORES se apresentam no Brasil, no dia 30 de outubro. Como você vai se trajar para vê-los?

No início de 2001 eu trabalhava com Cris Zazá em um Asset Management, e seu irmão iria se casar em dezembro. Pois em certo dia de fevereiro ela apareceu no trabalho com o cabelo levemente cortado, me contando sorridente e triunfante:
- “Cortei o cabelo para o casamento!”
Como assim, cortou o cabelo para o casamento? Faltavam ainda 10 meses!
- “É para fazer o coque...”

Aprendi assim que Mulheres podem iniciar a preparação do look com quase UM ANO de antecedência... e conseqüentemente algo parecido pode se dar com Homens em shows de Rock. Portanto, pare IMEDIATAMENTE de cortar seu cabelo! Se alguém perguntar porquê você está com tamanha gaforinha – lembre-se, nenhum cabelo é pior do que o meu, que inclusive serviu de referência para a criação do visual do Bozo – você tem a desculpa perfeita:
- “Estou deixando o cabelo crescer para o show do AEROSMITH.”
E basta. A pessoa vai ficar morrendo de inveja: de você ir ao Show, e também de seu cabelão.

O Traje
É muito simples o Dress Code para um show de Rock: Homens vão vestidos de METALEIRO, e Mulheres vão vestidas de PERIGUETE. Metaleiro pode ser qualquer coisa, em meu caso evidentemente de preto (desde criança balbuciante eu já gostava de “pleto”), com a obrigatória calça cargo. Nos bolsos vão ingressos, papel e caneta para anotações durante o evento, celular, isqueiro, grana, documentos e principalmente uma capucha no caso de ser um Open-Air. Se chover e você estiver acompanhado por uma Dama, a capucha é para ela; se não estiver, é para surpreender aquele Ser delicioso vestido de Periguete com o qual você estava se entrosando na espera do espetáculo, e que se derreterá toda com seu cavalheirismo-metal.

Vestir-se de Metaleiro é acima de tudo uma questão de Atitude: vale bermudão (embora eu seja um old styler, de quando os Rockers só se vestiam de calças compridas), o importante é que tenha muitos bolsos. O Amigo Martin (que estava na Apoteose em 1994, não sendo no entanto um dos "3 verdadeiros galalaus") costuma ir a shows com uma T-shirt com enorme estampa de Sidarta Gautama; talvez você o (re)conheça no próximo.

O trajo feminino é ainda mais simples: micro-saia de couro, decote devastador, meias-calças (vale até arrastão), botinha, e maquiagem à vontade. Não existe melhor lugar para ser "a-sedutora-que-você-sempre-quis-ser" do que em um Show de Rock.

Freqüente as GRANDES GALERIAS (aka “Galeria do Rock”) em São Paulo. E nos vemos no show do AERO!

(set/2011)

sábado, 17 de setembro de 2011

Dalai Lama em São Paulo


Parque das Convenções do Anhembi, 17/set/2011 (sábado)

Graças a uma inesperada e não surpreendente cortesia do Amigo FM, ganho um ingresso para assistir à palestra “Convivência Responsável e Solidária” do DALAI LAMA no Anhembi, 12 horas antes do evento.

Apesar de ser cedo (manhã de sábado!), a cidade ensolarada e fria já está engarrafada. É claro que o evento vai começar com pontualidade rigorosa; mas a moto assegura que eu chegue em um ótimo horário.

Há um enorme entourage organizando o acontecimento. Todos vestem a mesma camiseta com uma frase que é o mote da palestra, e que também está escrita em diversos cartazes imensos em todo o Pavilhão: “A convivência nasce do diálogo que celebra nossas diferenças”.

Às 09h30m (o horário marcado) a lotação é de 2/3 dos assentos; mas ao longo das 2 horas que se seguem, o lugar lota.

É indescritível a emoção de estar em um lugar no qual entra o Dalai Lama. Remeteu ao que senti quando cheguei a Angkor Wat e vi o Templo pela primeira vez: a emoção de estar fisicamente na presença de algo que extrapola muito o meramente físico. O Amigo (e ex-Chefe) Ronaldo Fraga estava no palco acompanhando o Dalai; ele faz parte da Comissão Executiva das vindas do Dalai Lama ao Brasil, e em todas elas o acompanha a todos os lugares. Curiosamente, quando fui a Angkor Wat e mencionei a emoção de lá chegar, o próprio Ronaldo se identificou com o que descrevi, dizendo que sempre tinha achado que quando lá chegasse sentiria exatamente o que eu senti. Pois bem, Ronaldo: você já viveu precisamente aquela emoção irrepetível de chegar pela primeira vez a Angkor Wat – só que muitas vezes!...

