quarta-feira, 16 de setembro de 2009

(Ásia 2004 – 1 de 3) De Novo na Ásia

Com menos de 1 semana no Sul da Ásia, parece que já estou aqui há uma existência. Descubro o que tanto me atrai nestas bandas apesar das dificuldades de comunicação e da fome permanente: a mistura de religiosidade profunda com altas doses de aventura. As religiões orientais são extremamente intensas e bonitas, com incensos, Budas dourados, pagodas nas ruas, stupas em cima de morros, tapetes vermelhos, pisos e templos de mármore, cânticos, pés descalços, e a mensagem que o Paraíso está dentro de nós mesmos, é só buscar a paz interior.

Me apaixonei por Bangkok, moraria lá com facilidade: assumem seu lado pobre sem problemas, não existe a desenfreada (e condenada à eterna instisfação) busca pelos bens materiais. O trânsito é absolutamente infernal – disparado o mais caótico que já vi em toda a vida, porém todo mundo tem sua scooter, o que faz com que a maioria das pessoas se vire muito bem. Só usei transporte coletivo, bote pelos canais, barco pelo rio, skytrain, ônibus diversos. Fiz massagem thai (tradicional), por todo canto tem escolas, é prática muito comum. O mercado de carne humana é absolutamente deprimente, aquele monte de gatinhas orientais olhando você passar com cara de «me escolhe». Fiquei deprê e não conseguia sequer encará-las. Bangkok mistura o antigo com o tremendamente moderno, mas principalmente sabe encontrar a convivência entre a pouca posse e a boa vida – creio que seja este o destino de nossa raça, um Mundo superpopuloso e com poucos recursos materiais. Assim, a Honda por exemplo, não vai ser uma potência por produzir algumas Viragos com alta margem de lucro, mas por produzir milhões de scooters a US$ 800. O celular é uma praga irreversível, uso descontrolado igual à China, até mesmo dentro dos Templos. Aliás, os Templos são stupendos (com perdão do trocadilho), maravilhosos, encantadores, coloridos, levam à admiração e incitam a meditação. Alguns Budas são imensos – mais de 70 metros, outros riquíssimos, estes com apenas 3 ou 4 metros de altura de ouro puro (vi um de jade com manta de ouro). As salas de meditação são um portal para o «neej-whanah», como se pronuncia nirvana aqui; fico lá dentro muito mais tempo do que o necessário para meras fotos ou turismo…

Meu cabelo está parecendo uma tempestade de neve – aliás, peguei uma na escala em Frankfurt. Mamãe tinha avisado, mas fui só com roupinha tropical vietnamita – ou seja, quase congelei. Acho que é da natureza das Mães avisar, assim como é da dos filhos não dar bola – e se dar mal…

Estou no momento em Siem Reap, Cambodia, base para visitas a Angkor. É um país muitíssimo pobre, incrivelmente, além de ter muitos mutilados de guerra e de minas pelas ruas. Um monte de gente te pedindo dinheiro e oferecendo produtos turistícos, porém muito diferente da Índia, todos com enormes (e sinceros) sorrisos nos rostos. A primeira entrada em Angkor Wat foi arrepiante, estava completamente emocionado, sem conter as lágrimas. Li mais tarde no Lonely Planet : «guarde a primeira sensação que sentir ao entrar em Angkor, pois você nunca mais vai sentí-la novamente na vida». O Lonely Planet considera Angkor um lugar sem paralelo no Mundo, com grandiosidade somente comparável às Pirâmides ou a Macchu Pichu. De minha parte, fiquei catatônico.

Estou encantado com a viagem, porém – para variar – sem comida que me apeteça ou tempo para dormir. Ainda bem que, como se diz, quanto pior se trata o corpo, melhor ele se comporta…

Próximas paradas, Vietnam e Laos. Viajo com cada vez menos coisas, a Ferrino Limit 50L veio com 12 kg. Não tenho medo das pessoas, pois são da metade de meu tamanho! As condições de hospedagem é que nem sempre são 5 estrelas… Como os acessos a internet são muito erráticos, vou desde já desejando um ótimo Natal e principalmente um 2005 de muitas viagens e aprendizados. Saudações asiáticas,
MG

(18/dez/2004)

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