quarta-feira, 16 de setembro de 2009

(Ásia 2004 – 3 de 3) A Teoria do Laos

Nada como uma notícia de tsunami para receber um monte de mails de amigos...

De minha parte, na hora eu só achei que a MASSAGISTA estava exagerando; depois é que eu soube que se tratava de um terremoto...

Brincadeiras à parte, gostaria de ressaltar que esta NÃO É uma viagem de turismo sexual, apesar das más línguas insistirem que eu vim para cá por causa das boas línguas...

Eu até estava no mar na véspera do tsunami, mas em Ha Long Bay, no norte do Viet Nam (linda, parece Guilin na China - vale incluir ambas em seu programa de viagens). Li no jornal na véspera que havia sido detectado um terremoto no fundo do oceano, porém ele não tinha gerado tsunami porque se tratava de um terremoto horizontal, e os que causam maremoto são os verticais - bem, parece que este mudou de idéia.

O Sul da Asia é uma viagem para ser feita com mais tempo do que dinheiro. É um paraíso de backpackers, com trens, trilhas, tribos e templos. Infelizmente, dada minha pressão de tempo, fui forcado a fazer tudo às pressas, com quase todos os deslocamentos feitos através de insossas viagens de avião.

Apesar de caminhar diariamente feito um jumento, minha barriga permanece parecendo um continente de gordura e celulite - acho que levaria 1 ano de trekking para dar os primeiros sinais de melhora.

Por todo canto vejo casais mochileiros formados por um cara ocidental e uma gatinha oriental. Esta deve ser uma interessante forma de viajar pela Ásia: o cabra arregimenta uma interessante e suculenta guia, roda com ela o continente, e ambos saem ganhando. (Eu, infelizmente, sou apenas um muito inocente espectador.)

Custou-me 3 viagens à Ásia para comecar a arranhar o conceito do "face value". Não se refere à honra, como eu tolamente pensava; é muito mais voltado à delicadeza dos relacionamentos, sentimentos e cada gesto do dia-a-dia. Assim, (por exemplo) você perguntar o telefone do escritório central para um operador de turismo pode significar para ele que você não está sendo satisfatoriamente atendido, ou pior, que você não confia na informação que está recebendo. A questão da fineza das atitudes chegou ao extremo em duas refeições que fiz onde eu era o ÚNICO ocidental à mesa. Existe todo um ritual de movimentos e gestos, a forma como que você se serve, o que faz escala em sua cumbuca e o que vai direto à boca, em que momentos você segura a cumbuca e em quais a deixa pousada na mesa, a ordem em que as pessoas se servem, o cuidado em deixar disponível na mesa o que os outros (no caso, eu) estão gostando e se servindo mais, enfim, uma complexa teia de atitudes que me fez me sentir um macaco em uma loja de cristais.

Ao contrário do que imaginava, meu Natal foi lindo. Li no Viet Nam Times que os vietnamitas estão incorporando a festa, e embora não sejam cristãos eles gostaram do espírito da coisa, dar presentes para quem você gosta; mas eles nao têm o ritual de se reunir em casa com as famílias. Assim, na noite de Natal fui surpreendido com as ruas de Há Noi COMPLETAMENTE LOTADAS de gente e motos e uma buzinaria infernal, e mais: todos vestidos de Papai Noel, e quem não estava com a roupa toda estava ao menos com o boné. Tudo vermelho, as ruas completamente iluminadas, as lojas abertas, e entupidas de motos, motos, milhares, milhões, a ponto de engarrafar, ficar parado, em certos momento eu a pé dava a volta ao Lago do Old Quarter mais rapidamente do que aquela massa impressionante de motos, vespas e scooters. Mas não por muito tempo, pois ninguém segura uma moto parada. Foi forte, belo e muito emocionante.

Não entendo como o enorme, dourado e reluzente Stupa That Luang em Vientiane (capital do Laos, onde estou agora) não é reconhecido como uma das maravilhas do Mundo; talvez deva-se às dificuldades de acesso. Mas recomendo ao menos uma pesquisa na internet, embora estas maravilhas – como Angkor Wat e o Taj Mahal - tenham a propriedade de não transitirem um centésimo de sua majestade em fotos.

João Bosco Lodi disse que a vida não se mede em anos, mas em viagens. Desejo um excelente 2005, com uma "real journey" em sua vida, como é mencionado em certo momento do "Joe Contra O Vulcão",

Saudacoes asiáticas,
Marcio

(28/dez/2004)

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