Pouco após a entrada do Dalai no palco enviei um torpedo para Ronaldo, descrevendo-lhe a roupa e pedindo que erguesse o braço no palco para confirmar que eu não estava enganado. Mas isto não teria sido necessário: eu o vi olhar a mensagem em seu celular tão logo a enviei. Quando ele ergueu o braço, acenei de volta; e poucos minutos depois tive a deferência de receber no meio da platéia a visita do ilustre membro da Comitiva.

Lia Diskin também estava no palco (é claro). Certa vez, em um curso que fiz com ela na PALAS ATHENA (Ronaldo Fraga costuma dizer que “a Palas Athena é o melhor motivo para se morar em São Paulo”), Lia comentou que é impressionante como depois que o Dalai Lama sai de um ambiente, as pessoas se empenham em ficar com os objetos que ele tocou.

Dress Code
Fui vestido com minha camisa nepalesa do Nó Infinito; mas minutos após o início do evento me arrependi de não ter levado uma kata...


Tenzin Gyatso iniciou seu ‘speech’ com um – “Brothers and Sisters!”, e me foi impossível não lembrar do “Kick Out The Jams”, disco do MC5 de 1969 (o disco de estréia da Banda foi ao vivo; inusitado!).

Ele emendou com “somos todos Seres Humanos; todos queremos ser felizes; não há diferença entre nós”.

(Todas as citações deste texto são adaptações pessoais – extremamente resumidas e concisas – das palavras de Tenzin Gyatso. A ordem cronológica de meus registros originais foi mantida, de forma que o encadeamento da Palestra foi o que se segue. Tentei me ater ao que escrevi em cada momento, e a manter exatamente as mesmas palavras que anotei. Se por um lado isto empobrece o texto – pois foi tudo rabiscado às pressas –, por outro espero que transmita de forma mais vívida o intenso sentimento daquelas 2 horas.)

Ele preferiu ficar de pé, falando sem a bancada que lhe havia sido preparada. Usava um boné-viseira com óculos escuros que lhe dava um ar quase de um rapper senhoril (posteriormente Ronaldo me explicou que ele o usa por causa das fortes luzes dos holofotes, quase onipresentes em suas apresentações e que são extremamente incômodas). O Dalai Lama é muito bem-humorado, e brincou diversas vezes com o Tradutor, que tomava notas durante suas palavras para depois as traduzir ao microfone (registre-se que com extrema competência) para os 3.000 presentes.

“Antigamente se falava em ‘nós’ versus ‘outros’. Havia distinção entre classes sociais e educação. Isto é passado, é discriminação, somos todos iguais, vivemos no mesmo Planeta.”

“O Século XX trouxe invenções fantásticas, mas foi extremamente violento. Guerras, bombas, genocídios. O Século XXI deve ser o Século da Paz, e para isto devemos cultivar o diálogo.”

“Guerra significa derrota de um e vitória de outro. Mas nesta nossa era de interdependência, não faz sentido pensar que alguém ganhe quando um outro alguém perde.”

“Ter boa intenção na guerra não justifica este uso do método errado.”

“Proposta: um Mundo desmilitarizado. O fim dos armamentos. Além da enorme economia que a não-produção de armas iria trazer...”

“Tenho 76 anos, e minha geração já está chegando no ponto de dizer: tchau! (e acenou um adeus para a platéia). Nossa mensagem para as novas gerações, aqueles com 20 ou 30 anos, é: criar um Mundo pacífico. Isto necessita 3 coisas. Em primeiro, Visão: uma perspectiva ampla, global, que abarque o Mundo todo. Em segundo, Educação. E terceiro, cultivem o calor do coração. Até para benefício próprio; um coração quente no peito faz a vida mais feliz, diminui o medo, traz paz interior.”

“Existem 3 caminhos para se cultivar os valores internos. Um são as Religiões Teístas, que oferecem um instrumento poderoso para lidarmos com nosso egoísmo e arrogância. Quem se submete de forma sincera à Fé e ao Deus superior enfrenta seus próprios egoísmo e arrogância.
Outro caminho são as Religiões Não-Teístas; os sistemas filosóficos que não pressupõem a idéia de um Criador. O próprio Budismo não propõe a existência de um Criador. Foca na causalidade: praticar o bem ao semelhante traz benefício à pessoa. Destruição e mal aos demais traz prejuízo a si próprio. Abstenha-se de prejudicar seu semelhante.
O terceiro caminho é o Secularismo. Não é essencial ou necessário ter uma religião; basta que o indivíduo seja uma boa pessoa, que tenha bom coração, que seja ético.”

“Tenho uma curiosidade pessoal: quantas pessoas aqui não têm engajamento sério em uma religião? Levantem o braço, não tenham vergonha.” (Levantei o braço; éramos uma minúscula minoria, talvez umas 50 pessoas, 100 no máximo. Pessoalmente não acredito em Religiões, mas sim em Espiritualismo. Curioso o questionamento do Dalai, pois naquele momento eu estava – como aliás sempre estou – refletindo em como passo a vida dedicado a descobrir o quê estamos fazendo aqui, neste Planeta, nesta existência. Sobre como Deus está em nós, em todos nós; como Deus sou eu. Mas isto nada tem a ver com religiosidade.)

“O Secularismo respeita não apenas as Religiões, mas também as pessoas que não têm religião!”

- “Secular ethics is very necessary.”

Lá pelas tantas ele se atrapalhou com sua cadeira no palco e quase caiu; riu de si mesmo, apontou para a platéia e disse:
- “I almost fell! Now you take good pictures!”.

O evento durou exatamente das 09h30m às 11h30m. Às 11h05m, o Dalai Lama começou a responder perguntas da platéia.

Como devemos educar as crianças?
“A educação deve focar a ética.”

Como manter a paciência em um Mundo tão corrido, sôfrego e apressado?
“Devemos cultivar a paciência. Mas só se consegue isto em situações de adversidade! Aprecie portanto seu Inimigo, por te dar a chance de cultivar sua Paciência. Isto não quer dizer que você vai se submeter a seu Inimigo; aprecie-o porque ele te traz a oportunidade de fortalecer seus valores internos.”

Se todos queremos ser felizes, porquê existe o Mal?
“Questão complexa e filosófica, existem diversas respostas. Para quem acredita em religiões teístas: pergunte para Deus! Já a resposta Budista é: o Mal é derivado da Ignorância. Enfrentemos a Ignorância, pois através do Conhecimento se reduz  o Mal.”

Como diferenciar Tolerância de Permissividade?
“Tolerância significa não cultivar raiva a aquele que quer prejudicar ou ser injusto. Tolerância não é submissão; é necessário se opor às injustiças. É preciso diferenciar a Pessoa e o Ato. Não aceitar a Ação, mas também não ficar com raiva de seu Autor. Se contrapor ao Ato injusto, mas sem nunca perder o respeito por seu Autor. ‘Deus não perdoa o Pecado, mas sim o Pecador’. Se o malfeitor fica livre para agir apesar de seu ato errado, ele irá repetí-lo no futuro – e isto é ruim para ele. Se contrapor é bom até para o próprio malfeitor.”

“Vou embora agora, mas seus problemas ficam com vocês.”

“Sejam felizes! Be happy!”

E o Dalai Lama se foi de nossa presença. Mas nunca mais de nossos corações, que ele indelevelmente aqueceu.

(17/set/2011)

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A Refeição Mais Trash da História

Em 2001, ER era Trainee na Administradora. Recém-chegado de Londrina, estava morando sozinho pela primeira vez, e convivendo com as dificuldades decorrentes.

Certa manhã ele contou que tinha tomado “um café da manhã muito trash”. Em minha opinião, esta foi uma avaliação modesta: aquela foi a refeição mais trash de toda a História!

Se não, vejamos: você encararia comer de “breakfast”... PÃO VELHO COM LASANHA GELADA E CERVEJA QUENTE?!?!?

Passada uma década da estarrecedora confissão, encontrei ER e relembrei a história. Ele fez questão de registrar um “disclaimer”: não chegou a colocar a lasanha gelada dentro do pão, como se fora um sanduíche, mas comeu ambos em tandem.

Então tá!

(set/2011)

domingo, 11 de setembro de 2011

Branca de Neve e os Decotes

Embora “Um Panda Em Saturno” seja eminentemente um espaço autoral – as únicas exceções são aquelas assinaladas como “Citações”, e usualmente postadas em finais de semana – é necessário registrar aqui um esclarecimento de Branca de Neve que chega a ser uma prestação de serviços para todo o Mundo.

A passagem consta da (espetacular) graphic novel “Fables”, que me foi presenteada pelo Arcanjo e sua Esposa Pri. Os personagens da série são os das Fábulas, que vivem (quase) normalmente entre nós. Durante uma festa, Branca de Neve – vestindo um decote generoso – está tentando ensinar o Lobo a dançar. Ela pede que ele olhe para cima ao invés de tentar arrancar seu vestido com os olhos, e o Lobo responde com a pergunta que atormenta todos os Homens desde o início dos tempos:
- “Porque você usa um decote como este, se não quer que as pessoas olhem?”

É possível que até mesmo muitas Mulheres não saibam responder a esta pergunta atávica, mas a explicação que Branca oferece mereceria constar dos anais das relações entre Homens e Mulheres:




Em uma tradução bastante livre:
- “Talvez as Mulheres usem decotes ousados para filtrar os cavalheiros dos animais. Os poucos que conseguem manter contato visual mesmo na presença de seios ESPETACULARES como estes, podem efetivamente ter algum potencial!”

A tréplica de Lobo – sendo ele mesmo um animal – é também quase uma resposta universal masculina: um rosnado.
- “Au!”

(set/2011)

sábado, 10 de setembro de 2011

Inteligência

Definição do Tio LCF:
“Inteligência é a capacidade da pessoa de atingir os objetivos que definiu para si mesma.”

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O Parque de Diversões dos Espíritos

Espíritos não têm tato.

Não têm audição nem visão. Nem paladar, nem olfato. Espíritos vagam etéreos sem qualquer sensação física (1).

De vez em quando, em meio à vastidão vazia eterna e onipresente, temos necessidade de sentir emoções. De sentir prazer. De diversão. E então vestimos um corpo, para sentir o que quer que seja – mesmo que dor ou sofrimento.

Pode ser um corpo de animal ou de vegetal. Uma bactéria ou um esporo. Vida! Sensações! De vez em quando, encarnamos gente.

Viver está no prazer de tomar um cafezinho ou grital gol (2). A vida é muito simples, não a complique. Não a desperdiçe tentando ser Espírito, tentando se isolar dos prazeres mundanos: se fosse para ser Espírito, você não tinha encarnado!

Este mundo em que você vive atualmente é apenas um Parque de Diversões dos Espíritos. Acontece o mesmo quando você joga um jogo de tabuleiro – como Ludo, por exemplo. Durante o jogo, você é aquele conjunto de peças azuis! E os outros são as peças vermelhas, verdes, etc. Quando o jogo acaba as peças voltam para a caixa, e você volta a ser você. Mas durante o jogo – ah, você era aquelas peças azuis...

Ou então em uma estrada: você é um Fiat prateado, enquanto “os outros” são aquele ônibus amarelo, o enlouquecido caminhão vermelho, aquele irritante Audi preto que acha que dirigir bem é só correr. Quando os veículos forem estacionados, os motoristas saltarão e voltarão a ter seus nomes, seus rostos, suas personalidades e suas vidas. Mas enquanto na estrada, somos apenas os veículos que nos envolvem.

Um dia, também nossos corpos voltarão para a caixa de Ludo ou para a garagem, e nós voltaremos a ser nós mesmos. Mas enquanto isto não acontece, seja matéria enquanto estiver matéria; e deixe para ser Espírito quando estiver Espírito. O nome técnico disto é “aproveitar o momento”.

Sol no rosto. Água no corpo. Música nos ouvidos, paladar excitado. Se entregue àquele cheiro irresistível. Olhos bem abertos captando tudo.

Foi para isto que você veio.



Referências:
(1) A vida sem sal dos Espíritos foi maravilhosamente retratada em “Asas do Desejo” de Win Wenders, filme que por sua vez foi destroçado sob o nome “Cidade dos Anjos” com Meg Ryan e Nicolas Cage.
(2) Arnaldo Jabor, “A Morte Não Está Nem Aí Para Nós”.

(ago/2011)

terça-feira, 30 de agosto de 2011

A Mulher Mais Bonita Do Mundo

“Amor que vem por causa da beleza, vai embora com a beleza.”

Nunca considerei interessantes as pessoas que tentam conquistar outras exclusivamente através do fascínio visual.

Beleza não exige qualquer esforço de evolução pessoal. A pessoa já nasce bonita, foi Deus – ou a Natureza – que a fez assim. É claro que exige algum esforço, mas um esforço superficial, embelezamento da casca, cara sem coração, e não um aprimoramento do conteúdo.

O problema é que sempre vai existir alguma outra mais bonita, por mais bela que a pessoa seja. Sempre! Nas ruas, nas festas, nas revistas. Em qualquer bordel vai haver uma mulher mais bonita do que aquela que se julga imbatível – e também menos cara. Quem se empenhar em conquistar pela casca terá portanto um reinado curto.

Quem pensa assim vai envelhecer e tentar cada vez mais ficar com um rostinho que não é o seu. Um esforço bestial tentando ser o que não é. Sem perceber que só está enganando a si própria.

Não prego o desleixo. Mas a suma impotância do conteúdo não deve ser ignorada. De outra forma, você perderá seu parceiro para uma infinidade de outras mulheres. Em cada festa. Em cada esquina. Em cada bordel.

A Mulher Mais Bonita Do Mundo não existe.


(ago/2011)

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Quase Lá

Esta história aconteceu há vários anos. Mas o Tempo passa, e ela não perde a atualidade.

Domingo à tarde, eu estava no centro do Mundo (Ipanema). Entrei em uma agência bancária para fazer um saque. A ante-sala dos caixas eletrônicos era enorme, tinha algo como uns 12 ATM’s, todos desocupados. Aproximei-me de um deles e a tela exibia uma mensagem do tipo:
 * * *  SISTEMA FORA DO AR  * * *

Verifiquei mais alguns, mas todas as telas exibiam o mesmo aviso.

Virei-me e me encaminhei para a porta, quando notei uma Velhinha parada no meio do ambiente. Erguido no ar, ela segurava – quase brandia – um inútil cartão magnético. Com olhar desolado – e o braço ainda levantado com o cartão na mão – ela se aproximou, e me disse com voz trêmula:
- “Nós estamos quase na era da Informática. Quase!...”


(ago/2011)

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A Sogra Suíça

Ele estava há vários anos na Confederação Helvética, e (na)morava com uma Menina Suíça.

Optaram por se casar. Os brasileiros mais próximos se deslocaram até Zürich para as núpcias.

Durante um festivo evento pré-nupcial que envolveu as duas nacionalidades, a Sogra Suíça fez uma asserção que jamais esqueci. Na hora me pareceu um misto de franqueza e grosseria tipicamente europeus:
- “Nascer no Terceiro Mundo é karma. Quando uma pessoa nasce no Terceiro Mundo, é sinal que foi muito ruim em existências passadas!”

Somente o passar do tempo me aclarou a imensa sabedoria contida na afirmação. Continuo considerando a colocação impolida; mas sou grato a ela, pois vivendo no Terceiro Mundo me é corriqueiro passar por situações que lembram esta história e mostram que a Sogra Suíça estava coberta de razão.

Eu fui muito ruim em existências passadas!

(ago/2011)

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Mark-to-Market

Fico revoltado quando vejo “conselheiros” de investimentos proferirem a seguinte pérola em épocas de maré baixa:
- “Se você já está aplicado em Bolsa de Valores, aguarde mais um pouco antes de sair; mas para quem não tem aplicação, este não é um bom momento para entrar.”

Este raciocínio é antagônico e ignora por completo o princípio de funcionamento da marcação a mercado (mark-to-market).

Marcação a mercado significa que o valor de seu investimento é permanentemente atualizado a valor de mercado, implicando que a qualquer momento você pode ter em mãos OU o seu dinheiro OU o seu investimento, pois ambos valem exatamente a mesma coisa.

Assim, qualquer que seja o montante investido há (p.ex.) 1 ano, ele hoje não tem mais a menor importância. Se seu investimento no momento vale $80, não faz a menor diferença se o que você aplicou há 1 ano foi $40 ou $200; o que você tem hoje são $80, e a decisão de permanecer investido tem exatamente os mesmos custos e conseqüências de quem tem $80 em mãos e pensa entrar na Bolsa hoje.

A mesma lógica se aplica a quem compra moeda estrangeira algum tempo antes de viajar, e a cotação sofre variação. Por exemplo, a  pessoa compra US$ 1.000 a uma cotação de R$1,60 e na hora de viajar o dólar está cotado a R$2,00. O neófito comemora: estou levando dólares a R$ 1,60! Não, não está. Ele poderia ter em mão OU os US$ 1.000 OU R$ 2.000, e portanto os dólares lhe estão custando exatamente seu valor atual de mercado, ou seja, R$ 2,00 cada. O turista fez uma operação financeira especulativa com a qual já lucrou R$400; mas naquele momento, ter os dólares é uma alternativa a ter seu valor de hoje.

Marcação a Mercado. O valor passado não interessa, é “sunk cost”. Continuar aplicado em Bolsa em um determinado momento é exatamente a mesma coisa que entrar na Bolsa naquele mesmo momento.

(ago/2011)

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Vício Instantâneo

Quando há algumas dezenas de anos o Amigo RGG me recomendou a receita abaixo, não teve o cuidado ou a delicadeza de me avisar que ela viciava à primeira mordida. Como resultado, eu NUNCA MAIS consegui me livrar deste hábito, e recomendo a você que pese bem as conseqüências antes de experimentar o quitute.

É bastante simples: basta colocar sal em seu pão com manteiga de cada dia.

Mas lembre-se: nem mesmo prove, se não quiser ficar viciado for life!!!

Nota: em restaurantes você pode sofisticar a receita e acrescentar azeite de oliva ao pão com manteiga com sal grosso.

Morri!

(ago/2011)

domingo, 21 de agosto de 2011

Show them the Money!

Gastar dinheiro é BOM!

Dinheiro guardado / acumulado não serve para nada; é inútil.

O dinheiro só se torna útil quando é transformado em alguma coisa prazeirosa, que traga conforto, satisfação ou alegria.

Como é bom pagar as contas de coisas que nos fizeram felizes.

Recordo quando fiz o cheque para pagar minha moto. Alguém comentou:
- “Dói passar um cheque neste valor!...”
Respondi que de jeito nenhum; que alegria estava tendo por passar aquele cheque!

Por outro lado, não sou favorável a se pegar empréstimo para comprar alguma coisa. Detesto ficar devendo; se a pessoa não tem meios para possuir um bem, é preferível não tê-lo. Acumule até ter condição de pagar à vista. Inclusive é bastante provável que você mude de idéia quanto à real necessidade de posse daquela coisa no meio do caminho... (Isto não se aplica à compra de casa própria, quando um financiamento é inevitável).

Li em priscas eras que “bom planejamento financeiro é ter saldo zero no Banco no dia de sua Morte”. Comentei com o Amigo RBdC, que respondeu que não iria acumular dinheiro; que não queria “ser como tanta gente que morre com o cu cheio de dinheiro”.

O tempo passou e ele acabou por se tornar um wealthy manager. Brinco com ele dizendo que quando estiver em seu leito de morte, cercado pela Família soluçante, entrarei trôpego e corcunda, apoiado em uma bengala, e lhe farei a pergunta final perante os estarrecidos presentes:
- “E o cu?”
E ele responderá, também com voz titubeante:
- “Tá cheio de dinheiro!”

(ago/2011)

sábado, 20 de agosto de 2011

O Guarda-Chuva do Theo


O Amigo TK considera que “o lugar mais nobre do guarda-chuva é ocupado por seu cabo”.

Contraponho que isto é uma prova que os guarda-chuvas foram projetados para DUAS pessoas.

Alguma outra consideração a respeito?

(ago/2011)

domingo, 14 de agosto de 2011

Dia dos Pais

Sempre foi muito claro para mim o motivo de Deus ser chamado de Pai.

sábado, 13 de agosto de 2011

Not One Of Us

Raciocínios humanos são compreensíveis para seres humanos.

Um tipo de cérebro que, definitivamente, não é o meu.

(ago/2011)

domingo, 7 de agosto de 2011

Bandido Corazón

"Detesto me apaixonar.
 Quando me apaixono, o pior de mim vem à tona."
 (Ney Matogrosso)

sábado, 6 de agosto de 2011

Besser

"Melhor do que viajar,
 é ter viajado!"

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Palavra de Carneiro!

Em 2004 eu me preparava para comprar uma moto FALCON 400cc, e sondava várias revendedoras Honda.

Em uma delas conheci o Carneiro, um vendedor lendário no mundo motociclístico.

Conversando com ele manifestei minha principal preocupação, que é a mesma de todo motociclista:
- “A Falcon é muito visada por assaltantes?”

Nunca passa uma semana inteira sem que eu me lembre da resposta do Carneiro:
- “Meu amigo, roubam até galinha! Não vão roubar uma moto?!?...”

(ago/2011)

terça-feira, 2 de agosto de 2011

O Maior Clássico do Futebol Paulista

Morando em São Paulo por 22 anos, ao longo do tempo tenho ouvido com cada vez maior freqüência o questionamento: - “Qual é o maior clássico do futebol paulista?’

Existiriam 2 opções: Corinthians x Palmeiras ou então Corinthians x São Paulo.

Como jamais se chega a um consenso para a resposta, desenvolvi uma metodologia pessoal para esclarecer a questão. É simples: uma vez que o Corinthians está diretamente envolvido, são seus torcedores que definirão a resposta. Saí então questionando os corinthianos:
- “Suponha que Deus aparece para você e te informa que o Corinthians vai ser campeão (paulista ou brasileiro, tanto faz). Inquestionavelmente. Há somente uma dúvida, e é você quem vai decidir. Você prefere jogar a final e ser campeão em cima do São Paulo ou do Palmeiras? Você decide!”

Após levar esta questão a um grande número de torcedores corinthianos, eu já tenho a resposta.

Eu sei qual é o maior clássico de São Paulo.

(ago/2011)

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A Advogada Loura e o Juiz Barbudo

Um JEP (Jovem Executivo Promissor) ouve o comentário de uma Advogada Loura que é também uma stylist de requintado bom gosto:

- “Para destacar suas belas gravatas os Homens deveriam usar camisas sociais brancas, pois estas não poluem visualmente mas sim fazem um fundo discreto para que as sedas se destaquem.”

O JEP (Jovem Executivo Promissor) sai procurando camisas brancas (o que se revela não ser tarefa tão simples, uma vez que ele não tem o diâmetro rotundo da maioria dos brasileiros). Poucos dias depois, no entanto, ele entreouve a opinião de um Jovem Juiz Barbudo:

- “Homem usar camisa branca é total falta de criatividade. O que é mais fácil e óbvio do que colocar terno e gravata com camisa branca?”

E agora?
O que deve fazer nosso atento e bem-intencionado JEP (Jovem Executivo Promissor)?
Qual linha deve seguir nosso Herói???

(jul/2011)

domingo, 31 de julho de 2011

Winners & Losers

Não depende da Natureza.

Quem determina se somos fortes ou fracos somos nós mesmos.

(jul/2011)

sábado, 30 de julho de 2011

Bit


"Existem 10 tipos de pessoas:
as que entendem sistemas binários,
e as que não entendem."


(imagem: relógio binário)

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Aprendendo a dizer “não”

Um dos mais difíceis aprendizados de nossas vidas – se não o mais difícil – é aprender a dizer não para si próprio.

A criança passa sua existência ouvindo “nãos” de seus Pais. Uma enorme quantidade de coisas que ela deseja fazer... “não” pode. É então enorme motivo de orgulho para o Adolescente quando ele se liberta de tais grilhões, e começa a dizer “não” para as ordens dos Pais e a tomar e seguir suas próprias decisões.

Coitado! Mal sabe nosso Adolescente que com esta “prova de maturidade” está passando para uma etapa muito mais difícil! Não serão mais seus Pais os responsáveis por estabelecer-lhe limites, mas ele próprio! Mal sabe que está passando de uma etapa de simples e confortável obediência para um desafio muito maior e mais difícil de responsavelmente estabelecer e cumprir seus próprios limites.

Está passando para um nível muito mais elevado de exigência: o da Disciplina Pessoal.

Dizer “sim” para si próprio não exige nenhum esforço. É quando queremos e podemos, porém não devemos, que a coisa pega.

É aí que mostramos o quanto – ou se – somos maduros.

(jul/2011)

quinta-feira, 28 de julho de 2011

O Porteiro do Renato

(Disclaimer: o palavreado algo chulo foi mantido para preservar o frescor original do discurso)

O Amigo RC contava que seu Porteiro vivia ironizando a ele e seus amigos:
- “Vocês acham que são machos? Que nada! Comer as menininhas que vocês comem é fácil! Bonitinhas, novinhas, limpinhas, cheirosas, gostosinhas... Queria ver é com as mocréias que eu transo: horrorosas, sujas, fedorentas! Quando o pau sobe com um dragão daqueles é que o cara prova que é macho!”

Faz sentido!

(jul/2011)

quarta-feira, 27 de julho de 2011

A Estrella da Semana

Em outubro de 2008 o Amigo FS ia com sua então Esposa DF assistir ao show do VIVE LA FÊTE na THE WEEK, em São Paulo. Embora entusiasmado com o evento, ele seguia preocupado pois o lugar é conhecido como reduto gay. E ia praguejando no trajeto, fazendo planos e ameaças quanto às atitudes drásticas e brutais que tomaria caso fosse assediado por algum habitué mais “ouriçado”.

Até que em dado momento a Madame não resistiu:
- “Mas... porquê você acha que eles iriam te cantar? São todos bonitos, com belos corpos, malhados, arrumadísssimos, perfumados, jovens, se entendem... Porquê dariam em cima de você?!?”

O medo do Amigo passou na hora!

(... mas ele podia ter passado sem esta...)

(jul/2011)

terça-feira, 26 de julho de 2011

O Delivery do Pós-Guerra

Embora muitas décadas (ou séculos, ou milênios) tenham se passado desde que foi criada a entrega de produtos em casa, ainda vivemos um processo mais adequado à Idade das Trevas.

É inacreditável que ao comprar uma geladeira ou fogão o Cliente precise ficar em casa (ou deixar alguém) plantado aguardando que um caminhoneiro passe em sua residência “no horário comercial”.

Não houve um único centímetro de progresso neste procedimento, apesar da invenção de telefones, internet e celulares após seu “desenvolvimento”. Seria perfeitamente aceitável e altamente eficiente – e exigiria um esforço micróbio – que ao iniciar um “delivery” os entregadores telefonassem de seus celulares para o celular do próximo Cliente informando que “dentro de meia hora estaremos em sua residência”, possibilitando a tal Cliente ir então para casa ou enviar alguém. Mas não; o mané precisa ficar das 9 às 18hs em casa, à disposição do entregador. Isto se der a sorte da entrega ocorrer na data marcada, ao invés de ter que ouvir uma desculpa esfarrapada e tosca pela “não-conformidade” na programação.

Implementar um procedimento de aviso destes não me parece ser pedir muito.

Não é exigir muita inteligência das companhias responsáveis pelos deliveries. Nem sequer demanda investimento, pois os celulares dos clientes já constam da própria nota fiscal de entrega.

Mas é exigir um mínimo de esforço e racionalidade, e talvez aí é que esteja o problema.

(jul/2011)

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Quem disse que ser Criança é melhor?

Aos 11 anos de idade, a Filha de minha Prima chega em casa e conta triunfante ter esclarecido uma angústia comum a Meninas de sua idade:
- “Mamãe, descobri como os seios crescem: é com silicone!”

Crianças detestam que lhe suponham uma idade inferior àquelas que realmente têm: pelo contrário, preferem parecer “mais velhas”. Elas não dormem na hora que querem e nem fazem as coisas que querem. Não podem ir a filmes de adultos, nem beber, nem dirigir veículos. Mas desejam fazer todas estas coisas. E muito mais.

Algumas lojas de “roupas adultas” para crianças mais parecem lojas de roupas para anões.

Crianças não estão satisfeitas em serem crianças. Anseiam por crescer, ser adultas e responsáveis, ganharem o próprio dinheiro e cuidarem logo de suas próprias vidas!

No entanto este ponto de vista não chega a ser divulgado, pois crianças não dispõem da possibilidade de escrever livros, de se colocar ou divulgar lamentos na televisão, em livros ou em poesias da forma piegas e sentimentalóide que os adultos fazem, lamuriando chorumelas “como é linda a infância”, “como é belo ser infante” e mais alguns terabites de baboseiras deste naipe. Assim, o conceito com o qual convivemos e que nos oprime é que “é tão lindo ser criança...”, acompanhado de muxoxos, suspiros e olhos revirados.

Ora, nada mais falso! Quem disse que ser criança é melhor? Certamente não foram as crianças!

Diz-se que “viajar é achar que seríamos felizes morando naquele lugar”, ou então que “o Cliente tem sempre reclamação”. Em outras palavras, as pessoas estão sempre insatisfeitas com aquilo que têm. É só por isto que acham que ter uma idade diferente da que têm é que seria bom. E assim, adultos insatisfeitos ficam achando que “o bom é ser criança”.

Não é. Quanto mais idade, melhor. Mais conhecimento, mais sabedoria, mais experiência, mais conteúdo.

Ficar se lamuriando que “criança é que é feliz” soa simplesmente como uma constatação de fracasso pessoal.

(jul/2011)

segunda-feira, 20 de junho de 2011

A Capa da Playboy

Ofereço a Papai a revista Playboy que está nas bancas. A “estrela” é uma ex-BBB chamada Maria.

Papai olha a capa da revista, devolve, e me dá uma resposta inesquecível:
- “Eu já tenho a minha Maria!”


(Nota: considero desnecessário dizer o nome da Mamãe...)

(19/jun/2011)

terça-feira, 14 de junho de 2011

Dize-me com quem andas

"Pessoas de primeira se cercam de pessoas de primeira.
Pessoas de segunda se cercam de pessoas de terceira."

segunda-feira, 9 de maio de 2011

O Trabalho dos Anjos

Como trabalham os Anjos?

Certamente não o fazem de forma evidente, como talvez alguém intuísse. De forma alguma! Jamais será uma interferência clara, grosseira, acintosa.

Pelo contrário, um Anjo provavelmente fará uma intervenção mínima, imperceptível. Mas quando der por si, você já estará com uma utilíssima ferramenta pessoal em mãos. Indispensável, embora você não tivesse consciência de que a necessitava. Quem sabe... um meio de comunicação? Finalmente você conta com uma forma de exprimir suas idéias! Como um Blog, por exemplo...

Ou então ele sutilmente move algumas plumas. E inesperadamente você se encontra com um Trabalho que curte, onde se sente útil, uma atividade sob medida para você e que te faz crescer pessoal e profissionalmente.

Um Anjo há de ser antenado, cada conversa trazendo inestimáveis “updates” cultural, tecnológico, te sincronizando com um Mundo que já ia te esquecendo e deixando para trás.

Anjos existem? Não sei dizer.

Mas Arcanjos, com certeza, sim...

(09/mai/2011)

domingo, 1 de maio de 2011

Cleopatra

Provavelmente trata-se de anedota histórica, mas quando eu era criança um Professor de História contou que Cleópatra era famosa por ter um insaciável apetite sexual.

Ele contou que chegou a haver uma competição entre ela e uma poderosa cortesã da corte egípcia. Foram montadas duas “tendas de campanha” ao ar livre, com duas enormes filas de abnegados colaboradores ansiosos por ajudar as competidoras a “pontuar”.

O placar final teria sido semelhante ao de um jogo de basquete, com vitória para a Rainha. E quando lhe foram perguntar como se sentia ao final da refrega, ela respondeu:
- “Cansada... e insatisfeita.”

Desde que ouvi esta história, toda vez que ouço uma Mulher dizer:
- “Estou cansada!”
, eu fico com vontade de perguntar:
- “... mas está satisfeita?”

(mai/2011)